Setembro Zona A MACROECONOMIA

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Transcrição:

Setembro Zona A MACROECONOMIA JANEIRO A MARÇO 214

Macroeconomia Perspectiva e desenvolvimentos recentes Índice 1. O contexto macroeconómico de Angola nos últimos anos. Demografia e condições de vida. Evolução e estrutura do PIB. Investimento. Estrutura do comércio internacional. Mercado laboral. Ambiente para negócios. Défice e dívida pública. Preços. Sector financeiro 2. Desenvolvimentos recentes e Previsões. Crescimento mundial e angolano. Sector Extractivo: Petróleo e Diamantes. Inflação abaixo dos 8%. Comércio internacional. Mercado de crédito. Fundo Soberano 3. Orçamento Geral de Estado 214

1. O contexto macroeconómico de Angola nos últimos anos Demografia e condições de vida Segundo estimativas do FMI, a população em Angola era cerca de 2 milhões em 212 e 213 e mais de 25% desse valor habita na província de Luanda. O crescimento em relação ao período de fim da guerra foi de cerca de 3,4% por ano (em 22 estimava-se a população em perto de 15 milhões). Na década anterior (1992-21), o crescimento foi menor, mas ainda assim atingiu cerca de 3,1% ao ano. Dados do World Bank sugeriam que 47,5% da população tinha menos de 14 anos em 212, um valor que permanece praticamente inalterado desde os anos 8. Isto deve-se à elevada fertilidade (5,3 nascimentos por mulher em 211) associada a uma reduzida esperança de vida (51,1 anos em 211). Esta estrutura populacional impõe uma pressão elevada sobre o sistema educativo, ao mesmo tempo que alberga um potencial de força de trabalho jovem que poderá dinamizar ainda mais a economia nas próximas décadas. Para isso é crucial a formação apropriada da população jovem. A evolução da estrutura populacional nas últimas duas décadas revela um aumento gradual da esperança média de vida de quase 1 anos entre 1992 e 212, ao mesmo tempo que a fatia ocupada no total da população das camadas entre os e os 14 se mantém-se pouco alterada. Um outro indicador populacional que revela significativas alterações é a percentagem de população urbana e rural. Entre 1992 e 212, a distribuição inverteu-se: inicialmente a população urbana era cerca de 4% e a rural 6%; actualmente o cenário é o inverso. Luanda é a cidade mais populosa: claramente subdimensionada para a população, o êxodo rural cria problemas de alojamento por resolver no médio prazo. O rápido crescimento da economia tem atraído imigração, em particular vinda de Portugal e da China, resultando num saldo migratório geralmente positivo na última década. Dados do Banco Mundial apontam para um saldo de 172 mil indivíduos em 25 e 82 mil em 21. O censo piloto que já começou e o censo geral que terá lugar em Maio de 214 permitirá uma recolha mais completa de dados sobre a população e as suas condições de vida, nomeadamente habitacionais. Milhões 2 18 16 14 12 1 8 6 4 2 População valor médio 1992-21 22-212 Fonte: FMI anos Esperança média de vida à nascença 8 7 6 22 211 5 1992 4 3 2 1 Fonte: World Bank

Ainda segundo estimativas do FMI, o PIB per capita Angolano foi de 6 dólares anuais em 212, sete vezes superior ao PIB per capita de 23. Ao mesmo tempo, a média do PIB pc ao longo da década de 22-12 é cerca do dobro da média do PIB pc na década anterior. Esta evolução é muito positiva embora a distribuição seja ainda deficitária, como se pode ver pelo gráfico que compara a share do rendimento detido pelos 2% mais ricos (cerca de 5% da riqueza, 29) e os 2% mais pobres (perto de 5%, 29), e em que a evolução nos últimos 1 anos foi incipiente. 1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 Share da População Urbana e Rural População Urbana População Rural 1992 22 212 Fonte: World Bank Não obstante os progressos sociais alcançados (o PIB per capita cresceu a uma taxa média anual de 24% entre 22 e 212), os níveis de pobreza são ainda elevados, estimando-se que cerca de 37% da população se encontre a viver abaixo do limiar de pobreza nacional (4,793 kwanzas/mês), de acordo com as últimas estatísticas sociais disponibilizadas pelo Instituto Nacional de Estatística de Angola (Inquérito Integrado sobre o Bem-Estar da População 28-29). A distribuição do rendimento também é extremamente assimétrica, perpetuando diferenças significativas no acesso a oportunidades e de mobilidade social e dificultando a promoção de um crescimento sustentado e a manutenção da estabilidade social. O primeiro quintil da população (2%) detém apenas 3% do rendimento, enquanto que o último quintil detém 59%. Angola conseguiu reduzir em mais de metade a proporção da população com fome desde 199 (uma das metas dos ODM), no entanto, são fracas as condições de acesso a infraestruturas básicas (por exemplo, apenas 42% da população tem acesso a água em condições adequadas), com disparidades enormes entre zonas rurais e zonas urbanas. Por outro lado, serão necessários mais esforços de investimento em capital humano, importante factor de sucesso para o processo de crescimento e diversificação económica de Angola. A baixa qualificação da mão-de-obra (apenas 4% concluiu o ensino superior; 55% da população tem apenas o ensino primário) é um dos principais constrangimentos identificados pelo relatório Doing Business ao desenvolvimento normal de negócios no país. A estratégia de longo prazo deverá incluir o emprego e a qualificação da mão-de-obra, factores que garantem a AOA 6,. 5,. 4,. 3,. 2,. 1,.. PIB per capita valor médio, preços constantes 1992-21 22-212 Fonte: FMI % total 8 7 6 5 4 3 2 1 Distribuição de rendimentos entre os mais ricos e mais pobres Fatia de rendimentos dos 2% mais ricos Fatia de rendimento dos 2% mais pobres 2 29 Fonte: World Bank

sustentabilidade do crescimento, possibilitando uma subida progressiva do rendimento da população, acompanhado de ganhos de produtividade. A nova lei cambial aplicável ao sector petrolífero, que entrou recentemente em vigor, poderá estimular a actividade no sistema financeiro e o aprofundamento e inovação nos produtos financeiros oferecidos pelo sistema bancário nos próximos anos. O governo encontra-se actualmente a estudar a possibilidade de diversificação de fontes de financiamento da economia, através do desenvolvimento de um mercado secundário de obrigações. O objectivo é de que entre em funcionamento um mercado de transacção de títulos de dívida pública, sendo que a Comissão do Mercado de Capitais pretende alargar as transacções financeiras à dívida de empresas. A abertura deste mercado ajudará a criar as condições necessárias ao futuro desenvolvimento de um mercado de acções em Luanda, tema em debate há mais de uma década e que se prevê que possa ser estabelecido em 216. Angola encontra-se actualmente a promover a sustentabilidade orçamental de longo prazo, através nomeadamente da expansão da base tributária no sector não petrolífero. Uma das formas de promover a diversificação de fontes de receita está relacionada com o desenvolvimento da máquina administrativa e a implementação de uma reforma tributária abrangente, o que teve início em 212 através da implementação do Programa Executivo de Reforma Tributária (PERT). Outra forma, menos directa, de influenciar a evolução das receitas não petrolíferas, prende-se com o investimento público e a eliminação de constrangimentos estruturais ao florescimento do sector privado fora da exploração dos recursos petrolíferos. Evolução e Estrutura do PIB A economia Angolana está fortemente concentrada no sector petrolífero que representa quase metade do seu PIB, o que a torna refém dos movimentos de preços internacionais do petróleo bruto. Nos últimos anos o Governo tem vindo a procurar atrair investimento para outros sectores da economia, de forma a diversificar as fontes de crescimento e permitir um desenvolvimento mais sustentável e menos volátil. Por conseguinte, o peso do petróleo tem vindo a diminuir desde 28 tendo em 212 atingido 44,5% do PIB. AOA PIB real de Angola mil milhões 18 16 14 12 1 8 6 4 2 22 23 24 25 26 27 28 29 21 211 212 213 Fonte: FMI P 214 P Em 212, a descida de 4,1 pontos percentuais no peso do petróleo foi compensada pelo aumento em 1,8 pontos percentuais dos serviços mercantis, que em 212 eram o segundo sector da economia, com 21,7% do PIB. O peso da agricultura subiu 1,2 pontos percentuais para atingir 1,5% em 212. Os pesos dos sectores da Energia e da Indústria transformadora mantiveram-se praticamente inalterados em 7,9% e,1% do PIB em 212. Ainda assim, o sector energético registou uma taxa de crescimento real de 23,9%, a mais elevada de 212, que

reflecte o alargamento da rede de produção e distribuição de electricidade no ano passado. A procura agregada tem registado um comportamento positivo, em todas as suas componentes, excepto em 29, onde as exportações registam uma queda acentuada de cerca 6%. Houve uma ligeira recuperação das exportações em 21 já só contraindo cerca de 2%. O consumo público e privado têm apresentado crescimentos acentuados todos os anos. As importações aceleraram face às exportações em 29 e 21. Angola World Bank FMI 211 212 213 e 214 P 215 P 211 212 213 P 214 P 215 P PIB real, tx crescimento 3.9 5.2 5.1 8. 7.3 3.9 5.2 5.6 6.3 6.4 PIB per capita, AOA 7928.9 7244.6 74251.5 76611.2 79121.5 Investimento, % PIB 11.4 11.7 12.9 15.1 13.8 14.5 14.2 Balança Corrente, % PIB 12.6 1.4 1.6 9.2 9.5 12.6 9.2 7.1 4.6 1.1 Saldo Orçamental, % PIB 8.7 4.5 1.2 -.8-2.2 Taxa Inflação, % 13.5 1.3 13.5 1.3 9.2 8.5 7.7 Fonte: FMI, World Bank Investimento A evolução de longo prazo do investimento deve ser lida tendo em conta a combinação dos gráficos desta página. O investimento em termos de formação bruta de capital fixo está de um modo geral em crescimento, embora seja claro que não acompanha o ritmo de crescimento da economia, essencialmente conduzido pela exportação de petróleo. O maior crescimento do PIB faz com que o % 9 8 8 7 7 6 6 5 5 4 PIB em Angola previsões World Bank 4 211 212 213 e 214 P 215 P Fonte: FMI e World Bank FMI % 14 12 1 8 6 4 2 Investimento Privado 1992 Investimento privado e total, em % do PIB 22 Fonte: World Bank 212 Investimento Total (Público e Privado) 1992 22 212 4 35 3 25 2 15 1 % PIB 5 Investimento Formação Bruta de Capital Fixo 1996 1997 1998 1999 2 21 22 23 24 25 26 27 28 29 21 211 212 Fonte: World Bank

investimento medido em percentagem do PIB seja menor, explicando as diferenças pouco expressivas entre 22 e 212. No entanto, de um modo geral, tanto investimento público como privado têm crescido na última década. Actualmente o investimento total tem rondado os 1-15% do PIB, enquanto que a fatia do investimento privado, que chegou a ter mais peso que o investimento público, representa agora menos de 5% do PIB. O investimento público tem como base o PND (Plano Nacional de Desenvolvimento, o mais recente refere-se ao período 213-217), onde se definem áreas chave para o investimento público e para o desenvolvimento da sociedade. Ao mesmo tempo, crescem o número de investimentos privados, internos ou estrangeiros, em coordenação com a ANIP. O PND baseia-se na Estratégia Nacional de Desenvolvimento a longo prazo Angola 225 e visa impulsionar as reformas estruturais em Angola para contribuir para o maior desenvolvimento do país, do ponto de vista social e económico. O plano de acção passa igualmente por conseguir a necessária estabilidade macroeconómica e a recuperação das infraestruturas após décadas de guerra; desenvolver o sector privado e promover o empreendedorismo, que contribuirá para o aumento do investimento; gerar um mercado de trabalho mais dinâmico e aumentar a produtividade; melhorar a competitividade de Angola no contexto internacional. Deste modo, o Plano inclui vários projectos a implementar e vários fundos a distribuir por projectos pertinentes. No Plano para o período 213-217 existem um total de 39 projectos em todo o país. Em termos de valor do investimento, os projectos envolvem cerca de USD 63 mil milhões. A grande maioria dos projectos tem implementação a nível regional (33), alguns somente a nível local (2) e os restantes são desenvolvidos a nível nacional (85). Esta distribuição parece ser muito prática. Por um lado, o país deve continuar a melhorar as condições na educação, saúde, distribuição de água e energia e desenvolvimento industrial, que normalmente implicam um esforço nacional. Por outro lado, separar os projectos por região permite ajustá-los às reais necessidades locais, tendo em conta os diferentes graus de desenvolvimento e as diferentes necessidades de abordagem. É positivo o empenho do Executivo em lançar tantos projectos para desenvolver o país, mas é crucial para o desenvolvimento económico e social que o faça de modo subsidiário, fomentando a iniciativa de investimento estrangeiro e sobretudo o empreendedorismo regional e local que melhorarão as condições de vida da população, diminuirá a pobreza e gerará o dinamismo económico necessário para o desenvolvimento das regiões. Esta preocupação por ensinar a fazer e promover a capacidade dos cidadãos livremente garantirem a sua subsistência e adequado nível de vida é crucial para o próprio desenvolvimento humano. Ao mesmo tempo dever-se-á ter em conta a celeridade na execução dos projectos, a sua transparência e a eficiência na alocação de fundos, evitando a burocracia, por vezes excessiva.

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2 21 22 23 24 25 26 27 28 29 21 211 212 Estrutura do comércio internacional O petróleo bruto representa 97% das exportações Angolanas. Os seus principais países-destino são a China e os Estados Unidos, o que a torna muito dependente dos destinos económicos destes dois países. Nas importações, os combustíveis representam 22,6% das importações, seguidos dos bem alimentares com 13,4%. Angola importa primariamente de Portugal, com 2% total das importações (dados similares aos apresentados pela EIU, como demonstra o gráfico à lateral.). A China vem em segundo lugar com 9,1%. A redução dos preços dos bens e serviços em Portugal aliados à estabilidade do Kwanza compensaram a valorização do euro face ao dólar. Mercado Laboral Segundo o World Bank, a actividade económica em grande parte da África subsaariana mantém-se robusta e aumentam os rendimentos per capita. No entanto, o relatório aponta, sem especificar os países, que em muitos destes países a pobreza se mantém amplamente espalhada e o desemprego elevado, factores correlacionados. Em Angola não há dados oficiais sobre a evolução da taxa de desemprego, o que já por si é um indicador de que o mercado laboral precisa de ser melhorado. % Rácio Emprego (+15 anos) / População 7 69 68 67 66 65 64 63 62 61 6 Fonte: World Bank O World Bank disponibiliza alguns dados sobre o rácio emprego / população, que na última década flutuou à volta dos 65%, onde se situa atualmente. Vários desafios se parecem colocar no mercado de trabalho de Angola: um deles é melhorar a formação da população jovem; os esforços feitos no país resultaram, segundo o World Bank, numa taxa de inscrição na educação primária de 125% do número de crianças nesta idade escolar, o que significa que também adultos se estão a inscrever. Este valor é também superior aos 1% registado nos países da África subsaariana. Contudo, para níveis mais altos de educação, a taxa de inscrição permanece abaixo dos parceiros; apenas 31,3% para educação secundária e menos de 4% para o ensino superior. Com efeito, neste momento Angola ainda

necessita de atrair pessoas com qualificações superiores. Outros desafios colocam-se ao nível do protecção social e do emprego precário. Recentemente o Governo manifestou desejos de fazer alterações ao código laboral. Ambiente para fazer negócios Angola caiu da posição 178 para a 179 no mais recente relatório Doing Business do Banco Mundial. A maior queda registou-se no indicador relacionado com os trâmites para a obtenção de licenças de construção, seguido dos indicadores de obtenção de crédito, criação de novas empresas e acesso à electricidade. Apesar desta queda, os indicadores relacionados com os trâmites para a obtenção de licenças de construção e a protecção de investidores são os melhores em Angola, enquanto os piores são a resolução de insolvências e a execução coerciva de contratos. Angola está relativamente mal posicionada nesta classificação quando comparada com a média da África Subsaariana. Isto leva a crer que existe um claro espaço para melhorar. Défice e Dívida Pública % do PIB Dívida Pública de Angola 12 178 65 17 132 13 8 155 169 187 189 Na última década, o saldo orçamental do 1 Governo foi geralmente positivo, com a excepção do ano de 29. Deste modo, a 8 dívida pública foi-se reduzindo 6 acentuadamente desde o final da guerra em 4 22, caindo de quase 6% em 24 para cerca de 3% do PIB em 211. Ao mesmo 2 tempo, o Governo utilizou parte das receitas de petróleo para melhorar algumas infraestruturas, sobretudo depois de 28/9, quando se tornou claro que a economia era Fonte: FMI muito vulnerável aos choques petrolíferos. De acordo com o Plano Nacional de Desenvolvimento para 213-217, o Governo espera fluxos de investimento até EUR 6,8 mil milhões, dos quais EUR 5,7 mil milhões financiados pelo Governo, dirigidos à produção e distribuição de água e de energia, melhoria de vias rodoviárias, construção, petróleo e gás, indústria extractiva e agricultura. 2 s cio 18 g ó e n r 16 ze fa se e 14 d e a d 12 cild fa a n1 s e sin u 8 B g in o D 6 o çã 4 sifica la C 2 124 117 135 121 113 114 Aberturade Obtençãode Obtençãode Registrode Obtençãode Proteçãode empresas alvaráde eletricidade propriedades crédito investidores construção AngolaemDB214 126 141 Pagamento Comércio deimpostos entre fronteiras 123 ClassificaçãomédiadaÁfricaSubsaarianaemDB214 134 Execuçãode Resoluçãode contratos insolvência Fonte: DoingBusiness 214. Preços

Angola sofreu hiperinflação durante o período de guerra e pós-guerra e a estabilidade de preços sempre foi uma preocupação neste país. A inflação baixou muito desde o final da guerra e está actualmente abaixo dos dois dígitos, o objectivo do Banco Central. Ainda assim, visto que a taxa de câmbio se tem mantido estável, a inflação nestes valores continua a prejudicar a competitividade. Para que o país diversifique as suas fontes de crescimento, uma continuação de redução da inflação deve ser procurada. % 12 1 8 6 4 2 Inflação pré e pós guerra valores médio por década 1992-21 22-212 Fonte: FMI % Inflação na última década valores anuais 12 1 8 6 4 2 22 23 24 25 26 27 28 29 21 211 212 213 Fonte: FMI P Sector financeiro Actualmente, o sector financeiro angolano está em desenvolvimento mas apresenta algumas deficiências que, de um modo geral, estão a tentar ser solucionadas. Por exemplo, existem várias operações financeiras que apenas se realizam no mercado interbancário e ainda não existe uma bolsa de valores. A concessão de crédito tem crescido consideravelmente, sustentada por um crescimento dos depósitos, garantindo um rácio crédito / depósitos prudente. Note-se que cerca de metade do crédito é concedido em moeda nacional e outra metade em dólares americanos, pelo que a economia sofre de excesso desta moeda. Recentemente, a nova lei cambial vem procurar reduzir este problema através da imposição por lei do pagamento em kwanzas de várias actividades e operações. Esta medida já tem mostrado efeitos positivos na economia e no problema da dolarização, mas no curto prazo poderá continuar a causar alguma instabilidade e uma eventual quebra da actividade económica. As reservas estão num valor alto, cobrindo cerca do dobro do valor das importações anuais do país. Nos próximos anos, o FMI, no seu último World Economic Outlook projecta uma descida moderada dos preços, até se fixarem numa variação de 7% em 216. Esta previsão dependerá da velocidade de implementação do plano de investimentos públicos em infraestruturas, que ajudará a resolver problemas de logística e de distribuição de bens de consumo em território nacional. No final de Junho de 213, o Comité de Política Monetária decidiu também alterar o coeficiente

Dez-11 jan-12 Fev-12 mar-12 Abr-12 Mai-12 jun-12 jul-12 Ago-12 Set-12 Out-12 nov-12 dez-12 jan-13 fev-13 mar-13 abr-13 mai-13 jun-13 jul-13 ago-13 set-13 out-13 nov-13 obrigatoriedade de pagamentos a fornecedores através de instituições locais de reservas obrigatórias sobre os depósitos dos bancos comerciais em moeda nacional. O coeficiente aplicado era de 2%, tendo sido reduzido em 5%, para 15%. Este passa a ser idêntico ao coeficiente aplicável nos depósitos em moeda estrangeira, traduzindo o objectivo das autoridades em reduzir custos de financiamento dos agentes económicos que recorrem a crédito bancário. No entanto, estes custos de financiamento apresentam uma tendência mista. As taxas praticadas no crédito até 6 meses subiram % do total desde o final de 212, tendo atingido os 18% em Abril, enquanto que no crédito até 1 ano, as taxas de juro praticadas mantiveram uma tendência descendente desde Julho de 212. Esta evolução nas taxas de juro activas contrasta com uma relativa estabilidade das taxas de juro praticadas no mercado interbancário. No prazo de 6 meses e 1 ano, as taxas LUIBOR variam actualmente em torno dos 9% e 11%, respectivamente. Constrangimentos estruturais (fraca execução de contratos e falta de instrumentos de monitorização do risco de crédito) continuam a dificultar a expansão do crédito, especialmente a pequenas e médias empresas e ao sector informal, que se estima que represente cerca de 4% do PIB não petrolífero. Em Angola, teve início, no dia 1 de Julho de 213, a obrigatoriedade das sociedades operadoras do sector petrolífero, nacionais e estrangeiras, de efectuarem pagamentos de fornecimentos de bens e serviços a residentes cambiais exclusivamente em moeda nacional. Esta obrigatoriedade é a penúltima etapa da Nova Lei Cambial Aplicável ao Sector Petrolífero, criada em 212 com o objectivo de reduzir o nível de dolarização da economia angolana e aumentar a eficácia da política monetária, melhorando o controlo da inflação. A concretização da última etapa do processo estava prevista para Outubro de 213, altura em que as entidades do sector petrolífero serão obrigadas a efectuar pagamentos de bens e serviços ao exterior a partir de contas junto de entidades financeiras locais. O impacto da Nova Lei Cambial ainda é incerto, havendo estudos que indicam que a 1% 9% 8% 7% 6% 5% 4% 3% 2% 1% % Fonte: BNA Crédito por sector institucional Sector privado Sector público empresarial Estado

pode gerar uma liquidez adicional de 1 mil milhões de dólares ao ano (para compreender a sua dimensão, este valor representa cerca de 4% dos depósitos totais em instituições financeiras). No entanto, apenas uma pequena parte ficará na economia local, prevendo-se que a maior parte deste volume seja utilizada para pagamentos a fornecedores estrangeiros. A política monetária seguirá atentamente a evolução da liquidez no sistema, sinalizando eventualmente um ciclo de aperto caso a evolução de indicadores de inflação e financeiros (forte aumento da inflação; acumulação de desequilíbrios entre activos e passivos dos bancos) assim o justifique. Previsões cresc. PIB Média 2-1 212 213 214 215 Mundo 3.8 3.2 2.9 3.6 4. Zona Euro 1.4 -.6 -.4 1. 1.4 Economias Avanç. 1.9 1.5 1.2 2. 2.5 Ásia em desenv. 8.4 6.4 6.3 6.5 6.6 Estados Unidos 1.9 2.8 1.6 2.6 3.4 Brazil 3.7.9 2.5 2.5 3.2 Angola 1.8 5.2 5.6 6.3 6.4 Fonte: FMI 2. Desenvolvimentos recentes e Previsões Crescimento mundial e Angolano Depois de um crescimento do PIB mais moderado em 212 e 213 em relação à década anterior em quase todas as regiões do globo, o produto deverá crescer mais em 214, ainda que de um modo geral se mantenha abaixo do média 2-21. O PIB mundial deverá crescer 3.6%,.7 pontos percentuais acima do ano passado. Em Angola, depois de um crescimento em 212 de 5.2%, o FMI estima que 213 tenha fechado com um crescimento de 5.6%, valor ligeiramente superior à taxa de 5,1% projectada pelo Ministério do Planeamento e do Desenvolvimento Territorial, segundo o mais recente relatório de inflação do BNA. O documento do BNA faz notar o crescimento previsto para o sector não petrolífero de 6,5%, referindo ainda que, de acordo com estas projecções, a estrutura percentual do PIB se alterou, tendo o petróleo diminuído a sua contribuição para 43% do PIB, 3,9 p.p. abaixo do valor estimado para o ano anterior, enquanto os serviços mercantis registaram um aumento da sua contribuição de 22,1% para 23,4%. Apesar das projecções mais optimistas do Banco Mundial e da OCDE para 214 (8,% e 8,2%), o FMI prevê um crescimento mais modesto de 6,3%. A razão para esta revisão em baixa (8,4% o ano passado) parece prender-se com os atrasos na execução do orçamento. Segundo o Banco Mundial, no entanto, as previsões estão bastante sensíveis a alguns factores. Entre os principais riscos apontam-se o declínio estrutural no preço das matérias primas, que segundo cálculos do Banco Mundial afectará em primeiro lugar e de modo mais vincado a África subsaariana, isto no cenário de um choque de um desvio padrão no preço do petróleo. Naturalmente os exportadores de petróleo, como Angola, serão os mais afectados, sobretudo se não têm um produto suficientemente diversificado, como é o caso de Angola.

jan-21 mar-21 mai-21 jul-21 set-21 nov-21 jan-211 mar-211 mai-211 jul-211 set-211 nov-211 jan-212 mar-212 mai-212 jul-212 set-212 nov-212 jan-213 mar-213 mai-213 jul-213 set-213 nov-213 Produção de petróleo Nos últimos meses, a produção tem permanecido globalmente estável em redor dos 1,7 mbd. Em relação aos preços, o Cabaz de Referência da OPEP atingiu uma média de USD 15/b em Outubro, uma descida de 1,7% em relação ao mês anterior, uma vez que a maioria dos componentes foi afectada pelo elevado nível de existências de petróleo. Em Dezembro, os preços voltaram a subir, tendo o cabaz de referência da OPEP registado USD 17,7/b. Esperam-se novas subidas em Janeiro em resultado do frio polar registado nos E.U.A. 2.5 2 1.5 1.5 Fonte: OPEC Produção do petróleo em Angola Produção, mbd A extracção de minerais apresenta grande potencial de crescimento Angola é o quarto maior produtor mundial de diamantes e existem outros minérios em abundância no país. A aprovação de uma nova lei sobre o sector mineiro visa incentivar a entrada de investimento neste sector, com as principais alterações à lei a incluírem a atribuição simultânea das licenças de exploração e extracção de minérios (anteriormente, estas licenças eram atribuídas de forma sequencial) e a redução da participação do Estado no capital das empresas mineiras de 5% para 1%. A lei pretende aumentar a transparência e definir direitos de propriedade, assim como garantir o respeito por aspectos ambientais e incentivar a criação de emprego. O objectivo do governo é alargar o investimento à exploração de outros minérios, para além dos diamantes, nomeadamente o ferro, o ouro, o urânio, o carvão e o cobre. Um maior interesse dos investidores por este sector dependerá, no entanto, da capacidade em reduzir custos de produção fora das regiões que já apresentam grandes estabelecimentos Inflação, tvh % 17. instalados, através de uma melhoria do 16. abastecimento de energia e das infraestruturas 15. de transporte. Inflação diminuiu para menos de 8% 14. 13. 12. 11. 1. Em Novembro, a taxa de inflação em Angola 9. desceu para 7,69% em termos homólogos, 8. depois dos 8,39% registados em Outubro. 7. 9 1 11 12 13 Fonte: BNA

Apesar da contínua redução da inflação, são necessários esforços suplementares para Angola conseguir competir com os seus pares em termos de custos nas indústrias não petrolíferas. Comércio Internacional No terceiro trimestre, as exportações tiveram uma subida homóloga de 4,9% e as importações diminuíram,7%. A principal origem das importações angolanas continua a ser Portugal, com 17,3% do total. Segue-se a China com cerca de 12%. A discriminação por produto mostra que as exportações de combustível (petróleo bruto) representam 98% do total das exportações. Quanto às importações, a maior parcela é a de máquinas e equipamento (23%), seguido por combustível (produtos petrolíferos) com 15%. Os produtos agrícolas aparecem em terceiro lugar, com 12%. As novas taxas de importação, implementadas em 214, deverão reforçar algumas destas tendências. As autoridades angolanas encontram-se a desenvolver uma política de substituição de importações de modo a incentivar a produção local e a criação de emprego. Mas a competitividade dos produtos angolanos tem vindo a deteriorar-se face ao exterior, devido a uma apreciação significativa da taxa de câmbio real efectiva nos últimos anos. E a recente diminuição do stock de Investimento Directo Estrangeiro, um instrumento importante para a transferência de tecnologia e de know-how, não está a apoiar o plano de diversificação da economia. A nova pauta poderá favorecer os bens angolanos, prevendo-se o estabelecimento de tarifas aduaneiras mais elevadas em sectores de interesse nacional. No entanto, um proteccionismo excessivo poderá ter efeitos perversos e gerar mais inflação, numa economia caracterizada por elevados constrangimentos à actividade produtiva. O objectivo de aumentar e tornar a produção local mais competitiva será difícil de atingir porque Angola ainda sofre de uma deficiência num conjunto de factores de produção, como infraestruturas, produção de energia, estradas e logística que afectam a produção e livre circulação de bens e mercadorias. Sem todos estes constrangimentos, seria mais fácil criar uma produção mais forte e competitiva, mas por causa das estruturas ineficientes, os custos de produção serão sempre maiores que no resto da região. O governo prepara-se para aumentar as tarifas sobre determinados bens importados, através da alteração da pauta aduaneira em vigor desde 28, de modo a estimular a actividade doméstica e a criação de emprego. Prevê-se que as novas tarifas reduzam encargos sobre produtos básicos, mas simultaneamente desincentivem a importação de alguns produtos em sectores de interesse nacional (as tarifas aduaneiras máximas aplicadas poderão passar dos actuais 3% para 5%). No entanto, importantes constrangimentos à actividade produtiva em Angola (fracas infraestruturas, dificuldades no abastecimento de energia eléctrica, entre outros) poderão dificultar a capacidade da oferta local em satisfazer a procura e exigirão ao governo esforços redobrados na redução destes constrangimentos, de modo a atenuar eventuais pressões inflacionistas (visão igualmente defendida pela EIU e pela Moody s,

não petrolíferos. A utilização de um fundo de estabilização para presentemente no país a rever o seu rating). Mercado de crédito O crescimento da concessão de crédito e dos depósitos mantém-se e a parcela em moeda nacional continua a aumentar na consequência da implementação da última fase da legislação sobre operações cambiais. Em Novembro, o volume de concessão de créditos na economia cresceu 15,4%, depois dos 13,4% registados em Outubro. O aumento da concessão de créditos poderá ser motivo para preocupação em relação ao aumento do crédito mal parado, que começa a afectar diversas instituições financeiras. Os depósitos registaram um aumento superior ao da concessão de crédito, de 17,8% em Novembro. Angola vem tendo um rácio crédito sobre depósitos relativamente sustentável. Fundo Soberano A vulnerabilidade externa que a economia angolana apresenta poderá reduzir-se caso o recém-criado Fundo Soberano actue como instrumento de estabilização, em caso de redução significativa dos recursos provenientes do petróleo. De acordo com o FMI, uma estratégia de aumento gradual do investimento público, em detrimento da lógica actual spend-as-you-go poderá gerar um ritmo de crescimento superior no médio prazo. Esta lógica permitirá consolidar a estabilidade macroeconómica de Angola, beneficiando a análise do risco país efectuada por várias instituições internacionais. De acordo com o Conselho de Administração deste Fundo, a gestão dos recursos provenientes do sector petrolífero reger-se-á pelos objectivos de preservação do capital e maximização do retorno de longo prazo e de desenvolvimento de infraestruturas, indicando que possa existir um mecanismo de estabilização da receita em caso de redução drástica dos recursos petrolíferos. De facto, a existência de um mecanismo de estabilização que proteja melhor a economia angolana da volatilidade internacional dos preços do petróleo, garantindo a continuidade do financiamento das despesas de investimento público, terá efeitos positivos no longo prazo, como o FMI estima num documento de trabalho intitulado Investing Volatile Oil Revenues in Capital- Scarce Economies: an Application to Angola. De acordo com este documento, a adopção de um método de scaling-up gradual do investimento público, em detrimento da actual lógica spend-asyou-go, de natureza pró-cíclica (a despesa pública tende a crescer mais em períodos em que a actividade económica acelera), tem vantagens para a economia, principalmente para os sectores

financiamento do investimento público será essencial para a implementação da abordagem que prevê aumentos graduais do investimento público ao longo do tempo, sendo os seus benefícios mais nítidos num cenário de maior volatilidade dos preços do petróleo. A médio prazo, o FMI estima que o ritmo de crescimento poderá ser superior neste cenário, assegurando ao mesmo tempo estabilidade económica. Em Outubro de 212, o governo lançou o Fundo Soberano de Angola, com um montante inicial sob gestão de USD 5 mil milhões (cerca de 5% do PIB angolano), a ser alimentado anualmente pelas receitas acumuladas da venda de barris de petróleo por dia (cerca de USD 3,5/ano). Foi recentemente revelada a política de investimentos do Fundo. A sua gestão financeira basear-se-á na afectação de 5% do capital a activos de rendimento fixo, i.e. dívida de soberanos, de instituições supranacionais, de grandes empresas com notação de rating de investimento e de instituições financeiras; e dos restantes 5% a mercados emergentes de alto rendimento e nomeadamente em mercados de commodities nos sectores agrícola, mineiro, imobiliário e em infraestruturas, entre outros. Prevê-se que inicialmente o Fundo Soberano se concentre em actividades no sector hoteleiro, tendo sido avançada a possibilidade de se criar um Fundo Hoteleiro com o objectivo de desenvolver e gerir uma carteira de hotéis na região da África Subsariana. É ainda necessário compreender de que modo a gestão deste Fundo se irá coordenar com a política monetária e orçamental, no sentido de contribuir para a estabilidade macroeconómica de Angola. As circunstâncias e regras a que o governo pode recorrer a este Fundo com o objectivo de estabilização da despesa pública ainda não foram adiantadas e aguarda-se também informações sobre como este fundo será contabilizado nas contas públicas e nas contas externas.

3. O Orçamento Geral de Estado Demografia e condições de vida O enquadramento macroeconómico do OGE 214 está orientado pela definição estratégica do Plano Nacional de Desenvolvimento (213-217), fazendo reflectir nos indicadores macroeconómicos (produto interno bruto (PIB), taxa de inflação, reserva internacional líquida (RIL), etc), tendo por base os pressupostos assumidos para a produção física e o preço do petróleo bruto, a taxa de câmbio, a massa monetária (M2) e o investimento directo líquido. Para o sector não-petrolífero, o prognóstico de crescimento decorre da perspectiva de aceleração da actividade económica e do desenvolvimento territorial, induzido pelo investimento público nas infraestruturas económicas e sociais, consubstanciados pela reforma fiscal, garantido assim o relançamento da agricultura, da indústria e dos serviços, propiciando o aumento do emprego e a crescente substituição de importação dos bens básicos de consumo da população. Do lado do sector petrolífero, projectou-se um preço médio do barril de petróleo bruto de USD 96, em 213, superior aos USD 77, assumidos na proposta do OGE 212, mas ainda conservador em relação aos preços médios reais apurados em 211 (USD 11,1). O OGE 214 tem Receitas Fiscais (exclui desembolsos de financiamentos e venda de activos) projectadas em Kz 4.744,8 mil milhões e Despesas (exclui amortização da dívida e constituição de activos) fixadas em Kz 5.375,1 mil milhões, do que resulta num deficit fiscal de Kz 63,3 mil milhões (USD 6,43 mil milhões), equivalente a 4,9% do PIB. Neste caso o Governo terá de recorrer a financiamento externo e/ou interno para cobrir o deficit.

Face a essas determinações, e tal como em anos anteriores, foram estabelecidos os limites de despesa a ser observados pelas Unidades Orçamentais, tomando-se como referência o OGE 213 e a execução do OGE 212, tendo sido ajustados durante o processo de elaboração das Propostas Orçamentais. Aos Órgãos Sectoriais do Sistema Orçamental assegurou-se a prerrogativa de propor a distribuição desses limites entre as suas Unidades Orçamentais e Órgãos Dependentes, quer seja da administração directa ou indirecta (Institutos Públicos e Fundos Autónomos), contemplando-os de acordo com as prioridades da p o l í t i c a s e c t o r i a l, incumbindo-lhes aprovar, em primeira instância, as propostas orçamentais das respectivas Unidades Orçamentais. Receita A distribuição da receita por natureza económica revela que as receitas arrecadadas pelo sector petrolífero continuam predominantes (45,64%), por efeito da produção crescente e dos preços ainda favoráveis do petróleo, seguindo-se as receitas do sector não-petrolífero (16,9%) e dos financiamentos

Despesa A composição da despesa por natureza económica reflecte o apoio prioritário à ampliação das infraestruturas económicas e sociais necessárias ao aumento da produção, do emprego e do bemestar da população, com a predominância dos dispêndios para fins de Investimentos (23,44%), Amortização da dívida (21,45%), Pessoal (18,87%); aquisição de Bens e Serviços (19,71%); Subsídios (1,28%). Entre as despesas com menor expressão encontra-se Outras Despesas (4,5%) e pagamento de Juro (1,76%). A despesa por província está centrada maioritariamente na província de Luanda, porém para 214 esta beneficiará de menos recursos do OGE de forma a alocar mais recursos às restantes províncias. Deste modo, observa-se um aumento tendencial de recursos disponíveis aos Órgãos Locais do Estado. De acordo com o PND, as províncias mais a norte do País, nomeadamente: Cabinda, Zaire, Uíge, Kwanza Norte e Malange, tendem a afirmar-se como importantes pólos c o m e r c i a i s, i n d u s t r i a i s e petrolíferos. Por outro lado, as províncias de Kwanza S u l, B e n g u e l a, Huambo, Huíla e Bié p r o m o v e m o d e s e n v o l v i m e n t o urbano, a agricultura empresarial e o d e s e n v o l v i m e n t o industrial. Orçamento-Programa A adopção de um orçamento por programa visa acima de tudo reforçar a disciplina orçamental e conferir qualidade (eficiência e eficácia) à execução orçamental, dando grande foco aos resultados e, consequentemente, assegurar um desenrolar mais harmonioso do processo orçamental. Para o exercício financeiro 214, excluindo as despesas permanente de funcionamento do Estado e as decorrentes da dívida, a repartição das despesas pelos programas articula-se em torno da política de desenvolvimento sectorial, conforme prevista no PND. Nesta perspectiva, para o ano financeiro em causa, esta política do PND está avaliada em Kz 2.636,17 mil milhões, estando a sua estrutura apresentada no gráfico abaixo numa dupla perspectiva (i) perspectiva sectorial e (ii) na perspectiva do número de programas por sectores que concorrem para a sua realização. Assim, na óptica sectorial a realização da política de desenvolvimento sectorial conta com uma grande intervenção do Estado no domínio das infra-estruturas à qual ficou alocado 48% do Orçamento alocado aos programas do PND, seguido do sector social com 21%, sector

A distribuição funcional e programática da despesa prioriza a administração pública (33,97%), seguida do sector social que averba 29,97% dos recursos, sendo 6,17% para a Educação, 4,35% para a Saúde, 9,6% para Protecção Social, 7,88% para a Habitação e 1,97% para outras despesas do sector. Os Assuntos Económicos (incluindo Transportes e Agricultura, entre outros sectores) consomem 19,61% do OGE 214 e a Defesa e Ordem Pública com aproximadamente 16,45%. No âmbito da nova metodologia, o conjunto de programas que compõem o OGE pode ser entendido como um plano de trabalho, ou seja, um instrumento de planeamento da actuação do Governo, detalhado em projetos e atividades e munido de objetivos e metas a serem implementados, juntamente com a previsão dos custos relacionados. Assim, houve um esforço de se melhorar o processo de orçamentação, buscando saber onde o Governo gastava o recurso, ou seja, procurou-se, de alguma forma, não apenas planear receitas e despesas, mas principalmente demostrar onde e porquê estavam os recursos a serem gastos, facto que é possível ver no seguinte gráfico.

A Fitch espera um crescimento de 5,5% para 214 [e de 5,7% em 215, mostrando uma revisão em baixa face aos 7% previstos em No ve m bro], a l i c e r ç a do e m iniciativas governamentais focadas na agricultura, aumento da despesa com infraestrutura, particularmente nas estradas e na energia", lê-se no relatório hoje divulgado pela agência de notação financeira norteamericana, no qual desce a perspectiva de evolução do rating de Angola de Positivo para Estável, o que indicia a manutenção da nota BB - na próxima avaliação. "A previsão de crescimento [da economia de Angola] de quase 9% para 214 parece demasiado optimista, uma vez que a produção de petróleo vai expandir-se apenas ligeiramente", acrescentam os analistas, que elogiam a política monetária apertada e a estabilidade das taxas de câmbio, que mantiveram a inflação pelo segundo ano consecutivo com um dígito (7,7% no ano passado). A agência realça preocupação relativamente as dívidas atrasadas que foram sendo acumuladas entre 21 e 212, principalmente pelo Ministério da Construção: "as dívidas vencidas reflectem má gestão, mais do que escassez de liquidez, tendo as autoridades pago 4,44 mil milhões de dólares no final de 213", escreve a Fitch, que a s s i n a l a q u e " foram aprovadas reformas para melhorar a gestão das dívidas". A agência norte-americana de notação financeira Fitch baixou em Abril a perspectiva de avaliação do 'rating' de Angola de Positivo para Estável, no seguimento da "estagnação" na produção petrolífera e consequente impacto nas contas públicas.

O relatório explica que o 'rating' do país mantém-se em BB-, mas o que muda é a análise que os peritos da Fitch fazem sobre a evolução do país, o que deixa antever que não haverá melhorias no 'rating' do país. "A previsível deterioração nas contas públicas de Angola não afecta o 'rating' atual devido ao baixo valor da dívida pública (22,2% do PIB) e aos grandes depósitos (12,3% do PIB), mas limita o potencial de Angola para melhorar"

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