DIREITO TRIBUTÁRIO CURSO BÁSICO ÁREA FISCAL. Professor: João Marcelo Rocha



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Transcrição:

DIREITO TRIBUTÁRIO CURSO BÁSICO ÁREA FISCAL Professor: João Marcelo Rocha

Matéria legal: Código Tributário Nacional (Lei 5.172/1966): arts. 1 a 18 76 a 82 96 a 208 Constituição Federal: arts. 145 a 156 177, 4º 195

SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS Livros Luciano Amaro Direito Tributário Brasileiro, Editora Saraiva. Luiz Emygdio da Rosa Jr. Manual de Direito Financeiro e Direito Tributário, Editora Revonar. Paulo de Barros Carvalho Curso de Direito Tributário, Editora Saraiva. Aliomar Baleeiro (atualizadora Misabel Abreu Machado Derzi) Direito Tributário Brasileiro, Editora Forense. Ricardo Lobo Torres Curso de Direito Financeiro e Tributário, Editora Renovar. Hugo de Brito Machado Curso de Direito Tributário, Editora Malheiros.

Materiais para concursos João Marcelo Rocha Direito Tributário, Editora Ferreira. Ricardo Alexandre Direito Tributário Esquematizado, Editora Método.

Unidades de Estudo: I- Normas Constitucionais e a definição de tributo e suas espécies II- Legislação tributária III- Obrigação Tributária IV- Crédito Tributário V- Administração Tributária

UNIDADE I: NORMAS CONSTITUCIONAIS E A DEFINIÇÃO DE TRIBUTO E SUAS ESPÉCIES

1- Direito Tributário - O Direito e suas ramificações: - Direito Civil - Direito Empresarial - Direito Constitucional - Direito Administrativo - Direito Financeiro - Direito Tributário - Direito processual - Direito Penal - (...)

Direito Financeiro: é o ramo do direito que estuda a atividade financeira do Estado e a disciplina da consecução das receitas, da gestão dos recursos e das despesas. Direito Tributário: é o ramo didaticamente autônomo do direito que estuda as relações jurídicas entre o Estado e o contribuinte, relativas à instituição, fiscalização e arrecadação de tributos. A divisão do direito em vários ramos tem escopo apenas didático, pois esses vários ramos, a todo o momento, se entrelaçam numa constante interdependência.

2- Estado O Estado é a sociedade politicamente organizada. O Estado surge pela vontade de toda a sociedade (ou pelo menos da maior parte dela), e existe para realizar em favor desta sociedade atividades que cada um, individualmente, não poderia se proporcionar. Para isso, a coletividade investe o Estado de determinadas prerrogativas não comuns aos particulares. É o que se costuma chamar de soberania do Estado. É o poder de realizar atividades que são privativas do ente estatal, tais como o poder de punir, o poder de tributar e o poder de controlar.

3- Receitas do Estado: originárias e derivadas Receita originária é aquela que o Estado consegue angariar por meio de atividades comuns aos particulares. Neste momento, o Estado despe-se de sua soberania e age como se particular fosse. São receitas que derivam de obrigações surgidas por vontade das partes, ou seja, do contrato entre o Estado e outra pessoa qualquer. Alguns exemplos: aluguéis recebidos, lucro na alienação de bens, dividendos oriundos de participações societárias, doações recebidas.

Receita derivada é aquela que o Estado consegue angariar por meio de atividades que lhe são típicas. Neste momento, o Estado se utiliza da soberania que lhe foi outorgada pela coletividade. São receitas que derivam de obrigações surgidas por imposição coativa do Estado, por força da lei. São exemplos: tributos, multas administrativas e penais, reparações de guerra.

Receita Originária Contrato Receita Derivada Imposição legal

4- Tributo (art. 3, CTN). É prestação pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir. É prestação compulsória. Instituído em lei. Não é sanção de ato ilícito. É cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada à lei.

5- Espécies de tributo (art. 5º, CTN; art. 145, CF) - Imposto - Taxas - Contribuição de melhoria O critério distintivo o fato gerador (FG) A proximidade entre taxas e contribuição de melhoria

Taxas (art. 77, CTN): o FG pode ser: a utilização, efetiva ou potencial, de um serviço público específico e divisível (taxa de serviço). Exame de alguns serviços: iluminação pública, segurança pública, limpeza pública, coleta domiciliar de lixo, combate a incêndio; ou o exercício regular do poder de polícia (taxa de polícia).

As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos (CF, art. 145, 2º). T = BC x Al O capital das empresas também não pode ser utilizado como base de cálculo das taxas (CTN, art. 77, parágrafo único).

Contribuição de melhoria (art. 81, CTN): o FG é a valorização imobiliária decorrente de obra pública (art. 1º do DL 195/1967). Imóvel de $50.000,00 + Obra Pública = Imóvel de $52.000,00 O princípio do não-enriquecimento sem justa causa. O potencial aspecto regulador.

A contribuição de melhoria deve respeitar, ao mesmo tempo, dois limites: - Limite total é o valor máximo que o ente público pode arrecadar com determinada contribuição instituída em função de certa obra: o valor do custo da obra. - Limite individual é o valor máximo que cada contribuinte poderá ser cobrado em relação ao seu imóvel: a valorização sofrida pelo respectivo imóvel

Antes da publicação da lei que vier a instituir a contribuição de melhoria, deverá haver a publicação de um edital com dados informativos à população sobre a cobrança deste tributo. Tais dados, uma vez publicados, poderão ser objeto de impugnação por qualquer interessado durante um prazo a ser fixado, que não poderá ser inferior a trinta dias (o Decreto-lei 195/1967, em seu art. 6, fixa exatamente em trinta dias o prazo dentro do qual poderão ser formuladas as impugnações). As informações a constarem no edital são: (i) o memorial descritivo do projeto; (ii) o orçamento da obra; (iii) a parcela do custo que será financiada ou amortizada pela contribuição; (iv) a delimitação da área beneficiada; e (v) a fixação dos coeficientes de valorização.

Impostos (art. 16, CTN): o FG é uma situação que independe de qualquer contraprestação estatal específica relativa ao contribuinte. O problema da capacidade contributiva. FG do imposto como sinal manifestador de capacidade contributiva. A tríade: renda, patrimônio e consumo.

6- O artigo 4 do CTN. A natureza jurídica específica de um tributo é determinada pelo seu fato gerador. Vale dizer, a classificação do tributo em espécies (se imposto, taxa ou contribuição de melhoria) é feita por meio do conhecimento do fato gerador da respectiva obrigação de pagar. São irrelevantes: - o nome que a lei atribuir ao tributo ou outras características formais; e - o destino da receita arrecadada.

7- Empréstimos Compulsórios (art. 148, CF; art. 15, CTN) e Contribuições Especiais ou Parafiscais (arts. 149 e 149-A, CF). - A natureza tributária: a adequação ao conceito de tributo e o regime constitucional. - A caracterização pelo destino do dinheiro arrecadado. - A discussão a respeito da natureza jurídica específica. As correntes da literatura tributária: (i) 3 espécies; (ii) 4 espécies. A compreensão do STF na matéria.

7.1- Empréstimos Compulsórios só a União pode instituí-los, diante das seguintes circunstâncias políticas: - em caso de guerra ou sua iminência; - em caso de calamidade pública (em ambas, não se deve respeito a qualquer princípio de anterioridade); ou - em caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional (há que se respeitar o princípio da anterioridade, anual e nonagesimal).

A revogação do inciso III do art. 15 do CTN pela Constituição de 1988. por meio de lei complementar o produto arrecadado só pode ser utilizado na despesa que fundamentou a instituição O problema do fato gerador. O caráter provisório.

Aspecto material Aspecto formal Lei complementar Temas pontualmente indicados na CF Aprovação pela maioria absoluta (maioria dos membros da Casa) Lei ordinária Os outros temas Aprovação pela maioria simples (maioria dos presentes na votação) Exemplo. Senado total de membros = 81 presentes na votação = 71 maioria absoluta = 41 maioria simples = 36

7.2- Contribuições Especiais. Elas dividem-se em: (i) sociais; (ii) de intervenção no domínio econômico (interventivas); (iii) de interesse das categorias profissionais ou econômicas (corporativas); e (iv) de iluminação pública. Elas são instituídas: em regra, pela União*; por meio de lei ordinária**; e devem, em regra, observar o princípio da anterioridade anual e nonagesimal***.

*Os Estados, DF e Municípios também podem instituir contribuição para a seguridade, para que sejam cobradas de seus respectivos servidores públicos, para financiamento dos respectivos sistemas próprios de previdência. *A competência para a instituição da contribuição de iluminação pública é dos Municípios e do DF. ** Existe apenas uma hipótese de contribuição da seguridade (contribuição residual art. 195, 4º) que exige lei complementar para sua instituição.

***As contribuições da seguridade (inclusive as estaduais e municipais) não respeitam o princípio da anterioridade anual; podem ser cobradas 90 dias após a publicação da lei instituidora ou majoradora (CF, art. 195, 6º). ***A CIDEcombustíveis, quando tem as alíquotas majoradas pelo Executivo, também não se sujeita à anterioridade anual (CF, art. 177, 4º, I, b ).

7.2.1- Sociais (CF, art. 149): são contribuições instituídas para a realização de direitos sociais previstos na Constituição. Atualmente, é comum dividi-las em duas categorias: (i) contribuições destinadas ao financiamento da atividade pública de seguridade social, ou seja, das atividades de saúde, previdência e assistência social mantidas pelo Poder Público (CF, art. 195), e (ii) as contribuições sociais gerais, destinadas à realização de outros direitos sociais.

As contribuições sociais gerais são reguladas em dispositivos constitucionais esparsos: salário educação, art. 212, 5º; contribuições em favor dos serviços sociais autônomos, art. 240 ( entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical ), como SENAI, SENAC e SENAR; contribuição ao FGTS, art. 7º, III; quanto a esta última, a jurisprudência superior pacificou-se no sentido de que ele não é tributo vide Súmula 353 do STJ).

As contribuições sociais da seguridade social são tratadas de modo específico no art. 195, CF. Este estabelece que toda a sociedade financiará a seguridade (princípio da solidariedade). A União pode instituir contribuições da seguridade a serem cobradas: dos trabalhadores e demais segurados da Previdência (Lei 8.212/1991, arts. 20/21) dos empregadores, empresas e equiparadas incidentes sobre: (i) folha de salários e demais rendimentos do trabalho (Lei 8.212/1991, arts. 22/25-A) (ii) receita ou faturamento (COFINS e PIS; Leis 9.718/1998, 10.637/2002 e 10.833/2003) (iii) lucro (CSLL; Lei 7.689/1988)

sobre a receita de concursos de prognósticos (Lei 8.212/1991, art. 26) sobre a importação (COFINS-importação e PISimportação; Lei 10.865/2004) a contribuição residual da seguridade social ( 4º)

7.2.2- Interventivas (CF, art. 149): são contribuições instituídas para financiar a atividade de intervenção da União em determinado setor da economia. São conhecidas pela sigla CIDE (contribuição de intervenção no domínio econômico). Ex.: AFRMM (Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante), regulado pela Lei 10.893/2004; a CIDEcombustíveis, regulada pela CF, art. 177, 4º, e Lei 10.336/2001; a CIDE-tecnologia, regulada pela Lei 10.168/2000; a contribuição ao FUST (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicação), regulada pela Lei 9.998/2000, art. 6º, IV.

7.2.3- Corporativas (CF, art. 149): são contribuições instituídas em favor de entidades representativas de categoria econômica ou profissional. Ex.: contribuições em favor de Sindicatos (contribuição sindical obrigatória prevista na CLT, arts. 578 a 591) e em favor dos conselhos reguladores de profissões (OAB, CFM, CFC, CONFEA, etc.).

7.2.4- Iluminação pública (CF, art. 149-A): contribuição destinada a custear o serviço local de iluminação pública. A competência é dos Municípios e do DF.

Contribuições especiais Contribuições especiais Sociais Interventivas Corporativas Iluminação pública Sociais Gerais Seguridade Social Empregadores Folha de pagamentos; Receita; e Lucro Trabalhadores Receita de concurso de prognósticos Importação Residual

8- Noção sobre as principais funções dos atos normativos no contexto do Direito Tributário Positivo. - Constituição Federal e suas Emendas - Lei Complementar - Lei Ordinária - Atos Infralegais

Constituição Federal e suas Emendas: estabelecem as competências e os princípios tributários. O texto constitucional não institui tributo algum, apenas determina quem tem a competência para fazê-lo. O fato de um tributo ser mencionado na Constituição não significa que ele tenha sido instituído; significa que alguma entidade política (U, E, DF ou M) pode instituí-lo. Além disso, a Constituição fixa princípios e regras que limitam a competência, o que garante aos contribuintes proteções em face do poder estatal. Competência tributária Proteções ao contribuinte

Lei Complementar: estabelece as normas gerais em matéria tributária. O conceito de normas gerais em matéria tributária é bastante discutido na literatura tributária. À luz do texto constitucional atual (art. 146, III), podemos dizer que elas são normas estabelecedoras de conceitos, não definidos pela própria Constituição, mas necessários para a regulamentação das competências e dos princípios tributários fixados no texto constitucional. Normas gerais seriam, pois, normas conceituais que complementam o texto constitucional, dando significado objetivo a expressões empregadas pela Constituição ao tratar do nosso Sistema Tributário.

São assuntos de normas gerais: a definição de tributo e suas espécies (imposto, taxa e contribuição de melhoria); definição sobre obrigação tributária; crédito tributário; lançamento tributário; prazos de decadência e prescrição tributárias; fixação dos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes dos impostos discriminados na Constituição.

- A natureza do Código Tributário Nacional Lei 5.172/1966. A introdução do instituto da lei complementar apenas pela CF de 1967. A CF de 1946 não regulava o instituto. A teoria da recepção a importância da compatibilidade material e a irrelevância da compatibilidade formal. A recepção e o novo fundamento de validade da lei antiga. Norma gerais em matéria tributária e a exigência de lei complementar nas CF de 1967, 1969 e 1988. O CTN lei ordinária em sentido formal; lei complementar em sentido material.

Lei Ordinária: institui tributos. Embora haja alguns tributos que, por força da Constituição, precisem ser instituídos por lei complementar (CF, arts. 148, 153, VII, 154, I, e 195, 4º), a função de instituir tributos é exercida, de maneira precípua, pela lei ordinária.

Atos Infralegais: são atos normativos que emanam do Executivo e regulamentam as leis. Esses atos normativos infralegais são atos expedidos pelo Poder Executivo, dentro do seu papel de fiel cumpridor e executor da lei. Tais atos não inovam no ordenamento jurídico, eis que realizam mera regulamentação das leis, não lhes alterando o sentido nem o alcance. São atos que estipulam normas que regulam detalhes que, devido ao reduzido teor de relevância, não são tratados pelos textos das leis. Constituem disposições que visam, simplesmente, a dar operacionalidade ao conteúdo da lei. Os exemplos são: os decretos (expedidos pelo Chefe do Executivo), as portarias (do Ministro da Fazenda e Secretários de Fazenda estaduais e municipais) e as instruções normativas (do Secretário da Receita Federal do Brasil e seus congêneres em âmbito estadual e municipal).

9- Conceitos relevantes. 9.1- Fiscalidade e Extrafiscalidade - o problema da finalidade do tributo. Finalidade arrecadadora (fiscalidade) e reguladora (extrafiscalidade). A função socioeconômica do tributo. 9.2- Tributo direto e tributo indireto a complexidade do problema. Repercussão. As análises jurídica e econômica do problema. 9.3- Contribuinte de direito e contribuinte de fato.

. Nota fiscal IPI ICMS -------------- -------------- -------------- -------------- ----

10- Princípios Constitucionais Tributários 10.1- Princípios gerais: Legalidade; Irretroatividade; Anterioridade; Isonomia; Capacidade contributiva e pessoalidade dos impostos; Não-confisco; e Não-limitação ao tráfego. 10.2- Vedações dirigidas à União: Uniformidade geográfica; Não-discriminação na tributação da renda oriunda das obrigações das dívidas públicas estaduais, distritais e municipais e da renda auferida pelos agentes públicos estaduais, distritais e municipais; e Vedação de instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. 10.3- Princípios específicos do ICMS e IPI: Não-cumulatividade; e Seletividade

10.1- Princípios gerais Legalidade (art. 150, I): estabelece que a instituição e majoração de tributo só podem se dar mediante lei. Apesar de não expressamente dito na CF, aplica-se em relação à redução de tributo, em razão da independência e harmonia entre os Poderes. Lei FG BC Al SP O princípio tributário da legalidade é corolário do princípio constitucional geral de que ninguém é obrigado a fazer ou a deixar de fazer algo senão em virtude de lei (CF, art. 5º, II).

Exceções fixadas no texto originário da Constituição de 1988: II, IE, IOF e IPI, eis que o Poder Executivo pode alterar as alíquotas desses impostos, como instrumento do controle da economia (CF, art. 153, 1º). Limites e condições dessa alteração por parte do Poder Executivo são fixados em lei.

Exceções fixadas em Emenda Constitucional (EC 33/2001). Além dos quatro casos de exceção acima, temos ainda: (i) a contribuição interventiva sobre o setor de combustíveis (CF, art. 177, 4º, I, b, com a redação dada pela EC 33/01), cujas alíquotas podem ser reduzidas e restabelecidas pelo Executivo; e (ii) o ICMS unifásico sobre combustíveis e lubrificantes (CF, art. 155, 4º, IV, com a redação dada pela EC 33/01), cujas alíquotas são fixadas por convênios entre os Estados e DF.

Irretroatividade (art. 150, III, a): estabelece a proibição da cobrança de tributo em relação a fato gerador ocorrido antes da vigência da lei que o institui ou o majora. Apesar de não expressamente dito na Constituição, aplica-se também a casos de lei que venha a reduzir o tributo (CTN, art. 105). O tributo devido pelo contribuinte é sempre aquele segundo a lei vigente à época do FG. O princípio tributário da irretroatividade é uma versão mais protetora do princípio constitucional geral de que lei nova não pode vir a prejudicar direitos adquiridos e atos jurídicos perfeitos (CF, art. 5º, XXXVI).

Fato Gerador Fiscalização / lançamento Aplica 10% Lei 1 Al = 10% Lei 2 Al = 8%

Anterioridade (art. 150, III, b e c ). Anterioridade anual (art. 150, III, b ): estabelece a proibição de cobrança do tributo no mesmo ano da publicação da lei que veio a instituí-lo ou majorá-lo. A lei que estabelece uma maior carga tributária aos cidadãos deve ser do conhecimento da sociedade desde o ano anterior ao da cobrança. Pub. lei maj. / inst. início dos efeitos 2010 2011

Exceções fixadas no texto originário da CF/1988: - II, IE, IOF, IPI (CF, art. 150, 1º, primeira parte), - empréstimos compulsórios em caso de guerra e calamidade (CF, art. 148, I), - contribuições da seguridade social (CF, art. 195, 6º) e - imposto extraordinário de guerra (CF, art. 150, 1º, primeira parte).

Exceções à anterioridade anual trazidas pela EC 33/01: (i) a contribuição interventiva sobre o setor de combustíveis, no que se refere às alterações de alíquotas realizadas pelo Executivo (CF, art. 177, 4º, I, b ) e (ii) as alíquotas nacionais do ICMS, fixadas mediante convênio, incidentes sobre combustíveis e lubrificantes que, segundo a lei complementar, sujeitar-se-ão à incidência única (CF, art. 155, 4º, IV, c ).

Anterioridade nonagesimal (art. 150, III, c ). A EC 42/2003 veio a fortalecer a proteção da anterioridade ao determinar que, em relação aos tributos em geral, a lei ou ato que os institui ou os majora deve ser publicado 90 dias antes do início dos seus efeitos.

Pub. lei maj. / inst. início dos efeitos 2010 90 dias pelo 2011 menos Pub. lei maj. / inst. início dos efeitos 2010 90 dias pelo 2011 menos

A mesma EC 42/2003 excepcionou as seguintes hipóteses (CF, art. 150, 1º, segunda parte): II, IE, IOF, empréstimos compulsórios em caso de guerra e calamidade, imposto extraordinário de guerra, IR e a fixação da base de cálculo do IPVA e IPTU.

Exceções à anterioridade Anual II, IE, IPI, IOF Imp. Ext. Guerra Emp. Comp. - Guerra / Calamidade Contribuições da Seguridade ICMS unifásico combustíveis CIDE - combustíveis Nonagesimal II, IE, IOF Imp. Ext. Guerra Emp. Comp. - Guerra / Calamidade IR Base de cálculo IPVA Base de cálculo IPTU

Isonomia (art. 150, II): estabelece que não se pode dar tratamento diferenciado a contribuintes que se encontram em situação semelhante, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. Decorre do princípio constitucional geral da igualdade (CF, art. 5º, caput). A concretização do princípio, pelos subprincípios da capacidade contributiva (impostos) e do custo/benefício (taxas e contribuição de melhoria).

Capacidade contributiva e pessoalidade dos impostos (art. 145, 1): apesar de a redação constitucional ser um tanto confusa, significa que os impostos sempre devem ser dimensionados de acordo com a capacidade econômica (princípio da capacidade contributiva) e que, sempre que possível, devem ter caráter pessoal (princípio da pessoalidade). CF/1988: Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte...

CF/1946 (art. 202): Os tributos terão caráter pessoal, sempre que isso for possível, e serão graduados conforme a capacidade econômica do contribuinte. Art. 15, 1º: 1º - são isentos do imposto de consumo os artigos que a lei classificar como o mínimo indispensável à habitação, vestuário, alimentação e tratamento médico das pessoas de restrita capacidade econômica.

Constituição do Império (1824, art. 179, XV): Ninguem será exempto de contribuir pera as despezas do Estado em proporção dos seus haveres. A capacidade contributiva e o entrechoque com os fins extrafiscais dos impostos.

Não-confisco (art. 150, IV): determina que o tributo deve ser estabelecido em proporções suportáveis ao contribuinte. O tributo não pode ser abusivo, do ponto de vista quantitativo. O poder estatal de tributar deve conviver, lado a lado, com o direito de propriedade dos cidadãos. Este princípio tributário é corolário da garantia constitucional do direito de propriedade (CF, art. 5º, XXII e XXIII). - Poder de tributar X direito de propriedade. - A dificuldade do controle. - O caráter não-absoluto do princípio. A função social da propriedade. - O problema da penhorabilidade dos bens do devedor.

Não-limitação ao tráfego de pessoas ou bens mediante tributo interestadual ou intermunicipal (art. 150, V): é um princípio dirigido a todos os entes tributantes e significa mais uma garantia constitucional à liberdade de locomoção (CF, art. 5º, XV). Não impede este princípio a existência de tributo intermunicipal ou interestadual; apenas proíbe que ele seja tão oneroso a ponto de estabelecer obstáculos à circulação de bens e pessoas. A Constituição ressalva a cobrança de pedágio. - Poder de tributar X liberdade de locomoção.

10.2- Vedações dirigidas à União (art. 151) Uniformidade geográfica (art. 151, I): proíbe a União que institua tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro. No entanto, admite-se a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País (vide CF, art. 43, 2º, III). - A relação com o princípio federativo e com a isonomia.

Não-discriminação na tributação da renda oriunda das obrigações das dívidas públicas estaduais, distritais e municipais e da renda auferida pelos agentes públicos estaduais, distritais e municipais (CF, art. 151, II). $ 1.000 2 anos 12% a. a. Título da dívida pública: - Valor de face / resgate - Juros remuneratórios - Prazo de resgate

CF, art. 151, II: É vedado à União:... II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;...

Vedação de instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (art. 151, III). - As isenções heterônomas no sistema constitucional anterior (CF/69, art. 19, 2º: 2º - a União, mediante lei complementar e atendendo a relevante interesse social ou econômico nacional, poderá conceder isenções de impostos estaduais e municipais ). - A hipótese ainda preservada (CF, art. 156, 3º, II - ISS). A hipótese superada (CF, art. 155, 2º, XII, e - ICMS).

- O problema dos tratados internacionais. Seu ciclo de formação: assinatura (chefe de Estado) aprovação legislativa (Congresso Nacional) ratificação (via diplomática) promulgação (Decreto presidencial). A cláusula da não-discriminação nos tratados e o ICMS. - A posição histórica (Súmula 575) e atual do STF sobre o tema dos tratados e a desoneração do ICMS / ISS.

10.3- Princípios específicos do ICMS e IPI. - A semelhança entre os dois impostos a incidência plurifásica. - As diferenças a maior abrangência material do ICMS e sua finalidade predominantemente fiscal.

Não-cumulatividade: refere-se a esses dois impostos, que podem incidir várias vezes sobre a mesma mercadoria, nas várias etapas de um processo de circulação econômica. Estabelece que o contribuinte pode abater, em cada operação tributada, o montante do imposto já pago (ou cobrado) nas operações anteriores, pelos seus antecessores no ciclo econômico. Sobre o IPI, ver art. 153, 3º, II; sobre o ICMS, ver art. 155, 2º, I, todos da Constituição.

Alíquota do ICMS = 10% VA = $1.000 VA = $200 VA = $300 $1.000 $1.200 $1.500 ICMS = $100 ICMS = $120 - $100 = $20 ICMS = $150 - $120 = $30

Seletividade (em função da essencialidade do produto): estabelece que quanto mais essencial for o produto ou mercadoria, menor deve ser a carga tributária sobre ele. A recíproca é verdadeira: quanto mais supérfluo for o produto ou mercadoria, maior deve ser a carga tributária. Este princípio é obrigatório para o IPI e facultativo para o ICMS. Sobre o IPI, ver art. 153, 3º, I; sobre o ICMS, ver art. 155, 2º, III. - A relação com o princípio da capacidade contributiva. - O entrechoque com a extraficalidade do IPI.

11- Competência tributária Competência tributária é o poder indelegável que é conferido pela Constituição Federal aos entes políticos para instituir os tributos nesta previstos. É uma incumbência legislativa. A competência tributária pode ser assim caracterizada: - é estabelecida na CF e suas Emendas - é o poder de instituir os tributos autorizados, por meio de lei - União, Estados, DF e Municípios a detêm - é indelegável

Capacidade tributária ativa é o poder delegável de cobrar o tributo que já foi instituído. É a atribuição de figurar como credor da obrigação junto ao devedor do tributo. Tal delegação para cobrar, fiscalizar e exigir, pode ser efetuada pelo ente político que instituiu o tributo a qualquer outra pessoa jurídica de direito público (art. 7, CTN). É uma incumbência executiva. Possui as seguintes características. - é o poder de exigir o tributo por meio de atividades executivas - U, E, DF, M, autarquias e fundações públicas podem detê-la - é delegável Parafiscalidade: delegação da capacidade + disponibilidade dos recursos arrecadados.

11.1- Classificação da competência tributária Competência comum (art. 145, II e III, CF): é o poder que têm União, Estados, DF e Municípios para instituir taxas e contribuições de melhoria. É dita comum, eis que o texto constitucional não estabelece uma listagem de tributos em favor de qualquer esfera política, apenas fixa o princípio de que caberá a instituição do tributo a quem oferecer de forma legítima a contraprestação estatal.

Competência privativa: é basicamente o poder que têm os entes federativos para instituir os impostos que são enumerados na Constituição. É dita privativa no sentido de que a Constituição enumera, por ente político, os impostos que podem ser instituídos. Incluem-se também na competência privativa da União o empréstimo compulsório (CF, art. 148) e as contribuições especiais (CF, art. 149), ressalvadas: (i) as contribuições da seguridade social da competência dos Estados, DF e Municípios (CF, art. 149, 1º); e (ii) a contribuição de custeio do serviço de iluminação pública, da competência privativa dos Municípios e DF (CF, art. 149-A).

União Estados e DF Municípios II IPVA IPTU IE ICMS ISS IPI ITDC ITBI IOF IR ITR IGF Empréstimos compulsórios Contribuições especiais Contribuição da seguridade sobre seus servidores Contribuição da seguridade sobre seus servidores Contribuição de iluminação pública

. Imóvel rural Incide sobre o valor do terreno ITR x IPTU Imóvel urbano Incide sobre o valor total do imóvel (terreno + edificações)

CTN, art. 32: 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público (CRITÉRIO DE LOCALIZAÇÃO): I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado.

2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior (CRITÉRIO DE UTILIZAÇÃO ECONÔMICA). Decreto-lei 57/1966: Art 15. O disposto no art. 32 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não abrange o imóvel de que, comprovadamente, seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agro-industrial, incidindo assim, sobre o mesmo, o ITR e demais tributos com o mesmo cobrados (CRITÉRIO DE UTILIZAÇÃO ECONÔMICA).

Atinge transmissões graciosas: doação e herança Incide sobre quaisquer bens (móveis ou imóveis) ITDC x ITBI Atinge transmissões onerosas: venda e permuta Incide apenas sobre bens imóveis

Competência cumulativa (art. 147, CF): é o poder de a União instituir, nos Territórios Federais, os impostos estaduais e, ainda, na hipótese de Território não dividido em Municípios, os impostos municipais. Bem assim, o Distrito Federal tem o poder de instituir os impostos municipais, já que não pode ser divido em Municípios (art. 32, caput, CF). - União nos Territórios impostos estaduais impostos municipais, caso o Território não seja dividido em Municípios - Distrito Federal impostos municipais

Competência residual (art. 154, I, e art. 195, 4º, CF). - Imposto residual: tem a União o poder de, a qualquer momento, instituir novos impostos, diferentes de todos aqueles discriminados na Constituição. Tal imposto deve ser verdadeiramente novo, com novo fato gerador e nova base de cálculo; deve ser instituído por lei complementar; e respeitar o princípio da não-cumulatividade. - Contribuição residual da seguridade. Esta competência abrange também a possibilidade de a União vir a instituir novas contribuições da seguridade, não discriminadas na Constituição, desde também se respeitem os três requisitos acima destacados.

art. 154, I, CF - impostos art. 195, 4 o, CF contribuições da seguridade - União - União - pode instituir novo imposto - pode instituir nova contribuição social - sem requisito de ordem circunstancial - o imposto pode ser permanente - respeitada a anterioridade anual e nonagesimal - sem requisito de ordem circunstancial - a contribuição pode ser permanente - respeitada a anterioridade nonagesimal - por lei complementar - por lei complementar - inovação de FG e BC - inovação de FG e BC - não-cumulativo - não-cumulativa

- O IPMF Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (1993/1994) foi instituído com base na competência residual? A EC 3/1993 conferiu competência privativa à União. - A CPMF Contribuição (para a seguridade social) Provisória sobre Movimentação Financeira (1996/2007) foi instituída com base na competência residual? A EC 12/1996 conferiu competência privativa à União. - O único caso de uso da competência residual: LC 84/1996, que instituiu a contribuição sobre a folha de pagamentos a autônomos e dirigentes. A competência privativa da época. O problema da base de cálculo. A posição do STF. A superveniência da EC 20/1998. A mudança do fundamento constitucional e o posterior status de lei ordinária.

Competência extraordinária (CF, art. 154, II, e CTN, art. 76): é o poder que tem a União de instituir, em caso de guerra ou iminência, outros impostos. Neste caso, o imposto não precisa ser novo, eis que podem ser escolhidos fato gerador e base de cálculo que já integrem a estrutura de outros impostos já discriminados na CF, mesmo a de impostos compreendidos na competência dos Estados, DF ou Municípios.

Competência extraordinária aspectos principais: - União - pode instituir um outro imposto - em caso de guerra ou sua iminência - o imposto é provisório - não deve respeito à anterioridade em nenhuma de suas formas - pode ser instituído por lei ordinária - há ampla liberdade de escolha do fato gerador - pode ser cumulativo As diferenças em relação ao empréstimo compulsório: devolução, lei instituidora e destino do dinheiro.

12- Imunidades Imunidades são situações protegidas pelo texto constitucional, de modo que o legislador não pode atingi-las com a instituição de determinado tributo. São situações em relação às quais a Constituição não outorgou ao legislador poderes para tributar. São limitações à competência tributária (incompetência). As situações imunes têm que ser deixadas de fora do campo de incidência do tributo que se pretende instituir, sob pena de inconstitucionalidade da lei instituidora. - O problema terminológico no texto da Constituição. - A imunidade e seus congêneres legais: não-incidência e isenção.

Conjunto de todos os fatos potencialmente incluídos no âmbito material dos impostos mencionados na Constituição.

Constituição Competência Imunidades

. Competência Incidência FG Nãoincidência Ñ- FG Imunidades Lei instituidora

Não-incidência: são situações que o legislador poderia atingir com a instituição de determinado tributo, mas que, por voluntariedade, ele não o faz. Tais situações são deixadas de fora do campo de incidência do tributo que ora se institui, por deliberação do próprio legislador, eis que a Constituição, quanto a elas, não estipula qualquer proteção. Tais situações não são definidas pela lei instituidora como fatos geradores do tributo.

Competência Lei isentiva Isenção Incidência FG Nãoincidência Ñ- FG Imunidades

Isenção: de acordo com a doutrina tradicional, defendida pelos idealizadores do CTN e que até hoje é acolhida pelo STF, são situações que estão dentro da área de incidência do tributo, mas cujo pagamento fica dispensado, mediante disposição expressa de lei. É a dispensa legal do pagamento do tributo que é devido, relativo a fatos que irão acontecer em momentos posteriores à vigência da lei isentiva.

Imunidade Não-incidência Isenção - prevista na CF e EC -prevista na lei instituidora - hipótese de incompetência tributária - prevista na lei isentiva - não há FG - há FG - não há FG - pode ser suprimida mediante lei nova - só pode ser suprimida mediante Emenda Constitucional (quando a supressão não fere nenhuma cláusula pétrea) - na criação de nova hipótese de incidência, há que se respeitar a anterioridade, se for o caso - pode ser suprimida mediante lei nova - na supressão da isenção, o tributo pode voltar, em regra geral, a ser cobrado imediatamente (exceto o caso do art. 104, III, CTN, que veremos adiante).

12.1- As imunidades são classificadas em: - subjetivas: são aquelas fixadas em torno das características de uma determinada pessoa. A proteção constitucional se dirige a uma determinada pessoa. Na maioria das vezes, o texto constitucional estabelece proteção ao respectivo patrimônio, renda ou serviços de tais pessoas. - objetivas: são aquelas fixadas em torno das características de um determinado objeto, bem, mercadoria ou serviço, sem preocupação com as características da pessoa que com ela lide, direta ou indiretamente. Existe quando a proteção constitucional dirige-se a certo objeto (mercadoria, produto, imóvel, etc.), bem ou serviço. Nessa circunstância, a imunidade abrange apenas os impostos que potencialmente atingiriam a coisa, bem ou serviço.

12.2- Classificação dos impostos em grupos econômicos: o CTN (arts. 19/73) estipula uma classificação dos impostos, que é relevante para a compreensão do assunto imunidade. Em geral, o entendimento administrativo na matéria parte dessa classificação, para interpretar a expressão constitucional impostos sobre patrimônio, renda ou serviços. Imp. s/ o Comércio Exterior Imposto de Importação Imposto de Exportação Impostos s/ o Patrimônio e a Renda IR IPVA IPTU ITR ITDC ITBI IGF Impostos sobre a Produção e a Circulação IPI ICMS ISS IOF

12.3- Principais hipóteses de imunidade. Imunidade recíproca (art. 150, VI, a): impede que os entes políticos (União, Estados, DF e Municípios) instituam impostos sobre patrimônio, renda e serviços, uns sobre os outros. - A imunidade recíproca é extensiva às autarquias e às fundações públicas desde que o respectivo patrimônio, renda ou serviços sejam afetos às suas atividades essenciais (art. 150, 2).

- Situação excludente da imunidade recíproca. Se o patrimônio, a renda ou os serviços estiverem relacionados à exploração de atividade econômica própria da iniciativa privada ou, ainda, quando o serviço prestado pelo ente público seja remunerado por preço ou tarifa pago pelo usuário, não prevalecerá a imunidade nem para a Administração Direta (U, E, DF, M), nem para a Administração Indireta (autarquias e fundações públicas) CF, art. 150, 3º.

- A imunidade recíproca e as empresas públicas e sociedades de economia mista. CF, art. 173, 2º: as empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. - A jurisprudência atual do STF reconhece a imunidade em relação a empresas públicas prestadoras de serviço público em regime de monopólio. - Os critérios que vem norteando a jurisprudência do STF: (i) a finalidade não-lucrativa, (ii) a preponderante participação societária do Estado e (iii) a inexistência de concorrência com a iniciativa privada.

- O problema dos impostos abrangidos. A compreensão administrativa Aplica a classificação dos impostos em grupos econômicos, nos termos do CTN. Impostos abrangidos: IR, ITR, IGF, IPVA, ITDC, IPTU, ITBI e ISS. Impostos não abrangidos: II, IE, IPI, IOF e ICMS. A jurisprudência do STF Não aplica a classificação do CTN e fixa a abrangência de qualquer imposto

- O problema da relação ou vinculação do patrimônio, renda e serviços às finalidades essenciais das entidades imunes. Temática pertinente à autarquias, fundações públicas e demais pessoas imunes mencionadas adiante. A compreensão administrativa Exige que a relação ou vinculação seja direta. A jurisprudência do STF Admite que a relação ou vinculação seja direta ou indireta.

Imunidade dos Templos de Qualquer Culto (art. 150, VI, b): são imunes a impostos sobre patrimônio, renda e serviços, desde que relacionados às suas atividades essenciais. - O fundamento da imunidade liberdade religiosa. - A natureza subjetiva da imunidade. - As organizações religiosas como pessoas jurídicas tipificadas no Código Civil (art. 44, IV).

Imunidade das entidades da alínea c do inciso VI do art. 150: Partidos políticos (Lei 9.096/95, art. 1º), inclusive suas fundações (Lei 9.096/95, art. 53) Entidades sindicais de trabalhadores Instituições de educação e de assistência social - Essas entidades são imunes a impostos sobre patrimônio, renda e serviços, desde que relacionados às suas atividades essenciais. - A Súmula 724 do STF: ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.

- A imunidade é aplicável desde que as entidades não tenham fins lucrativos e cumpram os requisitos fixados em lei (a lei referida é o CTN, art. 14). Os requisitos são: (i) não pode haver distribuição de lucros ou rendas; (ii) devem aplicar os recursos, no País, nos fins institucionais; e (iii) devem manter escrituração regular de suas receitas e despesas.

Imunidade dos livros, jornais, periódicos e o respectivo papel para impressão (art. 150, VI, d): é objetiva e protege somente as mercadorias dos impostos que, potencialmente, as gravariam. Impostos abrangidos: IPI, ICMS, II e IE. - Origem histórica. - Jurisprudência do STF. - Súmula 657 do STF: a imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos. Outras hipóteses de imunidade: ler o Roteiro de aula.

13- SIMPLES nacional (CF, art. 146, III, d, e parágrafo único; LC 123/2006) (i) LSN e matérias não reservadas à lei complementar; (ii) opção do contribuinte (LSN, art. 16); pessoas excluídas da LSN (art. 3º, 4º); pessoas excluídas do Simples (art. 17);

(iii) enquadramento diferenciado por Estado (LSN, art. 19). Limite atual de R$ 3.600.000,00 anuais para EPP; de R$ 360.000,00 para ME; Estados e DF com PIB: até 1% maior que 1% e menor que 5% Pode optar por reduzir limite: até 35% (R$ 1.260.000,00), ou até 50% (R$ 1.800.000,00), ou até 70% (R$ 2.520.000,00) até 50% (R$ 1.800.000,00), ou até 70% (R$ 2.520.000,00) igual ou maior de 5% -

(iv) recolhimento unificado e centralizado (LSN, art. 21, I e 1º); (v) a arrecadação, a fiscalização e a cobrança compartilhadas (LSN, arts. 33 e 41, 2º, 3º e 4º); (vi) tributos abrangidos: Cofins, PIS, CSLL, contribuição patronal sobre a folha*, IRPJ, IPI, ICMS e ISS (LSN, art. 13); (vii) tabelas progressivas de incidência (LSN, art. 18, caput, 5º, 5º-A, 5º-B, 5º-C* e 5º-D);

Tabela I Tabela II Tabela III Tabela IV* Tabela V Comércio Indústria Serviços Serviços construção, limpeza e vigilância art. 18, caput art. 18, 5 art. 18, 5-A e B Serviços mais especializa ção art. 18, 5-C art. 18, 5-D

(viii) receita bruta acumulada para a definição da alíquota mensal (LNS, art. 18, 1º). A alíquota do mês de junho do ano X é fixada com base na receita acumulada entre os meses de junho de X-1 e maio de X; (ix) prazo de pagamento (LSN, art. 21, III) até o último dia útil da primeira quinzena do mês subsequente; (x) acréscimos legais do IR (LSN, art. 21, 3º, e art. 35).

UNIDADE II: LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

1- Legislação tributária (art. 96, CTN). A importância da distinção entre ato normativo concreto. x ato - Leis (CF, EC, lei complementar, lei ordinária, resolução do Senado, decreto legislativo, decreto-lei*, medida provisória) - Tratados internacionais (devem ser aprovados por Decreto Legislativo do Congresso Nacional) - Decretos (atos Executivo) normativos expedidos pelo Chefe do - Normas Complementares (art. 100)

Normas Complementares (art. 100): - Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas (Portarias ministeriais, Instruções Normativas do Secretário da Receita Federal, etc...); - Decisões de jurisdição administrativa a que lei atribuir eficácia normativa; - Convênios entre U, E, DF e Municípios; - Práticas reiteradamente observadas pela Administração

Processo Administrativo no âmbito do Ministério da Fazenda Câmara Superior de Recursos Fiscais Decisão Recurso Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Decisão Recurso Delegacias de Julgamento da Receita Federal Decisão Lançamento fazendário Impugnação do SP

Organização Judiciária simples esboço. STF STJ TST TSE STM TRF (5) TJ (27) TRT (27+) TRE (27) Juízes Federais Juízes Estaduais Juízes do Trabalho Juízes Eleitorais Auditorias MIlitares

A proteção decorrente da observância das normas complementares (CTN, art. 100, parágrafo único: a observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo ). - Conceitos importantes nesse momento e para assuntos futuros: Multa penalidade pecuniária. Sanção pela ocorrência de uma infração. Juros remuneração do capital. Significa a reposição, pelo devedor impontual, do produto do capital que o credor deixou de ganhar em razão do atraso. Correção monetária atualização do valor devido, em razão do processo inflacionário. Mera recomposição do valor real devido.

2- Precedência do tratado internacional em face da legislação doméstica (art. 98). A prevalência, ainda, da tese da inexistência de hierarquia entre o tratado internacional (salvo sobre direitos humanos) e as leis internas. As normas do tratado internacional em matéria tributária, por revelarem um sentido de especialidade, possuem primazia sobre a legislação interna. Deve valer o princípio interpretativo de que a regra especial tem primazia sobre regra mais genérica.

Os critérios tradicionalmente aceitos para a solução da contrariedade aparente entre normas: - hierárquico invalidade da norma inferior - da especialidade âmbito de aplicação das normas - cronológico revogação da norma anterior

3- Vigência e Aplicação (arts. 101/104). Vigência no tempo é o período durante o qual a lei, segundo a vontade do legislador, é de observância obrigatória. É o prazo de vida da lei. O art. 1º da LICC ou LINDB (DL 4.657/1942) e a vacatio legis de 45 dias, para a lei omissa. Se não for a lei de vigência temporária, a lei permanecerá em vigor até que outra lei a revogue. A revogação pode ser expressa (quando a lei nova faz menção, no seu texto, à lei antiga) ou tácita (a lei nova não menciona a lei antiga, mas dispõe de forma contrária). Pode ainda ser a revogação total (a revogação atinge a totalidade do texto da lei antiga) ou parcial (a revogação atinge apenas alguns dispositivos da lei antiga).

. Vacatio legis Revogação Publicação Lei 1 Vigência Publicação Lei 2 Vigência

Aplicação é a determinação da norma jurídica que deve ser utilizada para reger determinado caso. É o esforço de detectar que norma deve ser usada para reger o caso concreto que se apresenta. FG Fiscalização / Lançamento Lei 1 Lei 2 Lei 3 Lei 4 Al= 10% Al= 12% Al= 8% Al= 9%

3.1 - Vigência no CTN. O art. 104 estabelece que entram em vigor no 01/01/exercício subsequente ao da publicação os dispositivos de lei relativos a Impostos sobre Patrimônio e Renda que: instituem ou majoram tais impostos criam novas hipóteses de incidência reduzem ou extinguem isenção (salvo, nesta terceira hipótese, se a lei, quanto ao prazo, dispuser de forma mais favorável ao contribuinte) Regra especial CTN, art. 104 Problema sobre vigência de Lei Regra geral LICC ou LINDB, art. 1º 45 dias, para a hipótese de lei omissa

Vigência e anterioridade. - Distinção. A anterioridade opera no plano da eficácia. - A atual complexidade do problema da anterioridade. - Noção sobre eficácia aptidão para produzir efeitos jurídicos concretos. - Método para solucionar problemas: vigência + eficácia. - Hipóteses. Lei majora ICMS publicação 01/04/2011 Eficácia Vigência 2011 15/05/2011 2012

Lei majora ITBI publicação 01/04/2011 2011 Vigência 2012 e eficácia Lei majora ITBI publicação 16/12/2011 Eficácia 16/03/2012 2011 Vigência 2012

. Lei majora IR publicação 16/12/2011 Vigência 2011 e eficácia 2012 Lei majora IPI publicação 16/12/2011 Eficácia 16/03/2012 2011 Vigência 2012 30/01/2012

. Lei extingue isenção ICMS publicação 01/04/2011 Vigência e 2011 eficácia 15/05/2011 2012 Lei extingue isenção IR publicação 01/04/2011 2011 2012 Vigência e eficácia

Lei concede isenção ITBI publicação 01/04/2011 2011 Vigência e eficácia 15/05/2011 2012

3.2- Aplicação no CTN. O art. 105: a regra geral é a aplicação irretroativa ou proativa da lei, que irá alcançar as situações que lhe são posteriores. Alcançará os fatos geradores futuros e os pendentes (aqueles que já começaram a acontecer mais não se aperfeiçoaram; equiparam-se a futuros). Lei nova Fatos Passado Futuro

O art. 106: as leis retroativas. Leis que surgem num determinado momento e vão também atingir os fatos passados. Fatos Lei nova Fatos Passado Futuro O mencionado art. 106 do CTN aponta duas hipóteses de leis retroativas: (i) a lei interpretativa; e (ii) a lei mais benigna ao infrator. Vejamos.

a lei expressamente interpretativa retroage em qualquer caso, vedada a aplicação de penalidade quanto aos dispositivos interpretados. O problema da legitimidade da lei interpretativa. O problema da coisa julgada. Lei 1 - interpretada Lei 2 - interpretativa Contribuinte pagou 3% Lei que causa dúvida na aplicação de algum dispositivo. Al do ISS sobre certo serviço: 5% ou 3%? Lei interpretativa esclarece que a Al do referido serviço é 5%.

(retroatividade benigna) a lei mais benéfica ao infrator retroage para atingir atos não-definitivamente julgados quando: - deixa de tratar o ato como infração; - estabelece penalidade menos severa. FG Infração Fiscalização / lançamento Lei 1 Al= 10% Multa= 75% Lei 2 Al= 8% Multa= 50% O funcionamento do mecanismo da retroatividade benigna em matéria penal (CF, art. 5, XL; CP, art. 2º, parágrafo único). Não-limitação pela coisa julgada.

. Infração Fiscalização / lançamento Lei 1 Lei 2 Lei 3 Lei 4 Multa= 80% Multa= 100% Multa= 70% Multa= 90%

4- Interpretação e Integração (arts. 107/112) Interpretação: é o esforço de se compreender o conteúdo, o sentido e o alcance da disposição normativa. Na interpretação, existe texto normativo do qual se busca extrair sua inteligência. Tem efeito declaratório da norma, eis que esta já existe; resta ao aplicador proclamar o seu teor. Interpretar significa entender o que o legislador disse ao estabelecer a disposição normativa. Interpretação Caso concreto