Nº 242 Dezembro 2014. 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos



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Transcrição:

Nº 242 Dezembro 2014 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos

sumário brasil Balanço geral de 2014 Com o alerta ligado Indústria redimensiona a oferta de chocolates e candies em função da desaceleração na demanda interna 06 Chocolate Escalando o pódio Terceiro maior produtor mundial, Brasil persegue vice-liderança na fabricação de chocolate 10 candies 15 Crescimento suado Setor de balas e candies supera fase de acomodação e luta para manter a demanda acesa no país biscoitos Alta crocância Melhora na renda e ascensão da classe C recolocam o setor na trilha do crescimento 21 canais de venda Pequenos grandes negócios Aperfeicoamentos na distribuição sustentam avanço nas vendas de todas as frentes de guloseimas 24 28 relação de fabricantes 30 relação de endereços 16º ANUÁRIO BRASILEIRO DO SETOR DE CHOCOLATES, CANDIES E BISCOITOS Dezembro 2014 Nº 242 - Ano XXVII Diretores Beatriz de Mello Helman Hélio Helman Redação Diretor Hélio Helman Editor Fabio Fujii Diretor de Arte Samuel Felix Assinatura Keli Oyan Publicidade Antonio Canela Barreto Sergio Antonio da Silva Jalil Issa Gerjis Jr. Administração Diretora Beatriz de Mello Helman Capa Shutterstock DOCE REVISTA é uma publicação mensal da Editora Definição Ltda. (CNPJ 60.893.617/0001-05) dirigida ao setor doceiro e a suas redes de atacadistas, distribuidores, varejistas e supermercados. Redação, administração e publicidade: rua Itambé, 341 casa 15 - São Paulo-SP - CEP 01239-001 Telefax: (11) 3666.8301 E-mail: definicao@definicao.com.br Dispensada de emissão de documentação fiscal, conforme Regime Especial - Processo DTR/1, nº 11554/90, de 10/09/90. Circulação: Janeiro 2015 Membro da/ Associação Nacional das Editoras de Publicações Técnicas Dirigidas e Especializadas. 3

brasil Um ano de desafios Ao modernizar seu perfil tecnológico, a indústria brasileira de confectionery e o seu atual modelo de negócios hoje se igualam às mais avançadas frentes de produção e distribuição em todo o mundo. Depois de passar incólume pela crise financeira global, que abalou as maiores economias do planeta, o setor desenhou uma trajetória de vigoroso crescimento, tanto em chocolates como em candies e confeitos de amendoim. Nesse período virtuoso, aportes significativos de recursos foram despejados na atualização e expansão das fábricas, bem como na instalação de novas unidades. Em linha com a preservação dos fundamentos macroeconômicos do país, a ala nacional de confectionery comemorou no final da última década e início da atual os balanços que refletiam a crescente penetração no consumo de todas as categorias de guloseimas. De 2008 a 2012, a demanda brasileira de chocolates sob todas as formas avançou 10,8% e o de balas e derivados, 3,6%. Também o consumo de confeitos à base de amendoim assinalou alta de 2,6% no período. Essa escalada, no entanto, sofreu interrupção, com a tendência de queda na cena de balas e candies. O movimento foi seguido pelo segmento de chocolate nos últimos dois exercícios. Com crescimento cada vez mais reduzido e índice de inflação no teto do regime de metas adotado pelo governo, o Brasil vem insistentemente revisando para baixo o tamanho de seu PIB. Dessa forma, encerrou 2014 em patamar que desafia a posição que ostenta entre as nações emergentes. Espelho dessa conjuntura, o consumo nacional assinalou declínio generalizado nos primeiros nove meses de 2014, com variação mais amena de -1,0%, na ala de chocolates; um pouco mais acentuada, de -4,9%, na de confeitos de amendoim e, bastante intensa no reduto de balas e derivados, que cravou queda de -13,0% no período. Essas performances, evidentemente, fizeram soar o alarme nos campos da indústria e do trade, promovendo ajustes em diversas frentes, desde providências na composição do mix e Getulio Ursulino Netto na distribuição até o redimensionamento de preços e custos, visando uma retomada no pulso da demanda doméstica e nas vendas. 2015 será, sobretudo, um ano de desafios. Quinto país do globo em extensão territorial e sétima economia mundial, o Brasil adota medidas macroeconômicas internas para assegurar a continuidade do consumo e permitir a manutenção dos índices de custos em um mundo pesadamente afetado pela crise. Com sistema financeiro sob controle, a economia brasileira responde por metade dos negócios da América do Sul e 3% do PIB mundial. Resistente a conjunturas adversas, o país promove um conjunto de medidas de estímulo à produção e exportação, entre as quais têm sido extremamente positivos os incentivos em setores-chave para a manutenção dos empregos e da demanda interna. A estratégia de incrementar o consumo interno via expansão do crédito e emprego, todavia, tem limitações e, no caso brasileiro, elas já esgotaram os efeitos desejados nos dois últimos exercícios. Em dia com investimentos nas alas de produção, vendas e marketing, o reduto de confectionery travou ao longo do ano intensa batalha para segurar o avanço sustentado que baliza as suas incursões tanto no flanco doméstico como nos balcões do exterior. Com isso, a expectativa é a de, no mínimo, assegurar a 3ª posição na produção mundial de confectionery. Com embarques este ano menos intensos para mais de 140 destinos, o Brasil mantém firme a sua posição de global trader. Para conferir maior dinamismo ao setor nesse campo, a ABICAB assumiu a coordenação de várias iniciativas, entre as quais sobressai o Projeto Big Push Export, fruto de parceria da entidade com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Além de promover os programas de incentivo às exportações, através do seu projeto Sweet Brasil, a parceria contribui com ações para o aprimoramento da oferta de produtos de maior valor agregado, assegurando a permanência do setor nos trilhos do avanço sustentado. Getulio Ursulino Netto Presidente da ABICAB Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados. 4 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos

brasil Com o alerta ligado Indústria redimensiona a oferta de chocolates e candies em função da desaceleração na demanda interna Em queda nos últimos três exercícios, o desenvolvimento econômico do Brasil contagiou o desempenho da indústria brasileira de chocolates, biscoitos e confeitos (confectionery), ativando o alerta na produção. Apesar do esforço para segurar metas de crescimento, o setor foi conduzido a um redimensionamento da oferta em função de uma demanda menos intensa, acentuando uma desaceleração geral constatada ao longo de 2014. Persistentemente recalculado para baixo, o PIB (Produto Interno Bruto) seguiu o viés que marcou o decorrer do ano anterior, embora segmentos pontuais tenham alcançado e mantido projeção. A performance do setor nacional de confectionery, entretanto, não conseguiu driblar essa sinalização. A agitação prevista da Copa do Mundo, realizada em junho no país, e a demanda do segundo semestre, quando tradicionalmente revertem- -se as perdas acumuladas, também não foram suficientes para virar o jogo. Apesar da expectativa gerada, as eleições majoritárias de outubro também em quase nada contribuíram para mudar o quadro. O consumo viabilizado pela melhora no padrão das classes de baixo poder aquisitivo, foco da política econômica implementada há mais de 10 anos, continua sendo o principal combustível da demanda de chocolates e candies. Promovida ao longo das últimas duas décadas, a melhoria na renda da população ocorreu em paralelo à revitalização empreendida na atividade do setor de confectionery no Brasil. Dezenas de milhões de consumidores ingressaram no mercado e o salto dessa demanda em especial no Norte e Nordeste do país, áreas de concentração da população de baixa renda redimensionou perspectivas de crescimento do setor (ver à pág. 8). Ao mesmo tempo, as mudanças nos hábitos de consumo desse público ascendente foram realinhadas a um perfil agora predominante no cenário doméstico. Além de uma renovação em todas as frentes de guloseimas, a formação de uma classe consumidora ampliada consolidou o fim da estagnação verificada em períodos anteriores. Com fatia em torno de 10% do PIB nacional, a indús- 6 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos

tria de alimentos é a última a sentir efeitos de retrações. Segundo a Abia Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, o setor acusou recuperação suave no primeiro semestre de 2014. A Pesquisa Conjuntural da entidade apurou que o faturamento total cresceu 0,99%, decorrente de alta de 1,05% na produção física das indústrias. O resultado foi aquém dos números alcançados no mesmo período de 2013, quando as vendas cravaram alta de 3,32% e a produção cresceu 2,10%. Para o restante do ano, considerando o cenário positivo para commodities como suco, carne e café, a expectativa era de avanço nas exportações. Depois de um exercício excepcional em 2011, o setor de alimentos passa por um processo de acomodação, refletindo o cenário econômico nacional, com 80% da produção voltada para o mercado doméstico, observa a entidade. As empresas nacionais iniciaram 2014 com perspectiva promissora para o ano. Projeções da safra agrícola, do preço das commodities e a manutenção da renda da população reforçaram essa expectativa. Apesar do primeiro semestre ameno, a Abia estimava um crescimento mais expressivo em 2014. Em 2013, a indústria brasileira de alimentos incluso o setor de confectionery cresceu 3,16% em volume e 4,26% em vendas reais. A alta superou o PIB do país, que ficou em 2,3%. Foi um índice levemente menor que em 2012, mas refletiu a acomodação atual, após a recuperação ocorrida em 2010. Já percebida em anos anteriores, o descolamento entre varejo e indústria vem sendo mantido desde 2013, indicando que os estímulos dados pelo governo foram mais eficientes para ampliar o movimento do balcão varejista em desestímulo à produção industrial. Enquanto o primeiro encerrou o exercício com algum crescimento acumulado, a produção do setor de transformação vem sinalizando queda. O avanço das importações explica em parte a discrepância entre consumo e produção industrial. Mas ganharam relevância, em 2013 e 2014, tanto a piora na cena internacional, que minou o desempenho das exportações, como o peso dos estoques. Desde 2005, as vendas do varejo acumulam alta de 76% enquanto a produção cresceu apenas 8%. Acompanhando esse cenário, o crescimento das vendas no setor supermercadista em 2013, de 5,36% sobre 2012, foi o melhor resultado desde 2009, quando o avanço ficou em 5,51%, ressalta a Abras Associação Brasileira de Supermercados. Pelas expectativas da entidade, o faturamento deveria crescer 1,9% em 2014. Mas com o avanço acumulado de 1,48% até julho, a previsão foi revisada para uma elevação de 3%, com faturamento previsto de R$ 288,6 bilhões. Para 2015, a entidade estima que haja elevação de 2,5%. Copa do Mundo no Brasil apostas da indústria de chocolates e candies no futebol. Embora a confiança do empresário supermercadista na economia se mantenha no menor patamar desde 1999, a Abras mantém a perspectiva de crescimento do setor acima do PIB, mesmo com os rumores de dificuldades econômicas previstas para 2015. Além do cenário indicar manutenção de uma taxa de desemprego estável, outro fator levado em conta pela entidade é a perspectiva da manutenção do crescimento do salário mínimo. Já o comércio varejista do país cresceu 3,7% em 2014, estima a Serasa Experian. A expansão foi a menor para o setor nos últimos 11 anos. Em 2013, o comércio teve aumento de 5,2% em suas atividades. Segundo a consultoria, os setores com melhores resultados foram supermercados, alimentos (inclusos candies) e bebidas com alta de 3,9%, e vestuário e calçados (crescimento de 3,4%). O fraco desempenho do comércio no último ano foi causado pela alta nos juros e na inflação, especialmente na primeira metade do ano. A queda da confiança dos consumidores e o endividamento das famílias também contribuíram para o resultado, analisa a consultoria. Palco da Copa do Mundo de 2014, o Brasil polarizou em junho as atenções de todo o planeta. Internamente, a agitação em torno do certame já suscitava estimativa de alto giro de guloseimas e candies com o direcionamento da oferta para itens licenciados ou apenas alusivos ao evento. Com investimento de R$ 200 milhões, a saiu na frente credenciando a marca como representante do chocolate e do sorvete oficiais da competição. Foi o maior aporte já feito na área de marketing pela empresa, estimados pelo mercado entre R$ 8 e R$ 16 milhões. Controlada do grupo 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos 7

brasil Nestlé, a Garoto herdou a cota que era da grife Nescau, também do grupo suíço. Os fãs da marca e do futebol brasileiro puderam provar o chocolate oficial da Copa do Mundo já a partir de novembro de 2013, quando a novidade emplacou nos pontos de venda (PDV) do país. A Copa do Mundo certamente gerou oportunidades para chocolates e candies. O Brasil recepcionou em torno de 1 milhão de turistas estrangeiros, vindos de 202 países, durante o certame e projeções dão conta de que eles gastaram US$ 2,6 bilhões. Cerca de três milhões de brasileiros, que acompanharam o evento, despenderam US$ 7,9 bilhões, calcula o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur). Estima- -se que, só com a Copa, a economia do país totalize um incremento de R$ 183 bilhões até 2019. Outras empresas do setor de candies bancaram apostas no tema do campeonato, a exemplo das brasileiras Dori, Santa Rita, e Boavistense. Conhecida pela linha de candy toys sofisticados, a DTC adaptou os seus principais itens, como o ventilador, rebatizado de Ventila Gol, para abocanhar o consumo na Copa. Embora o uso do logo do evento seja restrito aos patrocinadores oficiais, as oportunidades incluíram o uso de símbolos patrióticos por outras marcas. Além de embalagens alusivas às cores da bandeira nacional, produtos cobertos com as cores verde e amarela e do uniforme da seleção enfeitaram as prateleiras durante o período dos jogos. Avanço chinês Afoto do Nordeste brasileiro hoje reproduz o ideograma chinês da oportunidade. Desde 2002, o Produto Interno Bruto (PIB) regional não registra queda e avança a taxas maiores que o Brasil em praticamente todo o período. A participação no PIB brasileiro passou de 13% em 2002 para 13,5% em 2010. Os investimentos captados nos últimos cinco anos e projetados até 2015 somam cerca de R$ 125 bilhões. Instantâneos da realidade nordestina captados pelo IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e Ipea Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada indicam que a região ainda tem grandes desafios. Entre os mais prementes, sobressaem manter os altos índices de crescimento econômico, equacionar os gargalos logísticos, melhorar os indicadores sociais e aumentar a oferta e a qualidade dos serviços públicos. Mas há também muitas oportunidades. Diversas empresas do setor dos mais variados portes iniciaram na última década uma corrida aos estados nordestinos. A lista inclui nomes como Mars, Nestlé, Arcor, PepsiCo e Mondelez, entre as organizações de maior envergadura do setor de alimentos e confectionery. Elas atraíram os holofotes e puxaram um cordão engrossado por concorrentes mais intermediários. Tida como a China brasileira, a região exibe um consumo ascendente que foi turbinado pelo fortalecimento da renda e do efetivo de consumidores da classe C. Entre os setores mais beneficiados por esses aportes despontam naturalmente alimentos e bebidas. No rastro dessa efervescência, expande-se a cadeia do consumo, refletida em magazines, shoppings centers e redes de supermercados. Dessa forma, presencia-se cada vez mais o corte da fita inaugural de projetos como o da segunda planta de confeitos da Docile, da fabricante de refrescos em pó Casadoce e da grife de bebidas e candies General Brands, entre outros em gestação. 8 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos

CHOCOLATE Escalando o pódio Terceiro maior produtor mundial, Brasil persegue vice-liderança na fabricação de chocolate Aindústria brasileira de confeitos (confectionery) persegue com firmeza o propósito de ocupar a vice-liderança dos dez maiores mercados mundiais do setor até 2016. Enquanto a taxa média de crescimento global se mantém em 2% ao ano, o Brasil registra índice de 3,6%, capta a consultoria Euromonitor International, que assina a projeção. Na ala de chocolates, o país ocupa a terceira posição no ranking global, atrás somente dos Estados Unidos e Alemanha, repassa a ABICAB Associação Brasileira da Indústria de Cacau, Chocolate, Amendoim, Balas e Derivados. Segundo a entidade, ao ultrapassar a França, em meados da última década e, mais recentemente, o Reino Unido, o Brasil ascendeu ao terceiro lugar, revigorando um cenário que no passado já foi marcado pela estagnação. Por mais de dez anos o país se manteve na quinta colocação, com produção e consumo de chocolate estabilizados. Desde 2007, o setor mantém a atual colocação de destaque no ranking global, deixando para trás as indústrias francesas, italianas, suíças e dos países baixos, tidos como ilhas de excelência na fabricação de chocolate. Com produção anual na faixa de 780 mil toneladas (t), na média dos últimos quatro anos (inclusos achocolatados em pó), o setor fechou 2013 com 800 mil t, volume que assinala queda de 0,3% sobre o ano anterior. A tendência baixista continuou e, no período de janeiro a setembro de 2014, cravou novo decréscimo de 2% em comparação a idêntico período de 2013 (ver quadros à pág. 12). Bem servido em variedades do tipo ao leite, exageradamente doces, o mercado brasileiro de chocolates vem ganhando nos últimos anos produtos reconhecidos pelo status de chocolate fino. Para se enquadrar nesse conceito, eles reúnem maior concentração de sólidos de cacau, ingredientes como a manteiga de cacau de alta pureza e passam por torra e processamento de nível superior às variantes convencionais. A produção dessa matéria-prima essencial, no entanto, ainda é pequena, em torno de 1% da produção nacional. O chocolate premium acabado, no entanto, já ocupa em torno de 5% da produção nacional, com faturamento de cerca de 18% do setor, informa a ABICAB. Enquadrado entre 10 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos

os filões de maior crescimento da indústria chocolateira, as marcas premium exibem produção estimada entre 30 a 40 mil toneladas anuais e crescimento médio em torno de 20% ao ano. Com R$ 2,4 bilhões em vendas em 2014, a ABICAB projeta faturamento de R$ 2,5 bilhões para 2015. Domada ao longo das últimas duas décadas, a estabilidade econômica conferiu maior poder de compra às camadas de baixa renda, conduzindo o mercado brasileiro a uma faixa que hoje supera 100 milhões de consumidores. O país se transformou dessa forma em foco dos investimentos internacionais, sendo chocolates, biscoitos, snacks e candies as opções de maior destaque no menu de guloseimas. Pelos dados oficiais a produção brasileira de chocolates sob todas com a importação na faixa de 14,6 mil t, na média dos últimos 5 anos. As exportações, por sua vez, mantiveram-se estabilizadas ao longo da década passada, em faixa entre 20 mil t e 30 mil t na média, reagindo há seis anos com embarques na faixa de 40 mil t. Com o estímulo abalado pela valorização do real, as exportações, declinantes desde 2007, já haviam despencado para 30 mil t em 2013 e projeções da ABICAB indicam que elas devem se manter em declínio em 2014, com queda de 1,3%, de janeiro a setembro último. Dentro da categoria de chocolate, um dos filões mais disputados no país é o de bombons do tipo bola (11%) que, somados a outras variedades como as caixas sortidas (35%), Segmento Premium filão já ocupa 5% da produção nacional e cresce 20% ao ano. Lindt primeira loja no Brasil via joint-venture com o Grupo CRM. as formas (coberturas em barra, tabletes, bombons, confeitos, achocolatados em pó, ovos e figuras de Páscoa), que rondava a faixa de 200 mil t no início da década de 1990, alcançou volume acima de 300 mil t na virada do milênio e, desde 2004, se sustenta em faixa superior a 400-500 mil t. Pelos registros da ABICAB, no período de 1992 a 2000, o consumo aparente de chocolate saltou de 169 mil t para 313 mil t, com picos acima de 300 mil t desde 1996, porém caindo para 298 mil t em 2001 e 2003. Desde 2006, a demanda vem se mantendo em patamar superior a 400-500 mil t, batendo em 732 mil t em 2010 e 817 mil t, em 2011. A abertura comercial do país, turbinada pela valorização da moeda, logo após a estabilização da economia, fez com que as importações de chocolate galopassem. De menos de 500 t, em 1992, elas saltaram para patamar próximo de 20 mil t nos exercícios finais da década. Mas a desvalorização do real em 1999 e a flutuação para cima do real fizeram com que o desembarque antes crescente de chocolate fosse contido. Esse movimento voltou a tomar pulso, a partir de 2010, abocanha 46% da demanda total da categoria. Os tabletes (30%) e linhas de impulso como snacks do tipo bite size (15%) e candy bars (6%) vêm em seguida, com mais da metade da preferência dos consumidores, cabendo os restantes 3% a confeitos de formatos diversos e coberturas. Fora do chamado consumo continuado, que ocorre durante todo o ano, a demanda de chocolate pode aumentar em até 20-30% entre maio e setembro, por conta dos meses mais frios no Brasil. Em março e abril, período de comemoração da Páscoa, ela explode, inflando entre 80% e 90% em relação às épocas de giro mais baixo. Para cobrir essa demanda, a indústria reserva uma enorme gama de ovos e figuras de chocolate. (ver à pág.14) Pelos indicadores da ABICAB, o volume da Páscoa saltou de cerca de 8 mil t na década de 1990 para aproximadamente 17.000 t em 2000, avançando para algo em torno de 18 mil t em 2013, volume repetido na data em 2014 e equivalente a 80 milhões de ovos de chocolate, representando um movimento acima de R$ 800 milhões, na ponta do varejo. Além da cobertura de empresas 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos 11

CHOCOLATE 2008-2013 CHOCOLATE PRODUÇÃO, CONSUMO APARENTE, EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO (INCLUINDO ACHOCOLATADO EM PÓ) EM VOLUME (MIL TONS) 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Variação 2013/12 Produção 590 605 732 817 802 800-0,3% Consumo Aparente 560 580 712 798 787 790-0,3% Exportação 39 34 33 33 32 30-4,8% Importação 9 10 13 14 16 20 20,1% Fonte: UHY Moreira - Auditores Elaborado pelo setor de economia e estatística ABICAB-SICAB Obs. Os dados anteriores foram revisados de acordo com a nova metodologia adotada. de vários portes, um contingente de fabricantes artesanais de pequeno porte totalizam algo em torno de 4-5 mil t de especialidades em chocolate destinadas à comemoração. Na faixa de 2,83 quilos por habitante/ano, o consumo per capita atual de chocolates também é considerado baixo e acusa uma variação bastante acentuada conforme a região do país. Chega a oscilar de 0,5 a 1,27 quilo nas áreas mais quentes, como o Norte e Nordeste, a 4,52-5,75 quilos no Sul e Sudeste, que concentram os maiores centros consumidores. Estimulada por esse consumo ainda muito aquém do seu potencial, a indústria nacional investe pesado em tecnologia e expansão de capacidade. Operações internacionais também assediam o mercado doméstico. Assim, os holofotes foram direcionados no início de 2014 para a joint-venture do Grupo CRM, detentor das marcas Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau, com a suíça Lindt. Depois de anos sondando o mercado brasileiro, via parceria com a importadora Aurora, a marca de chocolate premium decidiu investir em uma rede de lojas no país. Como previsto, a primeira unidade foi aberta em julho no Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo. A princípio, os pontos de venda (PDVs) serão próprios, mas o grupo tem planos para, no futuro, promover uma expansão por meio de franquias. Segundo o Grupo CRM, os espaços da marca têm um portfólio mais abrangente, de cerca de 200 produtos, todos também importados. Além de itens já conhecidos dos brasileiros, como as trufas Lindor e os tabletes Lindt, são ofertadas opções para presente, pralinés e a linha jovem Hello. O preço médio dos produtos é semelhante ao da Kopenhagen. Também em março, a grife italiana Ferrero anunciou investimento de R$ 200 milhões na ampliação de sua fábrica em Poços de Caldas (MG). Segundo a empresa, esse é o maior aporte feito no país, desde a inauguração da unidade há 20 anos, e a maior injeção de recursos programada para este ano em suas subsidiárias pelo mundo. O investimento vai permitir à empresa produzir os chocolates Kinder, deixando de importá-los da Itália, além da pastilha Tic-Tac, também prevista para iniciar a produção no país. Próximo ao limite de sua capacidade desde meados da década passada, o setor chocolateiro vinha bombando até 2012. As mudanças em curso nos hábitos de consumo, com os conceitos de saúde e bem-estar em pauta na preferência do consumidor, certamente pesaram na construção desse quadro. Mas desde 2013, no entanto, a demanda sinaliza ter atingido algum grau de saturação. A agitação em torno da produção, venda e consumo de chocolate no Brasil não tem precedentes em toda trajetória dessa categoria de alimento. Em suporte a essa onda, também se multiplicam eventos como workshops, congressos e feiras. Entre os exemplos, foi promovido na Bahia, estado que produz 70% do cacau plantado no país, o 6.º Festival Internacional de Chocolate, evento realizado em julho de 2014 na cidade de Ilhéus. Programada para setembro em Gramado (RS), a Feira Brasileira do Mercado de Chocolate (Febrachoco), cuja segunda montagem 2013-2014* PARCIAL - CHOCOLATE (EXCLUINDO ACHOCOLATADOS) PRODUÇÃO, CONSUMO APARENTE, EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO EM VOLUME (MIL TONS) 400 300 200 100 0 2013* 2014* Produção 392 384 Consumo Aparente 382 378 Exportação 23,2 22,9 Importação 13,3 16,8 * Período de janeiro a setembro Fonte: Associados - Auditados por UHY Moreira - Elaboração ABICAB Variação 2014/13-2,0% -1,0% -1,3% 26,6% 12 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos

Chocolate produção anual brasileira na faixa de 780 mil toneladas, nos últimos quatro anos. aconteceu em 2012, ganhou sua terceira edição, dedicada a uma agenda de negócios para todos os segmentos do chocolate, abrindo rodadas entre empresários, expositores e visitantes. Mesmo com a estabilidade acentuada nos últimos dois anos, a indústria brasileira de chocolate segue bancando investimentos como o do grupo gaúcho Vonpar. Ele expandiu sua atuação de mais de 60 anos no segmento de bebidas, ingressando há dois anos no filão alimentício. O mais recente desdobramento dessa empreitada incluiu investimento de R$ 160 milhões para integração das operações e expansão da linha de chocolates da Neugebauer, a mais antiga indústria de chocolate do país e uma das mais tradicionais do Brasil. Posicionada entre os principais supridores de cobertura (chocolate industrial) do país, a também investe um total de R$ 30 milhões para expandir sua atuação no mercado premium. O projeto inclui a instalação de uma segunda unidade, que está sendo construída em São João da Boa Vista (SP), com inauguração prevista para 2015. Sediada em Santana de Parnaíba (SP), a empresa opera no filão de coberturas com a marca Melken, fornecida a indústrias de alimentos, padarias, confeitarias e sorveterias. Ao inserir a grife Unique, que consumiu dois anos de pesquisas, a ingressou no chamado mercado premium ou de chocolate 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos 13

CHOCOLATE fino. Em 2013, a empresa investiu R$ 20 milhões em equipamentos para aumento de capacidade e lançamentos. Outros R$ 10 milhões vêm sendo direcionados a gastos em marketing e recursos humanos. Em outubro, o grupo belga Puratos, com atuação nos segmentos de panificação, confeitaria e chocolateria, deu o pontapé para a instalação de uma nova unidade, próxima de sua sede, em Guarulhos (SP), destinada exclusivamente à produção de chocolate premium. Com investimento em torno de R$ 60 milhões, grande parte dos recursos se destina à aquisição de linhas de máquinas para consolidar no país a herança e o domínio belga no processo de fabricação do chocolate. A planta é o maior investimento do grupo atualmente no mundo e vai produzir as marcas internacionais Chocolanté e Carat e também as marcas nacionais Vito e Norcau. O volume previsto para a fase inicial é de cerca de 15 mil toneladas/ano, e o planejamento contempla ampliações a partir de 2018. Tradição mantida Páscoa volumes estabilizados, com descolamento da produção das vendas no varejo. Uma das datas mais esperadas pela indústria nacional de chocolate, a Páscoa manteve até recentemente a tradição de bater a cada edição os próprios recordes na produção de ovos e figuras de chocolate. Nos dois últimos anos, no entanto, os volumes vêm se mantendo em patamar estabilizado, sinalizando um descolamento da produção nas fábricas das vendas na ponta do varejo. Essas, por sua vez, nunca deixaram de registrar altas expressivas, a exemplo da campanha de 2013, quando o avanço nas gôndolas do autosserviço, canal por excelência da ala chocolateira, ficou entre 7% e 8%, mostram os dados oficiais do setor. Apesar de ser o ponto alto das vendas da indústria nacional de chocolates, a Páscoa nem sempre atinge as expectativas do setor. Foi assim em 2014, quando mais uma vez o giro de ovos e figuras de chocolate mantiveram estabilidade, com viés de baixa em alguns balcões e perfis de negócios. As vendas a prazo no período, por exemplo, cresceram 2,55% em relação a campanha de 2013, capta a CNDL Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas. Longe de ser animador, o resultado foi o mais fraco dos últimos cinco anos e refletiu o baixo crescimento da atividade econômica brasileira. De certa forma já era esperado pelos comerciantes, que projetavam o pior crescimento dos últimos cinco anos, em torno de 3,5%. A variação abaixo desse patamar, no entanto, veio aquém do esperado e frustrou ainda mais o setor dos lojistas. Símbolo de tradição na comemoração da Páscoa, o ovo de chocolate é uma das iguarias mais apreciadas pelos brasileiros e, em especial, pelas mulheres e crianças. Essa foi uma das informações captadas em recente estudo encomendado pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (ABICAB) ao instituto de pesquisas Ibope. O levantamento apurou que 75% da população apreciam o consumo regular de chocolate, enquanto que 35% alegaram não substituir o produto por nenhum alimento ou bebida. O Brasil é o terceiro maior mercado de chocolates do mundo, atrás dos EUA e Alemanha, e caminha rapidamente para assumir a segunda posição até 2016, uma vez que, na avaliação da ABICAB, o consumo per capita de chocolates no país vem crescendo consideravelmente. 14 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos

CANDIES Crescimento suado Setor de balas e candies supera fase de acomodação e luta para manter a demanda acesa no país Embora a acomodação no setor brasileiro de balas e candies em geral tenha sido superada desde meados da década passada, o declínio na demanda vem se acentuando nos últimos anos. O cenário ao longo dos anos 2000 mostra as indústrias do segmento conseguindo superar gargalos nas vendas domésticas, com investimentos na modernização do parque industrial e apostas em linhas de maior valor agregado. Essa mudança se materializou em itens de qualidade reconhecida pelo consumidor e custos e preços em ponto de equilíbrio, conduzindo a uma recomposição das margens do setor. Enquanto os volumes foram paulatinamente diminuindo o ritmo, a receita desenhou trajetória inversa. Tanto do ponto de vista do produto em si como da comunicação de marcas, a inovação é hoje em dia o principal catalisador dos projetos de expansão nas fábricas, desenvolvimentos e marketing. É assim que a indústria de candies, como balas, drops, pirulitos, chicles de bola, gomas de mascar e caramelos, entre outras variantes, conseguiu sobre- pujar a estagnação dominante no passado. No momento as empresas ainda buscam sacudir a estabilidade nas vendas domésticas, com modernização e linhas de melhor relação qualidade/preço. Essa transformação pode ser conferida inclusive nos itens com boas margens tanto para a indústria como para o trade. Com os investimentos feitos em expansões e desenvolvimentos, os últimos quatro anos fecharam com produção acima de 400 mil toneladas (t) de candies, repassa a ABICAB Associação Brasileira da Indústria de Cacau, Chocolate, Amendoim, Balas e Derivados, evidenciando o lado sustentável do crescimento. Consideradas commodities e paulatinamente abandonadas pelo consumidor, a produção de linhas básicas conduziu o setor a um beco cuja única saída era mudar radicalmente. Com um consumo per capita local considerado baixo e a indústria acomodada a uma demanda cativa, essa virada só vingou a partir de meados da última década. Encurralado pelo acirramento na disputa interna e exposição a itens globais, o setor partiu em busca de outros mercados com 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos 15

CANDIES 2008-2013 BALAS, CONFEITOS, GOMAS DE MASCAR E DERIVADOS PRODUÇÃO, CONSUMO APARENTE, EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO EM VOLUME (MIL TONS) 500 400 300 200 100 0 2008 2009 2010 2011 2012 Produção 369 359 430 471 440 Consumo Aparente 369 365 339 389 369 Exportação 115 103 97 90 79 Importação 7 6 6 8 9 Fonte: UHY Moreira - Auditores Elaborado pelo setor de economia e estatística ABICAB-SICAB Obs. Os dados anteriores foram revisados de acordo com a nova metodologia adotada. baixos ao contrário do que se verifica hoje, os embarques para o exterior ganharam músculos. De 2001 a 2004, as exportações saltaram de 90 mil t para 153 mil t, pico que a partir de 2005 entrou em declínio, estabilizando na faixa de 120 mil t. Com a imagem de fonte de itens populares, o país conseguia emplacar vendas em Variação 2013 balcões de países da África, América do Sul e Central, com preços 2013/12 443 0,7% 375 1,5% 76-3,3% atraentes. Mas já há alguns anos 8-2,8% o setor trabalha no sentido de agregar mais valor a linhas básicas e vem conseguindo mudar essa imagem, como indicam os resultados obtidos em participações recentes em feiras de negócios internacionais. Apesar da queda em volumes, os embarques se mantiveram em valores e, em alguns casos, até renderam superávit, com o reajuste das tabelas aos pouportfólio renovado e a competitividade afiada por insumos fartos e câmbio, a princípio, favorável. Nesse início, as balas e candies brasileiros emplacaram como novidade e, por conta de trunfos como disponibilidade de açúcar a preços 16 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos

2013-2014* PARCIAL - BALAS E CONFEITOS PRODUÇÃO, CONSUMO APARENTE, EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO EM VOLUME (MIL TONS) 400 300 200 100 0 2013* 2014* Produção 377 333 Consumo Aparente 321 279 Exportação 63,7 61,7 Importação 7,2 7,2 * Período de janeiro a outubro Fonte: Associados - Auditados por UHY Moreira - Elaboração ABICAB Variação 2014/13-11,6% -13,0% -3,2% 0,6% cos assimilado pelos compradores. A produção na faixa de 460 mil t há cerca de nove anos levou o Brasil a ocupar a vice-liderança mundial do segmento de balas e confeitos de açúcar. Embora hoje se posicione na terceira colocação, atrás dos Estados Unidos e Alemanha, permanece à frente de pesos-pesados do setor como o Reino Unido, Japão, Espanha e França. Integrante do IOCCC International Office of Cocoa, Chocolate and Sugar Confectionery e do conselho da ICA International Confectionery Association, a ABICAB congrega os sindicatos que atuam regionalmente, representando 92% do mercado de chocolates, 93% do universo dos fabricantes de balas e confeitos. Desde 2001, ela incorpora a categoria amendoim, com representatividade de 62% desse segmento no país. Já a produção de amendoim acusou alta de 4,9% em 2013, fixando-se no patamar de 192 mil t, volume equivalente a vendas acima de R$ 1,5 bilhão no varejo brasileiro. Apesar dos resultados positivos registrados nos últimos três anos, o setor amargou queda de 4,4% de janeiro a setembro de 2014, em relação a idêntico período do exercício anterior, constata a ABICAB. Produzindo em torno de 350 mil t no início dos anos 1990, o reduto de balas e candies acusou salto superior a 30% no final daquela década, patamar esse mantido até 2010, quando ultrapassou a barreira das 400 mil t, fechando o balanço da ABICAB de 2011 com 471 mil t de produtos. Projeções da entidade indicavam que, em decorrência da manutenção dos investimentos em capacidade, desenvolvimentos e inovações, 2012 deveria se manter nesse mes- 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos 17

CANDIES Foto: Docile. Balas e candies produção acima de 400 mil toneladas/ano, mesmo com freio nas vendas. mo patamar, com o setor dando continuidade à trajetória de crescimento. A previsão, no entanto, não vingou, com a indústria amargando queda de 6,7%. A recuperação veio em 2013, com a produção assinalando alta suave de 0,7%. Mas ao invés de seguir a tendência para cima, o filão de balas e derivados acusou recaída, cravando queda de 11,6% no período de janeiro a setembro de 2014, capta a ABICAB (ver quadros às págs.16 e 17). Depois de ultrapassar a barreira das 300.000 t, a partir de 1994, a produção manteve os volumes nessa faixa até 2009. O salto coincide com alta generalizada no consumo bancada pela estabilização da economia. Da mesma forma, o consumo aparente que partiu de 305 mil t em 1992, bateu em 400 mil t cravadas na virada para 2000, com picos acima dessa faixa em 1995, 1996 e 1998, declinando nos anos seguintes. Já as exportações largaram no começo da década de 1990 com 46 mil t, alcançando a marca de 85 mil t em 1993. Depois de cair nos anos seguintes, despencando para 27 mil t em 1998, os embarques reagiram, mantendo-se acima das 100 mil t de 2003 até 2009. Novamente em declínio em função do câmbio desfavorável, fecharam 2013 com 76 mil t, assinalando queda de 3,3% em comparação aos embarques do período anterior. A persistir essa tendência, a ABICAB estima que no balanço de 2014 as exportações mantenham o ritmo de queda que, de janeiro a setembro, foi de -3,2%. As importações, por sua vez, que não ultrapassavam 700 t em 1992, saltaram para 20 mil t em 1995, exibindo o pico de 37 mil t no ano seguinte. Elas, entretanto, foram declinando a partir de 1999, com o inibidor ajuste cambial, sendo mantidas em 5 mil t, nos balanços até 2007, avançando a partir daí para a faixa de 6-7 mil t. Em 2013, os volumes caíram cerca de mil toneladas, registrando queda de 2,8% em relação ao ano anterior. No período de janeiro a setembro de 2014, elas se mantiveram estáveis com variação positiva de 0,6%. 18 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos

Com a imagem de supridora de confeitos populares, o país conseguia despejar produtos apenas em países de consumo incipiente e instável, com preços aviltadamente negociados. Ao agregar valor às linhas de balas e candies o setor conseguiu mudar essa imagem, como indicam os resultados obtidos em participações recentes em feiras de negócios internacionais. Os aprimoramentos no conceito e imagem dos produtos refletiram diretamente na cena doméstica, ganhando maior impulsão com o crescimento da demanda puxada Consumo índice per capita baixo viabiliza apostas para expansão do setor de candies. pelas classes de baixa renda, por sua vez capitalizadas pelo crédito farto e incremento no faziam parte do consumo entraram na lista, quando essa salário mínimo. Apesar do consumo em segmentos como o massa teve seu poder de compra aumentado. de balas, confeitos e derivados ser predominantemente por Distante do seu potencial, o consumo per capita de balas impulso, o ganho de poder aquisitivo de uma fatia maior da e confeitos de açúcar no Brasil evoluiu de 1,5 quilo por habitante/ano, no início da década passada, para 2-2,5 quilos, população afetou a intenção de compra. Itens que antes não na 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos 19

CANDIES média dos últimos anos, cravando 2,01 quilos na atualidade. A exemplo da demanda de chocolate, ele também varia bastante conforme a região do país. Pelas sondagens oficiais no varejo, parte de 0,50-0,95 quilo no Nordeste, alcança 2-3 quilos em alguns pontos do Sudeste e cai para menos de dois quilos em outras regiões. Esses índices, no entanto, são considerados baixos e demonstram que as vendas de candies ainda contam com muito espaço para avançar. Relatório da Euromonitor International sobre o setor brasileiro de balas e derivados indica que o varejo doméstico saltou de um faturamento de US$ 3,176 bilhão há cinco anos para US$ 4,209 bilhões em 2013. Com base nesses dados, a consultoria estima que esse mercado continue crescendo nos próximos anos, totalizando vendas estimadas em US$ 5,230 bilhões em 2018. Atualmente a demanda de itens sofisticados tem sido abastecida tanto por linhas fabricadas no Brasil como trazidas do exterior. As importações, por sinal, cresceram 40% em volume no período mais crítico da virada no segmento, entre 2007 e 2011, capta a consultoria Mintel. Nesse mesmo período, o desembarque em valores triplicou, assinalando mudanças no comportamento do consumidor, que está comprando produtos de maior desembolso. Cerca Internacionalização receptividade em feiras no exterior confirma a qualidade de candies do Brasil. de R$ 10 milhões em balas e derivados foram internados no Brasil em 2007, sendo que, em 2011, essa receita bateu em R$ 30 milhões. O preço médio por quilo da categoria também cresceu 23% nesse mesmo período, saltando de R$ 33,00 para R$ 44,00. Apenas para comparação, os dados da Mintel revelam que a categoria de chocolate seguiu a tendência com 20% de valorização (de R$ 22,00 a R$ 26,00 o quilo), contra mais de 28% de aumento no preço por quilo da ala de biscoitos, que passou de R$ 7,00, em 2007, para R$ 9,00 em 2011. Estudo da consultoria observa que os brasileiros estão mais abertos a experiências com sabores e produtos, especialmente os consumidores da faixa de 16 a 24 anos. De fato, 76% dos brasileiros desse grupo etário afirmam que gostam de provar as inovações em balas, apura a Mintel. Por outro lado, a gangorra dos preços dos insumos abre margem para a indústria inovar na reformulação de produtos, envolvendo o desenvolvimento de itens com mais apelo ao sabor e outros diferenciais, pois há grande receptividade por parte dos consumidores para adquirir essas novidades. 20 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos

BISCOITOS Alta crocância Melhora na renda e ascensão da classe C recolocam o setor na trilha do crescimento Ainda distante de todo seu potencial, o consumo per capita de biscoitos no Brasil pulou, ao longo da última década, de 3,8 quilos/habitante/ano para os atuais 6,3 quilos. No varejo da categoria, o comportamento dos últimos anos demonstra que o mercado de biscoitos acusa crescimento satisfatório, tanto em valores como em volume, mas vem emitindo sinais de retenção no consumo e queda no preço médio unitário, face ao avanço de novas marcas e forte concorrência em preços. Foi a melhora na renda e ascensão da classe C que produziram um efeito quase generalizado no consumo da categoria. Com maior poder aquisitivo, esse contingente passou a comprar mais e melhor, gerando em certos setores o fenômeno da premiunização. É assim que a indústria de biscoitos justifica a projeção de crescimento de 3% na produção e de 5% a 7% no faturamento para 2014. Embora a indústria em geral deva enfrentar uma leve queda, o segmento cresce por conta da demanda de produtos de maior valor agregado, tendência que deve se manter no próximo exercício. Em 2013, a oferta nacional de biscoitos assinalou avanço de 1,7% em relação ao período anterior, totalizando 1,271 milhão de toneladas, captam as planilhas da Abimapi Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pão & Bolo Industrializados. Além da migração do consumo para produtos de maior valor agregado, houve também a pressão dos custos sobre os produtos, a exemplo da farinha de trigo. Considerando que esse insumo representa aproximadamente 40% da composição dos biscoitos em termos de matéria-prima, o governo baixou em junho a alíquota de importação para o trigo. A medida ajudou a conter as altas de preço da farinha em um momento em que a Argentina, principal fornecedor do Brasil, reduziu os volumes embarcados. Já o volume consumido em 2013 movimentou vendas na faixa de R$ 7,91 bilhões, repassa a Abimapi, cravando alta de 12,7%. Estabilizada na faixa de um milhão de toneladas produzidas nos últimos dez anos, a indústria nacional de biscoitos sobressai na vice-liderança mundial da categoria, atrás 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos 21

BISCOITOS os 20 de maior porte respondem por 70% do faturamento geral da categoria. A produção brasileira, no entanto, é movimentada por cerca de 870 indústrias, sendo mais da metade desse total estabelecida na região Sudeste, o maior e mais importante centro consumidor do país. Conforme projeção da consultoria Euromonitor International, as vendas no varejo da categoria em 2013 alcançaram US$ 8,4 bilhões, cravando a surpreendente alta de 16,5% frente ao resultado anterior. Pelas projeções da consultoria o varejo de biscoitos deve movimentar volumes na faixa de 1,2 milhão de toneladas nos próximos anos, atingindo a receita de US$ 11,2 bilhões no fechamento de 2018 (ver quadro acima). Pelas planilhas da empresa de inteligência Mintel, que também audita o varejo de biscoitos, o gasto per capita do brasileiro em 2013 foi de US$ 22,96, patamar que vem sendo mantido nos últimos cinco anos, com exceção de 2011 (US$ 28,10). Pelas previsões da consultoria, o índice deve cair para US$ 21,69 no presente exercício e para US$ 21,87 no próximo ano, retomando a faixa de US$ 22,49 em 2016. Mudanças recentes na economia e no perfil dos conapenas dos EUA, que despejam em torno de 1,5 milhão de toneladas anuais, dimensiona a Abimapi. Formada em setembro de 2014, a entidade reúne as indústrias anteriormente associadas à Anib Associação Nacional da Indústria de Biscoito e à Abima Associação Brasileira da Indústria de Massas Alimentícias e Pão & Bolo Industrializado. A nova associação nasce com 82 associados, que detêm cerca de 80% de share do mercado. Juntos os setores faturam R$ 20 bilhões ao ano com a produção de três milhões de toneladas de produtos, equivalente a um terço do consumo do volume nacional de farinha de trigo, além de serem responsáveis por mais de 100 mil empregos diretos. Na ala de biscoitos, a instituição aglutina os principais fabricantes nacionais de biscoitos, sendo que Recheados modalidade campeã da preferência no consumo nacional da categoria. Evolução do varejo ANO VALOR (em milhões US$) 2008 6.011,4 2012 7.154,5 2013 8.478,4 2018* 11.240,1 (*) Estimativa. Fonte: Euromonitor International Ltd 2014. 22 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos

Biscoitos crescimento de 3% em 2014 puxado pela demanda de produtos premium. sumidores brasileiros estimularam mexidas importantes em várias categorias alimentícias. Na de biscoitos, esse dinamismo catalisou processos de trade up, aumento de qualidade e diversificação de produtos, elementos que juntos impactaram nos preços médios da categoria, mais do que em mercados maduros como EUA e Reino Unido, observa o estudo Biscoitos Doces e Salgados Brasil 2013 da Mintel. De acordo com o relatório, o atual momento do setor alimentício no Brasil propicia o aproveitamento da alta de preços para investimentos em inovação e melhoria da qualidade. A ideia é convencer o público de que vale a pena pagar por esses itens de consumo. Dados da pesquisa com consumidores indicam o óbvio: as classes A e B são as que mais procuram as marcas premium, mas no geral a penetração é bastante pequena. Segundo a Mintel, o preço médio da categoria de biscoitos aumentou 37% nos últimos cinco anos, escalada maior do que em países como México, Reino Unido e EUA. Essa elevação nas tabelas refletiu em melhorias na categoria, mas não em premiunização e, conclui o relatório, a penetração de marcas premium ainda é bastante baixa. Mas a impressão de estar consumindo um biscoito premium, com preço mais em conta, pode explicar a manutenção da demanda geral na categoria. Em comparação com outros segmentos indulgentes, o aumento dos preços dos biscoitos não está na contramão do mercado. Apesar de ter um preço médio inferior ao das categorias de chocolates, balas e candies, o avanço da cotação dos biscoitos foi superior, indicando que possivelmente absorveu maiores influências dos custos de produção e o salto na qualidade pode também ter sido mais significativo. Na comparação com outros mercados, o aumento do preço médio dos biscoitos brasileiros surpreende, uma vez que supera os ajustes no Reino Unido, México e Estados Unidos, mercados nos quais a categoria se encontra mais consolidada. Ao analisar os tipos de produtos comprados pelos brasileiros, constata-se uma penetração satisfatória das subcategorias que são normalmente mais caras. As reconhecidamente premium, como os cookies, figuram nas últimas posições de compra. Mas as variantes que tradicionalmente têm preço mais elevado, como wafers e recheados, exibem boa penetração. Para biscoitos doces, a demanda de recheados é bastante alta, principalmente a da versão chocolate. Considerados de alto valor agregado os wafers possuem uma formulação complexa, pois reúnem aspectos como crocância, sabor da massa, consistência do recheio, sabor do recheio, entre outros, nos quais os fabricantes têm que se esmerar para conseguir um produto de qualidade. Nesse sentido, mais do que a experiência de uma nova subcategoria premium, os consumidores brasileiros ainda demandam uma maior agregação de qualidade e sabor às subcategorias de biscoitos doces já existentes. 16º Anuário Brasileiro do Setor de Chocolates, Candies e Biscoitos 23