A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES ACERCA DAS TECNOLOGIAS DA EDUCAÇÃO: UMA DISCUSSÃO EM UMA ESCOLA PARTICULAR NO ESTADO DE SÃO PAULO/BRASIL

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Transcrição:

A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES ACERCA DAS TECNOLOGIAS DA EDUCAÇÃO: UMA DISCUSSÃO EM UMA ESCOLA PARTICULAR NO ESTADO DE SÃO PAULO/BRASIL Resumo Patrícia Rodrigues Carvalho dos Reis patriciarcreis@gmail.com Ulysses Camargo Corrêa Diegues ulyssesdiegues@gmail.com Nos últimos tempos, a formação continuada de professores vem sendo discutida e analisada constantemente. As questões relativas à formação docente estão no centro de amplas discussões e que deve acontecer no próprio espaço escolar, com participação ativa dos educadores na concepção e execução dos mesmos enquanto investigadores de suas próprias práticas (PEREIRA, 2002). Concomitantemente, os avanços tecnológicos propiciam possibilidades de informação e vêm transformando a maneira de interação, de revolução da informação e comunicação fundamentada em novas tecnologias (GIRARD, 2011). Diante desse atual cenário, o objetivo dessa pesquisa é problematizar o campo das tecnologias educacionais, enfatizando a formação continuada tecnológica dos professores com o objetivo fundamental de exercer o processo de ensino-aprendizagem com qualidade e relatar uma experiência de formação continuada num Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), em uma escola da rede privada na cidade de Santos, a partir da visão de Almeida (2003). Os ambientes virtuais de aprendizagem são plataformas de ensino que permitem uma interação de forma não presencial e assíncrona. O ambiente utilizado é o Moodle, um software livre e talvez o mais conhecido para a criação e gerenciamento de curso de Educação a Distância (EaD). Nossa pesquisa então também aborda o uso do Moodle como ferramenta didática, as suas vantagens e desvantagens em ambas as situações e os resultados que estão sendo obtidos com seu uso em nossa instituição de ensino no curso de formação continuada sobre tecnologias educacionais. Palavras-chave: Ensino-Aprendizagem, Formação Continuada, Tecnologia da Educação, Ambiente Virtual de Aprendizagem, Educação a Distância.

1. INTRODUÇÃO Hoje em dia, falar de educação de qualidade sem mencionar a formação continuada de professores é quase impossível. A escola vem desempenhando vários e novos papéis na sociedade; este vem sendo um campo de constante transformação, e o professor tem um papel fundamental: ele é o responsável pela mudança ou transformação de atitude e pensamento dos alunos. Contudo, o professor precisa estar preparado para os novos e crescentes desafios da nova geração que está em contato com novas tecnologias e fontes de acesso ao conhecimento quase que instantaneamente. Schnetzler; Rosa (2003, p. 27) apontam a formação continuada de professores baseando-se em três razões: [...] a necessidade de contínuo aprimoramento profissional e de reflexões críticas sobre a própria prática pedagógica, pois a efetiva melhoria do processo ensino-aprendizagem só acontece pela ação do professor, a necessidade de se superar o distanciamento entre contribuições da pesquisa educacional e a sua utilização para a melhoria da sala de aula, implicando que o professor seja também pesquisador de sua própria prática; em geral, os professores têm uma visão simplista da atividade docente, ao conceberem que para ensinar basta conhecer o conteúdo e utilizar algumas técnicas pedagógicas. Diante do cenário exposto, nossa pesquisa tem por objetivo problematizar a formação continuada dos professores juntamente com o campo das tecnologias educacionais visando o processo de ensino-aprendizagem com qualidade e relatando uma experiência de formação por um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). 2. FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES Formar-se é um processo para toda vida. Aprendemos mediante as relações e interações que acontecem nos diversos ambientes culturais nos quais temos relações.

Aprender é mais do que receber ou obter informações e conhecê-las ou compreendê-las é tornar o aprendizado parte de nós, e nos desenvolver com ele. Portanto, o processo de aprendizagem se realiza individualmente e coletivamente dentro da cultura. Durante muito tempo, a formação inicial foi considerada suficiente para a preparação do indivíduo para toda a vida profissional. Entretanto, o avanço do conhecimento, nas últimas décadas, e o seu interrelacionamento com o desempenho profissional trouxeram à tona a necessidade de atualização e aperfeiçoamento constante, principalmente daqueles que atuam na educação: didáticas. A formação não se esgota na formação inicial, devendo prosseguir ao longo da carreira, de forma coerente e integrada, respondendo às necessidades de formação sentidas pelo próprio e às do sistema educativo, resultantes das mudanças sociais e/ou do próprio sistema de ensino (RODRIGUES; ESTEVES, 1993, p. 41). O docente precisa buscar constantemente o aprimoramento de suas habilidades Assim, a formação continuada deve permitir que o professor reflita sobre a sua prática pedagógica incentivando a utilização de novas metodologias e possibilitando contato com discussões teóricas atuais, oportunizando o diálogo e a discussão nas diferentes áreas dos saberes. [... ] na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática (FREIRE, 1996, p. 43-44). 3. TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC s) E AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM (AVA s)

O professor precisa compreender melhor a realidade de seus alunos para, a partir dela, assumir o compromisso de agir e refletir sobre sua prática docente (FREIRE, 2007). Não é segredo para nenhum professor que as tecnologias em geral exercem grande fascínio nos alunos. Podemos definir Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC s) como um conjunto de recursos tecnológicos que, se estiverem integrados entre si, podem proporcionar a comunicação de vários tipos de processos existentes na educação e na pesquisa científica. Assim, todas as tecnologias que interferem e medeiam os processos informacionais e comunicativos dos seres podem ser chamadas de TIC s. Englobam desde equipamentos, como computadores e tablets até Ambientes Virtuais de Aprendizagem, aplicativos, softwares, internet, entre outros. As TIC s se tornaram uma ferramenta potencializadora do processo de ensino e de aprendizagem, especialmente para os alunos, o que exige, no entanto o sério compromisso com a qualidade da aprendizagem. Para Freire o recurso à tecnologia pressupõe a compreensão do seu poder político, de uma determinada concepção do mundo, do Homem e claro do processo de ensino/aprendizagem (FREIRE, 1977). A adoção de plataformas, aulas e objetos educacionais digitais (vídeos, games, redes sociais, aplicativos, etc.) podem contribuir para que cada aluno desenvolva habilidades e competências compatíveis com as novas demandas sociais, construindo um percurso próprio de aprendizagem, no seu ritmo e a partir das suas necessidades, protagonizando aprendizagens coletivas e colaborativas, reformulando espaços e tempos escolares e ampliando o papel do professor como mediador de conhecimento. Os AVA s são contextos digitais que podem propiciar interação e construção coletiva e colaborativa do conhecimento, além da apropriação de conteúdo, independente da localização geográfica, enriquecendo as atividades e possibilitando a ressignificação de saberes.

Segundo Almeida (2001), em um AVA as atividades se desenvolvem no tempo, ritmo de trabalho e espaço em que cada participante se localiza, de acordo com uma intencionalidade explícita e um planejamento prévio, que deve ser revisto e reelaborado continuamente no andamento da atividade. É importante ressaltar que o uso do AVA auxilia o docente a trabalhar com grupos de alunos cada vez mais heterogêneos no modo de agir, pensar e interagir, oportunizando o ensino e o aprendizado de maneira cada vez mais diversificada, atendendo a demanda escolar. De acordo com Sacristán e Gómez (2008) não temos como desvencilhar a organização da aula e da escola, e a formação profissional do docente, que deve garantir o tratamento educativo das diferenças, trabalhando com cada aluno a partir de sua realidade, seu cotidiano. Assim, o docente que utiliza os inúmeros recursos tecnológicos em sua formação continuada, passa a vislumbrar novos meios de aprender e também de ensinar. Os AVAs propiciam uma alternativa viável a abrir caminhos para que vários sujeitos, separados geograficamente, interajam ressignificando as atividades de linguagem (FERRAZ, 2009) que podem, dentro de um contexto digital, propiciar interação e construção coletiva e colaborativa do conhecimento, além da apropriação de conteúdo, independente da localização geográfica, enriquecendo as atividades e possibilitando ressignificar conteúdos. 4. LÓCUS DA PESQUISA E ANÁLISE DE DADOS A escola na qual se realizou a pesquisa fica na cidade de Santos, SP Brasil. É uma escola particular, que iniciou suas atividades em 1991, na Educação Infantil e hoje trabalha com o Ensino Fundamental e o Ensino Médio também. Possui cerca de 1.600

alunos e conta com quatro unidades, uma para Educação Infantil, outra para os alunos do Ensino Fundamental, do 1º ao 4º ano, a terceira para os alunos do 5º ao 9º ano e a mais nova unidade para atender ao Ensino Médio. O Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola está fundamentado na teoria sociointeracionista vygotskyana, visando a formação integral e priorizando o trabalho com projetos e valores vivenciados nas novas aprendizagens. A escola possui em seu AVA a sala Ideias e Ideais. Uma sala virtual, na plataforma MOODLE, que atualmente é uma das mais utilizadas mundialmente. A sala tem como objetivo principal oportunizar formação continuada e complementar os encontros presenciais de formação. Nela, os docentes encontram um ambiente repleto de referenciais teóricos atuais que vão de encontro ao Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola, em uma interface que os leva a uma reflexão sobre a sua prática pedagógica incentivando a utilização de novas metodologias, abrindo então, um espaço para o diálogo e a discussão nas diferentes áreas dos saberes, formando uma comunidade de investigação no ambiente escolar e promovendo ações que reconhecem os processos de ensino e de aprendizagem como um processo de construção colaborativo e contínuo. No estudo realizado a metodologia utilizada foi a qualitativa com a utilização de questionário com perguntas abertas e fechadas aplicado a 20 docentes dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio que participam dos encontros presenciais de formação e da sala virtual Ideias e Ideais. Os docentes que participaram da pesquisa foram divididos pelas grandes áreas de estudo: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias. Dentre os docentes pesquisados, 25% atuam no Ensino Médio, 30% no Ensino Fundamental Anos Finais e 45% deles atuam em ambos os segmentos.

Gráfico 1 Docentes por Segmento 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Ens. Fundamental Ensino Médio Ambos Fonte: REIS; DIEGUES (2016), para essa pesquisa Ao serem questionados sobre sua formação continuada, 33% deles relataram possuir pós-graduação em nível Latu Sensu, 22% em nível Stricto Sensu e 45% em Cursos Livres.

Gráfico 2 Formação Continuada 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Pós-graduação Latu Sensu Pós-graduação Stricto Sensu Cursos Livres Fonte: REIS; DIEGUES (2016), para essa pesquisa Em relação à formação continuada online, por meio de ambiente virtual de aprendizagem, 80% dos docentes disseram acreditar que ela pode ser tão significativa quanto a formação presencial, enquanto 10% disseram que não e outros 10% disseram que isto depende do conteúdo a ser estudado no AVA.

Gráfico 3 Formação Continuada em AVA 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Formação presencial e Formação online são equivalentes A Formação Presencial é mais significativa Depende do conteúdo a ser estudado Fonte: REIS; DIEGUES (2016), para essa pesquisa Considerando exclusivamente a prática docente na escola pesquisada, foi questionado aos professores qual a maior dificuldade que eles enxergavam para a implementação da formação por meio do MOODLE. 30% deles disseram não enxergar dificuldades, 40% alegaram falta de tempo, 5% disseram que ainda falta conscientização a respeito da importância do AVA no processo de formação continuada e 25% citaram outros motivos.

Gráfico 4 Qual a maior dificuldade em implementar a Formação Continuada via AVA Moodle? 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Não há dificuldades Falta de tempo Falta conscientização sobre a importância do AVA Fonte: REIS; DIEGUES (2016), para essa pesquisa Outros O MOODLE é um ambiente virtual de aprendizagem que oferece diversas interfaces que permitem ao professor realizar atividades síncronas, assíncronas, individuais e coletivas. Ao serem questionados sobre qual destas interfaces possui um maior potencial didático, 80% deles selecionou a opção textos e vídeos disponibilizados na plataforma, 15% optaram pelo fórum e 5% escolheram a Wiki, uma interface que permite a construção de textos colaborativos de maneira assíncrona.

Gráfico 5 Qual destas interfaces possui um maior potencial didático? 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Textos e Vídeos Fórum Wiki Fonte: REIS; DIEGUES (2016), para essa pesquisa A frequência com que os docentes acessam a sala de formação Ideias e Ideais também foi questionado: 30% deles acessam a sala semanalmente, 45% mensalmente e 25% nunca acessam ou acessam somente durante os encontros presenciais de formação.

Gráfico 6 Frequência de acesso à sala de Formação no AVA 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Semanalmente Mensalmente Nunca ou somente durante os encontros de formação Fonte: REIS; DIEGUES (2016), para essa pesquisa Para concluir, foi perguntado aos docentes se atualmente eles estavam participando de algum curso: 65% deles disseram que sim, enquanto 35% disseram que não. Gráfico 7 Atualmente você está participando de algum curso de formação? 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Sim Não

5. Considerações Finais A pesquisa aqui descrita serviu para reforçar o quanto a formação continuada é importante e a necessidade desta de ser constante para poder acompanhar a rapidez com que o conhecimento vem se propagando. Os docentes devem priorizar e valorizar os encontros de formação: presenciais e online, principalmente quando eles são oferecidos em seu ambiente de trabalho, como reconhecimento do seu papel fundamental na formação de cidadãos. Há ainda uma porcentagem significativa de professores que não adere a formação continuada por meio do AVA. Devido a isto, é preciso conscientizar os docentes sobre a importância do AVA como ferramenta facilitadora e potencializadora na formação continuada, uma vez que oportuniza trocas entre docentes de diversas áreas do saber, com flexibilização de tempo. O uso de ambientes virtuais de formação permite ao professor vivenciar novas estratégias de ensino e aprendizagem com os alunos e discutir/refletir sobre sua prática docente. Os dados obtidos serão avaliados e analisados para uma intervenção na formação dos professores da unidade escolar pesquisada. Referências ALMEIDA, M. E. B. O computador na escola: contextualizando a formação de professores. São Paulo: Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2000b.

COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL CGI.br. Pesquisa Sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas escolas brasileiras. TIC Educação 2013. São Paulo: CGI.br, 2014. Coord. Alexandre F. Barbosa. Disponível em: <http://www.cetic.br/media/docs/publicacoes/2/tic-educacao- 2013.pdf>. Acesso em: 06 mar. 2016. FERRAZ, O. Tecendo saberes na rede: o Moodle como espaço significativo de leitura e escrita. In: L. ALVES, D. BARROS & A. OKADA (Orgs.), 2009, Moodle: estratégias pedagógicas e estudos de caso. Salvador: EDUNEB. FREIRE, Paulo. Cartas a Guiné-Bissau: registros de uma experiência em processo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.. Educação e Mudança. São Paulo: Paz e Terra, 2007.. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. RODRIGUES, Ângela; ESTEVES, Manuela. A análise de necessidades na formação de professores. Porto: Porto Editora, 1993. SACRISTÁN, J. Gimeno; GÓMEZ A.L. Pérez. Compreender e Transformar o Ensino. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. http://www.colegionovotempo.com.br/praticaspedagogicas E-mail: praticaspedagogicas@colegionovotempo.com.br