PROCESSO N.º : 23355.001904/2017-94 REFERÊNCIA : Pregão Eletrônico nº 01/2017 I. DAS PRELIMINARES: RESPOSTA AO PEDIDO DE IMPUGNAÇÃO Trata-se de impugnação interposta tempestivamente pela empresa ADCON ADMINISTRAÇÃO E CONSERVAÇÃO EIRELI ao edital de Pregão Eletrônico nº 01/2017, que tem por objeto a contratação de serviços continuados de Trabalhador Braçal, Almoxarife, Operador de caixa, Cozinheiro, Padeiro e Queijeiro para o IF Sudeste MG campus Barbacena. II. DAS RAZÕES DA IMPUGNAÇÃO Questão I Em suas razões, o impugnante insurge-se contra as disposições do edital abaixo transcritas: 1.6.2 A fim de assegurar o tratamento isonômico entre as licitantes, bem como para a contagem da anualidade prevista no art. 3º, 1º da Lei n. 10.192/2001, informa-se que foram utilizadas as seguintes convenções coletivas de trabalho no cálculo do valor estimado pela Administração: 1.6.2.1 Convenção coletiva de trabalho, registro no MTE: MG000826/2017, celebrada pelo Sindicato dos Trabalhadores em empresas de Asseio e Conservação de Juiz de Fora MG e Sindicato das empresas de Asseio e Conservação do Estado de Minas Gerais. 1.6.2.2 Convenção coletiva de trabalho, registro no MTE: MG002359/2016, celebrada pelo Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares de Juiz de Fora MG e Sindicato de Hotéis Rest. Bares e Similares Juiz de Fora. 1.6.2.3 Convenção coletiva de trabalho, registro no MTE: MG00261/2017, celebrada pelo Sind.Trabs nas Ind. de Panif. Conf. Massas Alim. Biscoitos, Carnes e Deriv. Doces, Rações Bal. Prod. Alim. de Bh e Região e Sindicato Intermunicipal das Industrias de Panificação e Confeitaria e de Massas Alimentícias e Biscoitos de Minas Gerais. 1.6.2.4 Convenção coletiva de trabalho, celebrada pelo Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados no Estado de Minas Gerais Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Estado
de Minas Gerais. E ainda: 5.2 Foram utilizadas as seguintes convenções, com todos os dados necessários para a realização do feito: 5.3. Convenção Coletiva De Trabalho 2017/2017. Número de Registro no MTE: MG 000826/2017. Data de registro no MTE: 06/03/2017. Número da Solicitação: MR000174/2017. Número do Processo: 46245.000633/2017-01. Data do Protocolo: 17/02/2017. SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS DE ASSEIO E CONSERVAÇÃO DE JUIZ DE FORA M/G, CNPJ n. 05.890.642/0001-27, E SINDICATO DAS EMPRES DE ASSEIO CONSERVACAO DO EST DE MG, CNPJ n. 16.844.557/0001-49. 5.4. Convenção Coletiva de Trabalho 2016/2017. Número de Registro no MTE: MG002359/2016. Data de Registro no MTE: 09/06/2016. Número da Solicitação: MR030942/2016. Número do Processo:46245.001413/2016-13. Data do Protocolo: 02/06/2016. SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO HOTELEIRO E SIMILARES DE JUIZ DE FORA-MG, CNPJ n. 21.607.452/0001-06, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). EDIVALDO DA SILVA DORNELAS; e SINDICATO DE HOTEIS REST BARES E SIMILARES JUIZ DE FORA, CNPJ n. 17.698.614/0001-91. 5.5. Convenção Coletiva de Trabalho 2017/2017. Número de Registro no MTE:MG 000261/2017. Data de Registro no MTE: 25/01/2017. Número da Solicitação: MR002318/2017. Número do processo46211.000329/2017-42. Data do Protocolo: 23/01/2017. SIND.TRABS NAS IND.DE PANIF.CONF.MASSAS ALIM.BISCOITOS, CARNES E DERIV. DOCES, RAÇÕES BAL. PROD. ALIM.DE BH E REGIÃO, CNPJ n.17.432.188/0001-40, E SINDICATO INTERMUNICIPAL DAS INDUSTRIAS DE PANIFICAÇÃO E CONFEITARIA E DE MASSAS ALIMENTICIAS E BISCOITOS DE MINAS GERAIS, CNPJ n. 17.438.581/0001-40. 5.6. SINDICATO DA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS E PRODUTOS DERIVADOS NO ESTADO DE MINAS GERAIS, CNPJ 16.620.494/0001-47 e, de outro lado, a FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTAÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, CNPJ 17.436.668/0001-89.
Em síntese, alega a impugnante que os itens 1.6.2 do Edital e 5.2 do Termo de Referência necessitam ser reformados, uma vez que, segundo a empresa os Instrumentos Coletivos discriminados no certame, devem estar obrigatoriamente atrelados à preponderância da empresa contratada e não da função que será exercida. Questão II Outro ponto abordado pela impugnante diz respeito aos itens 12.1, 12.11 e 12.4.5 do Instrumento Convocatório:... 12.1 A contratada deverá designar um funcionário responsável pela Gestão da Segurança no trabalho que atue no Campus do referido contrato, devendo este possuir treinamento específico em segurança no trabalho.... 12.11 A contratada deverá implantar o Diálogo diário de segurança DDS com os seus empregados antes de iniciar as atividades diárias.... 12.4.54 documentos da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho;... Segundo a impugnante, os itens acima elencados, constituem exigências excessivas da Administração Pública e não há qualquer obrigatoriedade ou embasamento legal para as mesmas. Questão III Quanto à insalubridade, o impugnante alega que o edital foi omisso a este respeito. Questão IV No tocante à visita técnica, a empresa solicita a inclusão como requisito de qualificação técnica a visita das licitantes ao local de prestação do serviço. Questão V Por fim, requer a impugnante que seja alterado o quantitativo do equipamento de marcação do ponto dos funcionários da Contratada, sob a alegação de que o quantitativo estimado pela Administração não é suficiente, tendo em vista, a amplitude do campus. O aumento do quantitativo tem por finalidade evitar consequentes atrasos na marcação e, prejuízo ao próprio empregado. Questão VI As questões suscitadas pela licitante não pertinentes ao Edital nº01/2017, não serão analisadas nesta impugnação, tais questões devem ser tratadas com o setor competente em momento oportuno. III. DO PEDIDO DO IMPUGNANTE O Impugnante requer: A republicação do Edital, retirando o vício apontado, reabrindo-se o prazo para inicialmente
previsto, conforme 4º, do art. 21, da Lei nº 8.666/93. IV. DA ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES De início, vale registrar que assiste razão à Impugnante quanto à tempestividade do seu pleito, haja vista o prazo de impugnação ser de até dois dias úteis antes da data fixada para abertura da sessão pública de pregão eletrônico, estabelecido no art. 18 do Decreto 5.450/2005 e, ainda, na condição do edital. Quanto à questão I, cumpre esclarecer que, o Edital do Pregão Eletrônico nº 01/2017 não impõe a Convenção Coletiva a ser utilizada pela licitante em sua proposta, o item 1.6.2 do referido Edital apenas traz a título de informação, as convenções coletivas que foram adotadas pela Administração para definir o preço estimado. A leitura completa e minuciosa do Edital e seus anexos é imprescindível para a participação no certame. Conforme se depreende do ANEXO II Esclarecimentos referentes à planilha estimativa do IF Sudeste MG campus Barbacena:... As licitantes deverão apresentar as Planilhas de Custos e Formação de Preços com base em convenção coletiva de trabalho, ou outra norma coletiva mais benéfica, aplicável à categoria envolvida na contratação e à qual a licitante esteja obrigada. Caso a licitante utilize instrumento coletivo distinto do adotado neste Edital, deverá indicar em sua proposta à convenção coletiva de trabalho ou a norma coletiva a que esteja obrigada.... No que se refere à questão II, ao consultarmos o responsável pela inclusão do item DA GESTÃO DA SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO no Termo de Referência, foram prestados os seguintes esclarecimentos: A Portaria 3.214/78 contém as Normas Regulamentadoras (NRs) relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Dentre elas citamos a Norma Regulamentadora 1 (NR 1) que nas Disposições Gerais, em seu subitem 1.1 define as empresas que devem cumprir as NRs: 1.1. As Normas Regulamentadoras - NR, relativas à segurança e medicina do trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. Desta forma, as empresas que participam do Edital devem cumprir as NRs, independente do número
de funcionários. A NR 1, subitem 1.7 regulamenta as obrigações que cabe ao Empregador: Cabe ao empregador: a) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; (101.001-8 / I1) b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando ciência aos empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos. (101.002-6 / I1) (Alterado pela Portaria SIT 84/2009). c) informar aos trabalhadores: (101.003-4 / I1) I - os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho; II - os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa; III - os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diagnóstico aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos; IV - os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho. d) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho. (101.004-2 / I1) e) determinar os procedimentos que devem ser adotados em caso de acidente ou doença relacionada ao trabalho. (Redação dada pela Portaria SIT 84/2009) A Lei 6.514/1977, em seu artigo 157, estabelece as obrigações dos empregadores a saber: "Art. 157 - Cabe às empresas: I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho; II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais; III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente; IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade
competente. A NR 5, que dispõe sobre a Comissão Interna para Prevenção de Acidentes CIPA, em seu subitem 5.1, define o objetivo da Comissão: 5.1 A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA - tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. Caso a empresa não tenha obrigatoriedade de estabelecer a CIPA, por não se enquadrar no Quadro N. 1 de dimensionamento da NR 5, temos então o subitem 5.6.4 que regulamenta: O subitem 5.32.2, diz ainda que: 5.6.4 Quando o estabelecimento não se enquadrar no Quadro I, a empresa designará um responsável pelo cumprimento dos objetivos desta NR, podendo ser adotados mecanismos de participação dos empregados, através de negociação coletiva. 5.32.2 As empresas que não se enquadrem no Quadro I, promoverão anualmente treinamento para o designado responsável pelo cumprimento do objetivo desta NR. Observa-se que, em relação à CIPA, esta só poderá ser exigida por parte da Fiscalização, quando a empresa se enquadrar no quadro de dimensionamento da NR 5, conforme o número de funcionários e o respectivo grau de risco. O item 12.1 do Termo de Referência estabelece que: A contratada deverá designar um funcionário responsável pela Gestão da Segurança no trabalho que atue no Campus do referido contrato, devendo este possuir treinamento específico em segurança no trabalho. O item 12.1 está fundamentado legalmente nos subitens 5.6.4 e 5.32.2, regulamentados em Legislação Específica conforme exposto anteriormente. É oportuno notar que em nenhum momento foi citado e nem exigido o profissional da área de segurança do trabalho, seja, Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho ou Enfermeiro do Trabalho. As atribuições do responsável pelo cumprimento dos objetivos da NR 5 estão regulamentados no subitem 5.16 da referida norma. O item 12.11 do Termo de Referência estabelece que: A contratada deverá implantar o Diálogo diário de segurança DDS com os seus empregados antes de iniciar as atividades diárias.
Este item está fundamentado legalmente nos subitens da NR 1 (1.7 b,c e II) expostos anteriormente e também no Artigo 157 da Lei 6.514, inciso II. Ambos regulamentam a obrigatoriedade das empresas treinarem e instruírem seus funcionários na prevenção de acidentes e doenças do trabalho. O DDS é uma das formas de realizar esse treinamento e não há obrigatoriedade legal desse forma de treinamento ser feita por profissional especializado em segurança e saúde no trabalho, podendo o responsável pelo cumprimento dos objetivos da NR 5 citado no item 12.1, denominado no Termo de Referência, de Gestor da segurança no trabalho. É oportuno notar que em nenhum momento foi citado e nem exigido o profissional da área de segurança do trabalho, seja, Técnico de segurança do trabalho, Engenheiro de segurança do trabalho ou Enfermeiro do trabalho. Tendo como base o esclarecimento acima, a Diretoria de Administração decidiu por alterar o texto do item 12.11 que passa a ter a seguinte redação: 12.11 A contratada deverá treinar e instruir seus funcionários na prevenção de acidentes e doenças do trabalho. Essa instrução poderá ser realizada através do Diálogo diário de segurança DDS com os empregados antes de iniciar as atividades diárias. No tocante à questão III, o impugnante encontra-se equivocado em sua alegação. O Edital não é omisso quanto à insalubridade, como se pode observar o Item 14 Obrigações da Contratada, do Termo de Referência : 14.12.50 No prazo máximo de 30 (trinta) dias, a contar da assinatura do contrato, a contratada deverá realizar perícia, através de profissional competente e devidamente registrado no Ministério do Trabalho e Emprego, atestando o grau de insalubridade (máximo, médio ou mínimo), quando for o caso, bem como se a atividade apontada como insalubre consta na relação da NR-15 do Ministério do Trabalho, nos termos do art. 192 da CLT e NR-15, aprovada pela Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego, ficando o pagamento do adicional de insalubridade condicionado à realização da referida perícia. (TCU, Acórdão nº 727/2009, Plenário, Rel. Min. Raimundo Carreiro, DOU de 20.04.2009.) A perícia deve ser acompanhada por fiscal indicado pela Contratante. 14.12.50.1 O Laudo de insalubridade deverá constar as medidas corretivas para eliminar ou neutralizar a exposição ao agente insalubre, ficando na responsabilidade da contratada, a implantação e fiscalização dessas medidas, bem como os Laudos deverão atender aos requisitos da Lei 8.213/91 Art. 57, 3 e Art. 58 e seus parágrafos, bem como as disposições do Decreto 8.123/2013.Caso a insalubridade exista, a contratada deverá encaminhar
mensalmente para o Fiscal do Contrato, o controle diário das atividades desenvolvidas pelo funcionário no mês, constando a atividade, produtos utilizados e o tempo de exposição em horas conforme modelo a ser definido, comprovando a exposição ao agente insalubre. No que se refere à Questão IV, a visita técnica não foi incluída como requisito de qualificação técnica, uma vez que, o instrumento convocatório expressa de modo detalhado e específico todas as peculiaridades necessárias para o dimensionamento da proposta. Detalhes como uniformes, EPI s e forma de prestação de serviços estão dispostos minuciosamente no Termo de Referência e anexo IV do Edital. Esclarecermos que a vistoria não possui caráter obrigatório, porém as empresas que a considerarem fundamentalmente necessária poderão agendá-la. Diante disso, as licitantes não poderão alegar o desconhecimento das condições e grau de dificuldade existentes como justificativa para se eximirem das obrigações assumidas em decorrência da execução do objeto do Pregão. Enfim, a vistoria não se reveste de obrigatoriedade e não é requisito para habilitação no Pregão 01/2017. Por fim, no que tange à Questão V, após análise das alegações, concluímos que assiste razão à impugnante e será alterado o edital no que se refere ao quantitativo definido para o equipamento de ponto eletrônico. V. DECISÃO Ante as informações aqui prestadas e já constantes dos autos do processo, decidiu-se pelo PROVIMENTO PARCIAL da impugnação interposta. Informamos ainda, que a data de abertura da sessão pública será remarcada em virtude da alteração em quesitos que influenciam diretamente na formulação da proposta, sendo imperativa a devolução do prazo inicialmente publicado. Marco Aurélio de Paula Seção de Licitação IF Sudeste MG - campus Barbacena