DERIVATIVOS AGROPECUÁRIOS: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O VOLUME DE CONTRATOS FUTUROS DE SOJA E O PREÇO À VISTA NO PERÍODO DE 2010 E 2011 Fabricio Cesar Pereira Barbosa (UFU ) 13.fabricio@gmail.com Jaluza Maria Lima Silva Borsato (UFU ) jaluzasilva@yahoo.com.br O presente estudo tem por objetivo verificar se existem relações sobre a evolução do volume de contratos futuros da commodity soja na BM&F BOVESPA com a evolução dos preços à vista destes produtos no período de 2010/2011. Como metodologia rrealizou-se um estudo descritivo com abordagem quantitativa utilizando-se da análise de series temporais para verificar a evolução dos contratos futuros de soja e da evolução dos preços à vista das commodities no período de 2010 a 2011. Os resultados encontrados indicam que não há uma relação direta entre a evolução do volume de contrato futuros de soja e seu preço à vista. No entanto, existe uma relação entre o volume de contratos futuros de soja com o período da safra da soja, há um maior volume de contratos futuros de soja no período da colheita e um menor volume no período de plantio do grão. Por fim, sugere-se para futuros trabalhos utilizar estes dados baseados no preço à vista durante o período estudado para a obtenção de modelos que permitam a previsão de valores de preços futuros. Palavras-chaves: Derivativos Agropecuários, Contratos Futuros, Soja, Agronegócio, BM&FBOVESPA.
1. Introdução A cada ano o agronegócio no Brasil vem se destacando como uma importante atividade econômica no país, mostrando um mercado mais forte e competitivo no cenário mundial. De acordo com o CEPEA/USP (2012), o agronegócio já representa 22,15% do PIB do Brasil em 2011, neste período cresceu 6,13% comparado ao ano anterior. O crescimento do agronegócio tem sido um desafio para seus agentes, principalmente pelas oscilações dos preços das commodities. Neste contexto, o mercado de derivativos, em especial, o mercado futuro pode ser uma solução para avaliação de desempenho e proteção de preços de suas mercadorias. Existem quatro tipos de mercados de derivativos no Brasil, representados pela Bolsa de Mercadorias e Futuros e Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA), são eles: o mercado a termo, futuro, de opções e de Swap. Para Schouchana & Miceli (2005) os mercados futuros e de opções devem ser entendidos como poderosa ferramenta na gestão de custos e preços das mercadorias, integrando-se ao mercado físico. No mercado de derivativos existem seis tipos de derivativos agropecuários, o açúcar, o boi gordo, o café arábica, o etanol, o milho e a soja que será objeto de estudo deste trabalho e será representada pelo contrato futuro de soja com liquidação financeira. Com os derivativos agropecuários é possível garantir a fixação dos preços de determinadas mercadorias, que sofrem impactos diretos de fatores externos, como clima, condições do solo e pragas. Além disso, os eles podem ser utilizados por Fundos de Investimento para minimização do risco (COSTA; PIACENTI, 2008). A produção de soja e seus derivados é uma das maiores cadeias agroindustriais do Brasil. A produção de soja em grãos foi de aproximadamente 68,69 milhões de toneladas métricas na safra de 2009/10, 20,2% superior a safra do mesmo período anterior, 2008/09. A área plantada também apresentou evolução, passando dos 21,7 milhões de hectares na safra de 2008/09 para 23,4 milhões de hectares na safra 2009/10, elevação 7,9%. Desta forma a taxa de produtividade em 2009/10 cresceu 11,3%, passando de 2,63 kg/ha para 2,92 kg/ha. (CONAB, 2012). 4
Neste contexto o propósito deste trabalho é investigar a seguinte questão: Há relação da evolução do volume de contratos futuros da commodity soja na BM&F BOVESPA, com a evolução dos preços à vista deste produto no período de 2010/2011? Este estudo tem como objetivo verificar se há uma associação da evolução do volume de contratos futuros da commodity soja na BM&F BOVESPA com a evolução dos preços à vista destes produtos no período de 2010/2011. O estudo justifica-se por se tratar do tema agronegócio e seu vínculo com o mercado financeiro, em especial no mercado de derivativos agropecuários. Buscando o entendimento do funcionamento dos derivativos agropecuários, do mercado futuro, destacando o papel que o agente do agronegócio poderá exercer para estimar seus ganhos e mitigar seus riscos quanto a variação dos preços de suas comoditties. O trabalho encontra-se estruturados em cinco seções além desta. Na segunda seção apresenta-se a revisão bibliográfica sobre o tema. Na terceira, a metodologia adotada. Na quarta seção os resultados e discussões da pesquisa. Na quinta, as conclusões e, na sexta e última seção, as referências bibliográficas. 2. Referencial Teórico 2.1 Mercado Financeiro de Derivativos Os derivativos estão inseridos dentro do mercado financeiro, mais especificamente dentro da Bolsa de Valores de Mercadorias e Futuros. Segundo Toledo Filho (2006), os derivativos são instrumentos financeiros, ou ferramentas, sempre derivados de um ativo. São utilizados por pessoas ou instituições nos mercados futuros e de opções para gerenciar riscos, proteger investimentos ou simplesmente especular. Para Teixeira (1992) o surgimento dos contratos para entrega futura, com preços garantidos, ocorreu em períodos anteriores a Roma e Grécia antigas, e com a queda dessas civilizações, a prática se manteve, pois era vantajosa para ambas as partes. Embora as negociações com derivativos existam desde a idade antiga, nos Estados Unidos os contratos futuros se popularizaram, em 1848, com a criação da Chicago Board of Trade (CBOT). Na Europa, os mercados futuros surgiram em Liverpool, em 1878. No Brasil, a Bolsa de Mercadorias de São Paulo BMSP, fundada em 1917, introduziu operações a termo para negociação futura de produtos agrícolas, em especial café, boi gordo e algodão. A 5
BMSP encerrou suas atividades em 1991, numa fusão com a BM&F. Conforme o site Portal do Investidor (2012), a BM&F, foi criada em 1985, para desenvolver, organizar e operacionalizar mercados livres e transparentes para negociação de títulos e/ou contratos que possuam como referência ativos financeiros, índices, indicadores, taxas, mercadorias e moedas, nas modalidades a vista e de liquidação futura. Para tanto, efetua o registro, a compensação e a liquidação, física e financeira, das operações realizadas em pregão de viva voz ou em sistema eletrônico. Em 2008, com a integração entre BM&F e Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), foi criada a BM&FBOVESPA S.A. Juntas, as companhias formam uma das maiores bolsas do mundo em valor de mercado, a segunda das Américas e a líder no continente latino-americano. Através dela são oferecidos para negociação ações, títulos e contratos referenciados em ativos financeiros, índices, taxas, mercadorias e moedas nas modalidades a vista e de liquidação futura, onde estão inseridos os derivativos. (MARMITT, 2009). Conforme afirma Marins (2009), o objeto de negociação em mercados derivativos pode ser definido como direito/obrigação (definidos por contrato), cujos preços decorrem (ou derivam), principalmente dos preços de outros ativos mais básicos, conhecidos como ativosobjeto ou ativos de referência. Esses direitos/obrigações podem ser divididos em quatros grandes grupos de mercados de derivativos: Contrato Futuro, a Termo, de Opções e de Swaps. Ao longo deste trabalho será abordado tão somente o contrato futuro, em especial o da commodity soja. 2.2 Contratos Futuros e Contratos Futuros da Soja Os contratos futuros consistem numa negociação através da Bolsa de Mercadorias, em que, um lado, o vendedor assume um compromisso para entrega futura de determinado ativo e, do outro, o comprador assume o compromisso de comprar, na data de vencimento, o ativo-objeto do contrato, ambos mediante condições, especificações e preços definidos na ocasião da contratação (ZAVAGLIA, 2011). Os mercados futuros têm como principal objetivo a proteção dos agentes econômicos envolvidos (agricultores, pecuaristas, comerciantes, industriais, instituições financeiras e investidores) contra as oscilações dos preços de suas mercadorias ou de seus investimentos em ativos financeiros (FORTUNA, 2005). 6
Assim como em todos os mercados de derivativos, Mercado a Termo, Mercado de Opções, Mercado de Swaps e o Mercado Futuro, existem quatro tipos de participantes, Hedgers, Especuladores, Arbitradores e Market Makers que são apresentados no Quadro 1. Quadro 1 Participantes do Mercado de Derivativos Hedgers São aqueles que visam à eliminação do risco de perdas oriundas das oscilações de preço, por meio de operações de compra ou venda a futuro. Sua atividade básica é a produção, distribuição ou estocagem do produto. Quando eliminam seus riscos por meio de uma operação, estão, na verdade, transferindo o risco para alguém, que pode ser outro hedger ou não. Especuladores Têm por objetivo apostar na variação do preço ou das taxas. Ao contrario dos hedgers, os especuladores aceitam correr riscos e ficar expostos a prejuízos. São importantes para o mercado futuro por fornecerem aos hedges a contrapartida a seus interesses. Arbitradores Garantem o preço justo do negócio a futuro, por meio do atendimento a várias regras. Consistem em obter lucro sem risco, com a realização de transações simultâneas em dois ou mais mercados. Market Makers É um formador de mercado, tendo como objetivo aumentar a liquidez dos produtos negociados, diminuindo a diferença entre seus valores de compra e venda, viabilizando a realização de negócios Fonte: Adaptado de FORTUNA, 2005, p. 633. Os derivativos agropecuários atendem à necessidade de comercialização de determinadas mercadorias. Devem ser utilizados por pessoas e empresas que pretendem se proteger do risco de preço de seus produtos e matérias-primas. Com eles é possível garantir a fixação dos preços de determinadas mercadorias, que sofrem impactos diretos de fatores externos, como clima, condições de solo e pragas. (BM&F BOVESPA, 2012). No Quadro 2 estão relacionados os derivativos agropecuários disponíveis na BM&FBOVESPA: Quadro 2 Derivativos agropecuários disponíveis na BM&FBOVESPA Açúcar Boi Gordo Café Arábica - Açúcar Cristal Especial - Boi Gordo com liquidação financeira. - Café Arábica Etanol Milho Soja -Etanol Anidro -Etanol Hidratado com liquidação financeira -Base de Preço de Milho - Milho com liquidação financeira Fonte: BM&FBOVESPA(2012) -Soja com liquidação financeira O objeto de estudo deste trabalho será o contrato futuro de soja com liquidação financeira. Segundo a BM&FBOVESPA(2012), o objeto da negociação é a Soja em grão a 7
granel tipo exportação, com os seguintes limites máximos: 14% de umidade; 1% de matérias estranhas e impurezas; 30% de quebrados; 8% de esverdeados; 8% de avariados (queimados, ardidos, mofados, fermentados, germinados, danificados, imaturos e chochos), dos quais se permite até 6% de grãos mofados, até 4% de grãos ardidos e queimados, sendo que esse último não pode ultrapassar 1%; e 18,5% de conteúdo de óleo. A soja é negociada por meio do código SFI e possui tamanho de 450 sacas de 60kg ou 27 toneladas métricas. Possui variação mínima de apregoação de US$ 0,01 por saca de 60kg, e cotado em dólares dos Estados Unidos da America. A oscilação máxima é de 5% para mais ou para menos, aplicados sobre o preço de ajuste do dia anterior do vencimento negociado. Para o 1º vencimento em aberto, o limite de oscilação máxima diária será suspenso nos três últimos dias de negociação. O lote padrão é de uma unidade e o limite de posição é de 1.800 contratos ou 25% das posições em aberto por vencimento, dos dois o maior. O último dia de negociação é o segundo dia útil anterior ao mês de vencimento do contrato. Os meses de vencimento são março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro e novembro. A data de vencimento é o segundo dia útil anterior ao mês de vencimento. As posições que não forem encerradas na sessão de negociação até o último dia de negociação, mediante a realização de operações de natureza (compra ou venda) inversa, serão liquidadas no vencimento por um índice de preços. Será exigida margem de garantia de todos os comitentes com posição em aberto, cujo valor será atualizado diariamente pela Bolsa, de acordo com critérios de apuração de margem para contratos futuros O horário de negociação normal é das 9:00h às 15:00h, call eletrônico até as 15:10h e o After-hours (D+1) das 15:35h até 18:00h (BM&FBOVESPA, 2012). 3. Metodologia Em termos de metodologia, as pesquisas são classificadas em três grandes grupos: exploratórias, descritivas e causais. De acordo com Selltiz et al (1975), os estudos formuladores ou exploratórios têm como objetivos de pesquisa a familiarização com o fenômeno ou conseguir nova compreensão deste, freqüentemente para poder criar um problema mais preciso de pesquisa ou criar novas hipóteses, sendo a principal acentuação à 8
descoberta de ideias e intuições. Os estudos descritivos são aqueles que apresentam precisamente as características de uma situação, um grupo ou um indivíduo específico. Os estudos causais são aqueles que verificam uma hipótese de relação causal entre variáveis. Para o desenvolvimento deste estudo identificou-se como a mais adequada a Pesquisa Descritiva. Segundo Andrade (2002), a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfere neles. Assim, os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não manipulados pelo pesquisador. Justifica-se a utilização deste instrumento, ao fato do objetivo do estudo estar bem definido, os pesquisadores sabem exatamente o que pretendem com a pesquisa, como buscar as informações e como verificar a freqüência com que elas ocorrem. A pesquisa terá abordagem quantitativa, pois serão utilizados números para mensurar os resultados através de uma análise estatística. Segundo Hair et. al.(2005): Os dados quantitativos são mensurações em que números são usados diretamente para representar as propriedades de algo. Como são registrados diretamente com números, os dados estão em uma forma que se presta para a análise estatística (HAIR et. al., 2005, p. 100). Utilizou-se da técnica de Análise de Séries Temporais para a análise dos dados coletados. Segundo o Corrar e Theóphilo (2011), uma série temporal é um conjunto de observações seqüenciais de determinada variável, expressas numericamente, obtidas em períodos regulares de tempo. Ela baseia-se na premissa segundo a qual os fatores que influenciaram o comportamento dos dados no passado continuam influenciando seus movimentos futuros. Para a análise utilizou-se de dados disponíveis na BM&F Bovespa no período de Janeiro de 2010 à Dezembro de 2011. 4. ANÁLISE DE RESULTADOS 4.1 Análise do Setor em Estudo O agronegócio é responsável por uma parcela significativa na economia do Brasil e no Mundo. O Brasil é um dos principais fornecedores de produtos agropecuários mundiais, exportando para 215 destinos em mais de 180 países. Em 2010, com US$ 76 bilhões em exportações, a balança comercial do agronegócio obteve um superávit de US$ 63 bilhões, e a balança comercial, o superávit apresentado foi de US$ 20 bilhões. Em 2011 a 9
representatividade do agronegócio nas exportações chegou a 36,9%, com US$ 25,9 Bilhões de superávit. Conforme o portal do agronegócio a participação do agronegócio no PIB do Brasil representou 22,74% em 2011, totalizando R$ 942 bilhões. Do total da população economicamente ativa, o agronegócio representa 35% dos empregos. O Agronegócio possui algumas particularidades que a diferenciam de outros setores da economia. Especialmente se tratando de fatores da natureza, há a dependência, por exemplo, de fatores climáticos e biológicos como, variações da temperatura, luminosidade, umidade do ar, ventos, altitudes, e a incidência de pragas, bactérias, fungos e vírus. Todas estas particularidades tornam o agronegócio um quebra cabeça difícil de ser montado e com forte dependência de planos governamentais, para subsidiar e apoiar este setor da economia. Nos últimos anos o Brasil transformou-se no segundo maior produtor de soja do mundo, com total de 75 milhões de toneladas, atrás somente dos Estados Unidos da América, com 82,9 milhões de toneladas. Em 2011 as exportações de soja do Brasil bateram recordes de 32,9 milhões de toneladas. O complexo da soja (grão, farelo e óleo) deve acumular uma receita de US$ 23,8 bilhões em 2011, contra US$ 17 bilhões em 2010. A estimativa da CONAB (2012) para a área plantada de soja na safra de 2010/2011 equivale a 48,5% do total da área plantada dos principais grãos produzidos no país: canola, centeio, cevada, feijão, girassol, mamona, milho, sorgo, trigo e triticale. Atualmente, o maior estado produtor do grão do Brasil é o Mato Grosso, com 26,5% do total da área plantada de soja entre os estados da nação. 4.2 Resultado da Pesquisa Este tópico pretende descrever os resultados gerais da análise dos dados obtidos no site da BM&FBOVESPA. Os procedimentos realizados seguiram a metodologia descrita no Capítulo 1. Os resultados estão apresentados por meio de gráficos que possibilitam o entendimento da oscilação do volume de contratos futuros de soja e dos preços à vista do produto no período analisado. A primeira etapa consiste na identificação da evolução do volume de contratos futuros da soja no período de Janeiro/2010 à Dezembro/2011, conforme apresentado no Gráfico 1. 10
Gráfico 1 Volume de Contratos Futuros da Soja no período de Jan/2010 a Dez/2011 Fonte: BM&FBOVESPA(2012) Percebe-se a partir do Gráfico 1, que o volume de contratos futuros de soja possuem uma sazonalidade que se repete nos dois anos de 2010 e 2011. Os dois pontos de máximos e mínimos do gráfico podem ser justificados pelo período de safra da Soja. No Brasil a safra da soja inicia-se com o plantio, de setembro e dezembro, e terminase com a colheita do grão, de janeiro a abril. Observa-se que os pontos de máximos do gráfico acontecem sempre nos meses de Março, exatamente no principal período de colheita da soja. Conclui-se que, com base na safra da soja, os produtores iniciam as negociações dos contratos futuros de soja tendo como base a sua produção física. Conforme o período de colheita vai se extinguindo, e os estoques vão reduzindo, logo o volume de contrato de futuro de soja também diminui. Os pontos de mínimos no Gráfico 1, também coincidem com um dos períodos de entre safra da soja, o final do plantio no mês de dezembro. Tendo em vista a ausência física 11
do grão para venda no período de plantio, o volume de contratos futuros negociados também praticamente inexiste. Na segunda etapa avaliou-se a evolução do volume financeiro dos contratos futuros de soja no período de Janeiro/2010 à Dezembro/2011, conforme descritos no Gráfico 2. Gráfico 2 Volume Financeiro dos Contratos Futuros de Soja no período Jan/2010 a Dez/2011 Fonte: BM&FBOVESPA(2012) O Gráfico 2 apresenta uma curvatura similar a do Gráfico 1, isto porque o volume financeiro dos contratos futuros de soja está diretamente ligado ao volume de contratos futuros de soja, sendo justificado seus pontos de máximo e mínimo conforme as oscilações apresentadas no Gráfico 1, coincidindo os pontos máximos com a colheita da safra nos meses de março e os pontos mínimos com o final do plantio da safra nos meses de dezembro. Na terceira etapa avaliou-se a variação do preço à vista da soja no período de Janeiro/2010 à Dezembro/2011. Gráfico 3 - Preço à Vista no período de Jan/2010 e Dez/2011 12
Fonte: CEPEA/USP (2012) O Gráfico 3 apresenta a evolução dos preços em reais e à vista da soja. Entre Setembro de 2010 e Abril 2011 houve um pico do preço da soja, justificado pelo forte crescimento dos preços em dólares dos produtos do agronegócio no cenário mundial. Outro fator que contribuiu para a elevação dos preços da soja em 2010 foi a forte valorização da taxa de cambio efetiva real. A partir de Janeiro de 2011 esta taxa tendeu-se a atenuar, mantendo seu comportamento praticamente estável em 2011. Por fim, com base nos valores apresentados nos gráficos, observou-se dados com tendência e sazonalidade, o que justifica a utilização de uma análise de séries temporais para verificar se existe alguma relação entre o Volume de contratos futuros e o volume financeiro dos mesmos com o preço à vista da soja no período em análise. Para a análise dos resultados, utilizaram-se os coeficientes de determinação R- Quadrado e o MAPE (Média Percentual de Erros). Segundo Bruni (2007), de modo geral, para valores do R-Quadrado iguais ou superiores a 0,60 diz-se que o ajuste linear apresenta uma boa qualidade, e para o MAPE, valores abaixo de 5 são considerados ótimos, abaixo de 10 são considerados bons, e abaixo de 20 razoável. Os valores encontrados para o R-Quadrado e MAPE foram respectivamente de 0,268 13
e 39,182 (Tabela 1). Tabela 1 Resumo da análise de séries temporais entre as variáveis volume de contratos futuros da commoditie soja e do preço à vista da soja Model Fit statistics Ljung-Box Q(18) Number Number of Stationary of Model Predictors R-squared R-squared MAPE MAE Statistics DF Sig. Outliers Volume- 1,268,268 39,182 1925,143 27,154 18,076 0 Model_1 Fonte: Elaboração própria Baseado nestes valores verificou-se que não existiu relação entre o volume de contratos futuros da soja e o preço à vista no período analisado, pois o R-Quadrado de 0,268 foi inferior à 0,60 e o MAPE de 39,182 apresentou-se maior que 20 o que não é considerado estatisticamente significativo. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho teve como objetivo verificar e avaliar a evolução do volume de contratos futuros de soja, negociados na BM&F, e a evolução dos preços à vista desta commodity no período de 2010 e 2011. O volume de contratos futuros de soja possui uma sazonalidade que se repete nos dois períodos estudados, e que a sazonalidade pode ser justificada pela fase da safra da soja. Pontos de máximo no período de colheita e pontos de mínimo no período de plantio. A evolução dos preços a vista da soja não apresentou uma sazonalidade, no entanto, houve uma grande evolução dos preços em 2010, proporcionada principalmente pela forte valorização dos preços no exterior e pela valorização da taxa de câmbio efetiva real. O estudo buscou um maior entendimento do funcionamento dos derivativos agropecuários, do mercado futuro, destacando o papel que o agente do agronegócio pode exercer para estimar seus ganhos e mitigar seus riscos quanto a variação dos preços de suas comoditties. Além disso, seus resultados pode orientar estes agentes no monitoramento e na tomada de decisões mais eficazes em relação a compra e venda de contratos futuros, na expectativa de proteger o preço de suas mercadorias. Entretanto, visto que não há relação entre o volume de contratos futuros e o preço à 14
vista, a partir dos dados coletados, sugere-se para futuros trabalhos fazer uma análise desta série baseado no preço à vista durante este período para a obtenção de modelos que permitam a previsão de valores futuros. 6. REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação: noções práticas. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002. BM&FBOVESPA. Bolsa de Mercadorias e Futuros e Bolsa de Valores de São Paulo [2012]. Disponível em : < http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/educacional/iniciantes/mercados-de-derivativos/tipos-de-mercadosderivativos/tipos-de-mercados-derivativos.aspx?idioma=pt-br > Acesso em :14 abr. 2012 BM&FBOVESPA. Bolsa de Mercadorias e Futuros e Bolsa de Valores de São Paulo [2012]. Disponível em : <http://www.bmf.com.br/bmfbovespa/pages/contratos1/contratosprodutosagropecuarios1.asp > Acesso em :14 abr. 2012 BM&FBOVESPA. Bolsa de Mercadorias e Futuros e Bolsa de Valores de São Paulo [2012]. Disponível em : <http://www.bmfbovespa.com.br/empresas/pages/empresas_derivativos-agropecuarios.asp> Acesso em :21 abr. 2012 BRUNI, Adriano Leal. Estatística Aplicada à Gestão Empresarial. São Paulo: Atlas, 2007. CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA ESALQ/USP (CEPEA/USP) [2012]. Disponível em: <http://www.cepea.esalq.usp.br/pib/other/pib_cepea_1994_2011.xls>. Acesso em: 15 abr. 2012. CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento [2012]. Serie histórica. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1252&ordem=produto&pagina_objcmsconteudos=3#a_objcmscon teudos > Acesso em : 06 mai. 2012 CORRAR, Luiz J.; THEÓPHILO, Carlos R. Pesquisa Operacional: para decisão em Contabilidade e Administração. São Paulo: Atlas, 2011. COSTA, T.M. & PIACENTI, C.A. Utilização de contratos futuros agropecuários no perfil médio de investimentos dos Fundos de Pensão no Brasil. Revista de Contabilidade e Finanças da USP. V. 19, n. 46, jan /abr 2008 p.59 a 72. FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro Produtos e Serviço. Rio de Janeio: Qualitymark, 2005. HAIR JR, J. F. et AL. Fundamentos de métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre: Bookman, 2005. MARINS, A. Mercado Derivativos e Análise de Risco: Mercado a Termo, Futuro e Risco de Posições Lineares. 2. Ed. São Paulo: AMS, 2009. 15
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