Relações entre Intra-empreendedorismo, Clima Organizacional e Desempenho Financeiro Um Estudo sobre as Melhores Empresas para se Trabalhar no Brasil.



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Transcrição:

Relações entre Intra-empreendedorismo, Clima Organizacional e Desempenho Financeiro Um Estudo sobre as Melhores Empresas para se Trabalhar no Brasil. Resumo Autoria: Marcos Hashimoto, Tales Andreassi, Rinaldo Artes, Lina Eiko Nakata As áreas de Recursos Humanos nas empresas vêm dando foco cada vez maior para o desenvolvimento de um clima interno que estimule as pessoas a darem o melhor de si e, ao mesmo tempo, sirva como chamariz para atrair os melhores talentos do mercado. Embora estudos anteriores tenham demonstrado que, na média, o desempenho financeiro das empresas com bom clima interno de trabalho é superior às demais, poucos estudos relatam quais são os fatores que efetivamente direcionam os esforços individuais dos funcionários à busca da inovação e melhoria contínua, fatores de grande preocupação de dirigentes de organizações inseridas em ambientes dinâmicos e altamente competitivos. O intra-empreendedorismo surge, então, como caminho para a aplicação dos melhores talentos à capacidade da organização inovar e se renovar. O presente estudo avalia as relações entre as características de intra-empreendedorismo, clima organizacional e desempenho financeiro, através de uma pesquisa realizada com mais de 140 mil funcionários de 552 empresas no Brasil em 2008. O referencial teórico que baseia o estudo leva em consideração trabalhos anteriores de pesquisadores que conceituaram Empreendedorismo Corporativo e Intra-empreendedorismo (BURGELMAN & SAYLES, 1986; FERREIRA, 2001; LONGENECKER & SCHOEN, 1975; MARVEL et al., 2007, PINCHOT, 1985, STEVENSON & JARILLO, 1990 e ZAHRA, 1993), relacionaram clima organizacional com desempenho (ALBUQUERQUE & FRANÇA, 2002; BERGAMINI & CODA, 1997; DUTRA, 2002; GOMES, 2002; LEVERING, 1997 e TOLFO & PICCININI, 2001) e forneceram as definições dos construtos que fundamentam as variáveis utilizadas na pesquisa (CASADO, 2002; FULMER et al., 2003; KAYA, 2006; SELLTIZ, 1987 e TEIXEIRA, 2002). Os dados foram obtidos por meio de parceria com o Progep (Programa de Estudos em Gestão de Pessoas) da FIA (Fundação Instituto de Administração) que realiza uma ampla pesquisa sobre clima organizacional anualmente e aceitou modificações no seu instrumento questionário na edição de 2008 da pesquisa. Os dados levantados foram então tratados com análise multivariada através do software SPSS, no qual as variáveis independentes, clima organizacional e intra-empreendedorismo que, juntamente com as variáveis de controle setor e porte, foram testadas através da técnica de Análise de Covariância (ANCOVA) para identificar qual das co-variáveis exerce maior influência sobre a variável dependente, desempenho financeiro. Tomou-se como parâmetro para desempenho financeiro, a taxa de variação do faturamento declarado pelas empresas entre os anos de 2006 e 2007 e entre 2007 e 2008. Os resultados demonstraram, em primeiro lugar que existe uma alta correlação (0,89) entre clima organizacional e intraempreendedorismo e confirmam a hipótese de que, dentre empresas do mesmo porte e setor, as características de intra-empreendedorismo explicam melhor o desempenho financeiro do que as características de clima organizacional, levando à conclusão que não basta que as empresas invistam em melhorar o clima interno para aumentar a competitividade, mas é necessário que criem condições para que estes talentos sejam estimulados a agir de forma próativa na implantação de inovações no ambiente organizacional. 1

Introdução Diante de desafios externos incontroláveis, muitas organizações alcançam realizações que podem ser consideradas extraordinárias diante de circunstâncias desfavoráveis em que se encontram. Embora seja evidente a importância da ordem e organização dos processos e atividades e uma adequada administração de recursos escassos, especialistas vem observando que relações de confiança, cooperação e incentivo à troca de informações permitem seus membros solucionar conflitos e diferenças para instaurar formas melhores de atingir objetivos (PINCHOT & PINCHOT, 1994). Muitos estudos já foram realizados para analisar a influência de bons ambientes de trabalho no desempenho das pessoas (TOLFO & PICCININI, 2001; KAYA, 2006; SULIMAN & ABDULLA, 2005; GOMES, 2002; DUTRA, 2002; BERGAMINI & CODA, 1997). Investimentos para atrair talentos e promover um ambiente satisfatório de trabalho revertem em resultados superiores advindos do desempenho superior que estes mesmos talentos proporcionam. Estudos anteriores (KAYA, 2006; SCHNEIDER, 1975; NAMAN & SLEVIN, 1994) demonstraram que as empresas que cultivam um bom clima organizacional têm um desempenho financeiro superior do que a média das demais empresas do mesmo setor. De acordo com estudos realizados com base nas empresas classificadas no Guia As melhores empresas para você trabalhar : As 10 empresas no topo da lista do Guia melhoraram seu desempenho (ROA) em 20,7% (UTIYAMA, 2004) As 100 empresas do Guia apresentaram um índice de rentabilidade média sobre o patrimônio líquido de 6,2% enquanto a lista das 500 Melhores e Maiores Empresas da revista Exame, o índice foi de 3,2% em média, segundo análise da Fipecafi/USP com base nos dados de 2001 (SILVEIRA, 2002). Fulmer et al. (2003) verificou que a taxa de Return on Assets (ROA) e o retorno sobre as ações das empresas do Guia com capital aberto são em geral, melhores do que das empresas do grupo de comparação, não classificadas entre as 100 melhores para se trabalhar. Alguns destes trabalhos consideraram o tratamento de dados baseados em médias simples, sem estudo de dispersão ou análise do desvio padrão e são poucos os que examinam com mais detalhes as empresas que não correspondem à expectativa de alto desempenho. A despeito de esforços para criar um bom clima de trabalho, visando um aumento na satisfação do funcionário com a empresa, muitas empresas não apresentam melhorias de desempenho. Mesmo Fulmer et al. (2003), que observaram uma correlação entre clima e desempenho de 0,65 em um período de 4 anos, admitem que a análise não é conclusiva. De fato, outro estudo conduzido por Junqueira, Bispo e Calijuri (2007) com 15 empresas de capital aberto do Guia de 2006, observaram que o Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) dos anos de 2003, 2004 e 2005 não foram significativamente diferentes quando comparados com um grupo de controle, formado por empresas não presentes na lista. Nenhum estudo foi encontrado que procurasse estabelecer as causas destas disfunções ou que buscasse fatores comuns que as caracterizassem. 2

Objetivos e hipóteses Estas constatações, juntamente com a observação empírica de que empresas que promovem uma cultura voltada ao estímulo ao comportamento empreendedor de seus funcionários também possuem bons climas internos, despertaram a motivação pela presente pesquisa. Este estudo pretende, assim, verificar se a incorporação de um número maior de profissionais bem qualificados e a promoção de um clima em que estes profissionais se sintam satisfeitos com o trabalho seriam, por si só, suficientes para garantir o almejado aumento de competitividade e melhoria de desempenho nas empresas. Tão importante quanto atrair, reter e desenvolver talentos é a boa aplicação destes profissionais para gerar as inovações e melhorias que as empresas buscam. Esta tarefa está além das responsabilidades dos departamentos de Recursos Humanos e passa por aspectos que serão aqui demonstrados como características de empresas intra-empreendedoras. O intra-empreendedorismo é o processo no qual: funcionários perseguem oportunidades independentemente dos recursos que têm sob controle (STEVENSON & JARILLO, 1990, p. 497). No escopo do intra-empreendedorismo, todo e qualquer funcionário pode e deve assumir uma atitude empreendedora diante das oportunidades que vislumbra dentro de seu próprio alvo de trabalho, em sua função, em seu departamento ou na própria empresa. Pretendemos atingir este objetivo mediante o rastreamento dos resultados financeiros de diversos tipos de empresas para verificar se as características intra-empreendedoras representam fatores que diferenciam empresas de alto desempenho de outras que, embora tenham bom ambiente de trabalho, não apresentam o mesmo nível de desempenho. A pergunta que nos propomos a responder é: Empresas que promovem uma cultura de estímulo ao comportamento empreendedor apresentam resultados financeiros melhores do que empresas de mesmo porte e atuando no mesmo setor que promovem o desenvolvimento de um bom clima interno de trabalho? Das relações entre as duas variáveis independentes (clima organizacional e intraempreendedorismo) e a variável dependente desempenho financeiro, estabelecemos duas hipóteses para responder a esta questão: H1: Dentre empresas do mesmo setor, mesmo tamanho, com mesmo nível de clima organizacional, aquelas com melhor nível de intraempreendedorismo tendem a ter desempenho financeiro melhor do que as demais; H2: Dentre empresas do mesmo setor, mesmo tamanho, com mesmo nível de intra-empreendedorismo, aquelas com melhor nível de clima organizacional tendem a ter desempenho financeiro melhor do que as demais. Estas hipóteses testam o grau de influência das variáveis independentes intraempreendedorismo e clima organizacional no desempenho financeiro. Enquanto H1 verifica se intra-empreendedorismo exerce mais influência do que clima organizacional no desempenho financeiro, H2 verifica se clima organizacional exerce mais influência do que intra-empreendedorismo no desempenho financeiro. Clima organizacional O esforço das empresas em se adaptar a uma nova realidade global a partir da década de 80 levou ao surgimento de novos paradigmas baseados em modelos de gestão descentralizados, 3

de alta capilaridade e agilidade de resposta ao mercado. Neste período, as empresas adotaram novas filosofias e modelos de administração, a maioria baseada em reposicionamento estratégico para dar outros direcionamentos e consistência aos negócios. Estas iniciativas exigiram que empregados de todos os níveis assumissem uma postura voltada ao cumprimento das estratégias, que, por sua vez, deviam ser conhecidas por todos os empregados (ALBUQUERQUE, 2002). Os primeiros processos neste sentido resultaram em enormes dificuldades e desafios para os líderes organizacionais, uma vez que os funcionários não estavam preparados para assumir tais responsabilidades. Um dos reflexos das mudanças implementadas foi a diminuição do moral e lealdade dos funcionários para com a organização (BERGAMINI & CODA, 1997). Coda (1997, p. 95), nota que, apesar das organizações brasileiras buscarem receitas, fórmulas e técnicas para manter os trabalhadores motivados no exercício de suas atividades, estes mesmos trabalhadores não se sentem valorizados em seu ambiente de trabalho e vivenciam mais insatisfação do que satisfação no emprego, questionando-se sobre o eventual comprometimento com os interesses das empresas. Se, por um lado, as empresas passaram a depender cada vez mais do grau de envolvimento e comprometimento das pessoas com os objetivos estratégicos, por outro, o modelo de gestão de pessoas, até então baseado em pacotes de remuneração e benefícios, já não servia ao propósito que a nova relação empregado-empregador exigia. Como conseqüência, se o trabalhador não verificar vantagens concretas para si nesta relação, ele dificilmente se compromete com os objetivos organizacionais (DUTRA, 2002, p. 25). Fez-se necessário, então, uma maior compreensão das expectativas e necessidades das pessoas, sob os contextos de maior grau de complexidade em que as organizações estão inseridas, seja pelo contexto ambiental mais volátil, seja pela necessidade de ir mais fundo nas relações intra e inter pessoais. O papel do gestor migrou do puro controle das pessoas para o desenvolvimento de pessoas. O trabalhador deixa de ser um paciente do processo de gestão para ser um agente do processo e passa, portanto, a assumir papel importante na gestão de seu próprio desenvolvimento e de sua competitividade profissional. (DUTRA, 2002, p. 26). O grande desafio que é colocado para as empresas modernas é de criar um ambiente de trabalho propício para que as pessoas tenham atendidas suas expectativas de desenvolvimento, realização e reconhecimento e assim se engajem para aumentar o desempenho e a competitividade da empresa. Ao conjunto das percepções de satisfação ou insatisfação no trabalho dá-se o nome de clima organizacional. O clima reflete os atributos comportamentais que afetam a forma como as pessoas vêem seu ambiente de trabalho. Schein (1999) afirma que o clima organizacional é rapidamente percebido quando entramos na organização, expresso na aparência física do ambiente, na emotividade expressa pelos funcionários e uma miríade de artefatos que são vistos, ouvidos ou sentidos. Medir o clima organizacional é responsabilidade das áreas de Recursos Humanos das empresas. Transformou-se em métrica importante que permite avaliar o desempenho do departamento no cumprimento de seu papel de atender as necessidades dos funcionários. O empregado desenvolve a sua percepção sobre como as atividades são conduzidas no dia-a-dia da empresa. A partir dos comportamentos e ações pelas quais os empregados recebem reconhecimento e apoio, eles desenvolvem a resposta para a pergunta: O que é importante aqui? Essa resposta representa o clima da organização (SCHNEIDER & WHITE, 2004). 4

Um dos instrumentos mais utilizados para medir a satisfação dos funcionários é a pesquisa de clima organizacional. Tomando por base a consulta generalizada aos diferentes colaboradores da empresa, identificam-se suas necessidades críticas a serem atendidas e se estabelece um programa de ação que considere as variáveis comportamentais relevantes à situação (BERGAMINI & CODA, 1997). Para Bergamini e Coda (1997), a pesquisa de clima organizacional serve como um canal de comunicação entre a direção e seus empregados. Representa um modo constante de obter e fornecer feedback com relação ao atendimento das necessidades dos empregados. Promove, quando bem aplicado, uma evolução nas relações de trabalho, um mecanismo que orienta formas de melhorar a ambiência organizacional, alterando e transformando os mais diferentes aspectos que efetivamente podem alavancar o sucesso organizacional com base nas pessoas. Muitas empresas conduzem suas pesquisas de clima organizacional, seja por meio de recursos próprios, seja com o auxílio de consultorias especializadas ou através de pesquisas globais abertas, dentre as quais destacamos o levantamento das melhores empresas para se trabalhar conduzido mundialmente pelo Great Place to Work Institute situado nos EUA e em mais de 30 países. Sua abrangência, visibilidade e longevidade despertaram o interesse da comunidade acadêmica (FULMER, GERHART & SCOTT, 2003; PUTZIER, 2001; HESKETT & SCHLESINGER, 1994; BAARS, 2002; TOLFO & PICCININI, 2001; JUNQUEIRA, BISPO & CALIJURI, 2007) que se utilizou de seus dados para estudos sobre clima organizacional em diferentes circunstâncias de análise. Destes pesquisadores, destacamos o trabalho de Levering (1997) que fez um levantamento em uma amostra das 100 melhores empresas para se trabalhar nos EUA e constatou que, embora existam práticas e iniciativas incomuns e realmente inovadoras nestas empresas, algumas características se repetiam com freqüência na maioria entrevistada, até mesmo entre aquelas que, aparentemente, não tinham nada em comum além de constarem na lista das 100 melhores.... Termos como divertido, respeito, orgulho, liberdade, família, entre outras eram citados com muita freqüência. As empresas que constituem bons locais de trabalho são freqüentemente mais lucrativas do que seus concorrentes (LEVERING, 1997; FULMER, GERHART & SCOTT, 2003). Levering (1997) realizou um levantamento com as instituições americanas que estabeleceram as relações entre desempenho e clima organizacional. A Franklin Research & Development concluiu que o crescimento de lucro e valor de ação foi duas vezes maior entre empresas das 100 melhores para trabalhar do que as 500 melhores da Standard & Poors. A Dean Witter Reynolds também analisaram o desempenho financeiro entre os mesmos grupos de empresas e verificou um desempenho superior de 17,69% entre as 100 melhores para trabalhar. Estes estudos demonstram que organizações que promovem um clima interno propício para aumentar a satisfação dos funcionários pelo trabalho podem levar ao aumento do desempenho na sua atividade. Promover um bom clima interno para o trabalho se tornou, assim, um investimento altamente compensador pelos benefícios gerados com o aumento do desempenho das pessoas e, conseqüentemente, da organização. Baseado no trabalho de Levering (1993), os elementos que caracterizam o clima organizacional foram agrupadas em quatro categorias, a saber: Identidade, liderança, satisfação/motivação e aprendizado/desenvolvimento, descritas a seguir: Identidade: O clima organizacional é formado pela identificação das pessoas com a empresa, principalmente em relação aos desafios, cultura vencedora, reconhecimento, eqüidade, liderança, oportunidade de carreira, programas de treinamento, bolsas de estudo, ambiente de aprendizagem e ambiente acolhedor (TEIXEIRA, 2002): 5

1) Orgulho: Pessoas se sentem orgulhosas de suas conquistas pessoais e sentem que estão ajudando a fazer a empresa buscar a liderança em seus mercados (LEVERING, 1993, p. 8). 2) Direitos iguais: Todos os funcionários são tratados como iguais, sem privilégios nem benefícios especiais ao alto escalão, procurando eliminar ou reduzir o papel autoritário da hierarquia (ALBUQUERQUE & FRANÇA,1998). 3) Maturidade empresarial: Aderência do padrão de desempenho das pessoas às pressões exercidas pelos clientes, concorrentes e outras influências externas (BERGAMINI & CODA, 1997). 4) Cidadania empresarial: Preocupação com o ambiente onde a empresa está inserida e com as pessoas com as quais se relaciona. Liderança: Rogers (1961) indica que se o administrador, líder militar ou industrial, cria determinado clima na organização; então a equipe se torna mais responsável, mais criativa, mais cooperativa e se adapta a novos problemas. Representa o grau de confiança e credibilidade dos empregados nas chefias: 5) Práticas de Gestão de Pessoas: Manter-se próximo de seus liderados é de fundamental importância para que os líderes mantenham a visão do todo, aprimorando sua capacidade de tomada de decisões. 6) Cumprindo as promessas: As promessas podem aumentar as expectativas das pessoas, deixando-as alertas quando os outros não fazem o que disseram que fariam. Isso destrói a confiança (LEVERING, 1997). 7) Abertura e acessibilidade: O fluxo de informações e conhecimento permite um contato maior da liderança com o ambiente. Políticas de portas abertas e outros mecanismos de comunicação vertical viabilizam este fluxo (ALBUQUERQUE & FRANÇA, 1998). 8) Gerenciamento participativo: Incentivo para que as pessoas queiram assumir uma responsabilidade maior pelo trabalho de cada um, principalmente para participar das decisões (LEVERING, 1997). 9) Senso de justiça: Grau de satisfação com o tratamento dado às decisões da liderança. Funcionários ficam desencantados se não estiverem concordarem com a forma pela qual lucros, méritos e propriedade são distribuídos (LEVERING, 1997). Satisfação e Motivação: Conforme o modelo de abordagem de motivação, diferentes fatores se inter-relacionam no processo motivacional: dinheiro, aspectos sociais, o trabalho em si e perspectivas de crescimento. Diferentes trabalhadores possuem diferentes fatores motivacionais e, além de buscar modos de satisfação distintos, também têm diferentes contribuições a fazer à organização (CASADO, 2002): 10) Coleguismo e trabalho em equipe: Valorização do consenso, dando espaço para antecipação dos conflitos e valorizando a tomada de decisões em grupo (ALBUQUERQUE & FRANÇA, 1998). 11) Estabilidade de emprego: Uma política de não-demissão é uma forma de dizer que todos os funcionários são importantes e não apenas os do topo e que as empresas tem um relacionamento com seus funcionários e não apenas uma relação de troca. (LEVERING, 1997; ALBUQUERQUE & FRANÇA, 1998). 12) Equilíbrio com vida pessoal: Disposição da empresa para ir além do relacionamento convencional com os empregados, demonstrando que a empresa é mais do que um local de trabalho (ALBUQUERQUE & FRANÇA, 1998). 6

13) Confiança mútua: A confiança não se presta a rápidos reparos, que possam se refletir no lucro do trimestre. Os gerentes implementam e mudam suas políticas e práticas com muito cuidado e ponderação (LEVERING, 1997). 14) Compensação: Os empregados dão à empresa parte razoável de suas horas de vigília para atender os objetivos da empresa em troca de uma remuneração que considerem justa e imparcial. (LEVERING, 1997). 15) Participação no sucesso: Oferta de participação nos lucros para os funcionários como forma de mostrar que a empresa compartilha o sucesso com quem ela considera ser importante para atingir bons resultados (LEVERING, 1997). 16) Condições de trabalho: Envolvem desde sua localização, espaço, acessibilidade e temperatura até o atendimento de necessidades especiais inerentes aos funcionários e à natureza do trabalho (WALTON, 1973). 17) Reconhecimento: Uma forma de recompensa que tem um significado muito mais relacionado com o valor do ato do que pelo benefício material em si (LEVERING, 1997). 18) Horário flexível: Além de exigir uma jornada de trabalho compatível com a capacidade humana. (WALTON, 1973), a prática do horário flexível adéqua as necessidades dos funcionários ao trabalho (LEVERING, 1997). Aprendizado e Desenvolvimento: A boa empresa não é apenas aquela que apresenta lucro, mas a que também oferece ambiente moralmente gratificante, em que as pessoas boas podem desenvolver seus conhecimentos especializados e também suas virtudes (ARRUDA, WHITAKER & RAMOS, 2001): 19) Comunicação: Uma comunicação transparente e clara, com mensagens pertinentes e divulgadas no tempo adequado ajuda a integrar esforços em torno de objetivos comuns (BERGAMINI & CODA, 1997). 20) Oportunidades de crescimento: As empresas acreditam que o crescimento se deve em grande parte aos esforços das pessoas que lá trabalham e por isso se procura promover quem está dentro, antes de buscar fora (LEVERING, 1997). 21) Desenvolvimento profissional: Dar condições para que os funcionários se desenvolvam para atender às demandas maiores que a empresa vai exigindo na medida em que cresce (LEVERING, 1997). Intra-empreendedorismo O interesse crescente dos pesquisadores no estabelecimento de relações entre empreendedorismo e corporações caracterizou o chamado empreendedorismo interno, no qual a empresa se engaja em atividades internas direcionadas para o desenvolvimento de mercados internos e pequenas unidades independentes dentro da empresa (ZAHRA, 1993; FERREIRA, 2001). Estas atividades podem abranger produto, processo e inovações administrativas em vários níveis da empresa (BURGELMAN & SAYLES, 1986). O trabalho de Burgelman foi bastante conveniente para que Pinchot (1985) tivesse ampla receptividade na concepção de um tipo especifico de Empreendedorismo Corporativo, o intraempreendedorismo. Pinchot inspirou vários autores com suas idéias de que o intra-empreendedorismo abrange todas as atividades da organização, incluindo funções administrativas, como contabilidade, RH, financeiro e outras não ligadas diretamente ao negócio. Pinchot não se deixa influenciar 7

pelo intra-empreendedorismo informal (HASHIMOTO, 2006). Seu foco é o intraempreendedorismo formal, promovido por ações organizacionais, ou seja, levando-se em consideração a empresa, e não o funcionário, como unidade de análise. O intra-empreendedorismo implica em ações originadas na organização para facilitar o processo de geração de idéias e permitir que as barreiras impostas por estruturas, regras e agentes sejam minimizadas usando a mesma base da satisfação no trabalho, porém objetivando a inovação como forma de atingir competitividade. Pesquisa recente de Marvel et al. (2007) examinou a motivação que leva funcionários a agir de forma empreendedora e vários aspectos identificados nesta pesquisa estão relacionados com os elementos que favorecem o clima organizacional. Nesta pesquisa, cinco categorias de variáveis foram mais evidenciadas entre os intra-empreendedores pesquisados: Recompensa e reconhecimento, apoio da diretoria, estrutura organizacional e disponibilidade de recursos: - Recompensa e reconhecimento: Um sistema de recompensa adequado para incentivar as iniciativas intra-empreendedoras a assumir o risco de seus projetos deve considerar objetivos, feedback, resultados e comportamento individual. - Apoio da diretoria: Trata da disposição da alta administração em promover iniciativas empreendedoras entre seus funcionários. Este apoio pode envolver o apadrinhamento pessoal a projetos específicos iniciados pelo nível operacional. - Disponibilidade de recursos: Recursos como espaço, estrutura, equipamentos, orçamento e tempo devem estar disponíveis para os intra-empreendedores agirem sobre suas idéias. - Estruturas organizacionais: Estruturas achatadas, com poucos níveis hierárquicos aproximam o topo da organização do nível operacional, agilizando o processo decisório e facilitando o desenvolvimento de idéias e propostas inovadoras. - Natureza do trabalho: Projetos desafiadores, atividades cujo valor é facilmente percebido pelos clientes, atuação com tecnologias e ferramentas de alto padrão, proximidade a pessoas altamente capacitadas e oportunidades de auto-desenvolvimento. - Orgulho da empresa: O respeito à organização, seus produtos, sua marca e sua história. Orgulho com relação à reputação da empresa que os levam atentar associar sua imagem pessoal à imagem corporativa. - Alinhamento entre práticas e estratégia. Intra-empreendedores se sentem mais à vontade para apresentar idéias na medida em que percebem que há aderência à estratégia global da empresa. - Disponibilização de canais de comunicação. Sejam formais ou informais, mas abertos a todos os níveis, de forma que questões de qualquer natureza possam ser feitas por qualquer funcionário de qualquer nível e área da organização. - Investimento em treinamento. Amplo e profundo programa de capacitação de seus funcionários, provendo conhecimentos específicos em gestão e negócios que são fundamentais para que ele tenha uma visão global do negócio que está construindo. Estes elementos nos levam a concluir que existe uma grande aderência entre as características intra-empreendedoras e as características de organizações com um bom clima interno para trabalhar. O desenvolvimento de um bom clima organizacional é condição para estimular a ação dos intra-empreendedores, porém não pode ser confundido com organizações intraempreendedoras. 8

Para o estabelecimento das variáveis de pesquisa, optamos por resgatar o conjunto de construtos de Orientação Empreendedora, cujas origens encontramos no trabalho de Longenecker e Schoen (1975): Inovação, Receptividade a riscos e Pró-atividade: 1) Inovação é a busca de soluções criativas e não usuais a problemas e necessidades e pode vir na forma de novas tecnologias ou processos. Schumpeter (1934) foi o primeiro a associar o empreendedor à ação inovadora ou criativa. Segundo sua concepção, o papel do empreendedor não se limita à criação de novos negócios, mas também à criação de um novo método de produção, abertura de novos mercados, busca por alternativas de materiais e promoção de mudanças estruturais na organização. 2) Receptividade a riscos envolve a disposição de assumir a decisão de comprometer recursos significativos para aproveitar oportunidades com alguma chance de fracasso. Nenhum empreendimento está livre da possibilidade de fracassar. Quanto maior a incerteza, maior a imprevisibilidade dos resultados. 3) Pró-atividade se refere à implantação do que for necessário para antecipar e agir sobre uma oportunidade empreendedora, com perseverança, adaptabilidade e tolerância a erros (MORRIS, ALLEN, SCHINDEHUTTE & AVILA, 2006). O empreendedor define os objetivos, decide sobre o uso de recursos, escolhe as estratégias de ação e até mesmo a busca por oportunidades relevantes. O empreendedor deve ter pró-atividade para conquistar apoio e confiança daqueles que o ajudarão a conduzir seu empreendimento. Análise das evidências empíricas Para a presente pesquisa, optamos pela objetividade da análise quantitativa, com dados primários obtidos a partir de uma amostragem de empresas representativas da população objeto de nosso estudo. A unidade de análise é a empresa, instituição jurídica com ou sem fins lucrativos, estabelecida em qualquer localidade do território nacional e com porte equivalente a mais de 300 funcionários, com capital nacional ou estrangeiro e de qualquer ramo de atividade. Todas atuavam no mercado brasileiro e/ou internacional por mais de cinco anos. Não há estudos que demonstrem qualquer tipo de restrição ao empreendedorismo corporativo. Empresas de qualquer tamanho, em qualquer mercado e em todos os níveis de concentração podem se engajar em atividades empreendedoras. A ferramenta adotada para realizar levantamento de dados sobre o clima organizacional e características intra-empreendedoras foi o questionário, enviado por email aos respondentes, de forma direta e sem intermediários, com o apoio de tecnologia apropriada para a gestão dos respondentes convidados de cada empresa. A maior parte dos dados das empresas pesquisadas foi obtida pelo questionário da empresa, respondido por representantes da empresa, invariavelmente um profissional da área de Recursos Humanos. A seguir, descrevemos as variáveis de controle mais relevantes para o estudo obtidos das empresas participantes: Setor: Ramo de atividade da empresa. A informação é relevante para a distribuição das empresas em grupos para analisar o desempenho de cada empresa dentro de seu ramo de atuação de forma comparativa às outras empresas do mesmo setor. Total de empregados: Variável discreta que indica o número de funcionários formalmente registrados na folha de pagamento da empresa participante ao longo do ano de 2007. Esta variável foi utilizada neste estudo como indicador do porte da empresa participante. 9

O questionário distribuído aos empregados visou a obtenção de dados primários da principal fonte de informações, uma amostragem randômica representativa dos empregados das empresas participantes da pesquisa. Para a realização do procedimento amostral, foi solicitado às empresas que enviassem uma relação numerada de seus funcionários em ordem alfabética e, a partir dela, sorteados os que deveriam responder a pesquisa (através de números correspondentes aos atribuídos para os funcionários listados e o uso de um dispositivo de seleção randômica). Todos os sorteados eram empregados com vínculo formal de trabalho. No processo de comunicação com os funcionários foi garantido o anonimato do respondente, de forma a minimizar o efeito de pressões isomórficas no preenchimento dos questionários. Para garantir representatividade da amostra sobre a população da empresa, exigiu-se um número mínimo de questionários respondidos. O questionário foi dividido em duas partes, na primeira parte, as perguntas são compostas de variáveis de controle e independentes de natureza fechada, para melhor tabulação dos resultados na abordagem do paradigma positivista: Gênero, idade, tempo no emprego, instrução, número de filhos, local de trabalho, cargo e salário. Na segunda parte do questionário, 68 afirmações foram apresentadas para os respondentes atribuírem uma opção a um conjunto de alternativas segundo a escala nominal de Likert de atitude de 5 pontos (MARCONI & LAKATOS, 1985). As variáveis obtidas pelo instrumento questionário foram agrupadas em construtos para melhor comunicação dos significados das questões. Segundo Cooper & Schindler (2001, p. 53), construtos são unidades conceituais combinadas na forma de idéias, mensagens ou entidades construídas quando a imagem a ser transmitida não é facilmente observada de forma direta. O quadro 1 a seguir apresenta a forma como os construtos foram elaborados: Objeto de análise Construto Itens de avaliação Questões Orgulho 2, 7, 26, 34 Direitos iguais 32, 39 Maturidade Empresarial 45, 54 Cidadania empresarial 24, 58 Práticas de Gestão de pessoas 14, 21, 25, 29, 41, 62 CLIMA ORGANIZACIONAL Identidade Liderança Satisfação e Motivação Cumprindo promessas 27, 43 Abertura e acessibilidade 15, 19, 20, 42, 47 Gerenciamento participativo 3, 16, 31, 48 Senso de justiça 30 Coleguismo e trabalho em equipe 6, 12, 28, 52, 56, 59 Estabilidade de emprego 44 Equilíbrio com vida pessoal 18, 23 Confiança Mútua 8, 37, 40 Compensação 36, 53, 57, 68 Participação no sucesso 17, 46, 61 10

Aprendiz ado e desenvol vi-mento INTRA- EMPREENDEDORISMO Condições de Trabalho 33, 60 Reconhecimento 38 Horário flexível 5, 65 Comunicação 4, 50, 64 Oportunidades de crescimento 10, 13 Desenvolvimento profissional 11, 22, 49, 51, 63 Inovação 55 Receptividade a riscos 66, 69 Pró-atividade 9, 35, 67 Quadro 1: Descrição dos construtos O fato de termos uma quantidade desproporcional de perguntas sobre clima organizacional, quando comparados com as perguntas sobre intra-empreendedorismo se deve ao fato de que os dados foram obtidos através de uma parceria com a FIA (Fundação Instituto de Administração) por meio do Programa de Estudos em Gestão de Pessoas (PROGEP), que disponibilizou seus bancos de dados com informações levantadas na pesquisa nacional de clima organizacional, que, desde 2006, elabora anualmente o guia As Melhores Empresas para Você Trabalhar no Brasil. Na edição 2008 deste guia foram incluídas novas perguntas para medir exclusivamente os elementos de intra-empreendedorismo. Das 552 empresas que se inscreveram espontaneamente no processo, uma amostra com mais de 142.445 funcionários responderam ao questionário. Com base nos resultados desta parte do questionário, criamos duas variáveis independentes que consolidam os resultados nos construtos avaliados neste trabalho: Índice de intra-empreendedorismo: Média simples obtida a partir das respostas do empregado para as 6 questões relacionadas com intra-empreendedorismo. Índice de clima organizacional: Média simples obtida a partir das respostas do empregado para as 62 questões relacionadas com clima organizacional, agrupados nos construtos: Aprendizagem, Liderança, Identidade e Satisfação. Na avaliação dos dados financeiros das empresas, estudos anteriores (JUNQUEIRA et al, 2007; FULMER et al, 2003) se utilizam de indicadores como ROE (Return on Equity) ou ROA (Return on Assets) disponibilizados em canais públicos de comunicação. Isso é possível e muito comum quando a amostragem se limita a empresas de capital total ou parcialmente abertos. Como isto restringiria nossa amostragem a pouco mais de 10% dos dados obtidos, optamos por utilizar a variável mais comum disponibilizada em fontes secundárias: Faturamento: Total de recebimentos do ano referentes exclusivamente às vendas realizadas. Não são computadas as outras entradas de caixa como venda de ativos ou ganhos financeiros, nem vendas realizadas, mas ainda não recebidas, como inadimplência e prazos de recebimento em aberto. Taxa de crescimento financeiro: Variável dependente que representa a diferença percentual da evolução do faturamento. Obtivemos a taxa dos anos de 2005, 2006 e 2007: 05-06: Diferença percentual do faturamento entre os anos de 2005 e 2006; 11

06-07: Diferença percentual do faturamento entre os anos de 2006 e 2007; 05-07: Diferença percentual do faturamento entre os anos de 2005 e 2007. Os dados de faturamento foram obtidos a partir de diversas fontes secundárias (Lista das Maiores e Melhores, Valor 1000, Balanço Anual, Economática) e primárias (da própria empresa, ou nos relatórios anuais). Embora critérios geralmente aceitos de porte de empresa consideram grandes empresas aquelas que possuem mais de 500 funcionários, optamos por estabelecer o critério de 300 funcionários como ponto de corte para não sacrificar o tamanho da amostra e correr o risco de não haver representatividade mínima para o tratamento estatístico. Eliminamos também oito empresas da amostra que representavam um viés na amostra por suas características atípicas circunstanciais, pois sofreram situações de fusões, várias demissões, re-estruturações organizacionais e lançamentos de novos negócios no período analisado. A base de dados original tinha 552 empresas, correspondendo àquelas que se inscreveram no projeto de pesquisa. A base final considerada para o tratamento estatístico contém 213 empresas. A redução de 339 empresas é explicada no quadro 2 a seguir: Ocorrência Quantidade Final Total de empresas inscritas no processo 552 552 Empresas que não obtiveram o mínimo exigido de questionários de empregados respondidos (95) 457 Empresas sem dados financeiros de pelos menos dois dos três anos analisados (135) 322 Empresas com menos de 300 funcionários (porte da empresa) (101) 221 Empresas que passaram por alguma mudança recente atípica (8) 213 Quadro 2: Critérios de seleção da amostra Apresentação dos resultados Em primeiro lugar, testamos a correlação entre os índices de clima organizacional e de intraempreendedorismo e constatamos um alto grau de correlação entre as duas variáveis (0,880) com alta significância (p < 0,001) reforçando estudos anteriores (KAYA, 2006; MARVEL, 2007) que explicam a alta correlação entre estes grupos de variáveis. Para saber em que grau o índice de clima organizacional e de empreendedorismo afetam o desempenho financeiro dentro de cada grupo formado pela combinação entre porte da empresa e setor de atividade, optamos pela Análise de Covariância (ANCOVA). Esta técnica permite verificar o efeito das covariáveis clima organizacional e intra-empreendedorismo, controlados pelos fatores fixos de setor de atuação e porte da empresa. Estabelecemos este modelo ao partirmos do pressuposto que as comparações só fazem sentido ao se considerar grupos de empresas que atuem no mesmo setor e tenham portes similares. Os modelos incluíram um termo de interação entre setor e clima. Constatamos uma heterocedasticidade nos dados, em que os resíduos de cada nível da variável preditora apresentaram variâncias diferentes. Por este motivo optamos por trabalhar com erros-padrão corrigidos. 12

Realizamos o teste considerando as duas covariáveis, intra-empreendedorismo e clima organizacional, juntas para testar a reação de uma mediante a outra sob os mesmos fatores de setor e porte da empresa. A tabela a seguir consolida todas as saídas geradas pelo pacote estatístico SPSS 13.0 para cada situação desejada, sendo que Intra-empreendedorismo apresenta o efeito do intra-empreendedorismo para explicar o desempenho financeiro na presença do clima organizacional e Clima Organizacional apresenta o efeito do clima organizacional para explicar o desempenho financeiro na presença de intra-empreendedorismo. Em ambas as situações, a análise é sempre realizada considerando-se o setor de atuação, o porte da empresa e a interação entre eles, conforme apresentado no quadro 3 a seguir: Índices Intra-empreendedorismo Clima Organizacional Período 05-06 06-07 05-07 05-06 06-07 05-07 Valor p,010,050,001,445,425,899 Quadro 3: Resultados da análise de co-variância Em todas as condições testadas, verificamos que clima organizacional apresentou o valor p superior a 10% quando testado junto com intra-empreendedorismo, o que nos leva a concluir que clima organizacional não explica o desempenho financeiro quando considerado junto com intraempreendedorismo, dentro do mesmo setor de atuação e porte da empresa. Por outro lado, em todos os períodos avaliados, encontramos o valor p inferior a 5% quando o construto intraempreendedorismo foi testado junto com clima organizacional, sob os fatores fixos de setor de atuação e porte da empresa. Este resultado indica que intra-empreendedorismo explica o desempenho financeiro quando considerado junto com clima organizacional, dentro do mesmo setor de atuação e porte da empresa. Conclusões, limitações e recomendações Retomando as hipóteses apresentadas no início deste artigo, verificamos que, dentre empresas do mesmo setor, mesmo tamanho, com mesmo nível de clima organizacional, aquelas com melhor nível de intra-empreendedorismo tendem a ter desempenho financeiro melhor do que as demais, pois os resultados da análise de covariância demonstram valor p < 0,05, quando a variável intra-empreendedorismo foi considerada em conjunto com a variável clima organizacional, não havendo evidências para rejeitarmos H1. Por outro lado, encontramos evidências para rejeitar a hipótese H2, pois os resultados da análise de covariância demonstram o valor p variando entre 0,35 a 0,89 para os períodos analisados, quando a variável clima organizacional foi considerada em conjunto com a variável intra-empreendedorismo. Este resultado indica que, dentre empresas que atuam no mesmo setor, com o mesmo porte e mesmo nível de intra-empreendedorismo, aquelas com melhor nível de clima organizacional não tendem a ter desempenho financeiro melhor do que as demais. Os resultados comprovam, enfim, estudos de alguns pesquisadores e ressaltam o fato de que empresas não investem em bom clima interno apenas para que o funcionário se sinta bem, feliz, satisfeito e auto-motivado. Investimentos desta natureza requerem algo em troca que pode ser traduzido como produtividade, desempenho, eficiência, qualidade, satisfação do cliente e redução de custos. Do ponto de vista do funcionário, esta cobrança maior por resultados não se encaixa com o que deveria ser uma boa empresa para se trabalhar, e muitos dos conflitos internos podem decorrer destas diferenças de percepção, também conhecidos como conflitos de agência (GIDDENS, 2003). 13

Organizações que promovem o intra-empreendedorismo ressaltam a importância de profissionais que fazem a diferença na organização, trazendo novas idéias, promovendo mudanças, quebrando paradigmas, assumindo responsabilidades, indo além de seu cargo e função, correndo riscos calculados e mobilizando pessoas em torno de projetos de alto valor percebido pelos stakeholders. Embora os intra-empreendedores procurem empresas boas para se trabalhar, sua motivação intrínseca é despertada e alimentada por fatores distintos daqueles normalmente mensurados no clima organizacional. Desafios, aprendizado, liberdade, autonomia e reconhecimento são alguns destes fatores que apenas algumas organizações sabem explorar para atrair, despertar, desenvolver e reter intra-empreendedores. Como limitações ao estudo, o fato das empresas da amostra não terem sido escolhidas de forma aleatória e sim por participação espontânea de empresas com interesse real de avaliar suas condições de clima interno e buscar pró-ativamente uma posição no guia Melhores Empresas para Você Trabalhar, tornando possível que a amostra de empresas não seja representativa com relação à população, pois a forma como a chamada é feita não gera incentivo para que empresas que não tenham um bom clima interno se apresentem para terem seus climas internos avaliados. O horizonte de tempo pode ser considerado outra limitação deste estudo. Não existem referências de que as ações intra-empreendedoras gerem resultados percebidos no desempenho financeiro no mesmo ano em que são aplicadas, além do fato de que os resultados financeiros podem ser devido a outros fatores não necessariamente relacionados com intra-empreendedorismo ou clima organizacional. Além disso, a taxa de variação do faturamento anual não é o tipo e métrica geralmente aceita no meio científico, porém, a dificuldade de acessar outros números como lucro, valor da ação ou retorno sobre ativos inviabilizou a adoção de outra métrica confiável. Com base nos resultados aqui apresentados, outros estudos podem decorrer. A influência do ambiente externo pode estimular ou inibir o intra-empreendedorismo e merece um estudo específico. A ampliação do número de variáveis de controle permitiria a identificação de outras métricas para avaliar a eficácia de medidas voltadas para o intra-empreendedorismo, como: Número de projetos iniciados pelos funcionários, resultados específicos gerados por projetos de funcionários, orçamento reservado para subsidiar iniciativas de funcionários, entre outras. Como efeito prático deste estudo, é possível sugerir que as organizações em geral, e suas áreas de Recursos Humanos em particular, que queiram aumentar sua capacidade de competir com base na inovação, estabeleçam metas mais específicas para melhor alinhar o uso de seus melhores talentos com o direcionamento estratégico da organização. O intraempreendedorismo pode ser visto como um caminho possível para se diferenciar no mercado e estabelecer uma cultura em que a atitude em favor da mudança e da inovação faça parte dos valores e crenças de seus funcionários, estabelecendo, enfim, um contínuo e sustentável processo de renovação estratégica e organizacional. Referências bibliográficas ALBUQUERQUE, L. G. A Gestão Estratégica de Pessoas, in: As Pessoas na organização, São Paulo: Gente, 2002. ALBUQUERQUE, L. G. & FRANÇA, A. C. L. Estratégias de recursos humanos e gestão da qualidade de vida no trabalho: o stress e a expansão do conceito de qualidade total. Revista de Administração, v.33, n. 2, p. 40-51, abr/jun, 1998. 14

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