QUIMIODECTOMA EM UM CÃO RELATO DE CASO CHEMODECTOMA IN A DOG - CASE REPORT

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Transcrição:

1 QUIMIODECTOMA EM UM CÃO RELATO DE CASO CHEMODECTOMA IN A DOG - CASE REPORT Roseane Oliveira FEITOSA 2 Janilene de Oliveira NASCIMENTO 2 Saulo Romero Felix GONÇALVES 2 Bárbara Nogueira da SILVA 2 Evilda Rodrigues de LIMA 1 Marcia de Figueiredo PEREIRA 1 Edna Michelly de Sá SANTOS 1 1 Professora titular de Clínica Médica de Caninos e Felinos no Departamento de Medicina Veterinária na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). 1 Professora adjunta de Patologia Especial dos Animais Domésticos no Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). 1 Professora adjunta de Clínica Médica de Caninos e Felinos no Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). 2 Aluna do curso de pós-graduação latu sensu em residência na área de clínica médica de pequenos animais da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), roseane9@hotmail.com 2 Aluna do curso de pós-graduação latu sensu em residência na área de medicina veterinária preventiva doenças parasitárias da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). 2 Aluno do curso de pós-graduação latu sensu em residência na área de patologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). 2 Aluna do curso de pós-graduação latu sensu em residência na área de clínica médica de pequenos animais da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). RESUMO: Esse presente resumo descreve o relato de um cão, SRD, macho, 13 anos, levado para atendimento clínico no setor de clínica médica de pequenos animais do hospital veterinário da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), com aumento de volume na região de face, pescoço, membros torácicos, esforço respiratório e redução do apetite, com evolução de 30 dias. Na avaliação clínica observou-se um quadro de desidratação moderada, edema em região de cabeça, pescoço, membros torácicos e região ventral do tórax. Foi realizado radiografia do tórax, evidenciando efusão pleural e metástase pulmonar. A terapia com fluidoterapia foi instituída, associada a administração de diurético e drenagem do líquido pleural. Após 24 horas o animal veio a óbito e foi encaminhado para o setor de patologia para a realização de necropsia e coleta de material para avaliação histopatológica. Na necropsia evidenciou uma massa extensa na base do coração, nódulos difusos nos pulmões, congestão hepática, renal, encefálica e hemorragia duodenal e no exame histopatológico o tumor foi caracterizado como quimiodectoma, com presença de metástase pulmonar. Palavras-chave: tumor de corpo aórtico, síndrome caval, metástase, cão. Anais do 38º CBA, 2017 - p.0081

2 Keywords: Aortic body tumor, caval syndrome, metastasis, dog. REVISÃO DE LITERATURA: O tumor da base do coração, também citado como quimiodectoma ou paraganglioma (MEUTEN, 2002), se origina de quimiorreceptores situados na adventícia da aorta. Estes são estruturas especializadas na manutenção da homeostase do sistema cardiorrespiratório, funcionando como barorreceptores, quando promovem o aumento ou a diminuição da frequência cardíaca, da pressão arterial, do tônus vasomotor, da atividade do córtex cerebral e da liberação de adrenalina, e detectam variações de pressão de oxigênio e de dióxido de carbono (EHRHART et al., 2002). Baseados nessa função, foram chamados de quimiodectomas (JONES et al.,1996). A etiologia está relacionada a fatores genéticos e à hipóxia crônica. Podem acometer cães e raramente gatos e bovinos. Cães idosos e de raças braquiocefálicas como Boxer, Bulldog e Boston terrier apresentam maior predisposição ao desenvolvimento da neoplasia (JARK et al., 2011; MEUTEN et al., 2002). Estudos epidemiológicos têm revelado maior incidência nos machos da espécie canina, principalmente aqueles com idade superior a 8 anos (FRANÇA et al., 2003). Podem desenvolver-se sem sinais clínicos e descobertos acidentalmente durante a necropsia. Seu crescimento é infiltrativo na artéria aorta, na artéria pulmonar, no átrio e no pericárdio, e frequentemente há efusão pericárdica hemorrágica (ROHN e KIENLE, 2007). A síndrome da veia cava (SVC) é secundária a obstrução do fluxo sanguíneo, promovendo a distensão venosa dos vasos das regiões da cabeça, pescoço e porção cranial do tórax. Observa-se esta síndrome em processos malignos intratorácicos ou pela dirofilariose (CIRINO et al., 2005). São tumores afuncionais, frequentemente benignos, de crescimento lento (MOURA et al., 2006). Sendo malígnos, as formas metastáticas podem se disseminar para pulmões, linfonodos, fígado, rins, ossos, cérebro e medula espinal (ROHN e KIENLE, 2007). O diagnóstico é através da avaliação dos sinais clínicos, radiografias torácicas, ultrassonografia e avaliação citológica ou biópsia cirúrgica do tumor, sendo esta confirmativa. O exame de escolha é o ecocardiograma, pois permite a avaliação acurada das estruturas, sendo eficaz em demonstrar massas de volume menor (MOURA et al., 2006). Anais do 38º CBA, 2017 - p.0082

3 No histopatológico, os quimiodectomas são essencialmente similares, sejam eles derivados do corpo carotídeo ou do corpo aórtico. As células são bem diferenciadas, possuem citoplasma vacuolado, ligeiramente eosinofílico, delicadamente granular e o núcleo grande (CAPEN, 1991). A ressecção cirúrgica representa o principal procedimento terapêutico para tumores de base do coração, sendo indicado quando não há metástase pulmonar (ROHN e KIENLE, 2007). DESCRIÇÃO DO CASO: Foi atendido no Hospital veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) um cão SRD, macho, 13 anos, com histórico de esforço respiratório, intolerância ao exercício, aumento de volume em regiões de face e membros torácicos e falta de apetite, com evolução de 30 dias. No exame físico, observou-se edema nas regiões da cabeça, pescoço, membros torácicos e ventral do tórax; grau de desidratação 8%; e mucosas hipocoradas. Na auscultação foi observado hiperpnéia e sons cardíacos abafados. Foi solicitado radiografia de tórax e o laudo foi sugestivo de aumento da radiopacidade em campos pulmonares e processo neoplásico metastático, associado a efusão pleural. O animal permaneceu na fluidoterapia com administração de furosemida na dose de 3 mg/kg a cada 8 horas. Realizou-se drenagem do líquido da efusão pleural, observando aspecto hemorrágico. Após 24 horas o animal veio a óbito e encaminhado para o setor de patologia para a realização do exame necroscópico e coleta de material para avaliação histopatológica. Foi observado um tumor infiltrativo de base cardíaca invadindo a luz do átrio direito, obstruindo o retorno venoso, e com presença de um grande trombo localizado no ventrículo esquerdo e nódulos difusos em pulmões. Observou-se congestão hepática, renal, encefálica e hemorragia em duodeno. Histologicamente, o tumor foi caracterizado como quimiodectoma, com metástase pulmonar. DISCUSSÃO: As informações corroboram com Meuten et al. (2002); França et al. (2003) e Jark et al. (2011), sobre a predisposição de cães machos e idosos no desenvolvimento dessa neoplasia, já que o paciente em questão era macho com 13 Anais do 38º CBA, 2017 - p.0083

4 anos de idade. O paciente apresentou edema na região de face, pescoço, membros anteriores e região ventral do tórax, o que configura déficit de retorno venoso das regiões cranial e cervical, com consequente aumento da pressão hidrostática e extravasamento de líquido para a cavidade torácica e tecido subcutâneo, inferindose assim a síndrome da veia cava caudal (FERREIRA et al., 2010). Segundo Morais e Schwartz (2005), a insuficiência cardíaca congestiva secundária a neoplasia representa um quadro de baixo débito cardíaco e acúmulo de líquidos, aumentando a pressão venosa sistêmica, causando, então, a congestão hepática e renal, observada neste relato. A efusão pleural associa-se a qualquer neoplasia primária ou metastática envolvendo a cavidade torácica (MONNET, 2007). Provavelmente, os quimiodectomas ocasionam efusões hemorrágicas, pois notam-se, invariavelmente, áreas de hemorragia e necrose em sua superfície (ROHN e KIENLE, 2007). Essas informações corroboram com o caso relatado, podendo associar a efusão pleural hemorrágico com a presença do tumor na base do coração e com a metástase pulmonar. Realizou-se drenagem do líquido pleural e a administração de furosemida na dose de 3 mg /kg endovenosa, além de recomendações de internação do paciente, não realizada por parte do tutor. As complicações clínicas do animal relaciona-se com as informações citadas por Rohn e Kienle (2007) em que neoplasias obstrutivas e infiltrativas das veias cavas cranial e caudal prejudicam o retorno venoso, podendo ocasionar hipertrofia ventricular, menor débito cardíaco e síncope. CONCLUSÃO: Animais que procuram atendimento clínico apresentando edema de face e membros torácicos, possivelmente pode ser de alterações da síndrome da veia cava secundário a tumor na base do coração. A excisão cirúrgica deve ser realizada em tumores não invasivos, propiciando uma maior sobrevida nesses pacientes. REFERÊNCIAS: Anais do 38º CBA, 2017 - p.0084

5 AUPPERLE, H.; MARZ, I.; ELLENBERGER, C.; BUSCHATZ, S.; REISCHAUER, A.; SCHOON, H.A. Primary and secondary heart tumours in dogs and cats. Journal of Comparative Pathology; v.136, n.1: p.18 26, 2007. CAPEN, C.C. Pathology of Domestic Animals. In: JUBB, K.V.F.;KENNEDY, P.C.; PALMER, N.(Eds.). Montevideo: Agropecuária Hemisfério Sur, 1991. p. 331-333. CIRINO, L.M.I.; COELHO, R.F.; ROCHA, I.D.; BATISTA, B.P.S.N.;. Tratamento da síndrome da veia cava superior. J Bras Pneumol, v. 31, n.6, p. 540-550, 2005. EHRHART, N.; EHRHART, E.J.; WILLIS, J.; SISSON, D.; CONSTABLE, P.; GREENFIELD, C.; MANFRA-MARETTA, S.; HINTERMEISTER, J.; Analysis of factors affecting survival in dogs with aortic body tumors. Vet Surg., v.31, n. 1, p.44-48, 2002 FERREIRA, F. S.; SILVEIRA, L. L.; VALE, D. F.; SALAVESSA, C. M.; BARRETTO, F. L.; OLIVEIRA, A. L. A.; CARVALHO, E. C. Q.; ANTUNES, F.; CARVALHO, C.B. Síndrome da veia cava cranial (SVCC) secundária a quimiodectoma aórtico em cão relato de caso. Revista portuguesa de ciências veterinárias, Rio de janeiro, v. 109, n. 573-576, p. 63-70, 2010. FRANÇA, L.H.G.; BREDT, C.G.; VEDOLIN, A.; BACK, L.A.; STAHLKE JR, H.J. Tratamento cirúrgico do tumor de corpo carotídeo: experiência de 30 anos do Hospital de Clínicas da UFPR. J. Vac. Br., v.2, n. 3, p. 171-176, 2003. JARK, P.C.; GRANDI, F.; DOICHE, D.P.; MACHADO, L.H.A.; LOURENÇO, M.L.G.; SEQUEIRA, J.L.; Quimiodectoma de corpo aórtico em cão. Clín Vet, v. 90, n.4, p. 54-60, 2011. JONES, T.C.; HUNT, R.D.; KING, N.W. Cardiovascular system. In: Veterinary pathology. Baltimore: Williams & Wilkins, 1996. p. 975-1008. MEUTEN, D.J.; Tumors in domestic animals. 4.ed. Iowa: Iowa State Press, 2002:800p. MONNET, E. Pleura e espaço pleural. In: SLATTER, D. (Eds.) Manual de cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Editora Manole, 2007. p. 469-489. MOURA, V.M.B.D.; GOIOZO, P.F.I.; THOMÉ, H.E.; CALDEIRA, C.P.; BANDARRA, E.P. Quimiodectoma como causa de morte súbita em cão. Veterinária Notícias. v. 12, n. 1, p. 95-99, 2006. Anais do 38º CBA, 2017 - p.0085

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