EMBTE : DNIT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES REPTE : PROCURADORIA REGIONAL FEDERAL - 5ª REGIÃO EMBDO : SILDILON MAIA THOMAZ DO NASCIMENTO ADV/PROC : SILDILON MAIA THOMAZ DO NASCIMENTO ORIGEM : 9ª VARA FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (COMPETENTE P/ EXECUçõES PENAIS) RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA Pleno R E L A T Ó R I O O EXMO. DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA (RELATOR): Trata-se de Embargos Infringentes opostos pelo DNIT contra acórdão prolatado pela 1ª Turma deste Regional, que, por maioria, deu parcial provimento à apelação interposta pela parte autora, condenando a referida autarquia ao pagamento de 50% dos prejuízos materiais suportados pelo autor, sob o fundamento de que houve concorrência de causas para o evento danoso. O recorrente objetiva fazer prevalecer o voto vencido, proferido pelo Desembargador federal Francisco Cavalvanti, no sentido de que encontra-se ausente a causalidade material entre o eventus damni e o comportamente positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público (nexo de causalidade), tendo em conta a culpa exclusiva do autor. Em suas razões recursais, o Embargante sustenta que a perícia técnica confirmou que o acidente automobilístico sofrido pelo Autor decorreu exclusivamente de sua imprudência em dirigir em velocidade acima do permitido para o local e para a condição da pista, que se encontrava molhada. Contrarrazões apresentadas pela parte autora, às fls. 312/319, alegando, preliminarmente, que o recurso não deve ser conhecido, em razão da ausência de impugnação aos fundamentos da decisão recorrida. No mérito, requer o improvimento dos embargos. É o relatório. Ao eminente revisor. Justiça Federal Relator 1
EMBTE : DNIT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES REPTE : PROCURADORIA REGIONAL FEDERAL - 5ª REGIÃO EMBDO : SILDILON MAIA THOMAZ DO NASCIMENTO ADV/PROC : SILDILON MAIA THOMAZ DO NASCIMENTO ORIGEM : 9ª VARA FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (COMPETENTE P/ EXECUçõES PENAIS) RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA Pleno V O T O O EXMO. DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA (RELATOR): Inicialmente, analiso a preliminar de não conhecimento suscitada pelo Embargado, para rejeitá-la. Isso porque, em suas razões recursais, o Embargante obedeceu ao limite de impugnação próprio do recurso em análise, na medida em que aponta os motivos pelos quais entende que deveria prevalecer o voto vencido, afastando sua responsabilidade pelo evento danoso, como restou decidido. Não há, portanto, que se falar em ausência de impugnação aos fundamentos da decisão vergastada. Desta forma, rejeito a preliminar, e estando satisfeitos os demais requesitos de admissibilidade, passo a enfrentar o mérito recursal, que reside em verificar se houve ou não culpa concorrente do Embargante para o evento danoso. No presente caso, o ora Embargado ajuizou ação de indenização por danos materiais contra o DNIT, em razão de acidente que teria sido resultante da má manutenção de rodovia federal. De acordo com a narrativa da exordial, o autor teria se deparado com dois buracos no interior de uma curva da rodovia, não conseguindo desviá-los, ocasionando a perda do controle da direção e o capotamento do veículo. Ao sentenciar o feito, o Juízo a quo entendeu que não existiam elementos probatórios que demonstrassem o liame entre o acidente automobilístico e a existência de buracos na pista. Ao julgar as apelações interpostas pelas partes, a 1ª Turma deste Regional decidiu, por maioria, nos termos do voto condutor proferido pelo Desembargador Federal Manoel de Oliveira Erhardt, que o DNIT foi omisso na manutenção do perímetro no qual se deu o acidente, e que a má conservação da rodovia contribuiu de forma decisiva para o evento danoso. Reconheceu-se, ainda, que a responsabilidade da autarquia foi atenuada pela culpa concorrente do autor, que trafegava em alta velocidade. A controvérsia a ser dirimida, portanto, se limita a aferir se HÁ PROVA de que a má conservação da rodovia concorreu para o acidente, ensejando o 2
reconhecimento da culpa concorrente, ou se o evento danoso pode ter decorrido de culpa exclusiva da vítima, por transitar em velocidade MUITO superior à permitida. O Laudo Pericial de fls. 160/170 apontou que o primeiro buraco poderia ser avistado a uma distância de pelo menos 40m e que há grande probabilidade do veículo estar em velocidade bastante superior ao permitido ao tocar no primeiro buraco, o que causou a perda de controle e as demais consequências do acidente. O perito afirmou, ainda, que Conhecendo bem o trecho em que está trafegando e mantendo-se a velocidade máxima permitida para o trecho, o acidente poderia ter sido evitado. Concluiu, ao final, que a probabilidade do acidente ter sido causado exclusivamente por causa dos buracos que existiam na pista é muito pequena. Trafegando-se na velocidade máxima permitida para o trecho, 80 km/h, demonstrou-se ser possível contornar a curva, desviar de obstáculos e realizar a frenagem de maneira segura. O excesso de velocidade é O mais provável agente causador do acidente. Sobra possível, pois, que a imprudência do motorista, ao imprimir velocidade excessiva, tenha sido a única causa do evento danoso, sendo do autor o ônus de formar quadro probatório que afaste tal hipótese. Não há, portanto, como responsabilizar civilmente o DNIT, pois o dano não se pode afirmar que o dano ocorreu decorreu mesmo que parcialmente de fato imputável ao Estado, devendo prevalecer o voto vencido prolatado pelo Desembargador federal Francisco Cavalvanti, no sentido de que encontra-se ausente a causalidade material entre o eventus damni e o comportamente positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público (nexo de causalidade), tendo em conta a culpa exclusiva do autor. Em face do exposto, dou provimento aos embargos infringentes. É como voto. Justiça Federal Relator 3
EMBTE : DNIT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES REPTE : PROCURADORIA REGIONAL FEDERAL - 5ª REGIÃO EMBDO : SILDILON MAIA THOMAZ DO NASCIMENTO ADV/PROC : SILDILON MAIA THOMAZ DO NASCIMENTO ORIGEM : 9ª VARA FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (COMPETENTE P/ EXECUçõES PENAIS) RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA Pleno EMENTA: ADMINISTRATIVO. EMBARGOS INFRINGENTES. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ACIDENTE EM RODOVIA FEDERAL. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. MÁ CONSERVAÇÃO DA RODOVIA. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. PROVIMENTO. 1. Trata-se de Embargos Infringentes opostos pelo DNIT contra acórdão prolatado pela 1ª Turma deste Regional, que, por maioria, deu parcial provimento à apelação interposta pela parte autora, condenando a referida autarquia ao pagamento de 50% dos prejuízos materiais suportados pelo autor, sob o fundamento de que houve concorrência de causas para o evento danoso. 2. Rejeita-se a preliminar levantada, pois, em suas razões recursais, o Embargante obedeceu ao limite de impugnação próprio do recurso em análise, na medida em que aponta os motivos pelos quais entende que deveria prevalecer o voto vencido, afastando sua responsabilidade pelo evento danoso. Não há, portanto, que se falar em ausência de impugnação aos fundamentos da decisão vergastada. 3. A controvérsia a ser dirimida, portanto, se limita a aferir se HÁ PROVA de que a má conservação da rodovia concorreu para o acidente, ensejando o reconhecimento da culpa concorrente, ou se o evento danoso pode ter decorrido de culpa exclusiva da vítima, por transitar em velocidade MUITO superior à permitida. 4. No presente caso, o ora Embargado ajuizou ação de indenização por danos materiais contra o DNIT, em razão de acidente que teria sido resultante da má manutenção de rodovia federal. De acordo com a narrativa da exordial, o autor teria se deparado com dois buracos no interior de uma curva da rodovia, não conseguindo desviá-los, ocasionando a perda do controle da direção e o capotamento do veículo. 5. Ao sentenciar o feito, o Juízo a quo entendeu que não existiam elementos probatórios que demonstrassem o liame entre o acidente automobilístico e a existência de buracos na pista. 4
6. Ao julgar as apelações interpostas pelas partes, a 1ª Turma deste Regional decidiu, por maioria, nos termos do voto condutor proferido pelo Desembargador Federal Manoel de Oliveira Erhardt, que o DNIT foi omisso na manutenção do perímetro no qual se deu o acidente, e que a má conservação da rodovia contribuiu de forma decisiva para o evento danoso. Reconheceu-se, ainda, que a responsabilidade da autarquia foi atenuada pela culpa concorrente do autor, que trafegava em alta velocidade. 7. O Laudo Pericial de fls. 160/170 apontou que o primeiro buraco poderia ser avistado a uma distância de pelo menos 40m e que há grande probabilidade do veículo estar em velocidade bastante superior ao permitido ao tocar no primeiro buraco, o que causou a perda de controle e as demais consequências do acidente. 8. O perito afirmou, ainda, que conhecendo bem o trecho em que está trafegando e mantendo-se a velocidade máxima permitida para o trecho, o acidente poderia ter sido evitado. Concluiu, ao final, que a probabilidade do acidente ter sido causado exclusivamente por causa dos buracos que existiam na pista é muito pequena. Trafegando-se na velocidade máxima permitida para o trecho, 80 km/h, demonstrou-se ser possível contornar a curva, desviar de obstáculos e realizar a frenagem de maneira segura. O excesso de velocidade é O mais provável agente causador do acidente. 9. Sobra possível, pois, que a imprudência do motorista, ao imprimir velocidade excessiva, tenha sido a única causa do evento danoso, sendo do autor o ônus de formar quadro probatório que afaste tal hipótese. Não há, portanto, como responsabilizar civilmente o DNIT, pois não se pode afirmar que o dano ocorreu, mesmo que parcialmente, de fato imputável ao Estado, devendo prevalecer o voto vencido prolatado pelo Desembargador federal Francisco Cavalvanti, no sentido de que encontra-se ausente a causalidade material entre o eventus damni e o comportamente positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público (nexo de causalidade), tendo em conta a culpa exclusiva do autor. 10. Embargos infringentes providos. 5
A C Ó R D Ã O Decide o Pleno do, por maioria, dar provimento aos Embargos Infringentes, nos termos do voto do Relator, na forma do relatório e notas taquigráficas que passam a integrar o presente julgado. Recife, 05 de agosto de 2015 (data do julgamento). Relator 6