1. - rebsp."-:" -nptir;frit4 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO GABINETE DO DES. SAULO HENRIQUES DE SÁ E BENE VIDES ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N. 041.2001.000.557-1/001 Juizo da Vara Única da Comarca de Alhandra. RELATOR: Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides. APELANTE: Município do Conde. ADVOGADO(A): Gustavo Lima Neto. APELADO: Antônio Caetano dos Santos. ADVOGADO(A): Jussara Maria Lemos da Silva. 111 REMESSA OFICIAL NÃO CONHECIMENTO VALOR DA CAUSA INFERIOR A SESSENTA SALÁRIOS MÍNIMOS - 2 DO ART. 475 DO CPC APELAÇÃO CÍVEL ANULATÓRIA DE ATO JURÍDICO REINTEGRAÇÃO NO CARGO PROCEDÊNCIA DO PEDIDO EXONERAÇÃO EQUIVOCADA AUSÊNCIA DE PUBLICAÇÃO DO ATO EXONERATÓRIO RETRATAÇÃO DO SERVIDOR POSSIBILIDADE DESPROVIMENTO. Servidor público - Desistência - Renúncia - Cargo. [..]. Destarte. o DPF declarou a vacância mediante Portaria. Contudo, o recorrido havia requerido retratação do pedido antes da publicação da mencionada Portaria, a Turma firmou que, com a Administração Pública regida pelo princípio da publicidade, nada obsta o deferimento da desistência e a declaração da ineficácia da exoneração. (STJ. REsp 213.417-DF. 6a Turma. 01. Mm. Fernando Gonçalves. _1. 16.11.99). VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS os presentes autos acima identificados. ACORDA a Egrégia Terceira Câmara Cível do Colendo Tribunal de Justiça do Estado, por unanimidade, em não conhecer da remessa oficial e negar provimento ao recurso de apelação. RELATÓRIO Trata-se de Remessa e Apelação Cível interposta pelo Município do Conde em face da sentença de fls. 289/292 que julgou procedente o pedido formulado na Ação Anulatória de Ato jurídico c/c Pedido de Reintegração no cargo proposta por Antônio Caetano dos Santos. determinando que a edilidade reintegre o servidor demandante deixando de pronunciar a nulidade de ato exoneratório por entender que o mesmo não tinha completado seu ciclo de formação. Entendeu o juiz sentenciante que o pedido de retratação formulado pelo autor em relação ao anterior pleito exoneratório deveria ser atendido. reintegrando o autor ao serviço público, posto que a Administração não comprovou que o ato de exoneração tinha sido publicado em data antecedente. Concluiu ainda que. diante da ausência de completude do ato, dada a ausência de publicação, não havia que se falar sequer em anulação. O Apelante apresentou suas razões às fls.294/301. argumentando que o ato de exoneração prescinde de publicação, por ser ato de vontade manifestado pelo
, servidor. gerando efeitos tão logo seja apresentada pelo requerente. Sustentou ainda que a pretensão do autor é a readmissão no serviço público, instituto jurídico extinto desde a Carta de 1988. razão pela qual requereu a reforma da sentença e improcedência do pedido. O apelado apresentou contra-razões às fls. 304/306. pugnando pela manutenção integral do julgado. A Procuradoria de Justiça. em parecer de fls. 313/315 opinou pelo desprovimento da apelação. mantendo-se inalterada a sentença. É o relatório. VOTO Inicialmente. insta observar que. tratando-se de sentença de procedência em ação anulatória, cujo valor da causa é inferior a sessenta salários mínimos. e com condenação ao ente público em obrigação de fazer. reconhece-se a hipótese de não conhecimento do reexame, em face do disposto no art. 475. 2 do CPC. Com efeito. segundo assentado pelo STJ, -tratando-se de sentença ilíquida, o cabimento ou não do reexame necessário deve ser aferido pelo valor da causa, devidamente atualizado - (A,,R,_, III 1 no REsp 600.596/RS, 5 Turma, Min. Feliz Fisher. j. 14/06/05). Como o valor atribuído à causa na inicial é de R$ 300.00 (trezentos reais), o caso é de não conhecimento da remessa. Por esta razão, não conheço da remessa oficial e passo à análise do mérito. No que toca ao recurso voluntário, entendo que os argumentos do apelante não merecem amparo. O cerne da questão consiste em saber se o ato de exoneração se aperfeiçoa com a publicação do mesmo ou. por outro lado. se existe e. por isso. gera efeitos jurídicos tão logo seja manifestada pelo servidor a vontade de desligar-se do serviço. O perfeito delineamento dessa questão é imprescindível para se saber acerca da possibilidade de atribuir validade ao pedido de retratação feito em relação ao anterior pedido exoneratório. ainda não publicado. O juiz a quo entendeu que o ato de exoneração só poderia ser tido como perfeito acaso tivesse havido sua publicação. Como a municipalidade não se desincumbiu do ônus da demonstração da existência de publicação do ato exoneratório (causa extintiva do direito do autor, art. 333, II do CPC). mesmo tendo sido concedido prazo para tal desiderato (fls. 282). houve por bem determinar a reintegração ao cargo do servidor, eis que manifestado o seu desejo de retratação tempestivamente. O detido exame da matéria em análise permite concluir que a exoneração de servidor público, ato administrativo por meio do qual há desligamento do vínculo estatutário entre Administração e agente público, sem caráter punitivo, que se pode dar a pedido ou ex officio, apenas estará perfeita após a publicação do ato. É que. como ato administrativo, somente será reputado perfeito quando reunidos todos os elementos para sua formação. Não basta que o servidor formalize seu requerimento manifestando o desejo de desligar-se ou extinguir o vínculo que mantém. sendo imprescindível a aquiescência do pedido pela Administração Pública e a publicação da portaria que efetivamente extingue a relação jurídica. Ora, é cediço que -a formação do ato administrativo representa um processo que vai definindo os elementos que o compõem. Esse processo pode ser mais 011 menos longo, e nele pode ou não intervir a vontade do administrado. O certo é que a perfeição do ato somente vai suceder quando se encerrar esse ciclo de formação.- (CARVALHO FILHO. José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 20.ed. Lúmen luris: Rio de Janeiro RJ. 2008). Acaso não reunidas as sucessivas fases que compõem o seu ciclo formativo, não há como se atribuir os efeitos típicos do ato administrativo. E. como a publicidade é a marca retora da eficácia do ato administrativo, seus efeitos típicos 2
op tipológicos só aparecem quando se removem os obstáculos, pois até então os efeitos deduzidos são apenas internos, reflexos ou prodrômicos. Não basta para completude do ato administrativo a manifestação do servidor perante a Administração Pública, sendo imprescindível a aquiescência ao pedido formulado. bem ainda a publicação do ato, por estar a Administração jungida ao princípio da publicidade. Somente quando o requerimento do servidor é analisado e publicada a decisão do acolhimento do pedido. é que se aperfeiçoa o ato, impedindo, via de conseqüência. a retratação ou desistência do servidor. Nesse diapasão. citem-se os seguintes arestos: ADMINISTRATIVO. SER11DOR PÚBLICO. EXONERAÇÃO A PEDIDO. RETRATAÇÃO DO PEDIDO ANTES DA PUBLICAÇÃO DO ATO. RETORNO AO STATUS OUO ANTE. POSSIBILIDADE. 1 - O apelado exercia o cargo de policial rodoviário federal, regido pela lei 8.112/90, tendo apresentado pedido de exoneração em 19.11.1996. vindo a protocolar em 11.04.1997 pedido para tornar sem efeito seu pedido de exoneração. A Portaria de exoneração a pedido foi datada de 18.04.1997. sendo publicada em 22.04.1997. 2 - Não se trata de ato irretratável o pedido de exoneração, pois esta tem por supedâneo a manifestação unilateral de vontade do servidor. No caso em tela, houve manifestação por parte do servidor no sentido de não ser exonerado. Tal manifestação deve prosperar, pois a exoneração não possui caráter sancionador. 3 - Ademais, o ato não havia sido publicado, portanto não tendo se aperfeiçoado à época do pedido de reconsideração. 4 - Regida a Administração pelo principio da publicidade de seus atos, estes somente têm eficácia depois de verificada aquela ocorrência, ra:ão pela qual. retratando-se o servidor, antes de vir a lume o ato de exoneração. sua situação funcional deve retornar ao status quo ante. 5 - Apelação e remessa oficial não providas. (N" 1999.36.00.00-256-9 de Tribunal Regional Federal da la Região, de 13 Junho 2001) E ainda: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. RETRATAÇÃO DE PEDIDO DE EXONERAÇÃO. RETORNO AO CARGO. POSSIBILIDADE, SEM PREICIZO DE PROVIDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS RELACIONADAS AO ABANDONO DO CARGO. INEXISTÊNCIA DE PRESCRIÇÃO. REMESSA OFICIAL IMPRO VIDA. I. Não obstante passados vários anos. a exoneração da impetrante não se consumou, eis que o pedido apresentado não foi aceito pela Administração. à mingua de poderes específicos no instrumento procuratório (arts. 13. 3". c c 34 da Lei n 8.112/90). 2. Tendo em vista que a Administração se rege pelo princípio da publicidade e sendo a exoneração ato complexo, é possível a sua retratação antes da publicação do ato e o conseqüente retorno da impetrante ao "status mio ante", em face da omissão da Administração Pública quanto às medidas relacionadas ao abandono de carro, cuias providências, entretanto, devem ser ressalvadas desde que respeitado o devido processo leal. 3. lnocorrência de prescrição para a ação disciplinar. uma vez que o vinculo estatutário foi mantido e subsistiu nos últimos cinco anos. 4. Sentença confirmada. 5. Remessa Oficial improvida. (TRF 1" R. I" T REO.SIS 2002.31.00.000456-1/AP Rel. Des. Fed. Luiz Gonzaga DJ 04.12.06 vu.) Por fim: MANDADO DE SEGURANÇA - Servidora Pública Municipal Pedido de exoneração - Retratação - Possibilidade, até que a declaração da vontade não cherue ao conhecimento da outra parte, o que, in casu, não ocorreu - A irrevogabilidade é a regra. para dar-se maior estabilidade às relações entre a Administração e os administrados - Recurso provido (Apelação Com Revisão 6283885700, Rd Francisco Vicente Rossi. I 1" Cômoro de Direito Público. julgamento: 23/06/2008) 3
Também o STJ já se manifestou no mesmo sentido do entendimento ora esposado. vejamos: Servidor público - Desistência - Renúncia - Cargo. O recorrido Delegado da Polícia Federal, em razão da posse como Delegado de Polícia Civil Estadual. pediu sua exoneração do cargo federal. Destarte. o DPF declarou a vacância mediante Portaria. Contudo, o recorrido havia requerido retratação do pedido antes da publicação da mencionada Portaria, A Turma firmou que, CO??! (1 Administração Pública re2ida pelo princípio da publicidade, nada obsta o deferimento da desistência e a declaração da ineficácia da exoneração. (ST1. REsp 213.417-DF, 6a Turma, 01. Min.Fernando Gonçalves. j. 16.11.99). ADMINISTRATIVO. CARGO PÚBLICO. VAC.-INC/A. POSSE EM OUTRO CARGO INACUMULÁVEL. RETRATAÇÃO DO PEDIDO ANTES DA PUBLICAÇÃO DO ATO. RETORNO AO STATUS QUO ANTE. POSSIBILIDADE. 1 - Regida a Administração pelo princípio da publicidade de seus atos, estes somente têm eficácia depois de verificada aquela ocorrência, razão pela qual, retratando-se o servidor, antes de vir a lume o ato de vacância (posse em outro cargo), sua situação funcional deve retornar ao status quo ante, vale dizer. subsiste a ocupação do cargo primitivo. Sentença e acórdão mantidos. 2 - Recurso especial não conhecido. (REsp 213.417/DF, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES. SEXT.4 T(JRMA. julgado em 16/11/1999. al 13/12/1999 p. 188) Não se trata, como quer fazer crer o apelante. de caso em que o apelado pretende ser readmitido, haja vista que esse instituto previa a possibilidade de retorno ao cargo de servidor exonerado ou demitido e somente tinha lugar antes da Carta de 1988. Nas palavras de Maria Sylvia Zanella di Pietro, -a readmissão era o ato discricionário pelo qual o funcionário exonerado e, segundo alguns Estatutos. também o demitido, reingressava no serviço público "(DireitoAdministrativo. 4. Ed. São Paulo:.4tlas, 1994. p.380). Como no caso em disceptação não ocorreu a exoneração. eis que ainda não perfectibilizado o ato, não há a subsunção do caso ao citado instituto. Trata-se. na verdade. de pretensão de ineficácia do pedido exoneratório. Dessa forma, não tendo o município comprovado que a publicação da portaria de exoneração antecedeu o pedido de retratação formulado pelo servidor, nada obsta a declaração de ineficácia do pedido de exoneração. Nessa situação. a procedência do pedido, como bem posto pelo juiz a quo, era medida que se impunha, não havendo razão para sua reforma. Por tais razões, NÃO CONHEÇO DA REMESSA OFICIAL E NEGO PROVIMENTO à apelação cível, mantendo in totum a sentença recorrida. Publique-se e intime-se. Presidiu a Sessão o Exmo. Sr. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides. Participaram do julgamento, o Eminente Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides, o Exmo. Dr. Eduardo José de Carvalho Soares. Juiz convocado para substituir o Des. Genésio Gomes Pereira Filho e o Exmo. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos. Presente ao julgamento o Exmo. Sr. Dr. João Manoel de Carvalho Costa Filho. Promotor de Justiça Convocado. João Pessoa, 19 de maio de 9-4: Des. Saulo -enriques de Sá e Benevides. 'e/ator 4
TRIBUNAL DE JUSTIÇA Coordenadoria Judiciária Registrado emi,22.11_, ' Z(._ it