ao diagnóstico diferencial das taquicardias paroxísticas com complexo QRS alargado



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Transcrição:

ARTIGO DE REVISÃO Novas contribuições do eletrocardiograma ao diagnóstico diferencial das taquicardias paroxísticas com complexo QRS alargado New contributions of the electrocardiogram to the differential diagnosls of wide QRS complex tachycardlas Olga Ferreira de Souza e Lauro Sérgio Miranda Marfins Pereira Hospital Pró-Cardíaco - Rio de Janeiro - RJ Cardiolab- Rio de Janeiro - RJ Endereço para correspondência: Olga Ferreira de Souza. Hospital Pró-Cardíaco - Unidade de Emergência Rua Dona Mariana 219 - Botaíoqo - Rio de Janeiro -RJ PALAVRAS-CHAVES: Taquicardias, complexo ORS alargado, eletrocardiograma RESUMO s autores indicam as principais dificuldades em se diagnosticar as taquicardias com complexos ORS alargadus através do eletrocardiograma convencio-. nal, bem como a terapêutica mais aceita para a sua reversão a ritmo sinusaí O aigc; itmo de Crus <'c, É c. critério de escolha por apresentar alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico diferencial entre e TPSIJ com aberrância. O Advanced Cardiac Life Support (ACLS) utiliza um aloorítmo para tratamento das taquicardias com complexos ORS alargados com alta eficácia e segurança. KEY-WORDS Tachycardias, wide-ors complex, electrocardioqram SUMARY Authors point out the main difficulties for diagnosis of wide ORS complex tachycardias through conventional electrocardiogram as weli as tne best medical treatment for converting to sinus rhythm. Brugada's algorithm has been used as the best choice due to a high scnsitivity and especificity for lhe differential diagnose between ventr icular tachycardia and supraventricular tachycardia with aberrant conduction. The Advanced Cardiac Life Support (ACLS) recommends a safe and efiícient algorithm for the treatment of wide-ors complex tachycardias. 88 Abr/Mai/Jun.. 1998. Rev SOCERJ Vol XI N22

INTRODUÇÃO o diagnóstico diferencial das taquicardias através do eletrocardiograma basal (ECG) permite uma análise do local de origem da arritmia e de uma adequada abordagem terapêutica. Na presença de taquicardias com complexos ORS estreitos o diagnóstico de taquicardia supraventricular (TPSV) é de fácil realização, porém quando os complexos ORS são alargados (duração superior a 120 ms) freqüentemente o diagnóstico é incorreto e as decisões terapêuticas inadequadas (1). As taquicardias com complexos ORS alargados podem ocorrem em 4 situações distintas: a) TPSV com bloqueio de ramo funcional; b) TPSV na vigência de bloqueio de ramo preexistente; 3) TPSV com condução anterógrada através de uma via acessória; 4) taquicardia ventricular (). Vários critérios têm sido utilizados com a finalidade de se estabelecer o diagnóstico correto do tipo de taquicardias com complexos ORS alargados, porém todos apresentam uma baixa sensibilidade, o que pode explicar as falhas no diagnóstico (2). Brugada e cais (3) publicaram em 1991 uma nova abordagem para o diagnóstico diferencial das taquicardias com complexos ORS alargados com uma sensibilidade de 98% e especificidade de 97%. Stewart (4) observou diagnóstico incorreto em 39% dos traçados de e nesses pacientes (pts) o verapamil foi a droga de escolha para reversão, gerando severas complicações, como hipotensão arterial, degeneração para fibrilação ventricular (FV), aceleração da e assistolia. O critério eletrocardiográfico proposto por Brugada e cols reduz este risco de diagnóstico e tratamento incorretos, reservando o uso do verapamil apenas para os casos de TPSV com complexos ORS estreitos. Atualmente o Advanced Cardiac Life Support (ACLS) (5) recomenda um novo algoritmo terapêutica de alta eficácia para o tratamento de taquicarcias com complexos ORS alargados. 2 - FORMAS DE APRESENTAÇÃO DAS TAOUICARDIAS COM COMPLEXOS ORS ALARGADOS 2.1 FORMAS DE ABERRÂNCIA VENTRICULAR A aberrãncia de condução ocorre por retardo ou bloqueio da condução ao longo dos ramos e fascículos do feixe de hi:::;,','s:,; r,xil;'-'''' 0ísti!ias são responsáveis pela aberrância de condução: 2.1.1- Bloqueio de ramo preexistente - Ouando o bloqueio já existe durante ritmo sinusal em que denominamos de bloqueio de ramo preexistente. A modologia dos batirnentos sinusais é semelhante aos complexos ORS durante taquicardia Rev SOCERJ Vol XI Nº 2 supraventricular, podendo ser bloqueio de ramo direito (BRD) ou esquerdo (BRE). Geralmente é causada por processos patológicos do sistema de condução. 2.1.2- Bloqueio de ramo funcional - Ocorre na ausência de doença do tecido de condução em situações deprolongamento do período refratário (PRE) secundano a alterações na freqüência de despelarizaçào. Na vigência de freqüências cardíacas elevadas ocorre encurtamento do PRE do sistema His-Purkinje e prolongamento nos casos de bradicadia. Durante início de um surto de taquicardia ou durante fibrilação atrial em que ocorre encurtamento do intervalo RR, o impulso elétrico irá se propagar sobre os fascículos do feixe de His ainda dentro do seu PRE determinado pelo ciclo cardíaco imediatamente precedente (6). A morfologia alterada do bloqueio de ramo é mantida por despolarizações trans-septais retrógradas do fascículo bloqueado, que se encontram com as despolarizações anterógradas dos ciclos seguintes, mantendo o padrão aberrante. A aberrância do tipo BRD é mais freqüente, por ser o ramo mais longo e ter um maior PRE, portanto demorando mais tempo para se recuperar. 2.1.3- Bloqueio periférico - quando ocorre retardo da condução intramiocárdica sem acometimento do feixe de His e seus ramos. Podemos observar no ECG um distúrbio inespecífico da condução intraventricular, sem preencher critérios para BRD ou BRE. 2.2 - TAOUICARDIA SUPRAVENTRICULAR ENVOLVENDO VIA ACESSÓRIA Na vigência de TPSV em pacientes portadores da sindrome de WPW a via acessória (VA) faz parte do circuito da taquicardia e os complexos QRS apresentam-se alargados devido a condução anterógrada pela VA. A condução retrógrada se faz pelo sistema normal de condução His-Purkinje ou por outra VA (Figura 1). Este tipo de taquicardia ocorre em apenas 6% dos pts portadores da síndrome de w.p.w. e nos casos em que existe mais de uma VA. A taquicardia do tipo ortodrômica ocorre na grande maioria dos pts com VA (94%). Apresentam complexos ORS estreitos, pois a condução anterógrada se faz pelo sistema normal de condução e a condução retrógrada pela VA. As fibras de Mahaim podem também causar pré-excitação ventriculare gerar taquicardias supraventriculares com morfologia de BRE e dissociaçào AV,pois d ativação atrial retrógrada não é mandatória. As fibras de Mahaim podem se originar no nódulo AV ou em alguma porção do sistema HIS-Purkinje, sendo a inserção no miocárdio ventricular direito, o que gera morfologia de BRE durante TPSV. Fibras atriofasciculares ou atrioventriculares são também cau'abr/mai/jun -1998 89

A estenose aórtica, o prolapso de válvula mitral e 3 síndrome do QT longo também podem causar sustentada. Entre as patologias que envolvem o ventrículo direito, podemos citar a idiopática, fibrodisplasia arritmogência, anomalia de Uhl e após correção de tetralogia de Fallo!. Os sinais e sintomas dependem da freqüência cardíaca (FC) durante o surto de, da presença ou não de cardiopatia, da função ventricular, dos uso de drogas antí-arrítmicas e do grau de insuficiência mitral. Quanto maior a disfunção ventricular esquerda e mais rápida a freqüência da taquicardia maior a repercussão hemodinâmica. Os sintomas mais freqüentes são: taquicardia, palpitações, tonturas, escurecimento da visão, falta de ar, náuseas e sudorese. A dor precordial é um sintoma freqüente nos pts com e insuficiência coronária, mas também pode ocorrer em pts com TPSV e FC elevada. Os sinais e sintomas não servem para diferenciar TPSV de, pois pts podem tolerar bem um episódio de assim como pts com TPSV podem ter um quadro sincopal por baixo débito ou por disfunção autonômica Os complexos ORS são alargados com duração superior a 120 ms e a FC varia de 100 a 250 batimentos por minuto (bpm). Se a FC for inferior a 100 bpm o diagnóstico é de lenta ou ritmo idioventricular acelerado e quando superior a 250 bpm sugere flutter ventricular. A morlologia dos complexos ORS pode exibir padrão de BRD ou BRE, dependendo do local de origem A morfologia de BRD é a mais comum devido a origem no ventrículo esquerdo. As I II 111 avr avi avf COM MORFOLOGJA DE BRI Figura 1: Traçado eletrocardiográfico com 3 derivações simultâneas de uma taquicardia antidrõmica em pt portador de VA. sas de TPSV com morlologia de BRE. O circuito da taquicardia se inicia com condução anterógrada pela VA até o ramo direito ou ventrículo G condução retrógrada pelo sistema norma! de condução e uma parte do átrio direito. A diferenciação pelo ECG basai é difíci! e somente o estudo eletrofisiológico estabelece o diagnóstico correto do rnecanisrr.o da taquicardia (7). 2,3 - TAQUICARDiA Abr/Mai/Jun - 1998 Vi Rit:no slnusal Vi Ritmo ventrlcutar VENTRICULAR A ocorre mais freqüentemente em pts com cardiopatias, mas podem também ser geradas em indivíducs com coração normal. A insuficiência coronariana é a causa mais freqüente, sendo seguida das miocardiopatias (chagásica, dilatada e hipertrófica). 90 >60 ms Figura 2: Observações de Kindwall e cols durante taquicardias com morfologia de BRE em que a medida do intervalo entre o início da onda R ao nadir da onda S. Rev SOCERJ VÇ)/XI Nº 2

taquicardias com morfologia de BRE podem se originar no ventrículo direito ou no ventrículo esquerdo a nível do septo interventricular, principalmente em pts com infarto agudo do miocárdio. MEDIDA DO INTERVALO RS Ritmo sinusat 1-. >100 ms - Figura 3: Esquema da medida do intervalo RS nas derivações. do plano horizontal. À esquerda, complexo ORS durante ritmo sinusal e à direita, a medida do intervalo entre o início da onda R e o nadir da onda S sugerindo o diagnóstico de quando maior que 100 ms. 3. CRITÉRIO DO BRUGADA Brugada e cais publicaram em 1991 um novo critério para o diagnóstico diferencial das taquicardias com complexos QRS alargados. Este estudo analisou primeiramente as falhes dos critérios existentes para o diagnóstico de e baseado nestas observações um novo algoritmo foi testato em 554 traçados de taquicardias com complexos QRS alargados. O critério proposto baseou-se nas observações de Kindwall e cols (8) nas taquicardias com mortolagia de BRE que apresentavam intervalo maior que 60 ms entre o início da onda R até o nadir da onda S (parte mais profunda da onda) (Figura 2) sugeria o diagnóstico de. Brugada e cols defendiam a hipótese de que a medida da deflexão intrinsecóide em qualquer uma das derivações precordiais que apresentasse um nítido complexo RS auxiliaria no diagnóstico diferencial entre e TPSV com aberrância (Figura 3). Na ausência de complexos RS ou se algum dos complexos RS em qualquer uma das derivações precordiais fosse maior que 100 ms o diagnóstico era de com especificidade de 100% (Figura 4). A presença de dissociação AV também apresentava especificidade de 100 %, porém foi um evento observado em apenas 21% das taquicardias. A concordância do critério morfológico em V1 e V6 também levava ao diagnóstico de A II 111.'i.. :;.!IA:':i.....:. :Y.(}v. :.. 1. i i.: i!..; I I I I j A(\tWN\. '.' :'; : ;!I: ;.. L r; :.',! '; : " ; I B avr avl avf Figura 4: A-Traçado eletrocardiográfico com 12 der.ivações simultâneas de uma taquicardia com complexos ORS alargados em que nâo observamos a presença de complexos RS de Vi a V6 fazendo o diagnóstico de. Em B, uma taquicardia com complexos RS de Vi a V6 em que a medida do intervalo RS é> 100 ms, fazendo, também, o diagnóstico de. qev SOCERJ Vol XI. Ng 2 Abr/Mai/Jun - 1998 91,-_._-,--..,...------------. --_..-..

Algoritmo para o Diagnóstico Diíerencial das Taquicardia com Complexos QRS Alargados Ausência de complexo RS em derivações precordiais Sim Não Sens =21 % Espec=IOO% Intervalo entre o início da onda R e o nadir de S > 100 ms em uma derivação precordial.: Sim NãO Sens =65% Espec=98% Figura 5: Algoritmo proposto para análise do ECG durante taquicardias com complexos QRS alargados. Valores de sensibilidade (sens) e especificidade (espec) discriminado por critério analisado. Presença de dissociação atrioventricular Sim Não Sens =82% Espec=98% Critérios morfológicos para em V 1-V2 e V 6 Sim Não + TPSV Sens=96.5% Espec=98.7% 'TAB'j;:'êHtel"iô(JT;()rlolcS'gjcós eltl\í1.v2ev6 na presença.: dê B.RR5j:tB<1:,. v ',.'t <"" o. ','. o 0,0 O;?/,' Moriologia de BRD: \11- Complexo trifásico Moriologia de BRE: V6- Relação RS >1 ou complexos trifásicos V1- Onda R monofásica ou onda R > 30 ms e RS > 60ms 1-- Vf5-._ ;clação..._._ RS <1 ou com!jia)(o"os P OR o _< tabela 1 exemplifica O critério morfológico em V1 e V6 na presença de BRE ou BRD. Esses quatro critérios foram analisados de forma escalonada e objetiva de forma a facilitar e agilizar o diagnóstico da taquiarr'unia. atingindo uma especificidade final de 96% e sensibilidade de 98%. A Figura 5 demonstra o alqontrno pro- posto para o diagnóstico de e TPSV com aberrância com respectivos valores de sensibilidade e especificidade para cada critério analisado. CONCLUSÕES: O correto diagnóstico depende de uma análise detalhada dos quatro critérios propostos por Brugada e cols. A presença de complexo RS ou a sua ausência em todas as derivações precordiais são de extremo valor para o di 3gnóstico diferencial. Complexos com morlologia OR, ORS, OS, R monofásico ou rsr não são considerados complexos RS. Apenas os complexo RS são utilizados para mensuração do intervalo RS. A concordância do critério morfológico em V1-V2 e V6 é de fundamental importância para o diagnóstico de e, 92 Abr/Mai/Jun - 1998. Re SOCERJ Vol XI NQ 2

em sua ausência, se faz por exclusão o diagnóstico de TPSV com aberrância. Esse critério.eletrocardiográfico previne os erros freqüentes cometidos durante o diagnóstico diferencial das taquicardias com complexos QRS alargados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- Stewart RB, Baray GH, Greene HL. Wide complex tachycardia: Misdiagnosis and outcome after emergent therapy. Ann Intern Med 1986;104:771-776. 2- Morady F, Bareman JM, DiGarlo LA Jr, DeBuitleir M, Krol RB, Wehr DW A prevalent misconception regarding wide complex tachycardias. JAMA 1985;254:2790-2792. 3- Brugada P, Brugada J, Mont L, Smeets J, Andries EW A new approach to the differential diagnosis of a regular tachycardia wittr-e wide ORS complex. Girculation 1991;83: 1649-59. 4- Morady F, Bareman JM, DiGarlo LA Jr, DeBuitleír.M, Krol RB, Wehr DW: A prevalent misconceptíon regarding wide complex tachycardias. JAMA 1985;254:2970-2972. 5- American Heart Association: Standards and guidelines for GPR and emergency cardiac care JjlMA 1992;268:2171-2241. 6- Wellens HJJ, Bar FW, Vanagt EJ, Brugada P Farré J: The differentiation between ventricular tachycardía and supra ven tricula r tachycardía with aberrant conduction: The value of the 12-lead electrocardíogram, in Wellens HJJ, Kulbertus HE (eds): What's New in Electrocardiography? The Hague, Martinus Nijhoff Publishing, 1981; pp 184-199. 7- Akhtar M, Shenasa M, Tchou PJ, Jazayeri M: Role of electrophysiologic studies in supraventricular ta chyca raie. in Brugada P, Wellens HJJ (eds): Gardíac Arrhytmias: Where to Go From Here? Mount Kisco, NY, Futura Publishing Co, 1987,pp 233-242. 8- Kindwall KE, Brown J, Josephson ME. Electrocardiographic criterie for ventricular tachycardia in wíde complex left bundle branch block morptiolo qy tachycardias. Am J Gardíol 1988;61: 1279-1283. Rev SOCERJ Vai XI N22 AbríMai/Jun - 1998 93...,.._ -_.,...,,...-- "'---"!,,_._-_ -.- _-----_.._----_.- ---.-- --_ ---