DIMENSÃO ÉTICA, NUMA ECONOMIA SUSTENTÁVEL



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DIMENSÃO ÉTICA, NUMA ECONOMIA SUSTENTÁVEL CARLOS ROSADO DE CARVALHO 5º aniversários da Associação Cristã de Gestore e Dirigentes Luanda, 14 de Fevereiro 2014 HCT

CONCEITOS MORAL VS. ÉTICA MORAL Vem do latim mores que significa costume. Valores instituídos por uma sociedade concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido e à conduta correcta e à incorrecta, válidos para todos os seus membros, valores esses instituídos com o objectivo de permitir um equilíbrio entre os anseios individuais e os interesses da sociedade. ÉTICA Vem do grego ethos que significa costume ou carácter. Avalia se o comportamento moral adoptado por grupos ou indivíduos têm fundamentos sólidos e razoáveis, eventualmente indicando comportamentos alternativos. Resumindo, embora as palavras moral e ética sejam consideradas equivalentes, de um ponto de vista técnico elas não têm significado idêntico. Moral é o conjunto de comportamentos e normas que você, eu e algumas das pessoas que nos cercam costumamos aceitar como válidos; Ética é a reflexão sobre por que os consideramos válidos e a comparação com outras morais de pessoas diferentes. (SAVATER, Fernando. Ética para meu filho. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 57) 2

CONCEITOS ECONOMIA VS. SUSTENTABILIDADE ECONOMIA Estudo de como as pessoas e a sociedade escolhem o emprego de recursos escassos, que podem ter usos alternativos, de forma a produzir vários bens e a distribuí-los para consumo, agora e no futuro, entre as várias pessoas e grupos na sociedade. ÉTICA Vem do grego ethos que significa costume ou carácter. Avalia se o comportamento moral adoptado por grupos ou indivíduos têm fundamentos sólidos e razoáveis, eventualmente indicando comportamentos alternativos. Embora as palavras moral e ética sejam consideradas equivalentes, de um ponto de vista técnico elas não têm significado idêntico. Moral é o conjunto de comportamentos e normas que você, eu e algumas das pessoas que nos cercam costumamos aceitar como válidos; Ética é a reflexão sobre por que os consideramos válidos e a comparação com outras morais de pessoas diferentes. 3

RELEVÂNCIA ECONÓMICA DA ÉTICA E DA MORAL Hausmann e McPherson defendem que existem, pelo menos, quatro razões específicas pelas quais os economistas se deveriam preocupar com questões morais. 1) A moralidade dos agentes económicos influencia os seus comportamentos e, consequentemente, influencia os resultados económicos (assim como as próprias perspectivas morais do economista podem influenciar a moralidade e o comportamento de outrém); 2) De modo a avaliar e a desenvolver a economia do bem estar (que assenta em pressupostos morais fortes e discutíveis) os economistas necessitam de dirigir a sua atenção para a moralidade; 3) Para compreender o modo como a economia influencia a política, é necessário compreender os compromissos morais; 4) A economia positiva e a normativa encontram-se frequentemente interligadas e para compreender a relevância moral da economia positiva é necessária uma compreensão dos princípios morais que determinam esta relevância. 4

PORQUÊ ÉTICA NOS NEGÓCIOS A necessidade de ética nos negócios (ou ética na gestão) deriva da responsabilidade social das organizações. Hoje em dia o único e exclusivo objectivo da empresa seja produzir lucro. Se é verdade que sem lucro nenhuma empresa se sustenta, não é menos certo que há um conjunto de valores e processos que integram as estratégias das empresas, além do exclusivamente económico. Existem inúmeras situações em que os interesses da organização e/ou os interesses pessoais dos seus membros são diferentes dos interesses da sociedade, levando, por vezes, a actuações menos éticas. Estas situações ocorrem geralmente quando se tentam atingir benefícios, financeiros ou outros, no curto prazo, a qualquer preço e por quaisquer meios (mesmo ilegais, ilícitos ou injustos), quando se utilizam os recursos da organização para benefício próprio ou quando não são executadas as funções ou as tarefas que se supõe serem executadas, entre muitos outras situações. Em quase todos os países existe legislação que procura evitar situações não éticas, mas é impossível ao legislador prever todas as situações possíveis, além de que se cairia numa situação de hiper-legislação. Por isso, muitas organizações elaboraram os seus próprios códigos de conduta e de ética a que estão obrigados os seus membros como forma de preencher algumas dessas lacunas da legislação, nomeadamente para algumas situações específicas do contexto em que se inserem e das actividades que desenvolvem. Existem ainda códigos deontológicos e de ética criados pelas associações patronais, profissionais, sectoriais e regionais e que obrigam os seus associados a respeitarem determinadas regra de conduta ética. 5

PORQUÊ ÉTICA NO SECTOR PÚBLICO A filosofia moral moderna inspira-se em teorias baseadas em direitos que defendem que as pessoas têm direito a determinados direitos éticos ou legítimos como os direitos humanos, direitos civis, direitos políticos e direitos sociais/ económicos. É o caso da teoria do bem-estar, segundo a qual as pessoas têm direito a um estado providência que lhes possa fornecer segurança, serviços básicos de saúde, educação, emprego, habitação, etc. Os direitos éticos ou direitos legítimos de alguém atribuem, consequentemente, obrigações ou deveres legítimos e responsabilidades a outros. Por outros, os detentores dos deveres e das obrigações de nos fornecer os nossos direitos morais e legais, liberdades e bem-estar, entende-se geralmente como sendo o Estado ou o sector público. O sector público ou o Estado é o governo com todos os seus ministérios, departamentos, serviços, administrações central/regional/local, empresas paraestatais e outras instituições. O sector público é composto por dois elementos nucleares; a nível político existem as instituições políticas onde as políticas são formuladas e onde são tomadas as decisões (principais), e a nível administrativo existe a administração do sector público, que se encontra encarregada de implementar estas políticas e decisões. Este nível da implementação também é denominado por função pública ou por administração estatal ou de burocracia. 6

ÍNDICE DE PERCEPÇÃO DE CORRUPÇÃO TRANSPARÊNCIA INTERNACIONAL Valor índice 0 a 10 Ranking 174 a 182 países 7 6 5,6 5,8 6,1 6,5 6,4 180 160 162 168 168 157 153 5 140 120 4 100 3 2 1,9 1,9 2,0 2,2 2,3 80 60 40 37 33 32 30 30 1 20 0 2009 2010 2011 2012 2013 0 2009 2010 2011 2012 2013 Angola Botswana Angola Botswana 7

ÍNDICE DE GOVERNAÇÃO AFRICANA FUNDAÇÃO MO IBRAHIM Valor índice 0 a 100 Ranking 52 países 90 80 70 75,5 76 76,8 77,4 77,6 50 45 40 44 42 41 40 39 60 50 40 30 38,8 40,3 43,2 43,3 44,5 35 30 25 20 15 20 10 10 5 3 2 2 2 2 0 2008 2009 2010 2011 2012 0 2008 2009 2010 2011 2012 Angola Botswana Angola Botswana 8

ORÇAMENTO DOS TRIBUNAIS ANGOLANOS Em mil milhões de kwanzas 35,0 Em percentagem do OGE 0,45 30,0 25,0 20,7 30,0 0,40 0,35 0,30 0,30 0,38 0,31 0,41 20,0 15,0 13,0 17,3 0,25 0,20 0,23 10,0 7,0 0,15 0,10 5,0 0,05 0,0 2010 2011 2012 2013 2014 0,00 2010 2011 2012 2013 2014 9

FONTES AMUNDSEN, Inge (CMI) e PINTO DE ANDRADE, Vicente (UCAN). Ética no Sector Público: Compêndio para ensino na Universidade Católica de Angola (UCAN). Luanda, 2009. SOUZA MEJDALANI, Patricia. A diferença entre moral e ética. https://www.portaleducacao.com.br SAVATER, Fernando. Ética para meu filho. São Paulo: Martins Fontes, 2004 WHITAKER, Maria do Carmo Ética nos Negócios: A base da atuação responsável e o passaporte para a Sustentabilidade. http://www.eticaempresarial.com.br Conceito de Ética nos Negócios. http://www.knoow.net 10

MUITO OBRIGADO crosado@sapo.ao 11