SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO EM UM MODELO COM RESTRIÇÃO EXTERNA

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Transcrição:

SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO EM UM MODELO COM RESTRIÇÃO EXTERNA Resumo: Fabricio J. Missio Luciano F. Gabriel O objeivo do arigo é invesigar as iner-relações eóricas e empíricas enre crescimeno econômico, Sisema Nacional de Inovação (SNI) e exporações. Teoricamene, propõem-se alerações no modelo de Kaldor-Dixon-Thirlwall a parir da inrodução da hipóese de endogeneidade das elasicidades renda do comércio inernacional e de mudanças na função que capa a endogeneidade da produividade. Poseriormene, realizam-se eses empíricos para o Brasil uilizando-se da meodologia de Veores Auo Regressivos (VAR), funções de impulso reposas (FIR) e da análise da decomposição da variância (ADV). Os principais resulados mosram que as exporações de bens manufaurados afeam de maneira mais duradoura a axa de crescimeno do produo real rimesral e que o grau de desenvolvimeno do SNI em efeios imporanes sobre as exporações, o que implica que o mesmo é um deerminane qualiaivo do poencial produivo do país, ao exercer papel cenral na explicação do desempenho do comércio inernacional e, ambém, na explicação da evolução e do diferencial enre as elasicidades renda da demanda por exporações (imporações) enre os países. Palavras Chaves: Crescimeno Econômico; Exporações, endogeneidade das elasicidades e Sisema Nacional de Inovações. Absrac: The aim of his aricle is o analyze he heoreical and empirical inerrelaionship beween economic growh, Naional Sysem of Innovaion (NSI) and expors. Theoreically he Kaldor- Dixon-Thirlwall model is modified in a way ha embodies he inernaional rade income elasiciy endogeneiy and produciviy. Aferwards, empirical ess are performed using Vecor Auorregressive (VAR), impulse response funcions and (IRF) variance decomposiion analysis (FEVD). The main resuls show ha afer quarers manufacure expor goods affecs in a more lasing way he quarerly economic growh raes. Besides, i can be observed ha he NSI affecs in an imporan way he expors. In oher words, he degree of developmen of his sysem is a qualiaive deerminan of producive poenial, which plays a cenral role in explaining aggregae expors by facor of naional producion (and herefore also for he income elasiciy of demand), as he heoreical assumpions presens. Key Words: Economic growh; Expors; endogeneiy of he elasiciies and naional sysem of innovaion JEL: E. O.C. Douor em economia e professor da UEMS. E-mail: fabriciomissio@gmail.com Douorando em economia pelo CEDEPLAR/UFMG. Professor do Cenro Universiário UNA. Email: lucianofg@gmail.com Ese rabalho conou com o apoio da FAPEMIG.

ÁREA 6 - CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E INSTITUIÇÕES. INTRODUÇÃO A invesigação dos faores deerminanes do crescimeno econômico dos diversos países sempre ocupou um lugar cenral nos debaes em ciência econômica, gerando uma vasa lieraura sobre o ema. Não obsane, a busca persisene por explicações que consigam desvendar o enigma sobre o porquê de deerminadas nações apresenarem um melhor desempenho econômico relaivamene a ouras economias esá muio disane de ser um consenso. A radição heerodoxa dos modelos de crescimeno com resrição no balanço de pagamenos, que enconra suas bases fundamenais na eoria de crescimeno de Nicholas Kaldor e na abordagem pioneira de Thirlwall (979), admie que as axas de crescimeno dos países divirjam enre si dada às diferenças nas elasicidades-renda da demanda do comércio inernacional. Assim, países com maior (menor) elasicidade renda da demanda por exporações (imporações) crescem a axas maiores. Um dos pressuposos fundamenais dessa abordagem é que as exporações consiuem-se no componene mais imporane da demanda agregada, pois esimulam o crescimeno aravés do efeio muliplicador e ao mesmo empo relaxam a condição de resrição de equilíbrio ineremporal do Balanço de Pagamenos proporcionando a possibilidade de crescimeno dos ouros componenes da demanda agregada sem compromeer o crescimeno fuuro. Recenemene, uma série de desdobramenos em ampliado essa lieraura, inclusive com a perspeciva de inegração com ouras abordagens (especialmene com a evolucionária e a insiucionalisa). Nessa perspeciva Romero, Silveira e Jayme Jr. (), Jayme Jr. e Resende (9), Missio, Jayme Jr. e Conceição (4) susenam, por exemplo, que o grau de desenvolvimeno do Sisema Nacional de Inovação (SNI) é um deerminane qualiaivo do poencial produivo de um país, o qual exerce um papel cenral na explicação das elasicidades renda da demanda pela produção nacional, ou seja, há relações causais enre o SNI, elasicidadesrenda do comércio inernacional e compeiividade das exporações de uma economia. Em ouras palavras, pode-se dizer que a esruura produiva influencia direamene a paua exporadora, afeando as elasicidades dos produos exporados e imporados. Ressala-se que, apesar dos auores precursores já enfaizarem eoricamene essa relação, apenas recenemene emse avançado na explicação (incluindo a consrução de abordagens formais e a ampliação da invesigação empírica) de quais são os mecanismos de ransmissão enre esruura produiva e elasicidades das imporações e exporações (Araújo e Lima, 7; Gouvêa e Lima, ; Missio, ). Nesse conexo, o objeivo dese rabalho é invesigar as iner-relações eóricas e empíricas enre crescimeno econômico, Sisema Nacional de Inovação e exporações. Para ano, inicialmene propõem-se um modelo eórico formal que incorpora algumas modificações ao modelo benchmark de Kaldor-Dixon-Thirlwall, a parir da inrodução da hipóese de endogeneidade das elasicidades e de mudanças na função que capa a endogeneidade da produividade. O modelo avança na elucidação das relações enre esruura produiva/elasicidades e na inegração enre diferenes abordagens eóricas (especialmene a pós keynesiana e a evolucionária). Poseriormene, realizamse eses empíricos para o Brasil uilizando-se da meodologia de veores auo regressivos e funções de impulso reposas. Os eses empíricos buscam avaliar algumas das proposições pressuposas na abordagem eórica, denre as quais o papel do SNI e das exporações - mensuradas pelo seu faor agregado (quanidade de ransformação e coneúdo ecnológico) - sobre o crescimeno. Esse ese esá em consonância com a lieraura que mosra que o Brasil não obeve êxio em fazer o cach up, ampouco rompeu a resrição exerna (Porcile, Berola e Higachi, ; Sanos, Lima e Carvalho, 5; Oliveira, Jayme Jr., Lemos, 6; Carvalho, 6). Para cumprir com os objeivos o rabalho enconra-se dividido em rês seções, além desa inrodução e das considerações finais. A seção apresena o modelo de Kaldor-Dixon-Thirlwall. A seção seguine apresena uma exensão do referido modelo a parir da hipóese de endogeneidade

das elasicidades e do papel do SNI como deerminanes da composição e da axa de crescimeno do produo indusrial. A seção 4 apresena a análise empírica realizada a parir de um modelo de veores auo regressivos, suas funções de impulso resposa e da análise da decomposição da variância dos erros de previsão das séries emporais.. O MODELO DE KALDOR-DIXON-THIRLWALL O modelo de causação cumulaiva foi delineado por Kaldor (966; 97) e formalizado pela primeira vez por Dixon e Thirlwall (975). Poseriormene, é possível esender esse modelo com base em Thirlwall (979), incluindo a hipóese de que o crescimeno é resrio pela condição de equilíbrio ineremporal do Balanço de Pagamenos (BP). Formalmene, o modelo pode ser descrio pelas seguines equações: () y = γ. x, em que onde y é a axa de crescimeno do produo no período, x é a axa de crescimeno das exporações e γ é a elasicidade do crescimeno do produo em relação ao crescimeno das exporações. Essa equação descreve o pressuposo de que o crescimeno da economia é liderado pelas exporações; () x = η.( pd p f e ) + ε. z, em que p d ( p f ) é a axa de crescimeno dos preços domésicos (exernos); x é a axa de crescimeno das exporações; e é a variação na axa de câmbio nominal; η é a elasicidade preço das exporações ( η < ); ε é a elasicidade renda das exporações ( ε > ); e z é a axa de crescimeno da renda mundial. Essa equação represena a demanda por exporações, sendo que z e p f são deerminados exogenamene; () pd = w r + τ, onde w é a axa de crescimeno dos salários nominais, r é a axa de crescimeno da produividade média do rabalho e τ é a axa de crescimeno do mark-up sobre os cusos do rabalho. Essa equação descreve que axa de crescimeno dos preços dos bens domésicos é deerminada por uma equação de mark-up; (4) r = ra + λ. y, em que r a é o crescimeno auônomo da produividade do rabalho e λ é a elasicidade do crescimeno da produividade em relação ao crescimeno da produção, ou coeficiene de Verdoorn. Conhecida como lei de Verdoorn, a equação descreve o reconhecimeno da exisência de regularidade da associação enre a axa de crescimeno do produo e a axa de crescimeno da produividade; (5) m = ψ.( p f + e pd ) + π. y, em que m é a axa de crescimeno das imporações; y é a axa de crescimeno do produo domésico no período ; ψ é a elasicidade preço das imporações ( ψ < ); π é a elasicidade renda das imporações ( π > ). Equação represena a demanda por imporações; (6) p d + x = p f + e + m, equação que descreve o equilíbrio da balança comercial. O modelo original de Dixon e Thirlwall (975) é dado pelo conjuno de equações ()-(4). A equação fundamenal é a que expressa a lei de Verdoon, uma vez que admie a possibilidade de crescimeno cumulaivo. O crescimeno do produo aumena a produividade do rabalho, reduzindo o preço dos bens domésicos que leva, por conseguine, a uma nova rodada de crescimeno das exporações. O modelo ambém ressala o argumeno proposo por Kaldor de que a axa de crescimeno da demanda, mais especificamene a axa de crescimeno das exporações, assim como a exisência de reornos crescenes de escala no seor manufaureiro, são os principais faores explicaivos da axa de crescimeno do PIB e suas disparidades enre países (Brio e Romero, ). Subsiuindo as equações (), () e (4) em (), a expressão da axa de crescimeno do produo é dada por:

[ η( w r + τ p e ) + ε z )] a f.( y = γ (7) + γηλ Na equação (7) a axa de crescimeno do produo varia posiivamene em função do crescimeno auônomo da produividade, da axa de crescimeno dos preços exernos, da axa de desvalorização do câmbio, da axa de crescimeno da renda mundial e da elasicidade renda da demanda por exporações. A axa de crescimeno do produo varia negaivamene em função do crescimeno dos salários nominais e da axa de crescimeno do mark-up. Ademais, observa-se que coeficiene de Verdoorn (λ) deermina a naureza cumulaiva e circular do modelo. Não obsane, sua exisência não é suficiene para explicar diferenças nas axas de crescimeno enre países, já que essas, ceeris paribus, esão relacionadas a níveis disinos de λ 4. Por fim, convêm observar qual o comporameno do modelo em ermos da esabilidade dos parâmeros no longo prazo, ou seja, qual é o comporameno da axa de crescimeno (convergência ou divergência) uma vez que ela seja alerada. Para ano, uilizando a função defasada das exporações, em-se que: x =.( pd p f e ) + ε. z η (8) A parir da combinação das equações (7), () e (4) obém-se a solução geral: [ η( w r + τ p e ) + ε.( z )] a f y = A( γηλ) + γ (9) + γηλ em que A é a condição inicial. A equação (9) demonsra que a esabilidade do modelo depende do resulado da muliplicação enre a elasicidade do crescimeno do produo em relação ao crescimeno das exporações, a elasicidade preço da demanda por exporações e o coeficiene de Verdoorn. Se o valor desse produo for maior do que a unidade, enão ocorrerá um processo de divergência cumulaiva. Caso conrário, as diferenças nas axas de crescimeno enre países serão consanes ao longo do empo. Ressala-se que no modelo anerior a axa de crescimeno predia não em um limie superior. Conudo, conforme mosrou originalmene Thirlwall (979), na práica a condição de equilíbrio ineremporal do BP consiui esse limie. Ou seja, ano para países desenvolvidos quano para países em desenvolvimeno, a axa de crescimeno de longo prazo pode ser resria pela referida condição, de al forma que é possível impor limies ao crescimeno muio anes de se alcançar a plena uilização da capacidade produiva. Formalmene, o modelo original de Thirlwall (979) é dado pelas equações (), (5) e (6). Subsiuindo as duas primeiras na úlima, é possível mosrar que a axa de crescimeno da renda domésica compaível com o equilíbrio no BP é dada por: y = [( + η + ψ )( pd p f e ) + ε.( z )] π () A equação () expressa as seguines proposições econômicas: Observe que o impaco da elasicidade preço da demanda por exporações sobre o crescimeno do produo é indeerminada, sendo que seu efeio líquido dependerá dos valores reais das ouras variáveis e parâmeros. 4 Segundo Dixon e Thirlwall (975, p. ) In oher words, an auonomous shock which raises a region s oupu is no enough for is growh advanage o be mainained [ ] excep o he exen ha he auonomous shock affecs favorably he parameers of he model. 4

(i) (ii) (i) (ii) (iii) A inflação domésica vai diminuir y B se a soma da elasicidade própria da demanda por exporações e a elasicidade cruzada da demanda por imporações for maior que a unidade em valor absoluo; A inflação exerna vai aumenar y B se a soma da elasicidade própria da demanda por imporações e a elasicidade cruzada da demanda por exporações for maior que a unidade em valor absoluo; A desvalorização ou a depreciação da moeda domésica vai aumenar y B se a soma da elasicidade própria da demanda por imporações e exporações for maior que a unidade em valor absoluo (condição Marshall-Lerner). Deve ser noado, odavia, que esse crescimeno depende de depreciações conínuas, ou seja, em sucessivos períodos deve-se er e > ; Um crescimeno mais rápido na renda mundial vai aumenar a axa de crescimeno de equilíbrio compaível com a BP; e Quano maior a elasicidade renda da demanda por imporações (π ), menor a axa de crescimeno y B. Ademais, esse modelo pode ser usado para responder à quesão cenral da moderna eoria sobre o moivo de as axas de crescimeno diferirem enre os países (Cimoli e al., ). A relação enre resrição do BP e convergência é represenada na Figura (A). Quaro cenários podem ser idenificados: (i) (ii) (iii) (iv) Convergência susenável ocorre quando a axa de crescimeno efeiva dos países em desenvolvimeno é maior que a unidade e ao mesmo empo é menor ou igual à razão das elasicidades ( ε / π ) (Figura A, quadrane nordese A, em que ε / π y / z > ); Divergência susenável ocorre quando os países em desenvolvimeno crescem menos do que o reso do mundo enquano manêm o equilíbrio (ou superávi) em cona correne (Figura A, quadrane sudese D, em que ε / π y / z < ). Nesse caso, o país cresce menos do que o permiido pela resrição de equilíbrio do BP; Convergência insusenável ocorre quando a axa relaiva de crescimeno (razão das elasicidades) é maior (menor) que a unidade (Figura A, quadrane noroese B, em que ε / π < y / z > ). A convergência, nesse caso, ocorre com o aumeno da dívida exerna. Todavia, em algum pono do empo esse débio deverá ser pago, de al forma que o processo de convergência será inerrompido. Divergência insusenável ocorre quando a razão das elasicidades é menor que a axa de crescimeno efeiva, o que implica déficis crescenes em cona correne (Figura A, quadrane sudoese C, em que ε / π < y / z < ). Nesse caso, a axa de crescimeno prevalecene no país é insuficiene para produzir convergência com a economia inernacional. 5

Figura A: Convergência, divergência e resrição exerna B Convergência A Convergência C - Convergência Insusenável D Divergência Fone: Cimoli, Porcile e Rovira (). Por ouro lado, se a ideia de causação circular cumulaiva for inroduzida com o impaco do crescimeno endógeno da produividade na axa de crescimeno das exporações, dada pelas equações (4) e (5), a axa de crescimeno da economia no modelo de Kaldor-Dixon-Thirlwal (doravane KDT) se orna: [( + η + ψ )( w ra + τ p f e ) + ε.( z )] y B = () π + λ( + η + ω) Considerando que os preços relaivos não afeam o equilíbrio no BP de maneira significaiva no longo prazo, iso é, se os ermos de roca são neuros, a equação () pode ser simplificada de al forma a ober-se a denominada Lei de Thirlwall : y = ε.( z ) π () A equação () mosra que o crescimeno liderado pelas exporações é resrio pelo BP. Nesse caso, quano maior for a elasicidade renda da demanda por imporações, maior será a resrição sobre o crescimeno. Assim, a imporância da axa de crescimeno das exporações para o aumeno da axa de crescimeno do PIB é reforçada nessa versão do modelo, uma vez que possui uma dupla função. Em primeiro lugar, conforme argumenou Kaldor, o funcionameno do muliplicador do comércio exerno de Harrod (9) é refleido pelo aumeno da demanda agregada ocasionado pelo aumeno das exporações. Em segundo lugar, o aumeno das exporações proporciona o influxo de moeda esrangeira necessário para permiir que os demais componenes da demanda agregada cresçam, dado que a expansão do consumo e do invesimeno agregados ceramene esarão associados a volumes crescenes de imporações. Logo, mesmo que o crescimeno do PIB seja derivado em grande medida da dinâmica do mercado inerno, o crescimeno das exporações viabiliza os requerimenos crescenes de imporações sem que o balanço de pagamenos seja deficiário (Brio e Romero, ). O MODELO KALDOR-DIXON-THIRLWALL REVISITADO 6

Exise uma série de desdobramenos eóricos e empíricos que exploram diferenes ponos denro dessa abordagem inaugurada pelo modelo KDT (Ellio e Rhodd, 999; Thirlwall e Hussain, 98; Moreno-Brid, ). Dois desses principais desdobramenos devem ser desacados: o primeiro é uma série de rabalhos que desaca o efeio composição, qual seja, a ideia de que a composição seorial da esruura produiva de uma economia (e, sobreudo, das suas exporações) é fundamenal para explicar suas axas de crescimeno compaíveis com a resrição exerna (Araújo e Lima, 7; Araújo, ; denre ouros). O principal argumeno desses modelos é de que mudanças na composição da demanda, que não se refleem em mudanças nas elasicidades, mas advém de mudanças na paricipação de cada seor na exporação ou imporação agregada, ambém afeam o crescimeno econômico. O segundo desdobrameno, em grande pare complemenar ao primeiro, desaca a hipóese da endogeneidade das elasicidades renda da demanda por exporações e imporações. Ou seja, propõem-se idenificar quais são as variáveis capazes de alerar a magniude das referidas elasicidades e, assim, relaxar a resrição exerna. Nesse conexo, admiindo que as elasicidades refliam em grande pare a diversidade e o grau de sofisicação da esruura produiva de uma economia, variáveis como o nível da axa real de câmbio e o grau de desenvolvimeno do Sisema Nacional de Inovações, consideradas capazes de induzir a mudança esruural e provocar a aleração nas referidas elasicidades, passam a ser consideradas como elemenos chaves para promover alerações pró-crescimeno (Missio, Jayme Jr. e Conceição, 4). O modelo proposo a seguir se encaixa denro dessa abordagem e é capaz de mosrar como a incorporação desses argumenos permie esabelecer um raciocínio lógico sequencial que, ao complemenar a radição econômica inaugurada pelo modelo KDT com ouras abordagens eóricas, como a evolucionária, por exemplo, conribui para melhorar a fundamenação eórica sobre os deerminanes do processo de crescimeno. Anes da apresenação formal, ressalam-se, brevemene, os principais argumenos que fundamenam as duas hipóeses a serem adicionadas ao modelo KDT: a hipóese de endogeneidade das elasicidades e o papel do Sisema Nacional de Inovação (SNI).. A HIPÓTESE DE ENDOGENEIDADE DAS ELASTICIDADES No longo prazo, conforme Thirlwall (5, p. 69), a única solução segura para elevar a axa de crescimeno de um país, em consonância com o equilíbrio ineremporal do BP, é a mudança esruural, no senido de se aumenar ε e reduzir π. No modelo de Thirlwall a direção da causação vai das elasicidades, que refleem a esruura de produção, para o crescimeno. Conforme ressala o auor, esse é o pressuposo básico de odos os modelos cenro-periferia clássicos, como Prebisch (95), Myrdal (957), Seers (96) e Kaldor (97). A quesão orna-se, porano, compreender como diferenças nas elasicidades provocam diferenes axas de crescimeno e, principalmene, quais são os faores que às deerminam. A hipóese de que as elasicidades são endógenas capa esse argumeno. Ou seja, admie-se que mudanças da esruura produiva aleram a resrição exerna e, porano, políicas que promovem a referida mudança esruural em efeios sobre o crescimeno. Nesse senido, recenemene uma série de auores em incorporado nessa classe de modelos funções que buscam capar essa endogeneidade propondo, por exemplo, que a elasicidade-renda da demanda por imporações é uma função negaiva do excesso de capacidade (Palley, ). A jusificaiva para al procedimeno é o fao das imporações esarem relacionadas aos gargalos da economia. À medida que o excesso de capacidade e o desemprego diminuem, esses gargalos se ornam mais relevanes e a paricipação das imporações no incremeno da renda aumena. Por ouro lado, McCombie e Robers () incorporam a mudança esruural à lei de Thirwall por meio da inrodução de hiserese nos parâmeros que deerminam a axa de longo prazo da economia. Nesse caso, a elasicidade renda da demanda é especificada como função não linear das axas de crescimeno passada. Boa (9) 7

admie que as elasicidades renda da demanda por exporações (imporações) nos países em desenvolvimeno sejam uma função posiiva (negaiva) da paricipação das manufauras no produo domésico. Ou seja, as elasicidades renda da demanda por imporações-exporações são endógenas, sendo sua evolução dependene dos efeios da indusrialização dos países em desenvolvimeno sobre o padrão das elasicidades renda das imporação/exporações. Admie-se, ainda, a endogeneidade das elasicidade renda da demanda por imporações e exporações em relação ao nível da axa real de câmbio (Barbosa-Filho, 6; Missio, ; Ferrari, Freias e Barbosa-Filho, ; Missio, Oreiro e Jayme Jr, 4). Segundo Missio e Jayme Jr. () isso ocorre porque a manuenção de um câmbio real desvalorizado gera incenivos à pesquisa e a inovação via efeios sobre as condições de auofinanciameno e de acesso ao crédio, o que permie a modernização e a diversificação da capacidade produiva. Isso implica na ampliação (diminuição) da capacidade de exporação (imporar) no longo prazo. Mais especificamene, os auores argumenam que a elasicidade renda da demanda por exporações é uma função direa, enre ouros faores, do número de produos produzidos pelo país e do grau de ecnologia incorporado nesses produos. Em relação ao número de produos, variações no câmbio real aleram o salário real, levando a diversificação ou a especialização da produção. Isso porque, quando ocorre um aumeno dos salários reais, por exemplo, os seores que já compeem com desvanagens no mercado inernacional, dado o baixo coneúdo ecnológico incorporado em seus produos, perdem mercados ou deixam de exisir, forçando a economia a se especializarem seores onde exisem vanagens comparaivas naurais. Para países em desenvolvimeno, isso significa a especialização na produção de produos naurais primários. Aconece que a elasicidade renda da demanda por exporações desses produos é baixa, o que mosra que a especialização neses seores impõe uma maior resrição ao crescimeno com equilíbrio exerno. Por ouro lado, uma redução nos salários reais (desvalorização) leva a uma diversificação produiva, o que no longo prazo represena uma maior capacidade de exporar e uma menor dependência das imporações. Em relação ao grau de sofisicação dos produos, os auores observam que a desvalorização cambial ao aumenar o lucro das empresas e a sua capacidade de auofinanciameno alera a disponibilidade de fundos que as mesmas dispõem para realizarem seus projeos de invesimenos relacionados à pesquisa e inovação... O PAPEL DO SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÕES A presença de divergências esruurais capazes de explicar em grande pare as diferenças de elasicidades renda (e sua evolução) enre os países enconra explicação ambém na eoria evolucionária, em especial na análise do papel desempenhado pelo Sisema Nacional de Inovações (SNI). Mais paricularmene, o que a abordagem dos modelos pós-keynesianos de crescimeno com resrição de equilíbrio do balanço de pagamenos argumena é que as diferenças de elasicidades advêm de diferenças esruurais. Pois bem, a exisência dessas diferenças podem ser explicadas, em grande pare, com o auxilio da eoria evolucionária, principalmene, pela análise das rajeórias dos progressos ecnológicos seguidos e desenvolvidos pelos diferenes países. O pono inicial dessa ineração é a compreensão do conceio de SNI. Segundo Albuquerque (996, p. 8), o mesmo pode ser assim definido: Traa-se de uma consrução insiucional que impulsiona o progresso ecnológico (...) aravés da consrução de um sisema nacional de inovações, viabiliza-se a realização de fluxos de informação e conhecimeno cienífico e ecnológico necessários ao processo de inovação. Esses arranjos insiucionais envolvem firmas, redes de ineração enre empresas, agências governamenais, universidades, insiuos de pesquisa e laboraório de empresas, bem como a aividade de cienisas e engenheiros: arranjos insiucionais que se ariculam com o sisema educacional, com o seor indusrial e empresarial e com as insiuições financeiras, compondo o circuio dos agenes que são responsáveis pela geração, implemenação e difusão das inovações ecnológicas. 8

Em segundo lugar, ressala-se o argumeno de que há um vínculo enre a esruura produiva e as elasicidades renda do comércio inernacional que pode ser explicado pela complexidade da cadeia produiva do país. 5 Assim, mesmo países que realizaram o processo de indusrialização, coninuam a sofrer com a resrição exerna ao seu crescimeno. A inspiração para esa argumenação esá na lieraura evolucionária: Counry-specific facors are, hrough various channels, assumed o influence he process of echnological change, and hus give he echnologies-and he process of echnological change-of differen counries a disinc "naional" flavor ("naional echnology"; Nelson and Wrigh 99, p. 95). Thus, as an analyical device, many wriers in his areaexplicily or implicily-view counries as separae (echnological) sysems, each wih is own specific dynamics.beng-akelundvall(99) and Nelson (99) boh use he concep "naional sysem of innovaion" for his purpose (FAGERBERG, 994, p.56). Para Fajnzylber (98) apud Jayme Jr e Resende (9), o fao da resrição exerna ser mais efeiva nos países em desenvolvimeno se deve a debilidade ecnológica desses países, em grande pare, em decorrência do baixo nível de progresso e difusão do seu núcleo de dinamização ecnológica, enendido como uma infraesruura cienífico-ecnológica esreiamene inserida e vinculada ao aparao produivo. A ideia subjacene é de que as inovações oriundas do núcleo endógeno de progresso ecnológico aumenam a compeiividade inernacional da esruura produiva fazendo com que o seor exporador seja beneficiado com o desenvolvimeno de produos com maior elasicidade renda. 6 Em ouras palavras, exise um diferencial de compeiividade (e, por ano, ambém nas elasicidades renda) enre economias especializadas em bens inensivos em ecnologia e a economias especializadas em bens com baixa inensidade ecnológica. Para Jayme Jr. e Resende (9, p. 8) bem como Resende e Torres (8) o valor exporado de uma economia depende de quaro caracerísicas dos mercados dos produos exporados. A primeira diz respeio a esruura de mercado dos bens exporados, a segunda o dinamismo do mercado do produo exporado e a erceira o grau de proeção do mercado 7. Por fim, o quaro e úlimo faor é aquele relacionado à diversificação da base produiva da economia. Nese quaro e úlimo faor aparece como fundameno o desenvolvimeno do SNI uma vez que ese sisema afeará o grau de sofisicação ecnológica de sua produção, com efeios sobre suas exporações aravés do processo de caching up, fundamenal para que economias em desenvolvimeno sejam capazes de alcançar o padrão ecnológico de economias cenrais. Assim, em relação a diversificação da base produiva da economia, quano mais desenvolvido for seu SNI, maior será a possibilidade de se avançar em direção à froneira ecnológica dos diversos seores de produção da economia. Nesse senido, maior enderá a ser o grau de diversificação da base produiva da economia. Essa diversificação arelada ao maior 5 Sobre essevínculo da esruura produiva e as elasicidades renda do comércio inernacional emos que: Moreover, differen commodiies and secors are likely o be associaed wih differen levels of opporuniies for innovaion and differen income elasiciies of demand. Hence, he naional paerns of echnological and producion specializaion may feedback on he long erm dynamism of each economy. (Dosi, Freeman e Fabiani, 994, p.6) 6 Na inerpreação da obra de Fajnzylber (98) por Jayme Jr. e Resende (9, p.) pode-se ver que (...) o incipiene desenvolvimeno da indúsria de bens de capial dos países da América Laina esaria associado à debilidade ecnológica que a caraceriza. Essa debilidade, por sua vez, repercue sobre a compeiividade não apenas da própria indúsria de bens de capial, mas, ambém, sobre oda a indúsria dessas economias, principalmene em seus segmenos capialinensivo. Por ese moivo esaria explicado o défici exerno esruural das economias laino-americanas, bem como o não desenvolvimeno de um núcleo endógeno de dinamização ecnológica. 7 Em relação à esruura de mercado Jayme Jr. e Resende (9) explicam que quano mais próxima da esruura de oligopólio ou de monopólio for a esruura de mercado das exporações, maior será a capacidade da empresa exporadora de fixar os preços de seus produos e, porano, maior ende a ser a renabilidade e o valor de suas exporações. Em relação ao dinamismo do mercado, quano maior for a axa de crescimeno da demanda em um mercado, maior ende a ser o valor das exporações para ese mercado. No que diz respeio à proeção de mercado, quano menos sujeio o mercado esiver a práicas proecionisas, maior ende a ser o valor das exporações para ese mercado. 9

coneúdo ecnológico implicará em uma maior elasicidade renda da exporação. Além disso, dada esa maior diversificação da base produiva, maior será o coeficiene de exporações e os valores exporados. Evidencia-se, porano, que o desenvolvimeno do SNI possibilia maior sofisicação ecnológica à esruura produiva, o que se reflee em mudanças nas elasicidades renda do comércio (maior elasicidade renda da demanda por exporações e menor elasicidade renda da demanda por imporações) e, por conseguine, no relaxameno da resrição exerna e no maior crescimeno econômico de longo prazo. Ou seja, é a inensidade ecnológica dos produos comercializados que susena o resulado comercial posiivo ao longo do empo, bem como o maior nível das elasicidades renda das exporações 8. Esabelece-se, assim, a conexão enre a eoria evolucionária (neo-shumpeeriana) e a lieraura dos modelos de crescimeno com resrição exerna.. O MODELO Com base na discussão anerior, propõem-se duas modificações no modelo KDT: i) a primeira incorpora a hipóese de endogeneidade das elasicidades renda em relação ao nível da axa real de câmbio e o grau de desenvolvimeno do SNI; Formalmene, a endogeneidade das elasicidades é dada por: ε ε = f ( θ, SNI ) com > θ π π = f ( θ, SNI ) com < θ ε ; > SNI π ; < SNI em que, por conveniência, admie-se a seguine fórmula funcional 9 ; ε = δ SNI + δθ + δ () π = α + αθ + α SNI (4) sendoδ e α consanes, δ δ e α α., >, < ii) a segunda admie que a produividade é uma função ambém da paricipação da indúsria no produo oal à lá Verdoorn por meio dos mecanismo associados à capacidade de aprendizagem na indúsria (Verspagen, 99). Esse argumeno esá em concordância com a lieraura kaldoriana e neoschumpeeriana, as quais enfaizam o papel fundamenal da indúsria como aividade de rendimenos crescenes de escala e de economias dinâmicas. Esas úlimas se referem aos rendimenos crescenes acarreados pelo progresso ecnológico induzido pela aprendizagem (especificamene learning by doing) na indúsria. Segundo Verspagen (99) e Seerfield () em um modelo em que o crescimeno é liderado pela demanda pode-se afear o desenvolvimeno dos recursos produivos por meio de sua 8 Para que isso seja possível counries canno rely on a combinaion of echnology impors and invesmens, bu have o increase heir naional echnological aciviies as well. (FAGERBERG, 988, p. 45). 9 Admie-se a possibilidade de que exisa um efeio combinado enre nível da axa real de câmbio e o grau de desenvolvimeno do SNI, bem como a presença de não linearidades na relação enre câmbio real e as elasicidades. Por exemplo, é provável que a relação enre o nível da axa real de câmbio e a elasicidade renda da demanda por exporações seja dada por uma equação não linear de segundo grau côncava em relação a origem. Ou seja, o resulado inicial de uma desvalorização na axa real de câmbio é o aumeno dos lucros e, consequenemene, dos invesimenos (sobreudo em inovação) por pares das empresas. Conudo, à medida que essa desvalorização aumena, esse efeio induor do invesimeno pode ser conrabalanceado pelo aumeno de cusos, dado o aumeno do preço dos bens inermediários (insumos) e dos bens de capial imporados. No enano, a inrodução de não linearidades no modelo gera complicações desnecessárias para o propósio do rabalho.

influência sobre o processo de learning by doing, na medida em que afea a produividade vinculada à aividade indusrial. A parir disso, a equação da produividade é dada por: r = r + λ y + νgdp (5) a I em que gdp I é a axa de crescimeno do produo indusrial. A axa de crescimeno de gdp I, por sua vez, é dada por: gdp I = ρ + ρ θ + SNI (6) ρ A novidade na equação 6 em relação a equação proposa por Missio, Araújo e Jayme Jr. () é o úlimo ermo, ou seja, a inclusão do SNI como deerminane da paricipação da indúsria no produo. A inclusão desse ermo busca capar a argumenação da eoria evolucionária e, mais especificamene, a ideia de que é preciso er um núcleo endógeno de dinamização ecnológica capaz de promover uma indusrialização em direção aos seores inensivos em ecnologia, conforme discuido nas seções. e.. Subsiuindo (6) em (5), em-se: r σ + σ θ + σ SNI + σ y = (7) em que σ = r a + ρ, σ = νρ, σ = νρ e σ = λ. Incorporando às mudanças no modelo KDT, [( + η + ψ )( w σ a σθ σ SNI + τ p f e ) + ( δ + δθ + δ SNI).( z )] yb = (8) α + α θ + α SNI + σ ( + η + ω) Admiindo novamene que os preços relaivos não afeam o equilíbrio no BP de maneira significaiva no longo prazo, a equação anerior pode ser simplificada para: y B [( δ + δθ + δ SNI ).( z )] = (9) α + α θ + α SNI Derivando (9) em relação ao nível da axa real de câmbio e ao grau de desenvolvimeno do SNI emos: y [( δ. z = θ y SNI [( δ. z = ).( α + α θ + α SNI)] α.[( δ + δ θ + δ SNI).( z ( α + α θ + α SNI ) ( α + α θ + α SNI ) ).( α + α θ + α SNI)] α.[( δ + δ θ + δ SNI).( z )] > )] > () () Os resulados mosram a parir das inovações inroduzidas no modelo KDT, que desvalorizações da axa de câmbio real êm impacos posiivos sobre o crescimeno e que, ambém, SNI s mais desenvolvidos impacam posiivamene na a axa de crescimeno do produo. Do pono de visa práico, o modelo pode ser esado aravés da esimação da equação (9) ou do sisema de equações dadas por () e () a (6). A seguir, propõe-se um ese empírico para o Brasil que busca capar o efeio sobre o crescimeno de algumas das variáveis uilizadas no modelo

eórico. Mais especificamene, esima-se o efeio do grau de desenvolvimeno do SNI sobre o crescimeno do produo, bem como o efeio das exporações consideradas de acordo com o grau de inensidade ecnológica. Assim, o ese inova e avança nessa lieraura uma vez que propõem um exercício empírico ainda pouco explorado. 4. ANÁLISE EMPÍRICA O objeivo desa seção é analisar empiricamene para o Brasil as relações enre crescimeno econômico, Sisema Nacional de Inovações e exporações, conforme a abordagem eórica anerior. Para ano, o exercício economérico aqui proposo uiliza o modelo de veores auo regressivos (VAR). Essa abordagem conorna o problema de deerminar quais variáveis são endógenas e quais são exógenas, por não fazer nenhuma disinção a priori enre as variáveis; permiindo, porano, que a simulaneidade enre as variáveis se manifese livremene. Conudo, é ineiramene abera a possibilidade de inclusão de variáveis puramene exógenas, com ou sem defasagens, como ermos de endências e dummies sazonais (MADDALA, 99). No sisema VAR, o comporameno das variáveis, grosso modo, é explicado por p defasagens da própria variável explicada e por p defasagens das variáveis explicaivas. Em conformidade com a meodologia dos veores auo regressivos e com base na fundamenação eórica desenvolvida nos ópicos aneriores, a equação a ser esimada será: p E y = α k y k + β k y k + ξ kθ k + γ k SNI k + λk Xm k + η k Xsm k + + + + + + σ k Xb k + + µ () k = p k = p k = onde, y é o PIB real, y E é uma proxy para o PIB do reso do mundo represenando a demanda exerna, θ é axa de câmbio real, SNI é uma proxy para o Sisema Nacional de Inovação, X m são as exporações de bens de maior faor agregado, ou seja manufaurados, X sm represenam as exporações de bens semi manufaurados, de faor agregado inermediário e X b represenam os bens de faor agregado mais básico (Tabela ). A equação busca idenificar como choques sobre a exporação de bens manufaurados, semimanufaurados, básicos, o reso do mundo (crescimeno da economia nore americana como proxy da demanda exerna) e a proxy para o Sisema Nacional de Inovação influenciaram o PIB Real do Brasil do primeiro rimesre de 999 aé o úlimo rimesre de. A descrição das variáveis e suas respecivas fones são descrias na abela a seguir. Tabela Variáveis do modelo, descrição e fone - de 999: Q aé Q4 p k = VARIÁVEIS SIGLA DESCRIÇÃO FONTE PIB real do Brasil PIBREAL Taxa de crescimeno do PIB real IBGE (Insiuo Brasileiro rimesral do brasileiro de Geografia e Esaísica) PIB real dos EUA PIBEUA Taxa de crescimeno do PIB real BACEN (Banco Cenral rimesral esadunidense do Brasil) Proxy para o Sisema Nacional de USPTO (Unied Inovação (SI). Para ano se SaesPaenandTrademark Sisema nacional de uilizou do número de paenes SNI Office) e INPI (Insiuo Inovação deposiadas rimesralmene em Nacional de Paenes ermos acumulados no período em Indusriais) esudo, seguindo meodologia de De acordo com a Funcex () o conceio de exporações por faor agregado envolve o agrupameno dos produos em rês grandes classes, levando-se em cona a maior ou menor quanidade de ransformação (agregação de valor) que a mercadoria sofreu durane o seu processo produivo aé a venda final. São eles: a) produos básicos, composos de produos de baixo valor, normalmene inensivo em mão-de-obra, cuja cadeia produiva é simples e que sofrem poucas ransformações; b) produos indusrializados, os quais se dividem em semimanufaurados (produo que passou por alguma ransformação) e manufaurados (produo normalmene de maior ecnologia, com alo valor agregado). p k = p k = p k =

Taxa de câmbio real (CAMBREAL) Exporação de produos manufaurados (MANU) Exporação de produos básicos Exporação de produos semimanufaurados Fone: Elaboração própria CAMBREAL MANU BASICO SEMI Verspagen (99) Taxa de câmbio real rimesral deflacionada pelo IPCA Valor das exporações de produos manufaurados - (FOB) - US$ (milhões) Valor das exporações de produos básicos - (FOB) - US$ (milhões) Valor das exporações de produos semimanufaurados - (FOB) - US$ (milhões) IPEA Fundação Cenro de Esudos do Comércio Exerior (Funcex). Fundação Cenro de Esudos do Comércio Exerior (Funcex). Minisério do Desenvolvimeno, Indúsria e Comércio Exerior, Secrearia de Comércio Exerior. Inicialmene, realizam-se os eses de Raiz Uniária (Tabela ). À exceção das variáveis PIB real dos Esados Unidos (PIBREALEUA) e PIB real do Brasil (PIBREALBRA), odas as demais são não esacionárias (em nível), ou seja, não rejeiamos a hipóese nula de presença de raiz uniária. As variáveis relacionadas às exporações se ornam esacionárias em primeira diferença, bem como a variável de axa de câmbio real (CAMBREAL). Somene a variável SNI se orna esacionária uilizando mais um processo de diferenciação, sendo, porano, a única variável inegrada de ordem I(). Tabela - Teses de Raiz Uniária ADF (Dickey-Fuller Aumenado) e PP (Phillips e Perron) para cada variáveis de 999:Q aé Q4. Série ADF PP -ADF Defasagem OI -PP Bandwidh OI PIBREALBRA -4.497** 5 I() -.955*** I() PIBREALEUA -4.545** I() -.95557** 4 I() DCAMBREAL -6.796747* I() -5.847* 48 I() DDSNI -7.698* I() -7.4899* I() DMANU -.6949** 4 I() -9.56656* 4 I() DBASICO -5.88* I() -.458* 4 I() DSEMI -8.66* I() -5.7585* 46 I() Noas: O prefixo D indica que a variável em primeira diferença, dado o diagnósico dos eses ADF e PP; * indica rejeição de H a % de significância; ** indica rejeição de H a 5% de significância e *** indica rejeição de H a % de significância. As esimações foram feias considerando o inercepo e endência; OI significa ordem de inegração da série; os valores críicos para o ese ADF são -4.758 (%) -.574 (5%) e -.855 (%) e para o ese PP são 4.48465 (%), -.5495 (5%) e -.7967 (%). De acordo com a meodologia adoada, o comporameno das variáveis é explicado exclusivamene pelos valores presenes e passados das n ouras variáveis do modelo e é fundamenal a escolha correa do número de defasagens para o modelo VAR. Nesse senindo, procedeu-se para os eses de escolha das defasagens dos modelos baseado no procedimeno de redução do número de defasagens de cada modelo, endo-se como referência os resulados dos criérios de informação de Akaike (AIC), Schwarz (SC) e Hannan-Quinn (HQ) (Tabela ). Nos modelos esimados foram inicialmene esadas 4 defasagens. Tomando-se como parâmero os valores mais baixos dados pelo criério de informação de AIC, SC e HQ, o modelo mais adequado para a esimação da equação () é um modelo VAR(). Tabela Escolha das Defasagens do Modelo VAR Lag AIC SC HQ 7.489 7.77 7.54 69.9 7.445* 7.597 69.496 7.68 7.74 68.4 74.67 7.4976 4 66.66648* 74.766 69.6895*

Fone: Resulados exraídos do EVIEWS 6. Além dos eses de esacionariedade e da escolha da melhor defasagem do modelo VAR realizaram-se análises de coinegração enre as séries econômicas brasileiras. De acordo com Enders (995) a inerpreação econômica da coinegração é que se duas (ou mais) variáveis possuem uma relação de equilíbrio de longo prazo, enão mesmo que as séries possam coner endências esocásicas (iso é, serem não esacionárias), elas irão mover-se junas no empo e a diferença enre elas será esável. Porano, o conceio de coinegração indica a exisência de um equilíbrio de longo prazo, para o qual o sisema econômico converge no empo. De acordo com os resulados (Tabela 4), pode-se dizer que há evidência empírica de relação de longo prazo enre as variáveis analisadas. Tabela 4 Tese de Coinegração de Johansen para as séries econômicas da Tabela Hipóese sobre o número de coinegrações Auovalor Esaísica do Traço Valores Críicos a,5 Prob. None *.854 6.78 7.78. A mos *.55448 9.578 88.88.4 A mos.4757 54.64689 6.876. A mos.775 6.64 4.955.79 A mos 4.8 7.5877 5.87.9889 A mos 5.48.57948.5798.9888 Fone: Elaboração própria. Noa:* Denoa rejeição da hipóese nula a 5% de significância. Nese caso, há a possibilidade de aé equações coinegranes. As primeiras análises realizadas com o modelo VAR esimado foram as funções de impulsoresposa (FRI s). As FRI s revelam o comporameno de longo prazo das séries emporais em esudo quando os resíduos de alguma variável aleram de valor. Nesse senido, pode-se observar o comporameno e as iner-relações das séries emporais do modelo sugerido, conforme o arcabouço eórico desenvolvido nos ópicos aneriores. Considerou-se primeiro os choques sobre odas as variáveis do modelo em relação ao PIB real do Brasil (Figura ). Para a esimação das FIRs dos gráficos da Figura opou-se pelo méodo Generalized Impulse-Response Funcion (GIR) em que, nese caso, os resulados não são afeados pela ordenação das variáveis nos sisemas de veores auo regressivos. Como observado, um choque sobre as exporações básicas do Brasil afea posiivamene o PIB real por cerca de rimesres e meio, fazendo com que após esse período o choque inicial se dissipe. Enreano, enre o quaro rimesre e o oiavo o efeio das exporações de produos básicos é negaiva sobre o PIB real. Por ouro lado, um choque sobre as exporações de produos manufaurados gera um efeio posiivo sobre o PIB real rimesral levemene superior ao verificado em relação às exporações básicas e ambém por um período de empo maior (aproximadamene 5 rimesres). Além disso, no processo de convergência para o valor inicial da série, o efeio negaivo sobre o PIB é de 4 rimesres. Um choque sobre as exporações de bens semimanufaurados gera um efeio posiivo sobre o PIB real por cerca de rês rimesres e meio. Também pode ser observado no processo de convergência da série um efeio negaivo sobre o PIB real por cerca de 4 rimesres, assim como as demais séries de exporações. Esses resulados sugerem que quano maior o nível do faor agregado dos produos exporados mais inenso ende a ser os seus efeios posiivos sobre o PIB real do Brasil. Em relação às demais varáveis, observa-se que um choque sobre o PIB real dos Esados Unidos geram efeios posiivos sobre o PIB real brasileiro por 5 rimesres e meio, enquano que a 4

variável proxy para o Sisema Nacional de Inovação (SNI) parece não er efeios sobre o PIB real rimesral brasileiro. Figura Análise das Funções de Impulso-Resposa (FIR) do PIB real a choques próprios e às demais variáveis do modelo Response o Generalized One S.D. Innovaions ± S.E. Response of PIBREAL o DBASICO Response of PIBREAL o DMANU - - - 4 5 6 7 8 9-4 5 6 7 8 9 Response of PIBREAL o DSEMI Response of PIBREAL o PIBREAL - - - 4 5 6 7 8 9-4 5 6 7 8 9 Response of PIBREAL o DDSI Response of PIBREAL o DCAMBREAL - - - 4 5 6 7 8 9-4 5 6 7 8 9 Response of PIBREAL o PIBEUA - Fone: Resulados exraídos do EVIEWS 6. - 4 5 6 7 8 9 5

Um choque sobre a variável axa de câmbio real em um impaco negaivo sobre o PIB ao longo de 5 rimesres e meio. Enreano, após esse período, o impaco é posiivo aé convergir para o sue valor inicial. A hipóese do modelo eórico é que o Sisema Nacional de Inovações (SNI) afea as exporações. Desa forma, procedeu-se a esimação das FRIs da variável SNI sobre as exporações. Na Figura é possível observar os efeios de choques da variável DDSNI sobre as diferenes caegorias de bens exporados pelo Brasil em ermos de faor agregado. Figura - Análise das Funções de Impulso-Resposa (FIR) das exporações por faor agregado (DBASICO, DMANU e DSEMI) em relação à choques próprios do Sisema Nacional de Inovação (SI) 6 Response o Generalized One S.D. Innovaions ± S.E. Response of DBASICO o DDSI 4 Response of DMANU o DDSI 4 - -4 - -6 4 5 6 7 8 9-4 4 5 6 7 8 9 Response of DSEMI o DDSI - - Fone: Resulados exraídos do EVIEWS 6. 4 5 6 7 8 9 Observa-se, ainda, que inovações (choques) no SNI sobre as exporações são posiivas nos primeiros rimesres, mas apresenam volailidade ao longo do empo aé convergiram para um valor inicial superior ao inicial (Figura ). Ese resulado sugere que o referido sisema afea primeiramene as exporações que, por sua fez, afeam direamene a axa de crescimeno real do PIB do Brasil. Desa análise pode-se absrair que o grau de desenvolvimeno do Sisema Nacional de Inovação (SNI) é um deerminane qualiaivo do poencial produivo de um país, o qual exerce um papel cenral na explicação das exporações por faor agregado (e, porano, ambém para as elasicidades renda da demanda) pela produção nacional, ou seja, há relações causais enre o SNI, elasicidades-renda da demanda de exporação e crescimeno econômico. De oura maneira, pode-se dizer que a esruura produiva influencia direamene a paua exporadora, afeando as elasicidades dos produos exporados e imporados e o faor agregado desas exporações. De acordo com Enders (995) ouro insrumeno de análise do VAR é a decomposição da variância do erro. O objeivo da análise da decomposição variância é expliciar a paricipação de cada variável do modelo na variância dos resíduos das demais variáveis. De acordo com ese auor Efeios via mudanças nas elasicidades (equações e 4). 6

essa écnica conribui para idenificar as relações de causalidade exisenes denro do modelo. Nesse senido, será uilizada a meodologia de decomposição da variância para demonsrar como o PIB real rimesral do Brasil é, a grosso modo, afeado pelas ouras variáveis do modelo. A decomposição da variância é oura forma de descrever a dinâmica do sisema VAR definido no modelo da equação (). Por ese méodo, orna-se possível idenificar a proporção da variação oal do PIB real do Brasil devido a cada choque individual em k variáveis. Porano, a decomposição da variância fornece informação sobre a imporância relaiva de cada inovação sobre as demais variáveis do sisema. A análise da decomposição da variância (Tabela 5) indica que grande pare da variação do PIB real do Brasil depois de períodos se dá em função primeiramene de choques próprios seguidos por choques na exporação de bens manufaurados, no PIB real dos EUA, nas exporações de produos básicos, na exporação de produos semimanufaurados, pela axa de câmbio real e, por fim, do Sisema Nacional de Inovação, respecivamene. Tabela 5 Decomposição da Variância PIB real Period S.E. DBASICO DMANU DSEMI DDSNI PIBEUA PIBREAL DCAMBREAL 79.774 5.7559 5.7775.655.4789.754 67.7945. 877.64 5.7787.76 9.74.97.974 6.6548.495 98.987.685 4.47 7.7464.7964.9856 59.75697.4697 4 77.569.686 5.96 7.7948.79 9.8699 5.5989 4.869 5 9.58.47 4.96 7.95.5846.75 48.997 4.958549 6 69.4.4.88986 8.548.9477.986 48.55 4.875 7 95.646 9.945 4.4679 8.4689.6687.759 47.869 5.59 8.95 9.7784 4.68 8.8857.597787.7996 47.899 5.879 9 6.65 9.758 4.86 8.7956.64648. 46.99 5.846 54.946 9.79 4.6 8.465.79.4 46.8794 5.89 Cholesky Ordering: DBASICO DMANU DSEMI DDSNI PIBEUA PIBREAL DCAMBREAL Os resulados demonsram que 67,79% da variação do PIB real do Brasil no primeiro período respondem ao seu próprio comporameno, endo paricipação elevada durane odo o período considerando (evidência de pah dependence). Em segundo lugar esão as exporações de produos básicos que respondem por 5,75% da variação do PIB real, seguido pelas exporações dos bens semimanufaurados (,6%), exporação de bens manufaurados (5,77%) e pelo PIB dos EUA (,7%). Com efeio, na medida em que o horizone emporal aumena a ordem de imporância das variáveis vai se modificando, de forma que o PIB real dos EUA e as exporações de bens manufaurados começam a ficar mais relevanes para explicar o comporameno do PIB real do Brasil (Tabela 5). Nesse conexo, ao longo dos períodos de análise a exporação de bens manufaurados passa a responder mais pelo crescimeno do PIB real do Brasil, respondendo por 4,6% da variação do mesmo e as exporações de bens básicos reduz seu poder de resposa sobre o PIB real para aproximadamene,%. Também é possível verificar uma sensível mudança da relevância das exporações de bens semimanufaurados sobre o PIB real de,6% (no º. período) para 8,4% (no º período). A variável axa de câmbio real em maior paricipação no º. rimesre, explicando cerca de 5,8% da variação do PIB real. Pode-se concluir que analisando as exporações pelo méodo do faor agregado, no longo prazo as exporações de bens manufaurados êm uma maior poder explicaivo sobre o comporameno do PIB real do Brasil. Ademais, observa-se que no curo prazo a demanda exerna, Segundo Enders (995) caso um choque exógeno no resíduo de uma dada variável não explique nenhuma parcela da variância dos demais resíduos pode-se afirmar que essa variável é exógena no modelo. 7