UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE A INFLUÊNCIA DO ESTRESSE NA RELAÇÃO EMPRESA/FUNCIONÁRIO Por: Vanessa Carvalho Ferreira Orientador Profª.: Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2008

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE A INFLUÊNCIA DO ESTRESSE NA RELAÇÃO EMPRESA/FUNCIONÁRIO Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Recursos Humanos. Por: Vanessa Carvalho Ferreira

3 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a Deus por me proporcionar a conclusão de mais uma etapa importante em minha vida. Aos meus pais que me ajudam em todos os momentos. Ao meu companheiro, Leandro pela paciência. E a Professora Fabiane por toda orientação prestada.

4 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a todos os funcionários de empresas que precisam de ajuda para lidar com este problema. Aos meus pais, meu afilhado, professores e amigos que estão presentes na minha vida.

5 RESUMO Neste trabalho objetivou-se ajudar empresa e trabalhador a entenderem o que é o estresse, a reconhecerem em si os primeiros sinais, e a monitorar seu próprio nível de estresse, com o fim de cada qual tornar-se capaz de lidar com as dificuldades e as frustrações sem se alterar excessivamente, e adquirir controle para, em momentos de divergência, minimizar os conflitos inevitáveis. É impossível evitar, nos dias atuais, em razão da competitividade e das dificuldades existentes no mercado, que as empresas não criem situações de pressão, razão porque é importante o funcionário aprender a viver com este procedimento. Como resultado, o trabalhador há de saber até que ponto seu estresse é saudável e quando começa a ser prejudicial. Algumas sugestões de procedimentos de ajuda neste processo são as técnicas de relaxamento, mudanças de hábitos alimentares e, também, exercícios físicos, para que o funcionário obtenha melhor qualidade de vida. Este assunto abrange questões relacionadas ao ambiente de trabalho na empresa e ao bem-estar dos funcionários cuja produção e competência podem ser melhor desempenhadas.

6 METODOLOGIA A metodologia utilizada neste trabalho foi o levantamento e a pesquisa bibliográfica realizada em livros, jornais, revistas, periódicos, dissertações e internet como fontes para coleta de informações.

7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I - Estresse 10 CAPÍTULO 1.1 - História do Estresse 12 CAPÍTULO 1.2 - Fatores Causadores do Estresse 14 CAPÍTULO 1.3 - Sintomas do Estresse 20 CAPÍTULO 1.4 - Prevenção do Estresse 24 CAPÍTULO II - Estresse e suas Influências 28 CAPÍTULO 2.1 - Estresse Relacionado ao Trabalho 36 CAPÍTULO III - A Importância do RH no Combate ao Estresse 37 CONCLUSÃO 42 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45 ANEXOS 47 ÍNDICE 52 FOLHA DE AVALIAÇÃO 53

8 INTRODUÇÃO Estresse é uma palavra derivada do latim que foi popularmente usada durante o século XVII para representar adversidade ou aflição. Em fins do século XVIII, seu uso evoluiu para denotar força, pressão ou esforço, exercido primeiramente pela própria pessoa, seu organismo e mente. No mundo competitivo que atualmente estamos inseridos, o estresse está presente quase todo tempo. Embora que, sob controle ele possa ser até benéfico e tornando as pessoas mais ativas, em demasia pode causar diversos distúrbios físicos e emocionais, afetando diretamente o bem-estar e até mesmo o rendimento profissional. Pode ser estresse um problema complexo que apresenta muitas implicações tanto no nível familiar, quanto no social, no psicológico e no trabalho, este tema passou a ser a preocupação nos últimos tempos. O estresse faz parte do nosso dia-a-dia e precisa ser, pelo menos, controlado, uma vez que se tem convicção de que ele nunca vai deixar de existir. É preciso saber conviver com ele, tentando amenizá-lo. Estresse é um conjunto de reações do corpo e da mente, em resposta a variados estímulos de ordem física ou emocional. Atualmente, esta expressão já faz parte do vocabulário de uso comum pela população, porém o estresse não implica necessariamente em morbidez, podendo até ter valor terapêutico, como no caso do esporte, por exemplo. No trabalho, é possível que certo nível de estresse permita o melhor funcionamento das organizações, desafiando e mobilizando os trabalhadores. Esse é o estresse positivo. Este estudo trata do estresse organizacional, levantando, através de literaturas, os principais conceitos relacionados ao estresse, sua incidência, fatores ligados à organização social enfatizando o ambiente de trabalho e considerando alguns aspectos como as relações empresa-funcionário, os

9 fatores estressantes no ambiente de trabalho, ligações com a atividade profissional e prevenção do estresse no trabalho. Iremos observar como podemos controlar o estresse e como ele afeta nosso organismo. Para reduzir o nível de estresse e controlá-lo devemos identificar suas causas e conseqüências e desenvolver técnicas específicas para combatê-lo positivamente. Espero que o conteúdo desta pesquisa possa ajudar em alguns aspectos: identificar causas, conseqüências, reconhecer os primeiros sinais do estresse, desenvolver técnicas de relaxamento e autocontrole. Assim, você poderá controlar o seu nível de estresse, antes que ele tome o controle da saúde e do seu futuro. A compreensão do que é estresse, seus sintomas e suas fases, pode ajudar o homem a saber utilizar favoravelmente a força geradora do mesmo, pois é quase impossível evitá-lo em nossas vidas, porém mudar as atitudes perante os eventos corriqueiros e/ou adotar um regime anti-stress com exercícios físicos, boa alimentação, relaxamento, são meios de enfrentá-lo de modo mais adequado e inteligente. Trabalhar sem necessariamente adoecer ou morrer, é uma possibilidade concreta em um mundo sob rápida transformação, pois trabalhar mesmo com a necessidade de aumento de produtividade, não seria utopia, necessita apenas do conhecimento da dinâmica dos fatores associados ao trabalho e ao processo de desencadeamento do estresse e de uma adequada utilização de ferramentas para que este ideal se torne realidade. Optou-se pela escolha desse tema para que através de um melhor entendimento desta situação, consiga meios para possibilitar melhorias nos ambientes de trabalho resultando em preservação da saúde do trabalhador.

10 CAPÍTULO I ESTRESSE Podem-se dar inúmeras definições sobre estresse. A primeira delas, de Hans Selye (1966), é a seguinte: O estresse é um processo vital e fundamental onde pode ser dividido em dois tipos, ou seja, quando passamos por mudanças boas, temos o estresse positivo e quando atravessamos alguma fase negativa, estamos vivenciando o estresse negativo. Também temos a segunda definição dada pelo mesmo autor: um conjunto de relações que o organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige esforço para adaptação. De acordo com Lipp e Malagris (1995), quando Hans Selye observou um conjunto de reações não específicas em pacientes com diversos tipos de patologias revelou um conjunto de alterações que foi definido por ele como uma síndrome geral da adaptação, após submeter cobaias a estímulos estressores e observar a resposta comportamental e física em animais. Em 1974, ele redefiniu esse termo como estresse, para indicar uma reação do organismo indicada pelas alterações psicofisiológicas que ocorre quando a pessoa se confronta com uma situação que de um modo ou de outro, amedronte, excite, confunde ou o faça feliz. Para Serafim (1995), o estresse pode ser entendido como o ponto em que o indivíduo consegue controlar seus conflitos internos, gerando um excesso de energia, originando, consequentemente, fadiga, cansaço, tristeza ou euforia. (p.125). Já para Baccaro (1997), com o passar dos anos, o conceito inicial de estresse, definido por Selye, foi se diluindo, adaptando-se aos novos conhecimentos científicos e às transformações pelas quais a sociedade passou, chegando aos dias de hoje a ser considerado como uma tensão

11 emocional, sob a qual vive o homem moderno e que mais cedo ou mais tarde, vai leva-lo a um desgaste orgânico e, consequentemente, a uma série incalculável de enfermidade, como por exemplo fadiga, distúrbios do sono e dores musculares. Para o Ministério da Saúde (2005) o estresse é uma epidemia global. Vivemos tempos de enormes exigências atualização. Somos constantemente chamados a lidar com novas informações. O ser humano cada vez mais se vê diante de inúmeras situações às quais precisa adaptar-se. Como por exemplo, diante de demandas e pressões externas vindas da família, do meio social, do trabalho, da escola ou do meio ambiente. Outros fatores aos quais precisa adaptar-se são, entre outras, as responsabilidades, obrigações, auto-crítica, dificuldades fisiológicas e psicológicas. A vulnerabilidade individual e a capacidade de adaptação são muito importantes na ocorrência e na gravidade das reações ao processo de estresse. O desenvolvimento do processo depende tanto da personalidade do indivíduo quanto do estado de saúde em que este se encontra (equilíbrio orgânico e mental), por isso nem todos desenvolvem o mesmo tipo de resposta diante dos mesmos estímulos. Estilos de vida, experiências passadas, atitudes, crenças, valores, doenças e predisposição genética são fatores importantes no desenvolvimento do processo de estresse. O risco de um estímulo estressor gerar uma doença é aumentado se estiverem associadas exaustão física ou fatores orgânicos. Segundo Chiavenatto (1999), estresse é um conjunto de reações físicas, químicas e mentais de uma pessoa a estímulos ou estressores no ambiente. É uma condição dinâmica, na qual uma pessoa é confrontada com uma oportunidade, restrição ou demanda relacionada com o que ela deseja. O autoritarismo do chefe, a desconfiança, a pressão das exigências e cobranças, o cumprimento do horário de trabalho, a chateza e monotonia de certas tarefas, a falta de perspectiva de progresso profissional e a insatisfação

12 pessoal não somente derrubam o bom humor das pessoas como também provocam estresse no trabalho. O estresse é a soma das perturbações orgânicas e psíquicas provocadas por diversos agentes agressores como trauma, emoções fortes, fadiga, exposição a situações conflituosas e problemáticas. Para Chiavenatto (1999) existem duas fontes principais de estresse: ambiental e pessoal. Fatores externos e ambientais podem conduzir ao estresse no trabalho, como por exemplo, a programação do trabalho, a maior ou menor tranqüilidade no trabalho, segurança no trabalho, fluxo do trabalho, números de clientes internos e externos a serem atendidos, a escolha e local de trabalho, as circunstâncias em que exerce a profissão, características desse trabalho, tempo que permanece nele, tarefas atribuídas, além dos problemas em relação à locomoção, por exemplo, tempo, tipo, qualidade, problemas ocasionais. Além disso, problemas pessoais, familiares, conjugais e financeiros contribuem para aumentar o estresse dos trabalhadores. O estresse no trabalho provoca sérias conseqüências para a empresa e para o trabalhador. Entre essas conseqüências, estão a ansiedade, depressão, angústia e conseqüências físicas como doenças gástricas e cardiovasculares, dores de cabeça, nervosismo e acidentes de trabalho. E para a empresa o estresse afeta atingindo negativamente na quantidade e qualidade do trabalho, na rotatividade e predisposição a queixas, reclamações e até greves. Aprender a gerenciar o estresse não é fácil, seus objetivos parecem evidentes, porém muitas vezes colocá-los em prática é complexo e exige esforço. 1.1 - História do Estresse O autor Perkins (1995), destaca que nas eras primitivas, o homem vivia em cavernas e embrenhava-se nas florestas, enfrentando animais selvagens,

13 matava homens e feras em lutas para sobreviver. Naquela época não havia casas, carros, trens, bombas, crises econômicas, inflação ou concorrências, mas podemos dizer que as pessoas dessa época já padeciam de tensão. Quando ameaçados por animais selvagens, por incêndios ou catástrofes naturais o homem primitivo sentia medo e fugia, impelido pelo instinto mais poderoso da natureza, o de conservação, atacando ou lutando para destruir seu inimigo. Então, se pegarmos a história da evolução do homem, veremos que, por viver nesse habitat natural, ficava exposto a grandes perigos nas selvas. Quando se via diante destas situações que ameaçavam sua vida, entrava em estado de alerta, onde aparecia o medo, sentimento aprendido. Neste momento, naturalmente, toda sua musculatura se contraía, seu coração pulsava mais forte, caracterizando um estado de tensão. Caso estes momentos fossem sucessivos, certamente se instalaria um quadro de estresse. O estresse existe há tanto tempo quanto o homem. Desde os tempos bíblicos, sacrifícios eram oferecidos para combatê-los. Através da história, soldados, filósofos, comerciantes, políticos e artistas procuraram ajuda por meio de algumas terapias. Considerando estes aspectos, podemos entender que o estresse não é uma coisa nova. Esta alteração emocional vem acompanhando o homem nas diversas fases de sua evolução: a saída de casa em busca de alimentos para sua sobrevivência, o trabalho no campo, a revolução industrial, as guerras, as grandes conquistas nas diversas áreas, destacando-se hoje a tecnológica. A luta pela sobrevivência continua na vida moderna de várias formas, além dos riscos de acidentes e doenças, enfrentamos outras ameaças como: preocupação econômica, ir à procura de emprego e oportunidades comerciais. Sempre teremos que lutar para não perdemos ao manter o equilíbrio.

14 Sem dúvida, esses fatos contribuem para reafirmar essa posição do homem atual, diante de uma vida agitada, precisando, para sobreviver, pensar e agir com mais rapidez, tomar grandes decisões, deixando-o sempre num estado de tensão. Segundo Lipp e Malagris (1995), o termo estresse foi usado na área da saúde pela primeira vez em 1936 por Hans Selye, que notou que muitas pessoas sofriam de várias doenças físicas e reclamavam de alguns sintomas em comum, tais como: falta de apetite, pressão alta, desânimo e fadiga. Tal observação desencadeou extensas pesquisas médicas que culminaram com a definição, na época, de estresse como um desgaste geral do organismo. Apesar do costume cotidiano em associar a palavra estresse somente a situações que tenham conotações negativas, é importante ressaltar que também são entendidas como estresse reações relacionadas a situações prazerosas, ou seja, nem sempre o agente disparador de um processo de estresse é um acontecimento ruim. Dependendo do seu nível, o estresse é fator positivo, servindo até como impulsionador na vida da pessoa, levando o indivíduo a ser criativo, produtivo, favorecendo seu crescimento. Ele não aparece apenas em coisas ruins, mas em momentos de nossa vida em que desejamos alguma coisa boa, uma promoção no trabalho, um cargo a ocupar, uma paixão, um novo desafio, uma aprovação ou uma promoção também podem gerar alterações no equilíbrio interno do organismo. Sem ele, a vida seria monótona, o indivíduo um alienado, seria um não viver diante da nossa realidade progressista. 1.2 Fatores Causadores do Estresse Com o decorrer dos anos, o ambiente vem se modificando e acompanhando o avanço das tecnologias ultrapassando cada vez mais o nível de capacidade de adaptação dos trabalhadores. Os profissionais vivem hoje sob contínua pressão, sendo o tempo todo cobrado não só no trabalho como

15 também na vida de uma maneira geral. O estresse ambiental pode exercer grande influência na maneira como o indivíduo se comporta socialmente, como exemplo, pode torná-lo agressivo. O desgaste profissional, que as pessoas estão submetidas diariamente, poderá gerar algum tipo de doença. Os modelos expostos são responsáveis pelos seguintes fatores: agentes estressantes de natureza diversas (física, biológica, mecânica, social, etc.), um conjunto de conseqüências relacionadas à saúde do indivíduo (doenças cardiovasculares, perturbações psicológicas, etc.) e da organização (absenteísmo, acidentes, produtividade, performance, etc.). No entanto, os fatores que geram os sintomas depressivos podem estar relacionados ao estresse. Segundo França e Rodrigues (1999), os fatores são: ruído, alterações do sono, sobrecarga, falta de estímulo, mudanças determinadas pela empresa e mudanças devido a novas tecnologias. Além desses, também temos: baixa resistência à frustração: característica do indivíduo que se aborrece facilmente; ameaças constantes: pessoas que se sentem intimidadas, gerando atitudes de recuo, afastamento; competitividade: pretender uma coisa simultaneamente com outra pessoa; falta de tempo para si mesmo: indivíduo que não consegue se organizar, se programar, para que seu tempo seja bem administrado; ansiedade constante: quando o indivíduo apresenta um comportamento aflitivo ligado a uma sensação constante de perigo; baixa estima: pessoas que não se gostam, não se valorizam; e estresse de final de carreira: ocorre, eventualmente, quando o indivíduo não se preparou psicologicamente para essa etapa da sua vida. De acordo com França e Rodrigues (1999), podemos citar alguns dos fatores causadores do estresse: Ruído O ruído excessivo pode levar ao estresse, provocando irritações, reduzindo o poder de concentração, principalmente nas atividades que

16 apresentam certo grau de complexidade, o que afetará o desempenho do indivíduo, levando a fadiga física. Podendo também alterar suas funções fisiológicas, como o sistema cardiovascular. Alterações do sono Ocorre através dos trabalhos que são realizados em turnos alternados. Fazendo com que aumente o desgaste do trabalhador, afetando seu desempenho, pois a sensação de cansaço e sono é maior quando estão acordados, provocando reações no corpo, fazendo alterações tanto na vida familiar e social do sujeito. Vale ressaltar que o bruxismo e o sonambulismo também estão ligados ao distúrbio do sono, devido ao estresse que sofrem no trabalho. Sobrecarga A sobrecarga de tarefas no trabalho é considerada como um dos motivos que leva ao estresse no ambiente de trabalho. Isso ocorre devido a exigências que são impostas no ambiente e que sempre ultrapassam o limite de capacidade d adaptação. Os quatro fatores que resultam na sobrecarga no trabalho são: urgência no tempo; responsabilidade excessiva; falta de apoio; expectativas contínuas de si mesmo e dos que estão a sua volta. Falta de estímulo A falta de estímulo no trabalho poderá ocorrer quando as tarefas se tornam repetitivas, não tendo certo grau de importância, resultando em um profissional altamente estressado e desmotivado com seu trabalho. Com relação a doenças, o profissional poderá sofrer ataques cardíacos. Mudanças determinadas pela empresa

17 Esse tipo de mudança pode ser pela chefia ou devido à nova direção da empresa, isto é, por causa de alguma aquisição da empresa. Geralmente esse tipo de mudança gera estresse e insegurança. No entanto, o profissional que sofre com as mudanças da empresa, passa por momentos de ansiedade afinal, teme que seu setor seja desmanchado. É importante constatar que mesmo que isso aconteça fazendo com que o trabalhador perca a sua posição, ele continuará sendo o mesmo profissional, onde seus conhecimentos continuarão intactos e a empresa poderá aproveitá-lo da melhor forma possível, na organização. Mudanças devido a novas tecnologias Com as conseqüentes inovações tecnológicas, aliadas a velocidade das mudanças no processo produtivo, fazendo com que as pessoas desenvolvam competências e habilidades. Dessa forma, as pessoas são solicitadas a se adaptarem as novas exigências impostas no mercado de trabalho. Dessa forma sofrerão mais com esse tipo de mudanças, as pessoas que estejam passando por certa instabilidade afetiva, que apresentam características de insegurança, ansiedade e indivíduos que não conseguem se adaptar com as novas tecnologias. Segundo Bernick (1997) qualquer mudança de vida, boa ou ruim, pode ser considerada como um fator que leva ao estresse. No século passado o setor industrial era tido como alto índice de estresse, onde se tinha adoecimento no trabalho. Hoje os estudos voltados nessa área mostram que profissionais ligados à educação, à saúde, executivos e profissionais liberais com características no aspecto organizacional do trabalho e com elevada capacidade de autogerenciamento de suas carreiras. Sendo assim é possível se observar que os fatores que geram os riscos à

18 saúde e ao sofrimento psíquico estão crescendo cada vez mais devido às exigências que são impostas ao profissional, que muitas vezes ultrapassam sua capacidade de adaptação. Outro fator que pode ser considerado estressante é a perda do emprego, pois gera dificuldades financeiras, refletindo na identidade social do indivíduo. Afinal, o trabalho satisfaz tornando o sujeito importante e reconhecido socialmente. Com o desemprego, a sua identidade pessoal e a sua auto-estima também são abaladas. A ausência do trabalho pode estar associada à queda do nível da qualidade de vida, que como conseqüência terá a saúde abalada. Esses fatores resultarão no sofrimento mental, ficando mais frágil, se afastando do grupo social de lazer. São manifestados comportamentos negativos como a agressão, a rispidez e a apatia. Além da perda do emprego, a aposentadoria também estar relacionada ao tédio, a solidão e a inutilidade provocando esses fatores que são altamente estressantes. No entanto, o indivíduo perdeu o seu espaço no sistema produtivo, sendo necessário uma recolocação e reorganização, na sua vida e no setor profissional. Segundo França e Rodrigues (1999), pessoas que apresentam um elevado nível de ansiedade dentro de si, se acostumaram a lidar com o estresse no trabalho, usando este como um meio de descarga e tensão sendo chamados de workaholies, ou seja, viciados no trabalho. Estes profissionais têm uma enorme dificuldade de desfrutar de seu tempo livre, seja na família, no lazer ou até mesmo no seu convívio social. O estresse não é sempre um fator negativo, algumas vezes e em algumas pessoas, ele gera um espírito de competitividade e produtividade, dependendo é claro do nível de pressão aplicado. De um modo geral, muitos

19 trabalhadores não se preocupam com uma pequena pressão desde que ela possa conduzir a conseqüências ou resultados positivos. Devemos mudar, é necessário, porém se as mudanças forem violentas podem ultrapassar nossa capacidade de adaptação. De acordo com França e Rodrigues (1999), outras causas do estresse são: Falta de tempo, excesso de responsabilidade, a falta de apoio e expectativas exageradas. Não é apenas importante o que comemos, porém como comemos. O cigarro libera nicotina, que na fase de menor concentração, provoca reações e estresse leve, depois bloqueia as reações do organismo e causa dependência psicológica. O medo causa a preocupação sem necessidade, uma atitude pessimista em relação à vida ou lembranças de experiências desagradáveis. A agitação do progresso técnico é acompanhada de aumento das pressões e de sobrecarga de trabalho, aumentando os níveis de exigências qualitativas e quantitativas. São desses estressores que surgem os principais tipos de estresse: Estresse de trabalho; Estresse decorrente de doenças cardíacas e câncer; Estresse a infância; Estresse de envelhecimento. Existem vários tipos de estresse, porém o mais marcante é o estresse do trabalho. Hoje os profissionais vivem sob tensão, pois além de suas habituais responsabilidades, a competitividade nas empresas exige um aprendizado constante e enfrentamento de novos desafios, o que faz com que superem seus próprios limites. Os agentes estressores psicossociais são tão potentes quanto os microorganismos e a insalubridade no desencadeamento

20 de doenças. Existem duas formas de preocupação: a cognitiva, com idéias preocupantes, e a outra somática com sintoma de suor, coração disparado, tensão muscular, etc. O estresse aparece quando o indivíduo se julga incapaz de cumprir as exigências sociais, sentindo uma ameaça no seu papel social. Alguns estímulos foram classificados, segundo o tempo hábil para produzir o estresse, em estressores de curto prazo e de longo prazo. Entre os de curto prazo temos o fracasso, carga de trabalho, pressão de tempo, ameaças, indução do medo, etc. E a longo prazo as situações de competição, serviço em zonas de perigo, trabalho monótono. 1.3 Sintomas do Estresse As pessoas podem apresentar seus sintomas relacionados ao estresse de forma diferenciada; algumas manifestam poucos sintomas e outras mais. A vulnerabilidade psicológica varia, conseqüentemente, de acordo com a estrutura psíquica de cada indivíduo. Há um constante entrelaçamentos dos sistemas de estresse, afirma Jack Barchas, neuroquímico da Universidade de Stanford. É como se fosse uma sinfonia. Nesse sentido, sabe-se que o estresse produz uma série de transformações químicas no corpo, que podem provocar conseqüências profundas na saúde, tanto mental quanto física. Baseia-se em todas as modificações fisiopatológicas que ocorrem em um organismo estressado, sendo os mais freqüentes, em relação ao Sistema Nervoso Central: sinais de cansaço físico e mental, nervosismo, irritabilidade, ansiedade, insônia, dificuldade de concentração, falha de memória, tristeza, indecisão, baixa auto-estima, sentimento de solidão, sentimento de raiva,

21 emotividade, choro fácil, pesadelos, sudorese intensa, queixas freqüentes, prostração, perturbação, dor na coluna, fala desordenada, aceleração do batimento cardíaco, medo, melancolia, alteração do desempenho das suas funções normais, angústia, esgotamento, aflição, dor de cabeça intensa, bruxismo, grande agitação, roer unhas, nó na garganta, pigarro, mau humor, manchas roxas, lamentações, depressão, isolamento, perda ou excesso de apetite, pânico, alterações de comportamento, como alcoolismo, consumo de drogas ilícitas, uso dos calmantes e ansiolíticos, comportamento autodestrutivo e robotização do comportamento. As manifestações cardiorespiratórias consistem na elevação da pressão arterial, palpitações, respiração ansiosa, acompanhadas de extremidades frias e suadas. No sistema gastrintestinal, pode haver perturbações desde a má digestão, gastrite, úlceras, colites, até diarréias crônicas e, na pele, encontramos micose, psoríase, envelhecimento precoce, rush cutâneo, e lesões urticariformes. Há também, o comprometimento de órgãos sexuais, levando a impotência e a frigidez, o aparecimento de osteoporose, de obesidade, de diabetes mellitus, de câncer ( diminuição do sistema imuniológico ) e, com isso, percebe-se que o estresse deteriora a vida pessoal, de acordo com quatro grandes registros de sintomas: prejuízo da relação consigo e com os outros; tensão física e psicológica; queda de capacidade intelectual; perturbações do sono, levando-se a fadiga. O estresse, segundo vários autores ( Albert & Ururahy, 1997; Alves, 1997; França & Rodrigues, 1999; Rocha & Glima, 2000 ) pode se apresentar em três fases: a fase de alerta, a fase de resistência e a fase de exaustão. A fase de alerta representa a fase inicial e de fácil tratamento, inicia-se quando a pessoa se confronta com o estressor pela primeira vez. Neste momento, uma reação de alerta se instala e o organismo se prepara para a

22 luta ou para a fuga com a conseqüente quebra da homeostase. Quando o estressor tem uma duração curta, a adrenalina é eliminada e ocorre a restauração da homeostase. A pessoa sai dessa fase sem complicações para o seu bem-estar. É nessa fase que ocorre um aumento na produtividade se a pessoa sabe administrar o estresse. Ela pode utilizá-lo ao seu favor devido a motivação, entusiasmo e energia que esta fase do estresse produz. A segunda fase, fase intermediária, a resistência, ocorre, quando o estressor continua presente por períodos muito prolongados. Nesta fase a pessoa utiliza toda a reserva de energia para se reequilibrar. Se essa energia é suficiente, a pessoa recupera-se e sai do processo de estresse. Se, por outro lado, o estressor exige mais esforço para adaptação do que é possível para aquele organismo, o processo de estresse pode encaminhar-se para a exaustão. Nesta fase o corpo responde com sintomas que aparecem com bastante freqüência: a sensação de desgaste generalizado sem causa aparente, insônia, descontentamento e dificuldade com a memória. Na terceira fase, a da exaustão, o estresse já se tornou intenso demais, devido, a pessoa não ter energias suficientes para lidar com o estressor ou devido a outros estressores ocorrerem concomitantemente. Esta fase está associada a várias doenças, como hipertensão arterial, úlceras, gengivites, depressão, ansiedade, problemas sexuais, enfarte e até diabetes. Quando a pessoa chega ao nível de exaustão, já existe um comprometimento físico que necessita de ajuda médica, pois o paciente precisará aprender com um especialista como lidar com o estresse que está vivendo e como evitar a reincidência, pois o estresse o tornou sem reservas de energia e condições de adaptação. Trata-se de uma fase perigosa porque os sintomas da primeira fase estão mais agravados, além de um maior comprometimento físico na forma de doenças, pois a resistência do organismo costuma estar bastante baixa e são comuns infecções repetitivas, além de doenças psicossomáticas como problemas na pele ( psoaríase, urticária e

23 acne ), músculos ( contração crônica e cefaléia ), cardiovascular ( hipertensão e infarto ), respiratório ( asma e bronquite ), podendo levar até a morte. O estresse pode ser dividido em dois tipos: o estresse crônico e o agudo. O estresse crônico é aquele que afeta a maioria das pessoas, sendo constante no dia-a-dia, mas de forma suave. O estresse agudo é intenso e curto, sendo causados por situações traumáticas, mas passageiras como a depressão na morte de um ente querido. O estresse é uma resposta física a uma determinada situação. O estresse moderado ocorre quando se perde o ônibus, na espera de uma fila, quando não se consegue um lugar para estacionar, mas o estresse pode ser severo como um divórcio, problemas de família, assalto, morte, pode ser arrasadores. Uma das fontes, mais comuns do estresse moderado é o trabalho. Você pode conseguir lidar com um episódio de estresse crônico, os efeitos se multiplicam e ficam mais complexos com o passar do tempo. A resposta é individual. É como um jogador de futebol que tem o mesmo trauma durante o jogo. Mas a ação contínua faz com que ele se enfraqueça, até não conseguir mais lidar com o problema. Segundo França e Rodrigues (1999), você está estressado demais quando os cinco sintomas aparecem: Você fica irritado; Você tem problemas como sono, dorme demais ou não consegue dormir; Não sente alegria de viver; Perde o apetite ou como demais; Não consegue se relacionar com amigos e familiares. Os sintomas gerados pelo estresse são tão numerosos quanto às pessoas estressadas. Eles são agrupados de várias formas sendo que a degradação da capacidade de se relacionar é o principal sintoma. Em algumas

24 pessoas, são dores que dominam, em outras, é a capacidade intelectual que se altera. Aprender a gerenciar o estresse não é fácil, seus objetivos parecem evidentes, porém muitas vezes colocá-los em prática é complexo e exige esforço. 1.4 Prevenção do Estresse Devemos estar sempre de olho na nossa saúde. Uma das providências mais importantes para manter a saúde é o check-up anual ou semestral dependendo da faixa etária. A manutenção da saúde física garantirá a possibilidade de desempenho das demais atividades. O estresse não é uma doença individual e não afeta apenas a vida privada das pessoas, porém sua prevenção e seu tratamento devem estar em uma escala de suficiente importância, a fim de solucionar um problema que caracteriza nossa era. Reconhecer que as frustrações e as tensões cotidianas são inevitáveis em nossa vida é um dos primeiros princípios para dominar o estresse. Algumas pessoas acreditam que eliminando o estresse de sua vida, se sentiram mais felizes e relaxadas, entretanto, esta idéia não é realista. Vivendo uma sociedade moderna nos defrontamos quase que diariamente com situações sobre as quais não temos qualquer controle para muar ou eliminar. Algumas situações podem ser positivas, embora, às vezes, a princípio, nós a interpretamos como negativas. As situações que causam estresse para uma pessoa não representam necessariamente um problema para outras. Existem pessoas que reagem de maneira diferente às mesmas causas do estresse.

25 Desenvolver habilidades para interpretar de forma positiva as situações que levam o estresse é uma das condições básicas para gerenciar o nível de estresse. O objetivo do controle do estresse é possibilitar ao indivíduo um desempenho máximo, sem efeitos colaterais, como problemas cardiovasculares, musculares e emocionais. Para Lipp e Malagris (1995), os impactos do estresse sobre cada um de nós: Percepção pessoal: é importante aprender a identificar as suas percepções mudá-las se necessárias. Capacidade de relaxar a mente e o corpo: Toda pessoa precisa de algum tempo para introspecção para que possa carregar a sua bateria interna. Exercício: Componente importante para controlar o estresse, pois possibilita que o indivíduo use o excesso de adrenalina produzida devido a tensão das atividades e reduza a ansiedade que a sua ocupação provoca. Dite: Uma dieta adequada complementa o programa de domínio do estresse. Controle de tempo: Muitas pessoas sofrem pressões diferentes devido às suas atividades e obrigações profissionais. É, portanto, necessário desenvolver um sistema de prioridade para minimizar a tensão. O relaxamento mental e físico proporciona imensos benefícios à saúde. Quando praticamos regularmente o relaxamento tem efeitos profundos no sistema imunológico a pessoa, tornando-a mais resistente a agentes transmissores de doenças, além de baixar a pressão do sangue e o nível de colesterol. Uma alternativa para as pessoas disciplinarem sua mente e prevenirem a contaminação por doenças é o relaxamento corporal.

26 Sugestões para lidar com o estresse no seu dia-a-dia Converse com alguém que você confie, discuta seu problema. Verbalizar o problema ajuda a relaxar a sua tensão e permite ter clareza da situação. Vá ao cinema, teatro e leia um livro. Afaste-se da causa do estresse. A fuga te ajuda a reequilibrar-se emocionalmente. É importante que você lide com o problema quando estiver controlada emocionalmente e intelectualmente. Libere sua raiva. Não use a raiva para dominar a situação de maneira agressiva, controle o impulso de atacar outras pessoas. Faça algo construtivo. Reconheça seus erros e defenda seus direito mantendo-se calmo. Ajude outras pessoas. Ajudando os outros, você removerá a atenção de você mesmo e também poderá sentir-se útil. Lide com uma tarefa de cada vez. Tome conta de um problema de cada vez e dê-se tempo para se recompor antes de iniciar outra tarefa. Estabeleça expectativas razoáveis. Seja realista com suas habilidades e decida o que você pode fazer bem. Escolha aquelas que você darão maior satisfação pessoal e profissional. Não critique ninguém, procure as características positivas daquela pessoa e ajude-a a desenvolvê-las. Isso lhe dará satisfação pessoal como também a ajudará a conhecer melhor a si mesmo. Pare de competir em tudo que faz. Competição é tão contagiante quanto a cooperação. E você pode cooperar com outros, tendo mais satisfação pessoal e paz de espírito. Esteja disponível em vez de se afastar dos outros ou sentir-se rejeitado quando está estressado, tente manter-se disponível para seus amigos e colegas e aprecie algumas horas de convívio social. Tirar férias é necessário e excitante. Você planeja tudo e tenta fugir do estresse do cotidiano. Estudos vêm concluindo que o choro nos adultos, descobriu dois importantes neurotransmissores nas lágrimas que indicam que chorar pode ser um escape químico para reduzir o estresse emocional.

27 Segundo Rossi (1991): Finalmente precisamos aprender a fazer as mudanças necessárias em nossa vida e aceitar as situações que não podemos modificar. Existem muitas circunstâncias em nosso cotidiano sobre as quais não temos qualquer controle. E lembre-se, nem todas as batalhas do dia-a-dia justificam a morte do soldado.

28 CAPÍTULO II ESTRESSE E SUAS INFLUÊNCIAS Em várias situações do cotidiano o estresse tem sido apontado como o vilão responsável pela explosão emocional, em determinados momentos, gera conflitos ou, então, tornou-se o ponto inicial para a falta de motivação das pessoas. E isso vale tanto para a vida pessoal quanto profissional. Seja por um motivo ou outro, a realidade mostra que o estresse é um fator presente na vida de qualquer pessoa e ninguém está livre dele. Dessa forma, o que resta ao homem é saber administrar os fatores considerados estressores e, assim, garantir uma melhor qualidade de vida seja junto à família, aos amigos e no ambiente de trabalho. Diferenças no contexto em que as mudanças ocorrem, além de aspectos socioculturais específicos, também tornam variável o impacto das mesmas. Entretanto, qualquer um, por menos vulneráveis que seja, se ficar exposto a mudanças importantes e freqüentes, pode apresentar conseqüências negativas do estresse. Independentemente de mudanças, o cotidiano costuma produzir pressões importantes. Certos momentos do dia podem ser mais tensos do que outros. Segundo Márcia Merquior, psicanalista e responsável pelo Departamento de Avaliação do Estresse Emocional da Vita Check-up Center, no Rio de Janeiro, é somente com um bom gerenciamento do problema que as pessoas serão capazes de reduzir os níveis de estresse e conduzir, com mais eficácia, as constantes pressões diárias, cada vez mais presentes no cotidiano. Basta observar o rosto das pessoas à nossa volta, na rua, no trabalho, para constatar que vivemos em tensão nervosa. Sabemos que existem pessoas que tomam calmantes, bebem demais, vivem com um nó no estômago, são

29 temperamentais ou sofrem de insônia. Existem várias causas para justificar os níveis de estresse na sociedade. As constantes mudanças tecnológicas, crime, poluição são situações que requerem adaptação fisiológica e emocional. Outros problemas que requer atenção são as causas do estresse relacionadas com a família, aposentadoria, fianças, problemas pessoais e referentes ao relacionamento interpessoal no trabalho e na comunidade. A qualidade da nossa vida está mudando, temos mais obrigações no trabalho, porém menos tempo para enriquecimento pessoal. Comemos rápido, dormimos menos e não temos tempo suficiente para conhecer outras pessoas. Perante tudo isso nossa sociedade está se tornando individualista. As bruscas mudanças do estilo de vida e a exposição a um ambiente cada vez mais complicado criam nos indivíduos um tipo especial de angústia. Eles se sentem desprotegidos e envolvidos de maneira traumatizantes, seu mecanismo de defesa natural passa a não responder de forma traumatizante, seu mecanismo de defesa natural passa a não responder de forma competente aumentando assim a possibilidade de sofrer doenças. A velocidade sem precedentes com a qual as mudanças e exigências que propiciam acontecem na vida moderna, é um fator de constante preocupação para as pessoas. A classificação do estresse, segundo Lipp e Malagris (1995), propõe que estressores estão separados em duas categorias: 1ª Os externos: constituídos dos eventos que ocorrem na vida de uma pessoa, sejam eles acidentes, mortes, brigas, dificuldades financeiras, nascimento de filhos, enfim, tudo que ocorre no mundo externo da pessoa; e 2ª Os internos: que consistem nas cognições do indivíduo, seu modo de ver o mundo, seu nível de assertividade, suas crenças, seus valores e

30 características pessoais, seu padrão de comportamento, suas vulnerabilidades e seu esquema de reação à vida. Para Lipp e Malagris (1995), existem dois tipos de estressores: 1º - Os biogênicos: como o frio, calor, fome e a dor, que não dependem da interpretação que a pessoa venha dar a ele, pois atuam no desenvolvimento de estresse automaticamente; e 2º - Os psicossociais: que possuem a capacidade de estressar uma pessoa devido a história de vida. No trabalho da atualidade tão competitiva, os estressores mais presentes, talvez sejam os externos, devido ao modelo capitalista de sociedade em que vivemos. O que cada indivíduo precisa fazer é aprender a se adaptar e ampliar a percepção para dar respostas num nível que o ajude a evoluir, mantendo sua força e resiliência para encarar as adversidades. Susan Andrews (2003), uma das maiores especialistas em estresse no Brasil, afirma que um dos maiores fatores estressores é a forma do indivíduo encarar a situação/problema, por que não podemos enfrentá-los por completo. Portanto, podemos ver de forma diferente: que bom que existe o estresse, por que sem ele a vida seria estática, sem desafios, e por fim, teríamos uma vida apagada. Mas a escolha é de cada um. 2.1 Estresse Relacionado ao Trabalho Segundo Villalobos (2005), o estresse ocupacional é o conjunto de fenômenos que se sucedem no organismo do trabalhador com a participação dos agentes estressantes nocivos derivados diretamente do trabalho ou por motivo deste, podendo afetar a saúde do trabalhador. Toda empresa ocupacional é um conjunto sociocultural organizado para

31 a realização de serviços e implica num sistema de redes, status e papéis. A coordenação das atividades é possibilitada pela divisão do trabalho, hierarquia, autoridade e responsabilidade. Tais atividades visam à satisfação das necessidades organizacionais, mas dependem da eficiência dos indivíduos. Na cultura empresarial, o indivíduo é visto de forma incompleta, apenas com habilidades específicas para a realização das tarefas. Assim, durante a relação indivíduo-empresa, há uma cisão do comportamento: de um lado a força de trabalho com subordinação às regras da empresa; de outro, o vivenciar, as emoções, a vida individual. Para Villalobos (2005), o homem organizacional leva toda sua potencialidade psíquica, física, social, mental e suas características anatômicas, fisiológicas e sensitivas para o espaço da empresa. A empresa tradicional não adapta o trabalho para o homem e sim este para o trabalho. A vida moderna, as condições atuais do trabalho, a cobrança da produtividade e qualidade total tornam o trabalho cada vez mais estressante e insensível às condições humanas. A maioria das empresas coloca a produção como o mais importante, muitas vezes fazendo com que o trabalhador sacrifique seus finais de semana e feriados, gerando um nível muito grande de ansiedade no trabalhador, pois ele se vê privado de seu lazer, de sua vida com a família e de seu descanso. Os principais fatores psicossociais geradores de estresse presentes no meio ambiente do trabalho envolvem aspectos de organização, administração e sistemas de trabalho e a qualidade das relações humanas. Por isso, o clima organizacional de uma empresa vincula-se não somente a sua estrutura e às condições de vida da coletividade do trabalho, como também a seu contexto histórico com seu conjunto de problemas demográficos, econômicos e sociais. Assim, o crescimento econômico da empresa, o progresso técnico, o aumento da produtividade e a estabilidade da organização baseados no mundo capitalista, dependem também dos meios de produção, das condições de

32 trabalho, dos estilos de vida, do nível de saúde e bem-estar de seus trabalhadores. Contudo, vale destacar que o homem também é um consumista e, ao mesmo tempo em que esta sociedade capitalista o incita a consumir, ele mesmo se deixa levar por este desejo. Na atualidade, produzem-se aceleradas mudanças tecnológicas nas formas de produção que afetam, conseqüentemente, os trabalhadores em suas rotinas de trabalho, modificando seu cotidiano e aumentando o aparecimento ou o desenvolvimento de enfermidades crônicas pelo estresse. Outros fatores externos ao local de trabalho, porém que guardam estreita relação com as preocupações do trabalhador, deriva-se de suas circunstâncias familiares ou de sua vida privada, de seus elementos culturais, sua nutrição, suas facilidades de transporte, a moradia, a saúde e a segurança no emprego. Estresse ocupacional trata da percepção, pelo trabalhador, do desequilíbrio entre as demandas existentes no trabalho e sua habilidade e/ou possibilidade para enfrentá-las. O nível da demanda e da exigência não é fator mais importante, mas sim a discrepância existente entre a percepção daquelas e sua condição para enfrentá-las, o que faz com que se defina o estresse pelas emoções negativas, sensação de mal-estar e desconforto geral vivenciados. O estresse ocupacional é um conjunto de perturbações psicológicas ou sofrimento psíquico, associado as experiências de trabalho. Assim sendo o estresse ocupacional é problema ocasionado no trabalho e representa uma das principais manifestações de que algo não vai bem para você. Villalobos (2005), organizou uma série de fatores ligados a condições de trabalho em uma empresa, que podem provocar o estresse: Desempenho profissional: trabalho de alto grau de dificuldade; trabalho com grande demanda de atenção; atividades de grande responsabilidade;

33 funções contraditórias; criatividade e iniciativa restringidas; exigência de decisões complexas; mudanças tecnológicas; ausência de plano de vida organizacional; ameaça de demandas. Direção: liderança inadequada; má utilização das habilidades do trabalhador; má delegação de responsabilidades; relações ambivalentes; manipulação e coação do trabalhador; motivação deficiente; falta de capacitação e desenvolvimento do pessoal; carência de reconhecimento; ausência de incentivos; promoções aleatórias. Organização e função: práticas administrativas inapropriadas; atribuições ambíguas, desinformação e rumores; conflito de autoridade; trabalho burocrático; planejamento deficiente; supervisão punitiva. Tarefas e atividades: cargas de trabalho excessivas; autonomia deficiente; ritmo de trabalho apressado; exigências excessivas de desempenho; atividades múltiplas; rotinas de trabalho obsessivo; competição excessiva, desleal ou destrutiva; trabalho monótono ou rotineiro; pouca satisfação. Meio ambiente de trabalho: condições físicas inadequadas; espaço físico restringido; exposição a risco físico constante; ambiente de conflito; trabalho não solidário; menosprezo ou desprezo ao trabalhador. Jornada de trabalho: rotação de turnos; jornadas de trabalho excessivas; duração indefinida da jornada; atividade física corporal excessiva. Empresa e contexto social: políticas instáveis da empresa; ausência de corporativismo; falta de suporte jurídico pela empresa; intervenção e ação síndica; salário insuficiente; falta de segurança no emprego; subemprego ou desemprego na comunidade; opções de emprego e mercado.

34 O estresse pode ser desencadeado também quando não se dispõe de uma adequada informação, responsabilidade ou falta de clareza sobre os objetivos associados ao trabalho, maior tensão e baixa auto-estima. Trabalhadores com responsabilidade sobre outras pessoas têm um maior número de interações de estresse, como é o caso de diretores que com certa freqüência têm de assistir reuniões ou devem cumprir demasiados compromissos no trabalho. Existem outros estressores relacionados com as funções do trabalhador que podem gerar estresse, afetando fundamentalmente os níveis intermediários, como: indivíduo que conta com insuficiente responsabilidade; falta de participação de tomada de decisões; falta de apoio por parte da direção e mudanças tecnológicas às quais tem de se adaptar. Merece destaque o estresse produzido por inadequadas relações interpessoais. Quando existem relações pobres e há pouca confiança, produzem-se, freqüentemente, comunicações insuficientes que originam tensões psicológicas e sentimentos de insatisfação no trabalho. Quanto ao desenvolvimento da carreira profissional, há também várias situações causadoras de estresse. Geralmente, o trabalhador espera ascender os diversos postos que existem em sua organização, isto é, tende a melhorar não só no aspecto financeiro, mas também aspirando a postos de maior responsabilidade ou qualificação, desenvolvendo uma carreira profissional. É por isso que quando as expectativas são frustradas, aparecem tensões ou fatores estressantes, como por exemplo falta de segurança no trabalho. O estresse produzido pela estrutura e clima organizacional está relacionado com as seguintes situações: falta de participação nos processos de tomada de decisões, sentir-se estranho na própria organização, inadequada política de direção, falta de autonomia no trabalho e estreita supervisão do trabalho.

35 O estresse produzido pela própria organização apresenta os seguintes fatores de risco para a saúde: consumo de álcool, como forma de escape, ânimo deprimido, baixa auto-estima, pouca satisfação no trabalho e intenção de abandonar o trabalho. A falta de participação produz também insatisfação no trabalho e riscos de enfermidade física e mental. Segundo Villalobos (2005), fatores psicossociais no trabalho representam o conjunto de percepções e experiências do trabalhador, alguns de caráter individual, outros se referindo as expectativas econômicas ou de desenvolvimento pessoal e outros às relações e humanas e seus aspectos emocionais. As atuais tendências na promoção da seguridade e higiene no trabalho incluem não somente os riscos físicos, químicos e biológicos dos ambientes laborais, mas também os diversos e múltiplos fatores psicossociais inerentes à empresa e a maneira como influem no bem-estar físico e mental do trabalhador. Por outro lado, tais fatores consistem em interações entre o trabalho, seu meio laboral, a satisfação laboral e as condições da organização, e, por outro lado, as características pessoais do trabalhador, suas necessidades, sua cultura, suas experiências e sua percepção de mundo. Os principais fatores psicossociais geradores de estresse presente no meio ambiente do trabalho envolvem aspectos de organização, adiministração e sistemas de trabalho e a qualidade das relações humanas. Por isso, o clima organizacional de uma empresa vincula-se não somente a sua estrutura e às condições de vida da coletividade do trabalho, como também a seu contexto histórico com seu conjunto de problemas demográficos, econômicos e sociais. Assim, o crescimento econômico da empresa, o progresso técnico, o aumento da produtividade e a estabilidade da organização dependem também dos meios de produção, das condições de trabalho, dos estilos de vida, do nível de