Contabilidade e Legislação Tributária Aula 6 Prof. Gustavo Gonçalves Vettori SELETIVIDADE 1
ALÍQUOTA Seletividade Como implementar tributação progressiva do consumo? Alíquota deve ser diminuir conforme a essencialidade do bem aumentar Seletividade ESSENCIALIDADE Tipo de bem Quem consome? Alíquota Bens de consumo supérfluo (bens de luxo, alimentos de luxo) Bens de consumo intermediário Bens de consumo básico (alimentos básicos etc.) Renda alta Renda média e alta Todos, inclusive baixa renda Alta Média Baixa 2
IPI Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: IV - produtos industrializados; 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. 3º - O imposto previsto no inciso IV: I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei. Seletividade de alíquotas do IPI CF/88, art. 153, 3º, I, e CTN, art. 48 : O imposto é seletivo em função da essencialidade dos produtos. As alíquotas do IPI são fixadas em observância ao grau de essencialidade dos produtos à satisfação das necessidades humanas Produtos que satisfazem necessidades primárias de sobrevivência estão sujeitos a alíquotas reduzidas Produtos que satisfazem necessidades secundárias de sobrevivência são gravados com alíquotas maiores 3
Seletividade de alíquotas do IPI 70,00% Alíquota 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% Grãos (arroz, centeio, etc) Linha Branca (Lavadoras, por exemplo) Ar-condicionado Fogos de artifício Vodka 0,00% ICMS Art. 155 - Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior 2º - O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços; 4
ICMS Variação de alíquotas internas do ICMS (produto a produto) é muito menos significativa do que a do IPI ICMS sobre energia elétrica No Rio: aumentaram alíquota para 25% Contribuintes contestaram com base na seletividade TJ-RJ: acolheu tese do contribuinte e retornou a 18% Seletividade é obrigatória ou facultativa? NÃO CUMULATIVIDADE 5
Tributação da receita: métodos Produção Monofásico Tributação da receita Origem Destino Varejo Cumulativo Plurifásico Nãocumulativo ORIGEM OU DESTINO? 6
Origem ou Destino? Princípio da origem Princípio do destino Efeitos relacionados: - Incentivos à importação e exportação - Guerra fiscal - Fronteiras tributárias Princípio da Origem T A T A T B T B País A País B 7
Princípio do Destino T B T A T B T A País A País B A: Origem; B: Destino T A T B T A T B País A País B 8
TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA Tributação monofásica Tributo incide em uma oportunidade Momento da venda ao consumidor Momento da produção 9
Tributo monofásico sobre o consumo (incidência no varejo) 1ª Etapa 100,00 2ª Etapa 150,00 3ª Etapa 200,00 Receita 200,00 (-) 20,00 = 180,00 Representatividade do tributo no valor de venda ao consumidor: 20,00 TRIBUTO TOTAL: 20,00 Tributo monofásico sobre o consumo (incidência no varejo) 1ª Etapa 100,00 2ª Etapa 150,00 3ª Etapa 300,00 Receita 300,00 (-) 30,00 = 270,00 Representatividade do tributo no valor de venda ao consumidor: 30,00 TRIBUTO TOTAL: 30,00 10
Tributo monofásico sobre o consumo (incidência no varejo) Tributação monofásica no varejo: Mede a CAPACIDADE CONTRIBUTIVA do consumidor de forma efetiva, no momento do consumo Atinge apenas vendas ao consumidor final Depende da existência de meios de CONTROLE e FISCALIZAÇÃO eficientes É fácil fiscalizar as lojas da Rua Santa Ifigênia? Tributo monofásico sobre o consumo (incidência na produção) 1ª Etapa 100,00 2ª Etapa 150,00 3ª Etapa 200,00 20% 20,00 TRIBUTO TOTAL: 20,00 Representatividade do tributo no valor de venda ao consumidor: 11
Tributo monofásico sobre o consumo (incidência na produção) 1ª Etapa 100,00 2ª Etapa 150,00 3ª Etapa 300,00 20% 20,00 TRIBUTO TOTAL: 20,00 Representatividade do tributo no valor de venda ao consumidor: 6,7% Tributo monofásico sobre o consumo (incidência na produção) Tributação monofásica na produção: ANTECIPAÇÃO do tributo a ser repassado ao consumidor; Fiscalização mais SIMPLES (há menos produtores que consumidores); Proporcionalmente, MENOR carga tributária ao consumidor que pagar MAIOR preço; não mede a CAPACIDADE CONTRIBUTIVA efetiva do contribuinte, podendo mostrar-seregressivo Quando a tributação monofásica na produção pode representar boa política fiscal? Produtos com preço tabelado/pouco oscilante Tributação de vícios 12
Tributação monofásica Exemplo de tributo monofásico no varejo Sales tax EUA Funcionaria no Brasil? Tributos monofásicos no Brasil Exemplos na tributação do PIS e da COFINS Gasolina, álcool, veículos, pneus, bebidas e outros IPI: bebidas, cigarros Substituição tributária ICMS: meio para se atingir a tributação monofásica Objetivo: facilitar a fiscalização TRIBUTAÇÃO PLURIFÁSICA 13
Tributos plurifásicos Incidem em mais de uma etapa do processo de produção e distribuição. Podem ser: Cumulativos Não cumulativos Vantagem Arrecadação e fiscalização: ainda que se perca uma etapa da cadeia, as outras pagarão Se não cumulativo, pode replicar o efeito de um tributo sobre vendas no varejo, mas com maior possibilidade de fiscalização e arrecadação Se cumulativo, permite grande receita a baixas alíquotas Tributos plurifásicos cumulativos (em cascata) 1ª Etapa 2ª Etapa 100,00 150,00 3ª Etapa 200,00 Preço varejo: 200,00 Tributo total: 45,00 Tributo total s/ preço de varejo: 22,5% Lucro total na cadeia: 145 Tributo: 10,00 Receita líquida: 90 Lucro: 90 Tributo: 15,00 Receita líquida: 135 Lucro: 35 Tributo: 20,00 Receita líquida: 180 Lucro: 30 14
Verticalização (supressão da 2ª Etapa) 1ª Etapa Tributos plurifásicos cumulativos (em cascata) 100,00 3ª Etapa 200,00 Preço varejo: 200,00 Tributo total: 30,00 Tributo total s/ preço de varejo: 15% Lucro total na cadeia: 170 Tributo: 10,00 Receita líquida: 90 Lucro 90 Tributo: 20,00 Receita líquida: 180 Lucro: 80 Tributos plurifásicos cumulativos (em cascata) Aplicam-se a todos os estágios do processo produtivo Não levam em conta o tributo pago anteriormente (incidência em cascata ) Quanto maior o número de etapas, maior a tributação Argumentos contrários Estímulo à verticalização da produção Danos às exportações (capacidade concorrencial dos produtos) Desestimulam a terceirização Desestimulam as pequenas empresas Argumentos favoráveis Simples Alta arrecadação com baixa alíquota Podem facilitar e incentivar pequenas empresas se forem bem aplicados Empresários os preferem 15
Tributos plurifásicos não cumulativos Tributos sobre valor agregado (IVAs); Consideram a tributação ocorrida nas etapas anteriores; Idealmente, refletem a CAPACIDADE CONTRIBUTIVA do consumidor no ato do consumo; Neutralidade quanto ao número de etapas. Cadeia não-cumulativa 1ª Etapa 100,00 2ª Etapa 150,00 3ª Etapa 200,00 Preço varejo: 200,00 Tributo total: 20,00 Tributo total s/ preço de varejo: Lucro total na cadeia: 180 Tributo: 10,00 Receita líquida: 90 Lucro: 90 Tributo: 15,00 (-) 10,00 = 5,00 Receita líquida: 135 Lucro: 45 Tributo: 20,00 (-) 15,00 = 5,00 Receita líquida: 180 Lucro: 45 16
Cadeia não-cumulativa Verticalização (supressão da 2ª Etapa) 1ª Etapa 3ª Etapa 100,00 200,00 Preço varejo: 200,00 Tributo total: 20,00 Tributo total s/ preço de varejo: Lucro total na cadeia: 180 Tributo: 10,00 Receita líquida: 90 Lucro 90 Tributo: 20,00 (-) 10,00 = 10,00 Receita líquida: 180 Lucro: 90 Cadeia não-cumulativa Aumento do preço no varejo 1ª Etapa 100,00 3ª Etapa 300,00 Preço varejo: 300,00 Tributo total: 30,00 Tributo total s/ preço de varejo: Lucro total na cadeia: 280 Tributo: 10,00 Receita líquida: 90 Lucro 90 Tributo: 30,00 (-) 10,00 = 20,00 Receita líquida: 280 Lucro: 190 17
Contabilização Etapa 2 1ª Etapa 100,00 2ª Etapa 150,00 3ª Etapa 200,00 Preço varejo: 200,00 Tributo total: 20,00 Tributo total s/ preço de varejo: Lucro total na cadeia: 180 Tributo: 10,00 Receita líquida: 90 Lucro: 90 Tributo: 15,00 (-) 10,00 = 5,00 Receita líquida: 135 Lucro: 45 Tributo: 20,00 (-) 15,00 = 5,00 Receita líquida: 180 Lucro: 45 Lançamentos na Etapa 2 Na aquisição da mercadoria Débito Estoque (AC) 90 Débito Tributo (IVA) a recuperar (AC) 10 Crédito Fornecedores (PC) 100 Na venda da mercadoria Débito Duplicatas a receber (AC) 150 Crédito Venda de mercadorias (CR) 150 Débito Tributos sobre vendas (CR) 15 Crédito Tributo (IVA) a recolher (PC) 15 No pagamento do imposto Débito Tributo (IVA) a recolher (PC) 10 Crédito Tributo (IVA) a recuperar (AC) 10 Débito Tributo (IVA) a recolher (PC) 5 Crédito Bancos (AC) 5 18
Apuração do Resultado na Etapa 2 Vendas de produtos (receita bruta) 150 (-) Tributos sobre venda (IVA) 15 Vendas líquidas 135 (-) CMV 90 Lucro bruto 45 Não Cumulatividade na Constituição IPI Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: IV - produtos industrializados; 3º - O imposto previsto no inciso IV: II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; Competência residual da União Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; 19
Não Cumulatividade na Constituição ICMS Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; Não Cumulatividade na Constituição PIS e COFINS Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. 20