Modelagem de Antenas Refletoras Circularmente Simétrica através da Concatenação de Seções de Elipses

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MOMAG 24: 6º SBMO - Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e º CBMag - Congresso Brasileiro de Modelagem de Antenas Refletoras Circularmente Simétrica através da Concatenação de Seções de Elipses Tcharles V. B. aria e ernando J. S. Moreira 2 Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica- GAPTEM UMG Av. Antônio Carlos 6627, 327-9, Belo Horizonte, MG, Brasil tcharlesdefaria@ufmg.br e fernandomoreira@ufmg.br 2 Resumo Este trabalho investiga um procedimento de modelagem de antenas refletoras circularmente simétricas. O procedimento de síntese baseia-se na modelagem da superfície refletora através da concatenação de seções de elipses, considerando-se um padrão de distribuição de potência especificado sobre a abertura da antena (região de campo próximo) segundo os princípios da Óptica Geométrica. Além disso, utilizou-se um processo iterativo para o cálculo dos ângulos do alimentador através da Lei da Conservação da Energia. Para ilustrar a técnica, optou-se por modelar a superfície refletora de uma antena com um único refletor. Os resultados obtidos apontam boa precisão comparando-os com uma configuração clássica. Palavras-chave Antenas refletoras; lei da conservação da energia; óptica geométrica; seções de elipses; região de campo próximo. I. INTRODUÇÃO Sabe-se que o campo de estudo das antenas refletoras é amplo e dinâmico e, nos últimos 6 anos, graças aos avanços da tecnologia de comunicações a busca por este tipo de antena torna-se maior []. Atualmente, devido à grande necessidade de comunicações a longas distâncias, formas geométricas mais sofisticadas de antenas refletoras estão sendo projetadas (sintetizadas) para receber sinais que se propagam por longas distâncias. Assim, fica evidente a real necessidade de se projetar refletores com a máxima eficiência possível e com um padrão de distribuição de potência eficiente sobre a abertura da antena, culminando em um grande progresso no desenvolvimento de técnicas para a modelagem de superfícies refletoras desta espécie de antena. É nesta perspectiva que diversos pesquisadores [2]-[3] têm focado os seus estudos nas técnicas aplicadas à síntese de refletores de inúmeras configurações geométricas. Vários trabalhos já foram apresentados tratando-se da síntese geométrica de refletores através da solução de uma equação diferencial ordinária [5], [7]. É possível, ainda, destacar que em [8] o autor apresenta o problema de síntese através de uma equação diferencial parcial de segunda ordem de Monge-Ampère para uma determinada função de valor complexo. Entretanto, é importante enfatizar que as técnicas descritas anteriormente trazem em si uma complexidade matemática e um esforço computacional devido ao processo de linearização das equações. É neste sentido que, recentemente, novas técnicas de modelagem baseadas na concatenação de seções cônicas foram apresentadas em [6], [9]-[3]. Técnicas que utilizam a concatenação de cônicas têm mostrado resultados promissores diante das outras técnicas supracitadas, conforme descrito em [9] e [3]. Além disso, estas técnicas podem ser empregadas utilizando-se diferentes abordagens matemáticas e diversos tipos de algoritmos. Em [2] os autores utilizam os conceitos e as formulações descritas em [6] e [] para o desenvolvimento de um algoritmo a fim de modelar a superfície refletora de uma configuração offset. Este algoritmo baseia-se na combinação de seções cônicas através dos conceitos da Óptica Geométrica (Geometrical Optics-GO) e da conservação da energia que irão formar a superfície do refletor, considerando-se uma distribuição de potência especificada sobre a abertura da antena (região de campo próximo) ou na região de campo distante. Em [9] e [3] os autores utilizam a mesma técnica, porém com um desenvolvimento matemático diferente fornecendo outro tipo de algoritmo. Diante dos fatores mencionados acima, o presente trabalho tem como objetivo investigar a técnica de síntese geométrica de antenas refletoras descrita em [6], [] e [2]. Neste caso, optou-se por modelar a superfície refletora de uma antena constituída por um único refletor circularmente simétrico através da concatenação de seções de elipses, obtendo-se um padrão de distribuição de potência especificado sobre a abertura da antena (região de campo próximo) de acordo com [6], segundo os princípios da GO e da Lei da Conservação da Energia. II. PROCESSO DE MODELAGEM A idéia básica deste processo de síntese é obter a curva geratriz que descreve a superfície refletora de uma antena com um único refletor circularmente simétrico através de seções cônicas concatenas consecutivamente entre si. Porém, esta técnica pode ser estendida para a síntese de outros tipos de configurações, assim como definido em [6] e [9]. O presente processo de concatenação baseia-se em seções de elipses (veja a ig. ) devido à síntese do refletor ser feita na região de campo próximo (abertura da antena). Além disso, a síntese pode ser feita na região de campo distante utilizando-se seções de parábolas como mostrado em []. 85

MOMAG 24: 6º SBMO - Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e º CBMag - Congresso Brasileiro de ig. 2. Diagrama de radiação do alimentador RC para n =,4. ig.. Elipse com um de seus focos () na origem () e o outro foco ( 2) em um determinado ponto de destino. Considera-se que todas as elipses utilizadas nesta abordagem de síntese estão com um de seus focos em comum, sendo que o mesmo localiza-se na origem (), e o outro foco em um determinado ponto de destino, conforme está ilustrado na ig. onde e 2 são os focos da elipse. Neste trabalho, em particular, os focos 2 estarão no plano focal (z = ). De acordo com os princípios da GO, o refletor é iluminado por um fonte pontual na origem () com diagrama de radiação I (θ ) do tipo circularmente simétrico (observe a ig. 2), onde θ é o ângulo relativo ao eixo z do raio que parte da origem (fonte). Contudo, através das propriedades geométricas de uma elipse, qualquer raio emitido pelo alimentador localizado em é refletido pela elipse atingindo 2, que é o outro foco. A. Modelo de Alimentador O alimentador (fonte) utilizado neste trabalho é um alimentador modelo cosseno-elevado (Raised Cosine eed- RC). Este tipo de alimentador é bastante utilizado na representação da irradiação de alimentadores circularmente simétricos. A ig. 2 representa o diagrama de radiação deste modelo de alimentador. Os campos elétrico e magnético para o alimentador RC são equacionados da seguinte forma: Em (3), o expoente n ajusta o modelo RC ao diagrama de radiação do alimentador. A ig. 2 representa o diagrama de radiação do modelo de alimentador utilizado para n =,4. III. EQUAÇÕES DE MODELAGEM O aspecto principal desta técnica de síntese de superfícies refletoras é discretizar a distribuição dos pontos de destino (alvo) em N T pontos sobre a abertura da antena no plano z = (plano de origem ). Estes pontos correspondem a todos os focos 2 das N T elipses a serem concatenadas. Consegquentemente, a distância da origem ( ) ao foco 2 da i-ésima elipse localizada no plano z = é a distância entre os focos desta elipse (distância interfocal 2c), conforme a ig. 3, dada por: i r 2ci. (4) N T E ( r ) f ( ) cos( ) ˆ sin( ) ˆ rˆ H ( r ) onde 2 para o vácuo e E r jkr e r () (2) f n cos,, 2 2. (3) ig. 3. Parametrização das seções cônicas. Em (4), i =,..., N T, r é o raio da abertura (metade do diâmetro do refletor) e 86

Ganho (dbi) MOMAG 24: 6º SBMO - Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e º CBMag - Congresso Brasileiro de N T N S. com N S sendo a quantidade de raios emitidos pelo alimentador RC, iniciando com θ =. Logo, todas das distâncias calculadas através de (4) são eqüidistantes entre si. Outro princípio da GO utilizado neste processo é a Lei da Conservação da Energia que é empregada para o cálculo das direções dos raios que partem da fonte (na origem ) com ângulos θ i com i =,..., N T (observe a ig. 3). Considerando-se que a abertura da antena em questão é definida por um conjunto de pontos discretos: x c,2c,...,2, 2 2 c N T sendo que a potência que parte do alimentador entre os ângulos θ i- e θ i mostrados na ig. 3 deve ser igual à potência que chega ao foco 2 da i-ésima elipse, isto é: i I i r 2 sin d P, onde I (θ ) é a densidade de potência radiada pelo alimentador, P i (i =,..., N T ) é a potência que chega ao foco 2 da i-ésima elipse (potência esta que é proporcional à distribuição de potência desejada sobre a abertura do refletor) e é o fator de normalização dado por NT Pi i E I r 2 sin d, onde θ E é o ângulo de borda do refletor. Ou seja, é o fator que garante que toda a energia que o alimentador emite seja igual a energia que chega na abertura da antena garantindo assim que (7) seja satisfeita. Com isso, através de (7) e (8) e do modelo de alimentador descrito na seção anterior encontram-se os valores de θ i (com i =,..., N T ). Para o cômputo destes ângulos o processo iterativo inicia-se i = sendo θ =. O último ângulo (θ NT) deve ser igual ao ângulo de borda do refletor (θ E ) definido como um dos parâmetros de entrada. Logo, o processo de concatenação das seções de elipses é iniciado. Através da ig. 3, é possível identificar que a distância entre a fonte e o vértice do refletor corresponde ao raio i = que parte do alimentador e o seu valor (V) também é um dado de entrada deste processo de síntese. Os pontos definidos em (4) definem as distâncias focais (2c i ) das elipses utilizadas na concatenação. No intuito de especificar cada uma das seções elípticas E i que representam a geratriz da superfície do refletor modelado, os parâmetros mais importantes do processo de concatenação devem ser determinados. Utilizando-se a notação descrita em [6], a equação do raio polar de uma elipse com um de seus focos na origem em coordenadas polares é dada por: i m di m i i v ˆ i (5) (6) (7) (8) (9) onde d i- é o parâmetro focal da (i-)-ésima elipse que é representado por: 2 ci d i ai. () a i Em (9) ε i- é a excentricidade da (i-)-ésima elipse, e para o presente caso m zˆ sin xˆ i cos i i é o vetor que representa a direção de incidência sobre a (i-)- ésima elipse e v representa a direção do foco 2. Enquanto que em (), a i- é o semi- eixo maior da (i-)-ésima elipse e c i- é o foco (i-)-ésima elipse. Observe que, para elipses, <ε i- <. IV. RESULTADOS Nesta seção estão dispostos os principais resultados obtidos no presente estudo através do processo de modelagem geométrica de refletores utilizando-se o procedimento descrito nas Seções II e III. Neste estudo, para representar a curva geratriz da superfície modelada utilizou-se uma antena refletora de um único refletor circularmente simétrico. A geratriz da superfície refletora modelada obtida é comparada com a geratriz de uma antena clássica de mesma configuração usada para a síntese geométrica. Para isso, as potências P i (i =,..., N T ) sobre os focos 2 no plano z = foram especificadas proporcionalmente à distribuição de potência na abertura do parabolóide (antena clássica), segundo os princípios da GO. O modelo RC do alimentador possui n =,4, o diâmetro do parabolóide D p = 36λ e o foco V = 4λ. inalmente, o diagrama de radiação da antena é aquele disposto na ig. 4 para o plano ϕ = 45 o. 5 4 3 2 - -2-3 -4 CO-POL CX-POL -5-4 -3-2 - 2 3 4 (Graus) ig. 4. Diagrama de radiação da antena refletora clássica no plano ϕ = 45 o. () Utilizaram-se as mesmas medidas geométricas para se obter as geratrizes das superfícies modelada e clássica. A fim de determinar a geratriz que descreve o refletor modelado foram empregados os seguintes parâmetros de entrada: os pontos N T, a freqüência f, a distância entre a fonte e o vértice do refletor 87

x() x() x() MOMAG 24: 6º SBMO - Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e º CBMag - Congresso Brasileiro de V, o ângulo de borda do refletor θ E, o diâmetro da antena refletora D P, o expoente n do modelo de alimentador RC, conforme especificado em (3). Esta parametrização está disposta na Tabela. Além destes parâmetros, considera-se que a potência P i que chega ao foco 2 da i-ésima elipse com i =,..., N T é um parâmetro de entrada. A escolha de P i é feita para assegurar a Lei da Conservação da Energia especificada em (7). Também é importante enfatizar que a definição de P i depende do valor de N T, ou seja, para valores diferentes de N T tem-se uma determinada distribuição de P i, conforme (7) e (8). Com o objetivo de ilustrar a acurácia do algoritmo proposto para o processo iterativo do cômputo dos ângulos do alimentador θ i foram utilizadas 3 iterações com a parametrização descrita na Tabela. Para i = tem-se θ =, sendo assim, é possível observar através da ig. 5 que na última iteração, ou seja, para N T = 3 θ 3 = 65,475 o que é equivalente ao ângulo de borda do refletor utilizado como um dos parâmetros de entrada. Isto garante a convergência deste algoritmo para calcular todos os ângulos θ i empregando-se a Lei da Conservação da Energia dado por (7). Além disso, outro fator importante a destacar é que com um número pequeno de N T garante-se a acurácia do algoritmo para o cálculo de θ i. trabalho alterou-se apenas o valor do parâmetro N T da Tabela para 32 e 65, logo se tem dois outros estudos de caso que representam as geratrizes das superfícies modelada e clássica de acordo com as igs. 7 e 8..5 -.5 - -2.5-2 -.5 - -.5.5 z() ig. 6. Geratrizes das superfícies refletoras clássica e modelada para N T = 24. TABELA I. PARÂMETROS DE ENTRADA Variáveis Valores N T 24 D P 36λ.5 f 4 GHz V 4λ n,4 θ E 65,475 o -.5-7 6 5 X= 3 Y= 65.475-2.5-2 -.5 - -.5.5 z() ig. 7. Geratrizes dos refletores clássico e modelado para N T = 32. (Graus) 4 3 2.5 2 3 4 5 6 7 8 9 2 3 N T ig. 5. Ângulos do alimentador para N T = 3. Através dos parâmetros caracterizados na Tabela tem-se a curva geratriz que descreve o refletor modelado juntamente com a geratriz do refletor clássico, conforme a ig. 6. Com o objetivo de verificar o desempenho da técnica de síntese deste -.5 - -2.5-2 -.5 - -.5.5 z() ig. 8. Geratrizes dos refletores clássico e modelado para N T = 65. 88

Erro RMS() MOMAG 24: 6º SBMO - Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e º CBMag - Congresso Brasileiro de Cabe ressaltar que para os três estudos realizados neste trabalho considerando-se N T = 24, 32 e 65, o cálculo do erro RMS (observe a ig. 9) foi obtido. Para o cômputo do erro RMS comparou-se as distâncias entre a fonte e os refletores modelado e clássico (raios emitidos pelo alimentador). 3.5 x -3 3.4 3.3 3.2 3. 3 2.9 2.8 -.85 -.8 -.75 -.7 -.65 -.6 -.55 -.5 -.45 -.4 -.35 log(/n T ) ig. 9. Erro RMS das distâncias entre a fonte e os refletores modelado e clássico para N T = 24, 32 e 65. De acordo com a ig. 9, é possível verificar que quando se utiliza mais elipses (N T maior) no processo o erro RMS diminui em função da variável N T. Logo, para valores menores de N T o erro RMS é maior. Portanto para que seja garantida a acurácia do procedimento de síntese de antenas refletoras adotado no presente estudo é conveniente utilizar no processo mais elipses. V. CONCLUSÕES Este trabalho investigou a técnica de síntese de antenas refletoras descrita em [6], [] e [2]. Com o objetivo de avaliar a técnica investigada, modelou-se a superfície refletora de uma antena de um único refletor circularmente simétrico através da concatenação de seções de elipses. De acordo com os princípios da GO e da conservação da energia foi obtido um padrão de distribuição de potência especificado sobre a abertura da antena (região de campo próximo). Além disso, foi proposto um processo iterativo para o cálculo dos ângulos do alimentador. O desempenho do procedimento de modelagem geométrica de refletores apresentado no presente estudo foi demonstrado através da comparação das curvas geratrizes que descrevem as superfícies dos refletores modelado e clássico através de três estudos de caso. Em cada estudo de caso foi alterado o valor da variável N T. Verificou-se que para N T = 65 o erro RMS é menor comparando-se com N T = 24 e 32. Portanto, o melhor desempenho é obtido utilizando-se um número maior de elipses neste processo. AGRADECIMENTOS Os autores deste trabalho agradecem ao apoio da CAPES, CNPq, APEMIG e ao INCTCS. REERÊNCIAS [] C. A. Balanis, Antenna Theory: Analysis and Design, 3 rd ed. John Wiley and Sons, Inc., New York, 25. [2] V. Galindo, Design of dual reflector antennas with arbitrary phase and amplitude distribution, IEEE Trans. Antennas and Propagation, vol. 2, no. 4, pp. 43-48, July 964. [3]. Brickell and B. Westcott, Reflector design as an initial-value problem, IEEE Trans. Antennas and Propagation, vol. 24, no. 4, pp. 53-533, July 976. [4] V. Galindo-Israel and R. Mitra, Synthesis of offset dualshaped subreflector antennas for control of Cassegrain aperture distribution, IEEE Trans. Antennas and Propagation, vol. 32, no., pp. 86-92, 984. [5] A. Noris and W. Waddoup, A millimetric wave omnidirectional antenna with prescribed elavation shaping, in. Proc. ICAP 4 th Int. Conf. Antennas and Propagation, 985, pp. 4-45. [6] V. I. Oliker, A rigorous methos for synthesis of offset shaped reflector antennas, Computing Letters, vol. 2, no. -2, pp. 29-49, March 26. [7]. J. S. Moreira and J. R. Bergmann, GO shaping of omnidirectional dual-reflector antennas for a prescribed equi-phase aperture field distribution, IEEE Trans. Antennas and Propagation, vol. 55, pp. 99-6, 27. [8] P. Gusn and X.-J. Wang, On a Monge-Ampère Equation arising in Geometric Optics, Jornal Differential Geometry, vol. 48, pp. 25-233, 998. [9] R. A. Penchel, J. R. Bergmann and. J. S. Moreira, Main-refelctor shaping of omnidirectional dual reflectors using local conic-sections, IEEE Trans. Antennas and Propagation, vol. 6, no. 8, pp. 4379-4383, August 23. [] C. Canavesi, W. J. Cassarly and J. P. Rolland, Direct calculation algorithm for 2D reflector designn, Optics Letter, vol. 37, Issue 8, pp. 3852-3854, 22. [] S. Kochengin and V. I. Oliker, Determination of reflector surfaces from near-field scattering data II, Numerical solution, Numrishe Mathematik vol. 79, no. 4, pp. 553-568, 998. [2] S. Kochengin and V. I. Oliker, Computational algorithms for constructing reflectors, Computing and Visualization in Science, vol. 6, pp. 5-2, 26. [3]. J. S. Moreira and J. R. Bergmann, Shaping axis-symmetric dualreflector antennas by combining conic sections, IEEE Trans. Antennas and Propagations, vol. 59, no. 3, pp. 42-46, March 2. 89