FORMAÇÃO DE PREÇOS E SAZONALIDADE NO MERCADO DE FRETES RODOVIÁRIOS PARA PRODUTOS DO AGRONEGÓCIO NO ESTADO DO PARANÁ*



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Transcrição:

Ricardo S. Marins, Débora Silva Lobo e Maria da Piedade Araújo FORMAÇÃO DE PREÇOS E SAZONALIDADE NO MERCADO DE FRETES RODOVIÁRIOS PARA PRODUTOS DO AGRONEGÓCIO NO ESTADO DO PARANÁ* Ricardo Silveira Marins** Débora Silva Lobo*** Maria da Piedade Araújo**** RESUMO Ese rabalho analisou o mercado de frees rodoviários no agronegócio, para commodiies agrícolas, nos principais corredores de exporação do Cenro-Sul brasileiro: Sanos, Paranaguá, São Francisco e Rio Grande, os frees específicos dos produos do agronegócio paranaense vis-à-vis a influência enre os corredores e enre produos e a ocorrência de variações cíclicas sazonais no valor do free. A análise foi realizada aravés de ese esaísico de médias para faixas de disâncias e da écnica economérica da análise harmônica. Foram idenificados frees superiores praicados no corredor Sudese e os menores frees foram regisrados no corredor Rio Grande. Nos corredores Paranaguá e São Francisco foram observados ABSTRACT This sudy analyzed he agribusiness road freighs marke concerning agriculure commodiies in he main Brazilian cenersouhern exporaion corridors: Sanos, Paranaguá, São Francisco and Rio Grande. I invesigaed he freighs of specific agribusiness produc in he souhern saes of Paraná concerning he influence he corridor freighs have on each oher, he influence he produc freighs have on each oher, as well as he occurrence of season cyclical variaions in he freigh rae values. The analysis was carried ou using he saisic es of averages for ranges of disances and he harmonic analysis economerical echnique. We observed ha he highes freighs are praciced in he souheasern corridor and he lowes in he *Ese arigo usa pare dos resulados do projeo de pesquisa financiado pela Fundação Araucária, convênio 016/003. **Economisa, mesre em Economia Rural pela Universidade Federal de Viçosa-MG e douor em Economia Aplicada pela USP/Esalq. Pós-Douorando em Economia Regional no Cenro de Desenvolvimeno e Planejameno Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (Cedeplar/Face/UFMG). Professor da Universidade Esadual do Oese do Paraná (Unioese) e pesquisador do Grupo de Pesquisa em Transpore, Logísica e Modelagem de Sisemas (Translog). ricleimarins@uol.com.br ***Maemáica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mesre e douora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Sana Caarina (UFSC). Professora da Unioese e pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Transpore, Logísica e Modelagem de Sisemas. dslobo@uol.com.br ****Economisa pela Universidade Federal de Viçosa-MG, douoranda em Economia Aplicada pela USP/Esalq. Professora da Unioese e pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Agronegócio e Desenvolvimeno Regional (Gepec). mparaujo@esalq.usp.br Arigo recebido para publicação em fev./005. Aceio para publicação em maio/005. REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004 113

Formação de Preços e Sazonalidade no Mercado de Frees Rodoviários para Produos do Agronegócio no... valores esaisicamene iguais. Tendo como referência o Paraná, pôde-se desacar a fala de inegração nos mercados de free rodoviário para café e rigo. Considerando-se que a safra da soja normalmene desesabiliza o mercado de frees no Brasil, consaou-se esa inegração com o rigo, o milho e o farelo. Embora graficamene enha sido basane percepíveis as variações cíclicas dos frees, não se obeve êxio na comprovação esaísica da ocorrência da sazonalidade. Palavras-chave: agronegócios no Paraná; frees rodoviários; logísica. Rio Grande corridor. On he oher hand, he Paranaguá and São Francisco corridors showed saisically equal values. Having as reference he sae of Paraná, i was possible o poin ou he lack of inegraion beween he coffee and whea road freigh markes. Considering ha he soybean harves generally disesablishes he freigh marke in Brazil, i was possible for us o ascerain his inegraion beween whea, corn and soybean bran. Alhough he cyclical freigh rae variaions have been sufficienly perceivable graphically, we did no succeed in geing saisical evidence of seasonaliy. Key words: Sae of Paraná agribusiness; road freigh raes; logisics. 114 REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004

Ricardo S. Marins, Débora Silva Lobo e Maria da Piedade Araújo 1 INTRODUÇÃO O mercado de free rodoviário no Brasil, e em paricular o de cargas agrícolas, não sofre nenhum ipo de conrole pelo governo, no que diz respeio às aividades de ranspore, significando que os preços são formados com base na livre negociação enre a ofera e a procura pelo serviço de ranspore (CAIXETA-FILHO e al., 1998). Correa Jr. e al. (001) desacam algumas variáveis que exercem influência complemenar sobre o esabelecimeno do free, denre essas a disância percorrida, os cusos operacionais, a possibilidade de obenção de carga de reorno, a agilidade dos processos de carga e descarga, a sazonalidade da demanda por ranspore, a especificidade de carga ransporada e do veículo uilizado, as perdas e avarias, as vias uilizadas, o volume e o valor do pedágio, o rigor da fiscalização, o prazo de enrega e alguns aspecos geográficos. Há uma fore sensibilidade dos produos agrícolas aos cusos de ranspore. Conforme Cook e Chaddad (000), eses impacos êm significaivas repercussões nas cadeias agroindusriais, considerando-se a crescene inerdependência enre o seor de produção agropecuária e as demais aividades ex-ane e ex-pos. Mello (1984) chama aenção para as especificidades que envolvem o agronegócio e os ranspores. Dadas algumas peculiaridades da maéria-prima agrícola, como sazonalidade da produção, e, conseqüenemene, sobre a demanda de ranspore, perecibilidade de seus produos, fore sensibilidade aos preços inernacionais e produção pulverizada espacialmene, as esraégias de aumeno de produção agrícola requerem planos concomianes de escoameno e armazenagem da produção. O comércio agrícola é especialmene sensível a mudanças nos cusos de ranspore porque eses cusos represenam normalmene uma grande parcela dos preços finais, paricularmene para produos bruos e não-processados. Recenemene, os sisemas de ranspores êm se apresenado como um novo desafio aos agronegócios brasileiros. Com a aberura da economia, os negócios agropecuários êm passado por uma série de ransformações, gerando preocupações com o desenvolvimeno e o foralecimeno de forças compeiivas, e isso leva as empresas a perceberem a necessidade de redução de cusos e de melhoria na qualidade e eficiência da disribuição de seus produos. Adicionalmene, a produção agrícola ocorre crescenemene no inerior do País, disanciando-se dos poros para acessarem os mercados exernos. Os agronegócios brasileiros êm expandido sua ocupação para as regiões Nore e Cenro-Oese e enormes áreas do Nordese. Em razão desse processo, verifica-se um crescimeno da demanda por ranspores, sendo eses uma variável decisiva para a compeiividade dos produos frene à concorrência de ouros países, denro das preocupações logísicas. A adequada disponibilidade dos serviços de ranspore pode proporcionar um conjuno de novos invesimenos, que permiem o incremeno do desenvolvimeno da sociedade e do agronegócio no País, dada a repercussão inerseorial dos serviços disponibilizados. Nos agronegócios, apona-se a predominância do modal rodoviário na mariz de ranspores, levando a ineficiências e redução de lucraividade. A predominância de REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004 115

Formação de Preços e Sazonalidade no Mercado de Frees Rodoviários para Produos do Agronegócio no... movimenação de mercadorias de baixo valor agregado, bem como a longa disância percorrida, deveriam favorecer arranjos logísicos que conemplassem o ranspore hidroviário (fluvial e caboagem) e o ferroviário. Denro da configuração apresenada, ressale-se que o free em papel relevane no ambiene, quano às explicações dos movimenos de cargas e na omada de decisão em geral. Dessa forma, o ineresse específico dese esudo esá no mercado de frees, ou seja, na idenificação, nas diferenes regiões, dos frees da soja, farelo de soja e milho, considerando-se os principais corredores de exporação. Assim, foi desenvolvida análise exploraória sobre o mercado dos frees rodoviários no agronegócio das commodiies nos principais corredores de exporação da região Cenro-Sul do Brasil, endo-se como ineresse principal posicionar o corredor de Paranaguá num ambiene de acirrameno da concorrência enre os corredores. Foram ambém invesigados os frees específicos dos produos do agronegócio paranaense vis-à-vis a influência enre os corredores e enre produos, bem como avaliada a ocorrência de sazonalidade, para movimenação rodoviária de açúcar, adubos e ferilizanes, algodão, café, farelo de soja, milho, soja e rigo. METODOLOGIA De acordo com Geipo (1999), os corredores são enendidos como lugares ou eixos onde se viabilizam negócios, os quais se beneficiam de um complexo feixe de facilidades econômicas e sociais, desacando-se os sisemas roncais de ranspore. No presene rabalho, porano, foram analisados os frees rodoviários para os seguines corredores: Corredor Sudese: com base no sisema roncal rodoviário e ferroviário dos Esados de São Paulo e Rio de Janeiro, na hidrovia Tieê-Paraná, desacando-se o poro de Sanos; Corredor do Mercosul: com base nos sisemas viários dos corredores de ranspore do Sudese, do Paraná-Sana Caarina e do Rio Grande, caraceriza-se como o de maior complexidade e ampliude, endo inerfaces com ouros corredores e regiões de países vizinhos, baseado nas hidrovias do Paraná-Paraguai e do Taquari-Guaíba, com desaque para os poros de Paranaguá, São Francisco do Sul e Rio Grande. Considerando que o corredor Mercosul agrega rês grandes poros, para que a pesquisa ficasse mais dealhada opou-se, para uma melhor visualização dos resulados, por subdividi-lo em: Corredor de Paranaguá: com base nas informações rodoviárias dos frees com desino exclusivo ao poro de Paranaguá; Corredor de São Francisco: com base nas informações dos frees com desino exclusivo ao poro de São Francisco; Corredor do Rio Grande: com base nas informações dos frees com desino exclusivo ao poro do Rio Grande. 116 REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004

Ricardo S. Marins, Débora Silva Lobo e Maria da Piedade Araújo Foram feias consulas nos frees do Sisema de Frees para Cargas Agrícolas (SIFRECA, 000), do Cenro de Economia Aplicada da Escola Superior de Agriculura Luiz de Queiroz - USP, que relaciona os frees enre inúmeros pares de origem-desino no Brasil para cargas agrícolas. Com base nas informações de frees (000 a 003), aualizados com o Índice Geral de Preços (IGP) de agoso de 003, foi possível idenificar o momeno do ranspore (R$/.km) e invesigar o free. Denro dos objeivos proposos, pôde-se ober a média dos frees praicados durane o período de safra, que engloba principalmene os meses de fevereiro, março e abril. Para odos os anos, foram calculadas as médias dos frees por faixas de quilomeragem, endo sido de ineresse as faixas aé 800 km, de 801 a 1.00 km e acima de 1.01 quilômeros. Foram invesigados ambém os frees específicos dos produos do agronegócio paranaense vis-à-vis a influência enre os corredores e enre produos, para açúcar, café, farelo de soja, milho, soja e rigo. Como se pode observar na abela 1, a paricipação da produção do Esado da maior pare desses produos, em ermos nacionais, é basane significaiva. De acordo com a disponibilidade de dados, foram calculadas as médias dos frees por faixas de quilomeragem, endo sido de ineresse as faixas de 0-00 km, 00-400 km, 400-700 km e acima de 700 quilômeros. TABELA 1 - PRODUÇÃO AGRÍCOLA DE ALGUNS PRODUTOS SELECIONADOS, NO PARANÁ E BRASIL - SAFRAS 00/003-003/004 PRODUÇÃO () PARANÁ/BRASIL (%) CULTURA PARANÁ BRASIL 00/003 003/004 00/003 003/004 00/003 003/004 Soja 10.947.485 10.851.880 5.03.700 57.666.700 1,04 18,8 Milho 0.690.07 7.603.507 47.410.900 46.345.600 43,64 16,41 Café 117.89 148.478.908.800 1.805.0 4,03 8,88 Trigo.804.773.804.773 5.851.300 5.851.300 47,93 47,93 FONTES: Secrearia de Esado da Agriculura e Abasecimeno do Paraná, Companhia Nacional de Abasecimeno.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA Com relação às análises esaísicas, foi uilizado o ese de médias (MERRILL; FOX, 1980). O objeivo dessa formulação é esar a significância esaísica dos frees praicados nos diferenes corredores esudados. Para isso, o ese da diferença enre duas médias (Pequenas Amosras) foi especificado como: s n 1s n 1 n 1 1 n 1 s (1) x1 S 1 n x 1 1 n () REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004 117

Formação de Preços e Sazonalidade no Mercado de Frees Rodoviários para Produos do Agronegócio no... em que: s = desvio-padrão combinado; s i = desvio padrão da amosra (corredor i=1,); n i = número da amosra (corredor i=1,); = esaísica ; x = médias das amosras (corredor i=1,); i = 1 ou (corredores); δ = consane arbirária assumida como endo valor zero. Dessa forma, um ese para pequenas amosras pode basear-se em uma esaísica apropriada, sendo que ese ese é usado quando n 1 < 30 ou n < 30, ou seja, para pequenas amosras. E ainda, apenas se pode comparar as médias enre dois conjunos de amosras. Para ese rabalho, as médias foram comparadas enre dois diferenes corredores de exporação. Embora δ possa ser uma consane arbirária, vale noar que, na grande maioria dos problemas, seu valor é zero, e esamos enão a hipóese nula de não haver diferença. Assim, para ese esudo considerou-se igual a zero. Enão, quando aceia-se a hipóese de H 0 : δ = 0 conclui-se que as médias dos frees enre dois corredores são iguais. Porém, quando se rejeia esa hipóese as médias dos frees são diferenes, ou seja, para uma mesma faixa de disância os frees praicados são diferenes. No enano, quando se rejeia a hipóese H 0 : δ = 0, ou seja, quando se aceia a hipóese H A : δ 0, as médias dos frees praicados enre os corredores são diferenes e essa diferença é explicada pelas inúmeras variáveis que influenciam a deerminação do free (exisência de carga de reorno, sazonalidade, condições das vias, cusos operacionais, especificidade do aivo, ec.) e, ainda, pela disponibilidade de ouros modais: hidroviário e ferroviário. Embora fosse possível, pela aplicação de Anova, realizar o ese de comparações múliplas, opou-se por comparações uilizando o ese de suden para os mesmos corredores a, referendadas pela homogeneidade das variâncias.. ANÁLISE DE SAZONALIDADE A análise de sazonalidade desenvolvida nese rabalho esá baseada na série emporal do valor do free para os produos café, soja, farelo e rigo para diferenes roas no Paraná e ouras que enham localidades do Esado como ponos de origem e desino. Objeiva-se avaliar se o valor do free para eses produos esá sujeio a variações cíclicas, sazonais, além do elemeno de endência. Caso eses elemenos esejam presenes, cabe avaliar em que período é predominane, podendo-se, com iso, fazer previsões de preço. De maneira geral, as séries emporais se caracerizam por quaro componenes que deerminam sua variação; a) endência - mosra o comporameno da série em esudo, podendo ser crescene, decrescene ou consane; b) variação sazonal - raa-se das fluuações ocorridas denro de um ano. A sazonalidade pode refleir diferenes esações do ano, bem como o período de safra e enressafra dos produos agropecuários; 118 REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004

Ricardo S. Marins, Débora Silva Lobo e Maria da Piedade Araújo c) variações cíclicas - são fluuações que se repeem a inervalos bem definidos; d) variações aleaórias - são causadas por faores que não obedecem a nenhum criério de regularidade. Podem ocorrer devido a fluuações climáicas, guerras, inervenções governamenais, ec. Conforme Kavussanos e Alizadeh-M (00), uma série de dados é dia sazonal quando coném componenes com comporameno sisemáico denro de deerminado período, que podem ser reflexos de condições do empo, calendário, comporameno dos agenes e, no caso dese esudo, de safras agrícolas. O comporameno sazonal pode ser de rês formas: esocásico, deerminísico, ou uma combinação desas. A sazonalidade é dia deerminísica quando em o mesmo comporameno sazonal (picos e vales) repeindo-se periodicamene. Por sazonalidade esocásica enende-se a série de dados que segue um padrão de comporameno que alera-se ao longo do empo: por exemplo, uma série de preços que em alguns anos apresena ala sisemáica no verão, e em ouros anos alera esse período de ala para o inverno (KAVUSSANOS; ALIZADEH-M, 00). O esudo dos elemenos sazonais e cíclicos foi fundamenado na análise harmônica. Segundo Hoffmann (1995), freqüenemene a variável dependene em uma análise de regressão apresena variações cíclicas, podendo o ciclo se fechar, por exemplo, em um rimesre ou ano, de acordo com a variável em esudo. Denro de um ciclo, podem ambém ocorrer variações esacionais, relacionadas principalmene às diferenes esações do ano. Esas variações podem ser capadas uilizando-se variáveis binárias, ou, aravés de uma análise de regressão, usando a função co-seno. A parir da represenação de uma cossenóide, em-se os componenes harmônicos e eses são uilizados para represenarem variações cíclicas. A análise harmônica em muias aplicações em esudos economéricos. Okawa (1985) uilizou componenes harmônicos em uma análise das variações de preços e quanidades de sardinha fresca no mercado aacadisa de São Paulo para os anos de 1981-198. Aravés de dados semanais, o esudo mosrou a exisência de dois ipos de variação cíclica nos preços e quanidades de sardinha: a esacional, com período de 5,14 semanas, e a lunar, com período de 9,53 dias. Kassouf (1988), aravés da uilização de componenes harmônicos em modelos de análise de regressão, fez previsões de preços na pecuária de core do Esado de São Paulo. Os componenes harmônicos foram de grande uilidade para capar as variações cíclicas plurianuais, com período em orno de seis anos, associadas às variações no esoque de marizes. Segundo Rojas (1996), diz-se que uma série esacionária é periódica quando suas fluuações se repeem a dado inervalo de empo. As variações sazonais e cíclicas geralmene apresenam padrões de comporameno regular. Se iso ocorre, as séries emporais podem ser expressas em forma de uma função periódica. De acordo com o mesmo auor, uma série periódica é composa pelo somaório de infinias séries emporais, e pode ser expressa por uma função rigonomérica, como mosra a equação (3). f() m i 1 i i cos T i sen i T (3) REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004 119

Formação de Preços e Sazonalidade no Mercado de Frees Rodoviários para Produos do Agronegócio no... em que: m = valor médio; π = consane (3,141597); = empo; T = variações cíclicas. Se os dados são mensais, T = ; α e β = parâmeros a serem esimados. Esa função rigonomérica é caracerizada pela soma de elemenos harmônicos que são represenados pelo seno e co-seno de cada período. Com as definições feias aneriormene, pode-se represenar uma série de empo periódica esacionária aravés da expressão (4): Y m A cos (4) T As funções periódicas podem, por facilidade, ser expressas em ermos de freqüência angular (ω), medida em radianos por unidade de empo, sendo, que T é a velocidade angular. Subsiuindo a freqüência angular na expressão (4), em-se: Y m A cos A expressão A cos(ω - θ) pode ser represenada pelas funções seno e co-seno da seguine forma: A (cos cos Ou, na forma: A cos ( ) sen cos sen sen sendo α = A cos θ e β = A sen θ. Tem-se que α e β são parâmeros a serem esimados. Subsiuindo a expressão (7) na expressão (5), obém-se a seguine expressão: y m cos sen Elevando-se ao quadrado ambos os elemenos das expressões α = Acos θ e β = A sen θ e somando os resulados, membro a membro, em-se: (5) (6) (7) (8) A cos sen Sendo cos θ + sen θ = 1, em-se que: (9) A (10) Por ouro lado, dividindo a expressão α = A cos θ por β = A sen θ, obém-se: 0 REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004

Ricardo S. Marins, Débora Silva Lobo e Maria da Piedade Araújo sen cos g Esa relação rigonomérica pode ser facilmene calculada: arc g α/β = θ. Os parâmeros A e θ são, respecivamene, a ampliude e a fase da série emporal. Um modelo de série emporal esacionária é consiuído pelo somaório de infinias séries emporais periódicas mais a média. Obém-se, desa forma, a seguine equação: Y m h i 1 i cos i k i 1 i sen i em que: o índice i corresponde à i-ésima série emporal periódica; h = k (T-1)/ quando T for ímpar; h = T/ e k = (T/)-1 quando T for par. Ressale-se que o número oal de parâmeros (m, α i e β i ) no modelo () é igual a T. Para esimar a endência e verificar a ocorrência de variações esacionais no valor do free para os diferenes produos, será uilizada uma função periódica como a que segue: Y T h i 1 i cos i k i 1 i sen u em que: Y i = variável dependene (preço médio do free para diferenes produos); µ = ermo consane da regressão; T= variável endência (linear); = empo em meses; γ, α i, β i = parâmeros a serem esimados. γ é o parâmero do componene endência e α i e β i são parâmeros dos componenes sazonais; u = ermo aleaório com média zero e variância consane. Com o objeivo de deerminar a endência da série, será incluído um ermo linear em T: a) com T=1, para janeiro de 1998, para a série de dados referenes aos produos rigo granel em roas que incluem ponos do Paraná como origem ou desino na faixa de quilomeragem de 400 a 700 km, rigo granel em roas no Paraná na faixa de quilomeragem de 00 a 400 km, rigo em roas que incluem ponos do Paraná como origem ou desino na faixa de quilomeragem acima de 700 km, soja em roas que incluem ponos do Paraná como origem ou desino na faixa de quilomeragem acima de 700 km, soja em roas no Paraná na faixa de quilomeragem de 0 a 00 km e soja em roas no Paraná na faixa de quilomeragem de 00 a 400 quilômeros; i (11) () (13) REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004 1

Formação de Preços e Sazonalidade no Mercado de Frees Rodoviários para Produos do Agronegócio no... b) T=1, para janeiro de 1999, para a série de dados referene ao produo café e T=1, para janeiro de 000, para a série de dados referenes aos produos farelo em roas que incluem ponos do Paraná como origem ou desino na faixa de quilomeragem acima de 700 km e soja em roas que incluem ponos do Paraná como origem ou desino na faixa de quilomeragem enre 400 a 700 quilômeros. Os parâmeros do modelo (13) foram esimados pelo Méodo de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). Para os produos que possuem período de safra e enressafra ao longo do ano, é possível perceber variações sazonais no processo produivo. O valor do free, por sua vez, pode ou não ser influenciado pelo comporameno sazonal do processo produivo, uma vez que odos os produos podem ser comercializados ao longo do ano, caso os mesmos sejam armazenados. Assim, pode-se esperar um comporameno cíclico do valor do free para os diferenes produos agrícolas, refleindo o comporameno sazonal da produção dos produos em análise. O valor do free sofre variações de inensidade, dependendo da época do ano e do volume do produo a ser ransporado, em razão da pequena capacidade esáica para armazenagem nas propriedades, cooperaivas e cerealisas. Nese rabalho, o esudo das variações dos frees dos diferenes produos foi feio por meio de modelos de regressão aravés do Proc Reg do Saisical Analysis Sysem (SAS), uilizando-se o modelo de análise harmônica para deerminar a ampliude e os ângulos fase dos preços. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados de free são sisemaizados, primeiramene, em função das roas com desino aos poros esudados: Paranaguá, Sanos, São Francisco e Rio Grande. Assim, para cada um dos quaro corredores êm-se alguns conjunos de dados, represenando as movimenações da soja e farelo de soja dos anos de 000, 001, 00 e 003, e o conjuno de dados represenando a safra neses anos. Poseriormene, são apresenados os resulados da análise para os frees específicos dos produos do agronegócio paranaense vis-à-vis a influência enre os corredores e enre produos. 3.1 EVOLUÇÃO DOS FRETES ENTRE OS CORREDORES Inicialmene, observou-se a evolução do free da soja nos principais corredores de exporação para as diferenes faixas de quilomeragem, endo sido idenificadas diferenças nos frees enre os corredores. O free da soja (R$/.km) para a faixa de aé 800 km praicado no corredor Sudese é o maior, enquano o corredor do Rio Grande apresena o menor free. Em razão da localização geográfica, os dados sugerem que a logísica de ranspores esruurada para aender ao poro de Rio Grande esá bem consolidada, REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004

Ricardo S. Marins, Débora Silva Lobo e Maria da Piedade Araújo rabalhando-se com volumes basane previsíveis e com pequeno poder de aração de cargas de ouras regiões, ais como do Cenro-Oese brasileiro. Ou seja, o mercado de frees na área de abrangência do poro de Rio Grande esá menos suscepível a choques de demanda. Some-se a iso a concorrência dos modais hidroviário e ferroviário disponibilizados pelo inerior do Rio Grande do Sul, nas regiões produoras. Nos casos dos ouros corredores, mesmo havendo disponibilidade de ouros modais, a soja compee pelos veículos disponíveis que ambém aendem a cargas igualmene sazonais e coincidenes emporalmene, como algodão e açúcar, e ouras cargas de rânsio conínuo, como o farelo e o café. Para disâncias enre 801-1.00 km, o free praicado no corredor Sudese ambém é maior. Basicamene, a comparação, nese caso, dá-se com o Poro de Paranaguá (PR). Sugere-se que esas diferenças ocorram em função dos esrangulamenos operacionais no poro de Sanos (SP), resulanes da diversidade de produos e respecivos volumes, causando arasos no empo de ciclo do ranspore. Repee-se esa configuração para faixas de quilomeragem superiores a 1.00 km (gráfico 1). GRÁFICO 1 - EVOLUÇÃO DO FRETE DA SOJA NOS PRINCIPAIS CORREDORES DE EXPORTAÇÃO PARA DISTÂNCIAS ENTRE 801-1.00 KM FEV 000 - AGO 003 R$/.km 0,10000 0,08000 0,06000 0,04000 0,0000 0,00000 Jan./000 Jan./001 Jan./00 Jan./003 Ago./003 Mercosul Paranaguá Sudese FONTE: Sifreca Analisando-se o caso do farelo de soja, as evidências são similares às da análise do free da soja em grão. Por exemplo, o corredor Sudese apresena frees maiores, e o Rio Grande apresena frees menores, para disâncias de aé 800 quilômeros. No enano, não há disponibilidade generalizada de dados relaivos à faixa enre 800 e 1.00 km, para comparações mais aprofundadas. Observa-se que o mesmo comporameno coninua valendo para disâncias superiores a 1.00 quilômeros (gráfico ). Fica claro ambém que o princípio da economia de disância é evidene ano para a soja quano para o farelo: esá evidenciada a relação inversa enre disâncias percorridas e os valores uniários praicados, ou seja, o free (R$/.km) cobrado ende a ser menor quano maior a disância percorrida. REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004 3

Formação de Preços e Sazonalidade no Mercado de Frees Rodoviários para Produos do Agronegócio no... GRÁFICO - EVOLUÇÃO DO FRETE DE FARELO DA SOJA NOS PRINCIPAIS CORREDORES DE EXPORTAÇÃO PARA DISTÂNCIAS SUPERIORES A 1.01 KM FEV 000 - AGO 003 R$/.Km 0,10000 0,08000 0,06000 0,04000 0,0000 0,00000 Jan./000 Jan./001 Jan./00 Jan./003 Ago./003 Mercosul Paranaguá São Francisco Sudese FONTE: Sifreca Uma maneira de se observar a diferença aparene enre os frees praicados nos corredores esá na visualização lado a lado dos valores de mercado e seus diferenciais na safra e na enressafra. Para a faixa de aé 800 km, noa-se que os valores para os corredores Mercosul e Paranaguá são sempre basane parecidos, sendo eses ambém basane diferenciados dos corredores São Francisco e Rio Grande. Embora o corredor Mercosul seja uma média dos demais rês corredores ciados, parece haver muia influência do poro de Paranaguá nesa média, aparenemene pelo maior número de roas dese corredor. Para faixas enre 800-1.00 km e acima de 1.01 km, disâncias em que ocorre concorrência efeiva enre os poros, despona, novamene, o free praicado no corredor Sudese frene aos demais. 3. TESTES DAS DIFERENÇAS DE MÉDIAS ENTRE OS CORREDORES Vale desacar que o modelo esaísico procura esar as médias para um conjuno de dados enre dois corredores, a fim de verificar se há diferenciação no free rodoviário praicado. Os eses apresenados revelaram a exisência de diferença enre corredores nos frees praicados, para cada conjuno específico de observações, a um nível de significância de 5% (quadro 1). QUADRO 1 - RESULTADOS DO TESTE DE DIFERENÇAS DE MÉDIAS NOS MESES DE SAFRA, PARA A SOJA - 000-003 CORREDORES RESULTADO Sudese-Paranaguá (0-800 km) Médias iguais Sudese-Paranaguá (801-1.00 km) Médias iguais Sudese-Paranaguá (acima de 1.01 km) Médias iguais Mercosul-Sudese (0-800 km) Médias iguais Mercosul-Sudese (801-1.00 km) Médias iguais Mercosul-Sudese (acima de 1.01 km) Médias iguais FONTE: Dados da pesquisa NOTAS: Dados bruos exraídos de Sifreca. Nível de significância uilizado: 5%. 4 REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004

Ricardo S. Marins, Débora Silva Lobo e Maria da Piedade Araújo No caso da soja, fica evidenciado que não há resulados que se repeem sisemaicamene. Por exemplo, foi enconrada diferença enre as médias dos corredores Sudese e os corredores do Mercosul para alguns períodos. Embora as médias sejam consideradas esaisicamene iguais enre Sudese e Mercosul para as faixas de aé 800 km, à exceção de 00, e enre 800 e 1.00 km, nos anos de 000 e 001, são diferenes para disâncias superiores a 1.00 quilômeros (quadro ). QUADRO - RESULTADOS DO TESTE DE DIFERENÇAS DE MÉDIAS, NOS MESES DE SAFRA, SEGUNDO OS CORREDORES E OS ANOS DE 000, 001, 00 E 003 CORREDORES/ANOS FAIXA DE KM RESULTADO Mercosul - Sudese 000 0-800 Iguais 001 0-800 Iguais 00 0-800 Diferenes 003 0-800 Iguais Sudese - Paranaguá 000 0-800 Iguais 001 0-800 Iguais 00 0-800 Diferenes 003 0-800 Iguais Rio Grande - Paranaguá 001 0-800 Diferenes 00 0-800 Diferenes 003 0-800 Iguais Rio Grande - São Francisco 00 0-800 Diferenes 003 0-800 Iguais Paranaguá - São Francisco 00 0-800 Aceia 003 0-800 Iguais Sudese - São Francisco 003 0-800 Iguais Mercosul - Sudese 000 801-1.00 Iguais 001 801-1.00 Iguais 00 801-1.00 Diferenes 003 801-1.00 Diferenes Sudese - Paranaguá 000 801-1.00 Iguais 001 801-1.00 Diferenes 00 801-1.00 Diferenes 003 801-1.00 Diferenes Mercosul - Sudese 000 Acima de 1.01 Diferenes 001 Acima de 1.01 Diferenes 00 Acima de 1.01 Diferenes 003 Acima de 1.01 Diferenes Sudese - Paranaguá 000 Acima de 1.01 Diferenes 001 Acima de 1.01 Diferenes 00 Acima de 1.01 Diferenes 003 Acima de 1.01 Iguais Sudese - São Francisco 000 Acima de 1.01 Iguais Paranaguá - São Francisco 000 Acima de 1.01 Iguais 003 Acima de 1.01 Iguais FONTE: Dados da pesquisa NOTA: Dados bruos exraídos de Sifreca. REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004 5

Formação de Preços e Sazonalidade no Mercado de Frees Rodoviários para Produos do Agronegócio no... Por ouro lado, o ese enre Sudese e Paranaguá reproduziu os resulados verificados aneriormene. Mas, inracorredor Mercosul verificou-se que as médias foram iguais enre Paranaguá e São Francisco, o que pode ser devido à elevada proximidade geográfica, e diferenes enre Paranaguá e Rio Grande, para disâncias de aé 800 km, em que eses poros efeivamene não concorrem enre si, sinalizando para dinâmicas próprias nos corredores. QUADRO 3 - RESULTADOS DO TESTE DE DIFERENÇAS DE MÉDIAS, NOS MESES DE SAFRA, PARA O FARELO DE SOJA, SEGUNDO OS CORREDORES E OS ANOS DE 000, 001, 00 E 003 CORREDORES/ANOS FAIXA DE KM RESULTADO Mercosul - Sudese 000 0-800 Diferenes 001 0-800 Iguais 00 0-800 Diferenes 003 0-800 Diferenes Sudese - Paranaguá 000 0-800 Iguais 001 0-800 Iguais 00 0-800 Diferenes 003 0-800 Diferenes Sudese - Rio Grande 000 0-800 Diferenes 001 0-800 Diferenes 00 0-800 Diferenes Rio Grande - Paranaguá 000 0-800 Diferenes 001 0-800 Diferenes 00 0-800 Diferenes Mercosul - Sudese 000 800-1.00 Iguais 001 800-1.00 Iguais 00 800-1.00 Iguais 003 800-1.00 Iguais Sudese - Paranaguá 001 801-1.00 Iguais 00 801-1.00 Iguais Mercosul - Sudese 000 Acima de 1.01 Diferenes 001 Acima de 1.01 Diferenes 00 Acima de 1.01 Diferenes 003 Acima de 1.01 Diferenes Sudese - Paranaguá 000 Acima de 1.01 Diferenes 001 Acima de 1.01 Diferenes 003 Acima de 1.01 Diferenes Sudese - São Francisco 000 Acima de 1.01 Diferenes 001 Acima de 1.01 Diferenes 00 Acima de 1.01 Diferenes 003 Acima de 1.01 Diferenes Paranaguá - São Francisco 000 Acima de 1.01 Iguais 001 Acima de 1.01 Iguais 00 Acima de 1.01 Iguais 003 Acima de 1.01 Diferenes FONTE: Dados da pesquisa NOTA: Dados bruos exraídos de Sifreca. 6 REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004

Ricardo S. Marins, Débora Silva Lobo e Maria da Piedade Araújo Para o caso do farelo, um produo que não em sazonalidade observada na produção, pôde-se observar, para as disâncias de aé 800 km, que as médias dos frees enre os corredores Mercosul e Sudese diferem, diferenciando-se ambém enre ese e Paranaguá, nos anos 00 e 003, sendo, porém, esaisicamene iguais nos anos de 000 e 001. Também foram consideradas diferenes enre Sudese-Rio Grande e enre Rio Grande-Paranaguá (quadro 3). Para disâncias maiores, enre 800 e 1.00 km, não foram consaadas diferenças enre os corredores. As diferenças volaram a ser observadas, sisemaicamene, para disâncias superiores. Conudo, quando os eses foram realizados para os períodos de safra, isoladamene, os resulados foram sisemáicos. Invesigando as médias dos corredores Mercosul e Sudese e Sudese e Paranaguá, para odas as faixas de disância, a hipóese de que as médias são iguais foi aceia, sinalizando para que o mercado não diferencie as regiões nos momenos de pico da demanda, disponibilizando caminhões nos locais onde eses forem requeridos, sem impacos de variáveis de concorrência, como a exisência de alernaiva modal, por exemplo, mesmo porque esas esão normalmene com esrangulamenos operacionais e, ambém, porque não aendem na modalidade spo. Sumarizando, no caso dos frees rodoviários praicados percebeu-se que a relação free/preço do produo vem caindo em função do crescimeno do preço do produo, para a soja (dos 10-% para 6-10%), e para o milho (dos 0% para 15%). Movimeno oposo foi observado para o caso do café, uma vez que a relação enre o free e o preço do produo café eseve ascendendo da faixa de 1%, em 1999, a,5%, em 00, resulado da queda do preço do produo. Quano à análise de inegração dos mercados de free paranaense e de ouros corredores, ficou consaado que a movimenação de café e rigo ocorre de maneira não inegrada, sendo os frees praicados nas roas paranaenses superiores aos de ouros corredores. Porém, a inegração ficou consaada para os casos de milho, farelo, soja e adubo. Com relação à consideração da influência da soja nos frees de ouros produos, esa se verificou para os casos do milho e farelo. Para o café e o açúcar iso não se observou, sendo que a análise esaísica sinalizou para frees com valores médios superiores para eses produos, considerando o aribuo do mercado valor da carga. Para o free do rigo, um produo que foge às caracerísicas dos demais, pois raa-se de imporação, formando roas do poro para o inerior, os resulados não foram conclusivos. 3.3 RESULTADOS DA SAZONALIDADE Nesa seção são apresenadas as equações esimadas, a parir da equação 13, para os valores de frees dos produos cujos modelos foram significaivos. Embora o ajusameno de odas as equações ivesse sido feio ano com a variável dependene em seus valores observados como com sua ransformação logarímica, o melhor ajusameno obido foi na forma logarímica. Os resulados são apresenados com a aplicação do ani-log de odas as variáveis. Ressale-se que os modelos para os produos café e rigo granel para roas que incluem ponos de origem ou desino no Paraná para a disância enre 400 e 700 km, soja REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004 7

Formação de Preços e Sazonalidade no Mercado de Frees Rodoviários para Produos do Agronegócio no... para disância acima de 700 km, e farelo de soja para a disância acima de 700 km não foram significaivos a níveis de significância inferiores a 10% de probabilidade. A esimaiva do free para soja em roas rodoviárias no Esado do Paraná na faixa de 0-00 km foi feia pela equação 14. 4 F() 13,55 0,9966T 0,9706 cos 1,06 sen 1,0177 cos 4 6 6 8 1,018 sen 0,9911cos 1,07 sen 0,9634 cos 8 10 10 1,039 sen 0,9748 cos 0,964 sen 1,0015 cos A variável endência é significaiva ao nível de significância de 0,01 de probabilidade. Nenhuma esimaiva dos componenes harmônicos se mosrou significaivamene diferene de zero a níveis de significância inferiores a 0,10 de probabilidade. O modelo eve um ajusameno de 38% ao nível de significância de 0,05 de probabilidade. O gráfico 3 mosra o comporameno comparaivo enre o valor real e esimado para o free da soja no Esado do Paraná para a disância enre 0 e 00 quilômeros. (14) GRÁFICO 3 - VALOR REAL, ESTIMADO E TENDÊNCIA DO FRETE DE SOJA EM ROTAS RODOVIÁRIAS DO PARANÁ NA FAIXA DE 0-00 KM JAN 1998 - DEZ 00 R$/ 18,00 16,00 14,00,00 10,00 8,00 6,00 4,00,00 0,00 Jan./1998 Jan./1999 Jan./000 Jan./001 Jan./00 Dez./00 Free real Free esimado Linear (free real) FONTE: Sifreca Dado que nenhum coeficiene associado a pares de componenes harmônicos foi significaivo, não é possível afirmar que exisam ciclos anuais nesa série de dados. Pelo gráfico 1 é possível verificar que não só para os valores reais mas ambém para os valores esimados não há um comporameno padrão denro do ano, ampouco ao longo dos anos. A variável endência, por sua vez, mosrou-se significaiva e com inclinação negaiva, indicando que, em ermos reais, o valor do free para ese produo e para esa disância específica em endência de queda, a qual pode ser provocada por evenos de 8 REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004

Ricardo S. Marins, Débora Silva Lobo e Maria da Piedade Araújo mercado, ais como excesso de ofera de caminhões em deerminadas regiões, froa própria de algumas cooperaivas e conraos. A esimaiva do free para soja em roas rodoviárias no Esado do Paraná na faixa de 00-400 km foi feia pela equação 15. 4 F() 8,71 T 0,987 cos 1,077 sen 0,945 cos 4 6 6 8 0,884 sen 1,078 cos 1,09 sen 0,956 cos 8 10 10 1,009 sen 0,988 cos 0,965 sen 0,995 cos (15) Ressale-se que a variável endência não se mosrou significaiva em níveis de significância relevanes. Iso implica que, mesmo observando-se variações no senido posiivo e negaivo nos valores dos frees, em média, não houve aleração deses valores 6 em ermos reais. Os componenes harmônicos cos e cos foram significaivos ao nível de significância de 0,01 de probabilidade. Os componenes harmônicos sen, 4 4 cos e sen foram significaivos ao nível de significância de 0,05 de probabilidade. Os demais componenes harmônicos não se mosraram significaivamene diferenes de zero a níveis de significância inferiores a 0,10 de probabilidade. O modelo eve um ajusameno de 39% ao nível de significância de 0,05 de probabilidade. O gráfico 4 mosra o comporameno comparaivo enre o valor real e esimado para o free com disância enre 00 e 400 quilômeros. GRÁFICO 4 - VALOR REAL, ESTIMADO E TENDÊNCIA DO FRETE DE SOJA EM ROTAS RODOVIÁRIAS DO PARANÁ NA FAIXA DE 00-400 KM JAN 1998 - DEZ 00 R$/ 45,00 40,00 35,00 30,00 5,00 0,00 15,00 10,00 5,00 0,00 Jan./1998 Jan./1999 Jan./000 Jan./001 Jan./00 Dez./00 Free real Free esimado Linear (free esimado) FONTE: Sifreca REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004 9

Formação de Preços e Sazonalidade no Mercado de Frees Rodoviários para Produos do Agronegócio no... A despeio de a conribuição do componene harmônico referene ao mês de março er sido menor que a do mês de fevereiro, para esa série de dados exisem dois 4 6 pares de variáveis com coeficienes significaivos: cos sen e cos cos. Ese resulado indica que os ciclos, nesas variáveis, repeem-se anualmene, havendo, porano, dois ciclos nos valores dos frees ao longo do ano. Os ciclos se repeem nos meses de janeiro e fevereiro e nos meses de março e abril. Os resulados mosram que a conribuição do primeiro par de componene harmônico é maior que a do segundo, refleindo um resulado conrário ao esperado, pois os valores do free nos meses de março e abril endem a ser mais elevados devido à maior procura por ese serviço. Além de um ciclo anual, observa-se ambém a presença de um ciclo sazonal. Pelo gráfico 4 é possível observar ese comporameno. A sazonalidade eseve associada ao componene harmônico referene ao mês de maio. A esimaiva do free para o produo soja em roas rodoviárias que conemplem localidades do Paraná como ponos de origem ou desino na faixa de 400 a 700 km foi feia pela equação 16. 4 F() 38, 13 T 0,901cos 1,04 sen 0,93 cos 4 6 6 8 1,017 sen 1,037 cos 0,979 sen 0,959 cos 8 10 10 1,0756 sen 0,9788 cos 984 sen 99,48 cos (16) Ressale-se que a variável endência é significaiva ao nível de significância de 0,01 de probabilidade, e as esimaivas dos parâmeros dos componenes harmônicos 4 8 cos, cos e sen foram significaivas ao nível de significância de 0,05 de probabilidade. As demais esimaivas não se mosraram significaivamene diferenes de zero a níveis de significância inferiores a 0,10 de probabilidade. O modelo eve um ajusameno de 64% ao nível de significância de 0,01 de probabilidade. O gráfico 5 mosra o comporameno comparaivo enre o valor real e esimado para o free da soja em roas rodoviárias no Esado e fora do Paraná na faixa de 400-700 quilômeros. Verifica-se que nenhum coeficiene associado a pares de componenes harmônicos foi significaivo. Nese caso, não é possível afirmar que exisam ciclos anuais nesa série de dados. Um imporane faor que pode er conribuído para ese resulado desfavorável é o amanho da série de dados. Obeve-se para a soja em roas rodoviárias no Esado e fora do Paraná na faixa de 400-700 km apenas frees referenes a 3 anos, o que é consideravelmene pouco para se avaliar a presença de comporamenos cíclicos ou sazonais. Observou-se uma grande variabilidade nos resíduos, com valores exremos variando de -7,78 a 11,44. Apesar das esimaivas dos parâmeros de rês componenes harmônicos indicarem, a princípio, ciclos sazonais, o número reduzido de observações pode esar viesando ese resulado. 130 REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004

Ricardo S. Marins, Débora Silva Lobo e Maria da Piedade Araújo A variável endência, por sua vez, mosrou-se significaiva e posiiva, indicando que em ermos reais o valor do free para ese produo e para esa disância específica vem subindo, implicando impaco de variáveis que inerferem na formação do preço do free, conforme realçado em Correa Júnior e al. (001), ais como elevação dos cusos operacionais, principalmene óleo diesel, e desequilíbrios no mercado, com a soja concorrendo com produos indusrializados na obenção de veículos no mercado. GRÁFICO 5 - VALOR REAL, ESTIMADO E TENDÊNCIA DO FRETE DE SOJA EM ROTAS RODOVIÁRIAS DENTRO E FORA DO PARANÁ NA FAIXA DE 400-700 KM JAN 000 - DEZ 00 R$/ 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 0,00 10,00 0,00 Jan./000 Jan./001 Jan./00 Dez../00 Free real Free esimado Linear (free esimado) FONTE: Sifreca Embora graficamene possam ser observados os picos de frees referenes aos meses de abril, a comprovação esaísica da sazonalidade, para ese período, ambém pode er sido prejudicada por alerações observadas recenemene nese mercado. Uma dessas alerações diz respeio à conjunura basane insável, que esimulou diferenes esraégias de mercado para negociações das safras. Períodos de safras elevadas não plenamene esperadas ( supersafras ) implicam significaivo aumeno de demanda de ranspore, como ocorreu em 001, pela reduzida capacidade esáica de armazenagem. O excesso de produção em que ser comercializado obrigaoriamene no momeno da colheia, sobrecarregando o mercado. Por ouro lado, safras que ocorrem denro das expecaivas e no volume programado de comercialização, porém com preços em ascensão ou condições cambiais favoráveis, provocam reenção de produção, aguardando que as condições coninuem a melhorar para a venda do produo, implicando esraégias de esvaziameno de armazéns que podem esar ocupados com milho e farelo, como ocorreu em 00 no Paraná. Os grandes embarcadores, com auação nacional, definiram a esraégia logísica de invesimeno em esruuras de armazenagem para receber a safra, principalmene na região Cenro-Oese. Como resulado, as roas mais curas esão movimenando volumes crescenes. REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004 131

Formação de Preços e Sazonalidade no Mercado de Frees Rodoviários para Produos do Agronegócio no... Os embarcadores ambém definiram novas esraégias de conraação de frees. Aumenos de cusos generalizados, denre eles free e pedágios, conjugados com inflexibilidade nos preços inernacionais e insuficiência de esruuras de armazenagem nos poros, esimularam as empresas a implemenar nova gesão da conraação dos frees, buscando presadores de serviço mais formalizados, com menos negociação com carreeiros, e oferecendo cargas com freqüência durane odo o ano, conra uma relação conraual, viabilizada pela esraégia logísica implemenada. Como resulado dessa nova gesão, sinaliza-se para que os frees fiquem menos insáveis nas próximas safras, gerando picos menos salienes, salvo exceções de superprodução não-previsa. A esimaiva do free para o produo soja em roas rodoviárias no Esado do Paraná na faixa de 400 a 700 km foi feia pela equação 17, a seguir: 4 F() 38,00 T 0,85 cos 1,083 sen 0,9064 cos 4 6 6 8 0,9508 sen 1,057 cos 1,014 sen 1,00 cos (17) 8 10 10 1,018 sen 0,988 cos 1,0 sen 0,99 cos Ressale-se que a variável endência é significaiva ao nível de significância de 0,05 de probabilidade. As esimaivas dos parâmeros associadas aos componenes harmônicos 4 cos e cos foram significaivas ao nível de significância de 0,01 de probabilidade. A esimaiva do parâmero associada ao componene harmônico sen foi significaiva ao nível de significância de 0,05 de probabilidade e o componene harmônico ao nível de significância de 0,05 de probabilidade. As demais esimaivas não se mosraram significaivamene diferenes de zero a níveis de significância inferiores a 0,10 de probabilidade. O modelo eve um ajusameno de 54% ao nível de significância de 0,01 de probabilidade. A despeio de a conribuição do componene harmônico referene ao mês de março er sido menor que a do mês de fevereiro, para esa série de dados exise um par de variáveis com coeficienes significaivos: cos sen. Ese resulado indica que os ciclos, nesas variáveis, repeem-se anualmene, havendo, porano, um ciclo nos valores dos frees ao longo do ano. O gráfico mosra o comporameno comparaivo enre o valor real e esimado para o free. Além de um ciclo anual, observa-se ambém a ocorrência de um ciclo sazonal. Pelo gráfico é possível observar ese comporameno. A sazonalidade eseve associada ao componene harmônico referene ao mês de março. Ese comporameno esá refleindo o período de comercialização da soja. 13 REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004

Ricardo S. Marins, Débora Silva Lobo e Maria da Piedade Araújo A variável endência, por sua vez, mosrou-se significaiva com leve inclinação posiiva, indicando que, em ermos reais, o valor do free para ese produo e para esa disância específica eve endência de aumeno real de preços. Em suma, consaou-se que, para disâncias de aé 800 km: a) para a soja, não houve diferença esaísica enre os frees dos corredores do Sudese e dese com Paranaguá e Mercosul; b) para a soja, foi idenificada diferença nos frees enre os corredores Rio Grande e Paranaguá; c) para o farelo, Sudese-Mercosul, Sudese-Rio Grande e Sudese-Paranaguá êm frees diferenciados, sendo que a análise gráfica sugere que roas com desino ao poro gaúcho êm frees menores. GRÁFICO 6 - VALOR REAL, ESTIMADO E TENDÊNCIA DO FRETE DE SOJA EM ROTAS RODOVIÁRIAS DO PARANÁ NA FAIXA DE 400-700 KM JAN 1998 - DEZ 00 R$/ 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 0,00 10,00 0,00 Jan./1998 Jan./1999 Jan./000 Jan./001 Jan./00 Dez./00 Free real Free esimado Linear (free real) FONTE: Sifreca No caso de disâncias inermediárias, enre 800 e 1.00 km, pode-se dizer que os frees foram iguais para a maioria dos casos analisados. Quando as disâncias aumenaram, os resulados invereram-se sisemaicamene, evidenciando a diferença enre os frees nos corredores do Sudese e dese com Mercosul e Paranaguá. Porém, Paranaguá e São Francisco apresenaram frees sisemaicamene iguais esaisicamene, fao que pode ser explicado pela proximidade geográfica. Porém, uma consaação imporane do esudo é a de que, no pico das safras, os mercados se inegram e praicam preços médios iguais esaisicamene. Em suma, foi possível evidenciar que os frees diferem enre os corredores esudados da região Cenro-Sul do Brasil. Os maiores valores são praicados nas roas com desino a Sanos. Por ouro lado, Rio Grande é o desino das roas com menor free médio. Consaou-se ambém a inegração enre os mercados de Paranaguá e São Francisco, independenemene do produo a ser movimenado. Assim, as diferenças observadas referem-se aos corredores do Sudese, Paranaguá-São Francisco e Rio Grande. REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004 133

Formação de Preços e Sazonalidade no Mercado de Frees Rodoviários para Produos do Agronegócio no... CONSIDERAÇÕES FINAIS O presene rabalho eve como objeivo desenvolver análise exploraória sobre o mercado dos frees rodoviários no agronegócio das commodiies nos principais corredores de exporação da região Cenro-Sul do Brasil, endo-se como ineresse principal posicionar o corredor de Paranaguá num ambiene de acirrameno da concorrência enre os corredores. Foram ambém invesigados os frees específicos dos produos do agronegócio paranaense vis-à-vis a influência enre os corredores e enre produos, bem como avaliada a ocorrência de sazonalidade, para movimenação rodoviária de açúcar, adubos e ferilizanes, algodão, café, farelo de soja, milho, soja e rigo. Tais preocupações colocam-se aos níveis da sensibilidade dos produos agrícolas aos cusos de ranspore e do simulâneo crescimeno da demanda por ranspores por pare dos agronegócios, faores explicaivos de relevância da compeiividade dos produos. Ressale-se que o free em papel relevane no ambiene, quano às explicações dos movimenos de cargas e na omada de decisão em geral, compondo o rol de variáveis aualmene avaliadas para invesimenos em esruuras de armazenagem e beneficiameno da produção agrícola e seus negócios complemenares. Por ouro lado, inerprea-se a sazonalidade como efeio da insuficiência da infra-esruura e da ofera de serviços logísicos de ranspore e armazenagem. Neses casos, o desequilíbrio momenâneo causado por um excesso de demanda de ranspore, como reflexo de fala de esruuras de armazenagem suficienes para os volumes produzidos, provoca elevação do free, que perdura enquano houver ineresse em comercializar a safra colhida imediaamene. Em suma, conclui-se que os frees praicados no Esado do Paraná são iguais ou superiores aos praicados nos corredores localizados na região Cenro-Sul brasileira, resulando na necessidade de ações correivas por pare do Esado no que diz respeio à infra-esruura, como melhorias nas condições das vias do modal rodoviário, incremeno do ranspore ferroviário, com expansão da capacidade de ráfego, principalmene no recho Curiiba-Paranaguá, e, fundamenalmene, melhorias das condições operacionais do Poro de Paranaguá. Quano às ações privadas, cabem iniciaivas no senido de ampliação da capacidade de armazenagem no inerior, para melhorar a condição de omada de decisão quano à comercialização da safra, eximindo-se do pagameno de frees que consideram a sazonalidade da demanda, bem como redesenhar a rede logísica, considerando-se a nova froneira agrícola do Cenro-Oese brasileiro e os invesimenos na infra-esruura de ouros esados e regiões. Séries emporais mais compleas, porém, poderiam conferir mais segurança aos resulados obidos, à medida que eses mais robusos seriam viabilizados. Por ouro lado, a exisência de séries que conemplassem a região Nore do Brasil seria imporane nesse momeno de expansão da froneira agrícola para os cerrados e nordese brasileiros. Quano à sazonalidade nos frees, embora ivesse sido basane sensível na análise gráfica, a comprovação esaísica da ocorrência da sazonalidade não foi arefa fácil. Foram feios eses para vários produos e para diversas faixas de quilomeragem, não endo sido obido êxio significaivo na idenificação sisemáica 134 REVISTA PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO, Curiiba, n.106, p.113-136, jan./jun. 004