CEEJA MAX DADÁ GALLIZZI



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Transcrição:

CEEJA MAX DADÁ GALLIZZI MATEMÁTICA ENSINO MÉDIO APOSTILA 02

Parabéns!!! Você já é um vencedor! Voltar a estudar é uma vitória que poucos podem dizer que conseguiram. É para você, caro aluno, que desenvolvemos esse material. Foi pensando em seu sucesso e em auxiliá-lo nas redescobertas da arte matemática que elaboramos o conteúdo e os exercícios contidos nesta coleção de apostilas. Ela foi escrita em linguagem simples e com a preocupação de transmitir os assuntos importantes de matemática da forma mais clara possível. Todos nós usamos matemática diariamente, mesmo sem perceber. Em uma compra, ao pagar e ao receber o troco, estamos fazendo matemática. Até para utilizarmos corretamente uma máquina de calcular, precisamos saber matemática. Para isto, em cada aula, você encontrará ferramentas matemáticas que passarão a fazer parte da sua vida para enriquecê-la e facilitála. A matemática não é um conjunto de regras que devam ser decoradas. O importante é compreender o que está por trás de cada regra; é compreender os conceitos. Assim você poderá utilizar os seus conhecimentos em situações novas, resolvendo os problemas que surgirem na sua casa, no seu trabalho, na sua vida. Uma parte fundamental dessa apostila são os Exercícios. Não se aprende matemática apenas lendo um texto. É preciso praticar. É preciso gastar lápis e papel resolvendo exercícios. Só assim ganhamos segurança no que aprendemos e ficamos preparados para a aula seguinte. Portanto, tente fazer os exercícios de cada aula. Talvez você não consiga resolver todos, mas o importante é tentar fazer. Também aprendemos muito com nossos próprios erros. Resolva todos os exercícios em seu caderno (não responder na apostila, pois a mesma será utilizada por outros alunos no decorrer do curso). Procure-nos assim que surgirem as primeiras dificuldades, nós estaremos sempre prontos para ajudálo. No fim do curso você terá adquirido uma série de conhecimentos de matemática que serão suas ferramentas para compreender melhor o mundo que nos cerca, tornando-o um cidadão mais seguro e respeitado. Mas, acima de tudo, você vai descobrir que pensar é divertido. Raciocinar é estimulante. Resolver desafios, questionar, encontrar soluções nos dá prazer, desenvolve a nossa mente e torna mais ágil o nosso raciocínio. Adquirindo o hábito de pensar de forma organizada, você terá aprendido a mais importante das lições e nós teremos cumprido o nosso objetivo. Página 2

Raciocínio Algébrico Introdução Vamos falar um pouco sobre a aritmética, a geometria... e a álgebra. Elas são áreas importantes da matemática. Cada uma delas inventa seus objetos de estudo e métodos de resolver problemas, e todas têm aplicações significativas em nosso cotidiano. Como você deve se lembrar, de seus estudos no curso do 1º grau, a aritmética estuda os números - especialmente os números inteiros e os fracionários. Quanto à geometria, seus objetos de estudo são as figuras geométricas como o triângulo, o quadrado, o círculo, a esfera etc. Os conhecimentos de aritmética e de geometria surgiram possivelmente há mais de quatro milênios. Pelo que está registrado nos achados da arqueologia - a ciência que estuda o nosso passado - devemos muitos aos babilônios e aos egípcios e, finalmente, aos gregos. Estes últimos foram os responsáveis pelo surgimento do pensamento científico e nos deixaram os trabalhos de Tales, de Pitágoras e, mais tarde, de Euclides. (Euclides, por volta de 300 a.c., formalizou praticamente todo o conhecimento matemático de seu tempo em sua obra Os Elementos.) E a álgebra? A álgebra já é bem mais recente. Considera-se que tenha surgido na Índia, nos primeiros séculos deste milênio. De lá passou aos árabes. Nosso Sistema de numeração é chamado indo-arábico devido a esses povos. E com os árabes, que lhe deram o nome, a álgebra penetrou na Europa, onde desenvolveu-se extraordinariamente a partir do século XVI. Da Europa, esta área da matemática que continua crescendo, chegou às Américas e até nós, neste Brasil do limiar do terceiro milênio. A matemática deve o que é não apenas à genialidade de homens e mulheres como Tales, Pitágoras, Hipátia (uma matemática grega), Newton, Gauss etc., mas também aos talentos incógnitos que em instantes magníficos criaram e continuarão criando a matemática. Quem teria inventado o zero? E as noções de ponto e de reta? E os nossos algarismos? Jamais saberemos responder. Só sabemos que o conhecimento se espalha, como é comum na natureza: cada nova planta que brota traz esperança de muitas outras plantas que brotarão. Sendo assim, aqui vão nossas sementes algébricas! E que você as multiplique - é o nosso desejo. Página 3

O valor desconhecido Para começar esta aula, pense no seguinte problema: uma mulher de 25 anos é casada com um homem 7 anos mais velho que ela. Qual é a soma das idades desse casal? Pense e responda. Não é difícil responder. O marido tem: 25 + 7 = 32 anos Portanto, a soma das idades do casal é: 25 + 32 = 57 anos Agora vamos ver outro problema semelhante: o marido de certa mulher é 7 anos mais velho que ela. Quando nasce a primeira criança do casal, as idades dos dois somam 79 anos. Qual a idade da mulher? Podemos perceber que essa resposta não virá tão facilmente quanto a do problema anterior. É interessante, por isso, que você pegue papel e lápis, e tente responder à pergunta. Será isso o que também faremos na próxima aula, quando mostraremos que alguns problemas tanto podem ser resolvidos pelo raciocínio aritmético quanto pelo algébrico. Agora, queremos mostrar-lhe como resolver este problema pela álgebra, pois cremos que você saberá reconhecer o valor dessa nova forma de raciocínio. O nascimento do x Para resolver esse problema, poderíamos pensar assim: já que não sabemos a idade da mulher, nós escrevemos? em seu lugar. Com isso, podemos escrever o que sabemos do problema: que a soma das idades da mulher e de seu marido é 79. Assim:? + (? + 7 ) = 79 idade da mulher idade do marido Continuando, encontraremos:? +? + 7 = 79? +? = 79 7 2? = 72? =? = 36 Portanto, a idade da mulher é 36 anos. Para conferir, basta ver qual é a idade do marido e qual é a soma das idades. Página 4

Não é fácil? Pois esta é a essência do chamado raciocínio algébrico - e daqui a pouco nós o recordaremos para você. Por enquanto, repare que o raciocínio é exatamente igual ao de uma outra pessoa que, no lugar de?, usasse um outro símbolo qualquer para representar um número. Por exemplo, alguém poderia pensar assim: Como não sei a idade procurada, deixo um espaço para ela dentro deste quadradinho, e então escrevo o que sei. Ficaria assim: + ( + 7 ) = 79 Resolvendo esta equação (que é como chamamos em álgebra o procedimento de encontrar o número procurado), chegamos a: = 36, como antes. Ou seja, o símbolo que cada pessoa escolhe para ajudá-la a resolver o problema não é importante. Observe que o raciocínio é o mesmo. Sendo assim, podemos usar qualquer símbolo (lembre-se disso, pois às vezes os símbolos escolhidos podem ajudar bastante na resolução de problemas que encontramos na vida - e até nos motivar mais a enfrentar esses problemas). É comum, em Matemática, usarmos a letra x para designar o número que estamos procurando - a incógnita, como se diz. Também em outras ciências e na literatura em geral a letra x tem sido usada para designar algo desconhecido ou misterioso. Como exemplos, temos: o raio x, que assim foi chamado porque desconheciase o que ele era; uma certa faculdade x, relacionada com o desenvolvimento da consciência do homem (segundo o escritor britânico Colin Wilson); o cavalheiro x, personagem misterioso de algum romance ou novela etc. No caso do problema anterior, então, sua equação fica assim, usando x: x + ( x + 7) = 79 Compare com as outras duas formas de escrevê-la. Não é a mesma coisa? E resolvendo a equação, obtemos x = 36 para a idade da mulher, como antes. Seguindo a tradição matemática, também adotaremos o x quando o símbolo for indiferente. Página 5

Situação problema João avalia que, de sua caixa d água de 1000 litros, restavam apenas uns 100 litros. Para enchê-la de novo precisou fazer 45 viagens carregando uma lata cheia d água. Qual a capacidade aproximada da lata? E quanto pesava a água na lata? As etapas importantes do nosso raciocínio acima são as seguintes. Procure compreender a idéia geral do raciocínio: como vimos, ele é fruto do bom senso. ETAPA 1 - Dando nome aos bois O que precisamos saber para resolver o problema: isto será x. Neste exemplo, x = capacidade da lata. Em seguida, usamos x para escrever o que sabemos; quer dizer, montamos a equação do problema. ETAPA 2 - Montando a equação Basta interpretar o que está escrito na nossa linguagem comum em termos matemáticos. Ou seja, escrever a equação. Reveja como fazemos: Capacidade da lata = x Capacidade de 45 latas = 45x O que sabemos: 45x + 100 = 1000 (litros) ETAPA 3 - Resolvendo a equação Esta etapa é mais automática: são as regras do cálculo. Aqui: 45x + 100 = 1000 45x = 1000 100 45x = 900 ETAPA 4 - Conferindo o resultado x = x = 20 (litros) Tudo isso?, alguém poderia perguntar, espantado com o peso carregado por João em tantas viagens. Para não termos dúvida de que chegamos ao resultado certo, checamos se o número encontrado satisfaz de fato o que sabemos dos dados do problema. Quer dizer, se x for mesmo igual a 20, então deveremos ter 45x + 100 = 1000. Vejamos: 45. (20) + 100 = 900 + 100 = 1000 (Confere!) São só estas etapas? Não. É preciso ter o cuidado final de verificar se já respondemos à pergunta do problema. ETAPA 5 - Respondendo o que foi perguntado Página 6

Para completar a solução, você tem de responder exatamente o que o problema pede. O Método Aritmético e o Método Algébrico A aula de hoje traz outros problemas, que podem ser resolvidos tanto pelo método aritmético, como pelo método algébrico, ou método do x. Qual é o melhor para cada problema? A matemática não decide isso por nós: ela apenas enriquece nosso conhecimento com vários métodos para resolver problemas, e deixa a escolha para nós. Pois cabe a cada pessoa escolher por si mesma, já que a Matemática também é parte da vida. Sendo assim, papel e lápis! Porque também não existe matemática de cabeça, e vamos à aula de hoje! Vamos ver como resolver um mesmo problema por métodos diferentes. No exemplo seguinte, temos mais uma questão sobre idades. Compare a solução pelo método aritmético e a solução pelo método algébrico. Você verá que chegaremos ao mesmo resultado. EXEMPLO 1: Sou cinqüentão, afirmou Paulo (querendo dizer que tinha cinqüenta e poucos anos). E hoje é um dia cabalístico (isto é, mágico). Pois não apenas a idade da minha mulher, Jurema, mais jovem do que eu, se escreve ao contrário da minha, como a diferença entre as nossas idades é igual à idade que nossa filha comemora hoje: 9 anos! Quantos anos tem Paulo? Uma tal data cabalística como essa se repetirá algum dia? Tente descobrir a idade de Paulo, raciocinando apenas com números, sem utilizar x, ou seja, raciocinando aritmeticamente. Página 7

Resolvendo pelo método aritmético O caminho mais simples para resolver o problema pelo método aritmético, neste caso, parece ser pelo raciocínio das tentativas. Assim, vamos fazer diretamente as contas em cada uma das possibilidades para a idade de Paulo - cinqüenta e poucos anos: Idade de Paulo Idade de Jurema Diferença (=9?) 51 15 36 (não) 52 25 27 (não) 53 35 18 (não) 54 45 9 (sim) 55 55 0 (não serve, pois, Jurema é mais jovem) Portanto, Paulo tem 54 anos, e sua mulher, 45. Resolvendo pelo método algébrico A pergunta é: qual a idade de Paulo cinqüentão? Vamos chamar a idade de Paulo de: ( 50 + x ) anos E a idade de Jurema de: ( 10x + 5 ) anos Sabemos que a diferença entre as idades é de 9 anos. Logo, (50 + x) - (10x +5) = 9 50 + x - 10x - 5 = 9-9x + 45 = 9-9x = 9 45-9x = - 36 x = 4 Daí concluímos exatamente o que já sabíamos: Paulo tem 54 anos e Jurema 45. Que método é mais fácil?e mais rápido? No exemplo relativo à idade de Paulo, talvez você ache mais fácil aplicar o método aritmético. Basta organizar um pouco o raciocínio, fazendo uma tabela, e procurar o par de números contrários que satisfaça o que se pede. Já o método algébrico é mais rápido, e também mais geral: adapta-se imediatamente a vários problemas. Mas isso foi nesse exemplo. Em outros problemas, pode ser diferente. É isso que é bom, pois a própria escolha inicial do método a ser empregado já desenvolve nosso raciocínio e nossa criatividade. Página 8

Equacionando Problemas Equacionando um problema algébrico Rigorosamente falando, equacionar um problema envolve escrever a equação (ou as equações) de modo que ela expresse em linguagem matemática o que foi dado no problema em linguagem comum. Vejamos, então, como fazer isso com problemas algébricos, ou melhor, com problemas que admitem solução algébrica. EXEMPLO 1: Qual é o número cujo dobro, mais 5, é igual a 17? Equacione o problema, chamando o número desconhecido de x. Vimos que não importa a letra que usamos para designar a incógnita, isto é, o número procurado - mas é universal o uso do x. O fato importante é que: 2x + 5 = 17 A partir daí, acharíamos x. Só que nesta aula estamos mais interessados no equacionamento dos problemas - que é a primeira etapa. Geralmente, essa é a etapa mais importante na resolução desses problemas. Vamos relembrar os momentos fundamentais desse equacionamento. Quando encaramos o tal número procurado como a incógnita do problema, e o chamamos de x; Quando traduzimos em matematiquês o que está dado em português, ou seja, quando escrevemos a equação matemática que é satisfeita por essa incógnita. Neste exemplo, faríamos assim: x = número O que sabemos: 2x + 5 = 17 Página 9

Resolvendo Equações Introdução À medida que os problemas se tornam mais complicados, o método algébrico vai se impondo naturalmente ao método aritmético. Resolver equações fará parte das nossas atividades diárias. Mas, o que significa resolver uma equação? Tomemos como exemplo a equação da aula anterior Qual é o número cujo dobro, mais 5, é igual a 17? 2x + 5 = 17 Não importa de que problema ela tenha vindo. Desejamos, antes de mais nada, responder à pergunta que fizemos. Resolver uma equação significa encontrar um número tal que, se for colocado no lugar da letra x, torna a igualdade correta. 2x + 5 = 17 2x = 17 5 2x = 12 x = 6 Portanto, x = 6 é solução da nossa equação. Dizemos também que x = 6 é raiz da equação dada. É importante saber que x = 6 é a única solução da equação do nosso exemplo, pois, 2.6 + 5 = 17 Você pode tentar substituir x por outros números; mas fique certo de que jamais encontrará outras igualdades corretas. Página 10

Equação do 1º grau As equações que aprenderemos a resolver nesta aula são chamadas equações do primeiro grau, ou seja, são equações em que a letra x não aparece elevada a nenhum expoente. Um fato importante relativo às equações de 1º grau é que: TODA EQUAÇÃO DO PRIMEIRO GRAU POSSUI UMA SOLUÇÃO Inicialmente, vamos aprender a resolver equações do 1º grau. Não nos importará, portanto, de quais problemas elas vieram. EXEMPLO 1: Resolva a equação 8x + 3. (x - 2) = 7x + 34. Neste primeiro exemplo a primeira coisa a fazer é eliminar os parênteses. Observe que na multiplicação 3 (x - 2), o número 3 multiplica todos os termos que estão dentro do parênteses, ou seja: 8x + 3. (x - 2) = 7x + 34 8x + 3x - 6 = 7x + 34 Agora, todos os termos que contêm a letra x devem ser transportados para o lado esquerdo, enquanto os termos que não contêm letras devem ser transportados para o lado direito. Observe, então, a mudança do sinal dos termos que trocaram de lado. 8x + 3x - 7x = + 34 + 6 Temos então: 4x = 40 Como nesse caso temos 4x e convêm determinar o valor de x, dividiremos o 40 por 4. Teremos então: Portanto: x = 10 Está resolvida, assim, a nossa equação. Se quisermos conferir se a solução é realmente a que encontramos, devemos substituir x por 10 na equação dada. 8 10 + 3. (10-2) = 7 10 + 34 80 + 3. 8 = 70 + 34 80 + 24 = 104 104 = 104 (Prova Real) Página 11

EXEMPLO 2: Um feirante levou 60 mamões para vender na feira. Começou vendendo cada um por 50 centavos. Depois, como a venda estava fraca, baixou o preço para 30 centavos e vendeu todos os outros. Sabendo que ele arrecadou R$ 22,80, quantos mamões ele vendeu pelo preço mais caro? Digamos que seja x o número de mamões que ele vendeu pelo preço mais caro. Como cada uma dessas frutas foi vendida por R$ 0,50 então, na primeira parte da venda ele arrecadou 0,50 x. Quantos mamões sobraram? Se ele tinha inicialmente 60 mamões e vendeu x mamões, então sobraram 60 - x mamões. Como cada um deles foi vendido por R$ 0,30, então, na segunda parte da venda o feirante arrecadou 0,30 (60 - x). Se ele arrecadou no total R$ 22,80, nossa equação é: 0,50 x + 0,30. ( 60 x ) = 22,80 Vamos agora resolver essa equação. Neste exemplo a primeira coisa a fazer é eliminar os parênteses. Observe que na multiplicação 0,30. ( 60 x ), o número 0,30 multiplica todos os termos que estão dentro do parênteses, ou seja: 0,50 x + 0,30. ( 60 x ) = 22,80 0,50 x + 18 0,30 x = 22,80 Agora, todos os termos que contêm a letra x devem ser transportados para o lado esquerdo, enquanto os termos que não contêm letras devem ser transportados para o lado direito. Observe, então, a mudança do sinal dos termos que trocaram de lado. 0,50 x 0,30 x = 22,80 18 0,20 x = 4,80 Como nesse caso temos 0,20x e convêm determinar o valor de x, dividiremos o 4,80 por 0,20. Agora fica fácil: x = 24 Portanto, o feirante vendeu 24 mamões pelo preço mais caro. Página 12

EXEMPLO 3: Uma caixa com 30 lápis custa R$ 4,80. Quanto deverá custar uma outra com 40 lápis? Este é um problema de regra de três. Problemas como esse são muito freqüentes em nossa vida. Observe como organizamos os dados no quadro montado abaixo. Quantidade Preço 30 lápis R$ 4,80 40 lápis R$ x Para resolver o problema, montamos a equação Por que fazemos isso? É simples. Vamos pensar no significado de cada fração. Repare que, dividindo o preço da caixa pela quantidade de lápis, estamos calculando quanto custa cada lápis. Se o preço de um lápis é o mesmo nas duas caixas, as duas frações devem ser iguais. Resolver essa equação é fácil. Basta multiplicar em cruz.assim teremos: 30. x = 4,80. 4 30.x = 19,20 x = 6,40 Logo, a caixa maior deverá custar R$ 6,40. Comentário: freqüentemente, encontramos no mercado um mesmo produto em embalagens diferentes e com preços diferentes. Nesse caso, é preciso saber qual das embalagens é mais econômica. Por exemplo, se uma caixa com 30 lápis custa R$ 4,80 e outra com 40 lápis custa R$ 6,10, o problema que acabamos de resolver nos mostra que devemos preferir a segunda. Na caixa maior, o preço de cada lápis é certamente menor. Página 13

EXEMPLO 4: Antônio, Bruno e Carlos são irmãos. Sabe-se que Bruno é 2 anos mais velho que Antônio e que Carlos é 3 anos mais velho que Bruno. Se a soma das idades dos três irmãos é 55, calcule as idades de cada um deles. Vamos chamar de x a idade de Antônio. Como Bruno é 2 anos mais velho, a sua idade será x + 2. Carlos é três anos mais velho que Bruno, a idade de Carlos será x + 2 + 3 = x + 5. Resumindo: Antônio x Carlos x + 2 Bruno x + 5 Como a soma das idades dos três irmãos é 55, temos a seguinte equação: Vamos resolver como já aprendemos x + x + 2 + x + 5 = 55 x + x + x = 55 2 5 3x = 48 x = 16 Substituindo x em cada idade dos três irmãos, teremos: Antônio x 16 16 anos Carlos x + 2 16 + 2 18 anos Bruno x + 5 16 + 5 21 anos Comprovando que 16 + 18 + 21 = 55. Podemos concluir então que: Antônio tem 16 anos, Carlos 18 e Bruno 21. Página 14

EXEMPLO 5: João recebeu seu salário e verificou que: a quarta parte do dinheiro ele gastou com aluguel e pagamento de contas a terça parte gastou no supermercado; restaram-lhe R$ 1000,00 para todas as outras despesas. Qual é o salário de João? Vamos chamar de s o salário de João. Agora, vamos somar o que ele pode gastar com outras despesas. Essa soma é o salário de João. Então: Neste exemplo, a equação possui denominadores. Portanto, a primeira coisa a fazer, neste caso, é eliminar esses denominadores. Para isso, buscamos um número que seja múltiplo de todos os denominadores e multiplicamos todos os termos da equação por esse número. No nosso caso, os denominadores são 4 e 3. M(4)=0,4,8,12,16,20,24,28,32,36,40,... M(3)=0,3,6,9,12,15,18,21,24,27,30,33,36,39,... Encontramos 12 como o primeiro numero que é múltiplo de 4 e também de 6. Daí concluímos que 12 é o mínimo múltiplo comum (mmc) Vamos então representar todas as frações dadas com esse mesmo denominador. Observe: Assim, temos: Agora que todos os denominadores são iguais, podemos eliminá-los. Simplificando, temos: 12s = 3s + 4s + 12000 Passando todos os termos que contêm s para um mesmo lado, ficamos com: 12s 3s 4s = 12000 5s = 12000 s = 2400 Concluímos que o salário de João é de R$ 2400,00. Página 15

Exercícios Questão 01: Resolva as equações abaixo: a) x + 9 = 17 b) y + 20 = 50 c) a 6 = 14 d) b 15 = 3 e) 2x = 18 f) 5y = 45 g) 2x 3 = 7 h) 3y + 4 = 25 i) 5a 3 = 12 j) 3.(x 1) = 2.(x + 3) k) 4.(a + 2) = 2.(a + 5) l) 5.(y 1) 19 = 3.(y 2) Questão 02: Qual o número que somado com dois é igual a dez? Questão 03: Qual o número que subtraído de 20 dá 8? Questão 04: A soma de um número com o seu consecutivo dá 75. Qual é esse número? Questão 05: Pai e filho tem juntos 60 anos. Sabendo-se que o pai tem o dobro da idade do filho, qual a idade do pai e do filho? Questão 06: Uma garrafa de 1,5 litros de refrigerante custa R$2,70. Quanto deverá custar uma garrafa com 3 litros do mesmo refrigerante? Questão 07: Em certo mercado, uma caixa com uma dúzia de ovos custa R$ 2,80 e uma outra com 18 ovos custa R$ 4,00. Qual das duas embalagens é mais econômica? Explique. Página 16

Questão 08: Antônio, Bruno e Carlos são irmãos. Sabe-se que Bruno é 3 anos mais velho que Antônio e que Carlos é 5 anos mais velho que Bruno. Se a soma das idades dos três irmãos é 59, calcule as idades de cada um deles. Questão 09: Uma escola de Ensino Médio tem 1200 alunos. A metade dos alunos está no 1º ano, a terça parte está no 2º ano e os demais estão no 3º ano. Quantos alunos estão cursando o 3º ano? Questão 10: Maria saiu de casa com R$ 100,00. Comprou uma camiseta por R$ 20,00 e gastou a metade do que sobrou com uma calça, e depois comprou um lanche. Sabendo que Maria voltou para casa com R$ 30,00, qual a quantia que Maria gastou com o lanche? Questão 11: No começo do mês Francisca tinha certa quantia em dinheiro, no fim de mês ganhou de sua mãe o dobro do que tinha. Com isso, Francisca ficou com R$3000,00. Quanto de dinheiro Francisca tinha no início do mês? Questão 12: Em uma partida de videogame, Tiago conseguiu 180 pontos em três rodadas. Na segunda rodada, ele fez 20 pontos a menos do que na 1ª, e na 3ª rodada ele fez o dobro de pontos feitos na 1ª rodada. Quantos pontos Tiago fez em cada rodada? Questão 13: Um notebook cujo preço é R$ 1200,00 está sendo vendido com o seguinte plano de pagamento: R$ 300,00 de entrada e o restante em 5 prestações iguais. Qual será o valor de cada prestação? Questão 14: Você conhece esta charada? O gavião chega ao pombal e diz: - Adeus, minhas 100 pombas! As pombas responderam em coro: - 100 pombas não somos nós; com mais dois tantos de nós e com você, meu caro gavião, 100 pássaros seremos nós. Quantas pombas estavam no pombal? Página 17

Gabarito Questão 01: a) x = 8 b) y = 30 c) a = 20 d) b = 18 e) x = 9 f) y = 15 g) x = 5 h) y = 7 i) a = 3 j) x = 9 k) a = 1 l) y = 9 Questão 02: 8 Questão 03: 12 Questão 04: 37 Questão 05: Pai = 40 anos e Filho = 20 anos Questão 06: R$ 5,40 Questão 07: Embalagem com 18 ovos Questão 08: A = 16anos; B = 19anos; C = 24anos Questão 09: 200 alunos Questão 10: R$ 10,00 Questão 11: R$ 1000,00 Questão 12: 1ª Rodada = 50 pontos; 2ª Rodada = 30 pontos; 3ª Rodada = 100 pontos Questão 13: R$ 180,00 Questão 14: 33 pombas Página 18

Bibliografia Os textos e os exercícios foram retirados e/ou pesquisados nos seguintes livros: Telecurso 2000 Matemática: Volumes 1,2 e 3 Ensino Médio. - São Paulo: Editora Globo, 2000. Matemática: Aula por Aula: Volume Único: Ensino Médio / Benigno Barreto Filho, Cláudio Xavier Barreto. - São Paulo: FTD, 2000. Matemática: Contexto & Aplicações: Volumes 1, 2 e 3: Ensino Médio. - São Paulo: Ática,1999. Matemática Fundamental, 2º grau: Volume Único / José Ruy Giovanni, José Roberto Bonjorno, José Ruy Giovanni Jr. São Paulo: FTD, 1994. Coleção Base: Matemática: Volume Único / Manoel Paiva. São Paulo: Moderna, 1999. Curso Prático de Matemática: Volumes 1, 2 e 3 Ensino Médio / Paulo Bucchi. São Paulo: Moderna, 1998. Matemática: Temas e Metas: Volumes 1,2 e 3 / Antônio dos Santos Machado. São Paulo: Atual, 1986. Praticando Matemática: 6º ao 9º ano /Álvaro Andrini, Maria José Vasconcellos. São Paulo: Editora do Brasil, 2002. A Conquista da Matemática Nova: 6º ao 9º ano / José Ruy Giovanni, Benedito Castrucci, José Ruy Giovanni Jr. São Paulo: FTD, 1998. Página 19

Este conjunto de apostilas foi elaborado pelos professores da Área de Matemática do CEEJA Max Dadá Gallizzi, com base nos livros didáticos descritos na Bibliografia, ora transcrevendo exercícios e teorias, ora criando com base nos conteúdos observados. Professores Ednilton Feliciano Francis Mara C. Sirolli Paulo Teles de Araújo Jr Satie Sandra Soares Taira 2010 Página 20