1. Ensino Fundamental de 9 anos



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Transcrição:

Eliete Bevilacqua Presta e Albanize Aparecida Arêdes Neves 1. Ensino Fundamental de 9 anos Reflexões sobre a organização do trabalho pedagógico nas salas do 1º ano Em cumprimento às determinações do governo federal, a partir de 2010, as crianças de seis anos que frequentavam a Educação Infantil, passaram oficialmente a frequentar o 1º ano do Ensino Fundamental de nove anos. Alguns questionamentos começaram a surgir por parte dos professores - Como ensinar os conteúdos a essas crianças considerando a infância? Que conteúdos priorizar no 1º ano: os da Educação Infantil ou da 1ª série? Como organizar o ambiente e as atividades do seu dia a dia? Já se passaram alguns anos, e o eixo da polêmica ainda está na organização do currículo e na alfabetização. A receita para receber bem as crianças de seis anos e levá-las a avançar na aprendizagem envolve um caminho construído entre o mundo do Ensino Fundamental e a prática Copyright 2013 Abril Educação - Todos os direitos reservados 1

da Educação Infantil. A migração dessas crianças não pode significar que elas deixem de brincar para estudar com os mais velhos. A escola não precisa ter um cotidiano sério para ter qualidade. Isso não significa que a alfabetização deva ser deixada de lado. As atividades de todas as disciplinas precisam fazer sentido para as crianças, inserindo-as em práticas sociais e culturais. a)por que o Ensino Fundamental a partir dos seis anos? De acordo com o Plano Nacional de Educação (2006) a inclusão das crianças de 6 anos no Ensino Fundamental tem duas intenções: Oferecer maiores oportunidades de aprendizagem no período de escolarização obrigatória. Assegurar que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças prossigam nos estudos, alcançando maior nível de escolaridade. Podemos considerar o aumento do número de anos da Educação Básica obrigatória como um avanço. A inclusão dessa clientela é um grande passo para a democratização do acesso escolar - mais crianças serão incluídas no sistema educacional brasileiro. Uma grande parte das crianças de seis anos das classes populares estava fora da escola. Já as crianças dessa faixa etária das classes média e alta já se encontravam, na maioria, na Educação Infantil ou Ensino Fundamental. Outro ponto importante trazido pela proposta é a melhoria do desempenho dos estudantes ao longo da vida escolar. Segundo dados do MEC, quando as crianças ingressam mais cedo na instituição escolar, antes dos sete anos de idade, na sua maioria, apresentam resultados superiores em relação àquelas que ingressam somente com sete anos (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica SEB 2009). Segundo o MEC 1, a inclusão das crianças de seis anos pode ser implementada nas escolas de forma positiva, levando a uma escolarização construtiva, que constribua para uma mudança na estrutura e cultura escolar. 1 Documento Ensino Fundamental de nove anos Orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade MEC, Brasília, 2006. Copyright 2013 Abril Educação - Todos os direitos reservados 2

Não se trata de transferir para as crianças de seis anos os conteúdos e atividades da tradicional 1ª série, mas de conceber uma nova estrutura de organização dos conteúdos em um Ensino Fundamental considerando o perfil dos alunos. Para que esse ingresso das crianças de seis anos no Ensino Fundamental não se constitua apenas medida administrativa, é necessário estar atento ao processo de desenvolvimento e aprendizagem dessas crianças, o que implica conhecimento e respeito às suas características etárias, sociais, psicológicas e cognitivas. O trabalho pedagógico deverá considerar esses aspectos para que as crianças sejam respeitadas como sujeitos da aprendizagem. Assim se pode assegurar um processo educativo respeitoso e construído com base nas múltiplas dimensões e na especificidade do tempo da infância, do qual também fazem parte as crianças de sete e oito anos. b)o acesso das crianças de seis anos no Ensino Fundamental Implantar o Ensino Fundamental de nove anos leva-nos a repensá-lo no seu conjunto tanto os cinco anos iniciais como os quatro anos finais. Passa a ser uma exigência repensar currículos, conteúdos e práticas pedagógicas para todo o Ensino Fundamental. A criança de seis anos não poderá ser vista como um sujeito a quem faltam conteúdos da Educação Infantil ou um sujeito que será preparado nesse primeiro ano, para os anos seguintes do Ensino Fundamental. É necessário A ampliação um trabalho do pedagógico Ensino Fundamental que assegure significa, o estudo também, das uma diversas possibilidade expressões de qualificação e de todas as áreas do conhecimento, do ensino e da igualmente aprendizagem necessárias da alfabetização à formação e do do letramento, estudante pois do Ensino a criança Fundamental. terá mais tempo para se apropriar desses conteúdos. Isso não quer dizer que o ensino nos primeiros dois anos deva se reduzir à alfabetização e ao letramento. É fundamental que a alfabetização seja trabalhada adequadamente nessa faixa etária, embora esse processo possa ser iniciado antes dos seis ou sete anos, dependendo da presença e do uso da língua escrita no ambiente em que a criança vive. As crianças que vivem em uma cultura letrada constroem conhecimentos prévios sobre o sistema de representação e o significado da leitura e da escrita. A entrada na escola deverá dar continuidade a essas experiências anteriores e gradativamente sistematizar os conhecimentos sobre a língua escrita. No processo de alfabetização, o professor deverá considerar a curiosidade, Copyright 2013 Abril Educação - Todos os direitos reservados 3

o desejo e o interesse das crianças, utilizando a leitura e a escrita em situações contextualizadas e significativas de uso. É necessário criar um ambiente alfabetizador que possibilite às crianças não apenas ter acesso ao mundo letrado, como também nele interagir. Ainda nessa aula você terá maiores esclarecimentos e encaminhamentos práticos das questões tratadas nesse parágrafo. c) Alguns aspectos levantados pelo MEC 2 a serem considerados pela escola na organização do trabalho pedagógico do 1º ano. A reflexão sobre a infância da criança de seis anos até dez anos, como eixo primordial para a compreensão e construção da nova proposta pedagógica. O retorno no currículo, do brincar como uma expressão legítima e única da infância; do lúdico como um dos princípios para a prática pedagógica; da brincadeira nos tempos e espaços da escola e das salas de aula. A importância de garantir tempos e espaços para o trabalho com as diversas expressões humanas, para o desenvolvimento da criança - o movimento, a dança, a música, a arte, o teatro etc. A discussão da relação entre as áreas do conhecimento e a criança de seis anos, buscando-se uma menor fragmentação dos saberes no cotidiano. A revisão das concepções e práticas de alfabetização, procurando garantir o direito de aprender a ler e escrever de maneira contextualizada, isto é, assegurando-se a formação de crianças que leem, interpretam, compreendem, escrevem e fazem uso social desse saberes. A revisão das concepções e práticas de avaliação, partindo-se do princípio de que a educação brasileira pede uma avaliação inclusiva, distanciada das práticas discriminatórias e redutoras; lançando-se mão da observação, do registro e da reflexão constante do processo de ensino e aprendizagem. 2 Documento Ensino Fundamental de nove anos Orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade MEC, Brasília, 2006. Copyright 2013 Abril Educação - Todos os direitos reservados 4

2. Concepções e práticas de alfabetização Como já dissemos anteriormente, antes de entrar na escola, os alunos já encontram indícios de significado do escrito em cartazes, folhetos, álbuns etc. indícios de significado da língua escrita. Também já tentam se comunicar, e expressando-se por escrito através de hipóteses construídas sobre esse objeto. Esse conhecimento é maior quando eles têm a oportunidade de conviver com adultos ou outras crianças alfabetizadas e participam de situações em que a leitura e a escrita são necessárias. Durante muito tempo, esse conhecimento não foi considerado e a alfabetização foi entendida como memorização de letras e do modo como se agrupam em sílabas (B + A = BA), isto é, como aquisição de um código. Essa memorização era seguida do trabalho de formação de palavras (só com as famílias silábicas estudadas e as vogais), frases e, depois, textos pequenos ou trechos de textos para os alunos lerem. Copyright 2013 Abril Educação - Todos os direitos reservados 5

(...) Hoje já é possível saber por que a prática escolar de iniciar a alfabetização pelo a-e-i-ou ou por palavras como ave, ovo, asa palavras fáceis e com letras que se repetem em nada contribui para aprendizagem dos alunos. Se, em geral, eles têm a convicção de que para algo ser legível é preciso um número mínimo de letras (três em média), e que é preciso garantir uma certa variedade de letras e não repeti-las, não se pode querer ensiná-los utilizando como recurso exatamente aquilo que eles não acreditam que seja lógico, possível ou legível (...). (MEC, 2001) MEC. Contribuições à prática pedagógica 1, Programa de Formação de Professores Alfabetizadores PROFA. Brasília, 2001. Pesquisas baseadas nas produções infantis (contribuição da Psicogênese da língua escrita - estudos de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, 1985) 3 e nas práticas recorrentes apontam nova direção, considerando a perspectiva da criança que aprende. Ao considerar a criança ativa na construção do conhecimento, e não mais mera receptora passiva de informações - há uma transformação na forma de compreender como ela aprende a falar, ler e escrever. Na aula 2 desse curso Conhecendo a sua turma você terá oportunidade de conhecer melhor essas pesquisas. A alfabetização exige, por parte de quem vivencia esse processo, é um conhecimento de natureza conceitual: saber o que a escrita representa e como representa. Por isso, não pode se limitar ao desenvolvimento de capacidades motoras e de treino. Precisa ser compreendida como um processo no qual a criança resolve problemas de natureza lógica até chegar à compreensão da escrita alfabética. Assim, os estudos sobre os processos de apropriação da escrita no contexto da sala de aula apontam novas orientações para o processo de ensino, ao evidenciar que o professor exerce um papel determinante, não sendo apenas um facilitador ou orientador, mas um mediador da prática pedagógica, planejando intervenções que favoreçam a aprendizagem da leitura e da escrita como processos. 3 A partir de 1980, o conceito de alfabetização foi ampliado com as contribuições dos estudos sobre a psicogênese da aquisição da língua escrita, particularmente com os trabalhos de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky. De acordo com esses estudos, o aprendizado do sistema de escrita não se reduziria ao domínio de correspondência entre grafemas e fonemas (decodificação e codificação), mas se caracterizaria como um processo ativo por meio do qual a criança, desde os seus primeiros contatos com a escrita, construiria e reconstruiria hipóteses sobre a natureza e o funcionamento da língua escrita, compreendendo-a como um sistema de representação.pró-letramento, fascículo 1. p.10. Copyright 2013 Abril Educação - Todos os direitos reservados 6

Segundo Maria Alice Coelho 4 : Ao reconhecer a construção do conhecimento sobre a língua escrita como um processo ativo, estamos querendo dizer, como afirma Ferreiro, que a criança não aprenderá a escrever sozinha, sem ajuda alguma. É preciso ter o professor como mediador. É ele que desenvolverá estratégias para levar a criança a ter oportunidade de conviver e usar a escrita para chegar à compreensão da sua estrutura. (COELHO, 2009) COELHO, M. A. Alfabetização como concepção de aprendizagem. in: Revista Direcional Educador. Ano 5, edição 55. Agosto 2009. É o domínio do sistema de escrita 5 que nos torna aptos a sonorizar um texto, decodificar as letras em sons. Entretanto, para compreender o que está escrito ou saber se comunicar por escrito são necessárias outras competências. Segundo os PCN/Língua Portuguesa: A conquista da escrita alfabética não garante ao aluno a possibilidade de compreender e produzir textos em linguagem escrita. Essa aprendizagem exige um trabalho pedagógico sistemático. Quando são lidas histórias ou notícias de jornal para crianças que ainda não sabem ler e escrever convencionalmente, ensina-se a elas como são organizados, na escrita, esses dois gêneros: desde o vocabulário adequado a cada um, até os recursos coesivos que lhes são característicos. Um aluno que produz um texto, ditando-o para que outro escreva, produz um texto escrito, isto é, um texto cuja forma é escrita ainda que a via seja oral. Como o autor grego, o produtor do texto é aquele que cria o discurso, independentemente de grafá-lo ou não. Essa diferenciação é que torna possível uma pedagogia de transmissão oral para ensinar a linguagem que se usa para escrever. (PCN/LP pág. 33/34). 4 Maria Alice Coelho, doutora em Educação pela Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas. 5 Um sistema de escrita é uma maneira estruturada e organizada com base em determinados princípios para representação da fala. Há sistemas de escrita que representam o significado das palavras e há aqueles que representam os sons da língua, sua pauta sonora. Nosso sistema de escrita (chamado alfabético ortográfico) representa sons ou fonemas; em geral cada letra corresponde a um som e vice-versa. Pró letramento, fascículo 1. p.14. Copyright 2013 Abril Educação - Todos os direitos reservados 7

Hoje, tão importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita é poder se engajar em práticas sociais letradas. Os estudos do letramento 6 causaram impacto sobre a prática da alfabetização alterando o seu conceito. Isso explica, por exemplo, a escolha desse termo letramento para definir um processo de aquisição de escrita que vai além das práticas mecânicas de alfabetização; práticas que não estavam ligadas ao letramento como, por exemplo, ler uma lista de de palavras descontextualizadas iniciadas pela letra P. O aluno que aprende a ler e escrever vai além de traçar as letras e reconhecer seu nome. Para que isso seja absorvido pelo aluno e pelo professor - em sala de aula é necessário trazer a escrita da forma como ela aparece na sociedade. O ponto de partida e chegada é o texto. Pesquisas na área comprovam: alunos que não foram alfabetizados na perspectiva do letramento encontraram dificuldades na leitura e escrita nos anos seguintes. O desafio dos educadores em face do ensino da língua escrita passou a ser o de alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e escrever por meio de práticas sociais reais de leitura e escrita. Por meio dessa aprendizagem os alunos tornam-se usuários da escrita nas suas diferentes funções sociais, mesmo que, em um primeiro momento, não estejam ainda alfabetizados. Não se trata, portanto de escolher entre alfabetizar ou letrar; também não se trata de pensar os dois processos como sequenciais, isto é, vindo um depois do outro, como se letramento fosse uma espécie de preparação para a alfabetização, ou, então, como se a alfabetização fosse condição indispensável para o início do processo de letramento. Assim, entende-se que a ação pedagógica mais adequada e produtiva é aquela que contempla, de maneira articulada e simultânea, a alfabetização e o letramento. 6 Letramento: relaciona-se ao exercício efetivo e competente da escrita, nas situações em que precisamos ler e produzir textos reais. Ainda segundo a professora Magda Soares (Letramento: um tema em três gêneros, Belo Horizonte, Autentica, 1998, p. 47), alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita. Copyright 2013 Abril Educação - Todos os direitos reservados 8

Segundo Suely Amaral 7 : "...Ao conviver com uma sociedade que usa a escrita em outdoors, fachadas, livros, jornais, revistas, embalagens, placas, e quando os adultos ao redor utilizam a escrita para se comunicar com pessoas distantes, para escrever lembretes, para expressar sentimentos, para registrar situações vividas, para se comunicar com os pais, para registrar combinados feitos com o grupo de crianças, - a criança cria para si a necessidade de escrever bilhetes, registrar vivências... Esse é o ponto de partida para a aquisição da escrita......da mesma forma, se na escola lemos histórias, buscamos informações necessárias em livros, dicionários e revistas, revelamos coletivamente os combinados registrados na parede, lemos poemas, notícias de jornal, gibis ou cartas, criamos nas crianças o desejo e a necessidade de ler histórias, gibis, livros e poemas. " (AMARAL, 2004) AMARAL, S. Um mergulho no letramento a partir da educação infantil. In: Caderno temático de formação II - Educação infantil - Construindo a pedagogia da infância no Município de São Paulo. São Paulo, 2004. Já sabemos que não basta colocar os alunos diante dos textos para garantir que eles conheçam o sistema de escrita alfabético (o alfabeto, o nome e a grafia das letras; diferença entre letras e outras formas gráficas; as convenções gráficas etc.). Sabemos, também, que o domínio desse sistema de escrita não garante que os alunos saibam participar adequadamente das práticas sociais de leitura, escrita e de comunicação. Para isso, esses saberes sobre o sistema de escrita e sobre a linguagem escrita 8 - podem e devem ser trabalhados concomitantemente. É na relação do aluno com a escrita, e com a intervenção dos colegas e professor, que o conhecimento em relação ao sistema de escrita e à linguagem escrita vai sendo construído. 7 Suely Amaral - Doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos. Professora do Curso de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP), coordenadora do Grupo de Estudos em Educação Infantil do mesmo campus da UNESP. 8 Linguagem escrita é a linguagem utilizada nos diferentes gêneros textuais que circulam socialmente. Aprender a ler e escrever inclui a aprendizagem dessa linguagem e sua especificidade em cada gênero. Essa aprendizagem dever ocorrer a partir da participação em situações de leitura e escrita em que os gêneros façam sentido. Por exemplo: aos poucos os alunos vão aprendendo como se escreve uma carta; aprendem que escrever uma carta é bem diferente de comunicar conhecimentos num texto de divulgação científica ou de contar uma história etc. As pesquisas didáticas apontam que é somente por meio do uso desses textos que um aluno pode, de fato, se tornar leitor e escritor, Projeto Toda força para o 1º ano. Volume 3, p. 40. PMSP, 2006. Copyright 2013 Abril Educação - Todos os direitos reservados 9

3. Organizando o ambiente alfabetizador O termo ambiente alfabetizador tem sido confundido algumas vezes, com a imagem de uma sala com paredes cobertas de textos e cartazes expostos e, às vezes, até com etiquetas nomeando móveis e objetos, como se essa fosse uma forma eficiente de expor as crianças à escrita. Um ambiente é alfabetizador quando promove situações de usos reais de leitura e escrita, nas quais as crianças têm oportunidade de participar. Se os adultos com quem as crianças convivem utilizam a escrita no seu cotidiano e oferecem a elas a oportunidade de presenciar e participar de diversos atos de leitura e de escrita, elas podem, desde cedo, pensar sobre a língua e seus usos, construindo ideias sobre como se lê e como se escreve. É necessário criar, em sala de aula, um ambiente alfabetizador que possibilite às crianças não apenas ter acesso ao mundo letrado como também nele interagir. Copyright 2013 Abril Educação - Todos os direitos reservados 10

No dia a dia da sala de aula, são variadas as situações de comunicação que necessitam de mediação pela escrita. São alguns exemplos: (a) quando se recorre a uma instrução escrita de uma regra de jogo, (b) quando se lê uma notícia de jornal interessante, (c) quando se informa sobre o dia e horário de uma festa em um convite de aniversário ou (d) quando o professor envia um bilhete aos pais e tem a preocupação de lê-lo para as crianças, permitindo que elas se informem sobre o seu conteúdo e intenção. Várias ações que, tradicionalmente, o professor realizava fora da sala e na ausência das crianças, podem ser partilhadas com a classe e integradas às atividades de exploração dos diversos usos da escrita e da leitura. Entre elas, preparar convites para a reunião de pais ou alguma festividade ou ler um bilhete enviado por outro professor ou algum familiar. Planejar situações diversificadas na sala com textos variados de diferentes gêneros é fundamental para a construção de um ambiente de letramento. A organização desse material escrito deve ter como objetivo iniciar as crianças no contato com diversos textos e facilitar a observação de práticas sociais de leitura e escrita, considerando-se suas diferentes funções e características. Alguns textos são adequados para o trabalho com a linguagem escrita nos anos iniciais. Constituem exemplos contos infantis, poemas, parlendas, adivinhas, trava-línguas, cantigas, histórias em quadrinhos, receitas culinárias, regras de jogo, textos impressos em embalagens, rótulos, anúncios, cartazes, folhetos, cartas, bilhetes, postais, convites, textos de jornais, revistas etc. Algumas sugestões para a sala de aula Organize o espaço da sala de aula e não se esqueça de proporcionar aos alunos informações sobre a escrita. Considere as funções da escrita fora da escola: dar informações, organizar, esclarecer, orientar, localizar etc. Materiais escritos - avisos para alunos e familiares; listas de ajudantes do dia, das histórias lidas, dos nomes dos alunos; calendário e cartaz dos aniversariantes do dia - ajudam na rotina e podem ser consultados na frente dos alunos, que também, devem utilizá-los quando necessário e, principalmente, como consulta para a escrita de novas palavras. Além disso, tenha na sala um painel como fonte de consulta e como resultado dos estudos ou projetos desenvolvidos. Afixe nesse painel reportagens sobre animais, fotos ou listas de lugares, cartazes de campanhas de saúde, mapas, desenhos e textos produzidos pelos alunos sobre determinado tema. Providencie também na sala, um mural para expor notícias ou curiosidades que serão lidas e discutidas com as crianças para que saibam do que se trata. Um cantinho organizado por eles pode facilitar a localização de livros, revistas, gibis, folhetos, propagandas e receitas. A rotina deve contemplar momentos de Copyright 2013 Abril Educação - Todos os direitos reservados 11

visitação, leitura e empréstimo. O conjunto desses materiais e sua utilização compõem um ambiente alfabetizador, tornam a língua escrita viva dentro da sala de aula e contribuem para que as crianças se posicionem como leitores e escritores. Incentive a participação dos alunos em atividades de leitura, mesmo que ainda não saibam ler e escrever. A leitura em voz alta da literatura, as rodas de leitura de jornal, de curiosidades, por exemplo - possibilitam que a professora compartilhe com os alunos informações valiosas sobre a escrita. Proponha situações de leitura e escrita de acordo com o que os alunos sabem sobre a escrita, e segundo as próprias hipóteses. Nessas situações, os alunos coordenam o que sabem com as informações do professor e os indícios do texto. Questione os alunos sobre o uso e funções da escrita. Pergunte - quem escreveu esse texto, para quem escreveu, onde aparece, que tipo de informação ele traz, para que serve. Questione os alunos em relação ao sistema de escrita. Faça alguns questionamentos como: quantas e quais letras aparecem? Qual a primeira letra, qual a última? Que outras palavras têm essa letra? Em que ordem as letras aparecem? Onde está escrita tal palavra? Como você sabe...? Organize trabalho em duplas- ao interagir com o colega que tem conhecimentos próximos, embora diferentes, um aluno pode ampliar seu conhecimento, refletindo sobre o que está escrito ou vai escrever, utilizando estratégias de leitura, testando suas hipóteses sobre o número de letras, a qualidade e ordem em que as mesmas devem ser escritas, entre outras coisas. O professor deve acompanhar algumas duplas em um dia, e outras no dia seguinte e, assim, sucessivamente. (Na aula 2 você terá a oportunidade de ampliar esse assunto.). Favoreça o apoio direto aos alunos. É essencial intervir junto aos alunos ou duplas que apresentem maiores dificuldades. Não se esquecer que existem alunos que não chamam a atenção, não pedem ajuda e não apresentam avanços significativos durante certo período. Caso eles existam na sua classe, é necessário planejar um acompanhamento mais direto, talvez organizando a disposição das mesas e cadeiras da sala de modo a aproximar esses alunos do professor. Após ter orientado os alunos a realizar determinada atividade, circule entre eles e observe seus trabalhos, especialmente os daqueles que têm mais dificuldades. O propósito é avaliar se compreenderam a proposta, observar como estão interagindo, garantir que as informações circulem e todos expressem o que sabem. Procure questionar e intervir, para evitar a ideia de que qualquer resposta é válida. Observe se o grau de dificuldade envolvido na proposta está além do alcance de alguns alunos, Copyright 2013 Abril Educação - Todos os direitos reservados 12

se está muito difícil para eles. Procure fazer ajustes, questionando alguns para que reflitam um pouco mais e oferecendo pistas para ajudar os inseguros. O material apostilado da Abril Educação, foi elaborado considerando a organização do trabalho pedagógico e a criação de um ambiente alfabetizador em classes do 1º ano do Ensino Fundamental de nove anos. Apresenta nas situações de aprendizagem e nas orientações ao professor - inseridas nos cadernos e nas sugestões do Guia - uma proposta de alfabetização em contexto letrado, envolvendo as práticas sociais de leitura e escrita (letramento); ao mesmo tempo, permite um trabalho sistemático e pontual com as questões relacionadas à alfabetização inicial (conhecer o alfabeto, o nome e a grafia das letras, distinguir letras de outras formas gráficas, dominar as convenções gráficas etc.). Como você já aprendeu até agora, para aprender a ler é necessário que o aluno participe de situações de leitura de fato, entrando em contato com textos de verdade, interagindo com a diversidade de textos escritos, contando com o incentivo e a ajuda dos colegas e do professor. O que temos percebido é que, aos leitores iniciantes são oferecidos textos simplificados, curtos e de poucas frases. Cabe ao professor compreender que os alunos são capazes de interpretar e produzir textos mesmo não conseguindo ler sozinhos e escrever de próprio punho. Segundo os Referenciais Curriculares Nacionais/Linguagem oral e escrita: Ler não é decifrar palavras. A leitura é um processo em que o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, apoiando-se em diferentes estratégias, como seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor e de tudo o que sabe sobre a linguagem escrita e o gênero em questão. O professor não precisa omitir, simplificar ou substituir por um sinônimo familiar as palavras que considere difíceis, pois se o fizer, correrá o risco de empobrecer o texto. A leitura de uma história é uma rica fonte de aprendizagem de novos vocabulários. Um bom texto deve admitir várias interpretações superando-se assim, o mito de que ler é somente extrair informações do escrito. (MEC, p.144-145). Ao ouvir histórias lidas pelo professor, os alunos se colocam no papel de leitores, podendo identificar a linguagem, os gêneros ou portadores sobre os quais eles se apresentam - livros, bilhetes, cartas, jornais etc. Copyright 2013 Abril Educação - Todos os direitos reservados 13

Espera-se que as crianças, mesmo as que ainda não compreendem o sistema de escrita, entrem em contato com a linguagem escrita através dos textos apresentados e descubram algumas propriedades textuais, entre elas a de que uma das funções dos textos é a de contar histórias para o outro. O material do 1º ano apresenta textos verdadeiros, diversificados, de qualidade e em alguns casos mais longos dos que, normalmente, são encontrados em livros didáticos para esse ano. Propomos que a leitura desses textos seja feita pelo professor com o acompanhamento e a participação ativa dos aluno: apoiando-se no conhecimento que têm do assunto, do autor e do gênero, e do que sabem sobre a escrita, os alunos podem, por exemplo, identificar o título ou mesmo perceber que ouvir um texto é já uma forma de leitura. Acreditamos que as conquistas obtidas pelo aluno do 1º ano devam ter continuidade no 2º ano, para que ele possa consolidar conhecimentos que acabou de construir. Para tanto, no material apostilado, optamos em manter, no início do 2º ano, muitos dos conteúdos e atividades com os quais os alunos se familiarizaram, como, por exemplo, textos escritos em letra de imprensa maiúscula, trabalho com as letras do alfabeto e nomes dos alunos; leitura e escrita de textos de memória, atividades de escrita com o jogo de letras, estudo dos diferentes tipos de letras e produção de texto coletivo. Referências Bibliográficas COLELLO, S. M. G. Alfabetização e Letramento: repensando o ensino da língua escrita. São Paulo: FEUSP, 2009. Disponível em: http:// www.hottopos.com/videtur29/silvia.htm acesso em 29/04/2009. COELHO. M. A. Alfabetização como concepção de aprendizagem. In: Revista Direcional Educador. ano 5. ed.5. São Paulo, 2009. FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. A psicogênese da Língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. MELLO, S. A. Um mergulho do letramento a partir da Educação Infantil. In: Caderno temático de formação II - Educação infantil - Construindo a pedagogia da infância no Município de São Paulo. São Paulo: PMSP, 2004. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Ensino Fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília, 2006. Copyright 2013 Abril Educação - Todos os direitos reservados 14

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