IMPORTÂNCIA DO MISOPROSTOL NA PREVENÇÃO DE HEMORRAGIAS PUERPERAIS.

Documentos relacionados
USO DO MISOPROSTOL NA INDUÇÃO DO PARTO VAGINAL

EFICÁCIA DO MISOPROSTOL NA RESOLUÇÃO DOS CASOS DE ABORTAMENTO

INFECÇÃO PUERPERAL TARDIA NA CESARIANA: ANÁLISE DE TRÊS SÉRIES DE PACIENTES

Gestação na adolescência: qualidade do pré-natal e fatores sociais

ASPECTOS PSICOSSOCIAIS QUE ACOMPANHARAM UMA SÉRIE DE PARTOS PREMATUROS ACONTECIDOS NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS CONSTANTINO OTTAVIANO

Características da gestante adolescente em estudo prospectivo de 4 anos: realidade em Teresópolis

PROPOSTA PARA PREVENÇÃO DO DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA APÓS ESTUDO DE CINCO SÉRIES DE CASOS

QUEM É A PACIENTE COM PRÉ-ECLAMPSIA? DADOS DE 5 ANOS DE PESQUISA.

PERFIL DAS MÃES DE RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS DO HOSPITAL MATERNO INFANTIL DA CIDADE DE APUCARANA

AVALIAÇÃO DAS HISTERECTOMIAS VAGINAIS REALIZADAS NO HOSPITAL DE CÍNICAS DE TERESÓPOLIS.

ÓBITO FETAL DEPARTAMENTO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA DA FMABC DISCIPLINA DE OBSTETRÍCIA PROF. TITULAR: MAURO SANCOVSKI

A) Condutas que são claramente úteis e que deveriam ser encorajadas

DESENVOLVIMENTO DE MATERIAL DIDÁTICO OU INSTRUCIONAL FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU- UNESP

HEMOCENTRO RP PROCEDIMENTO OPERACIONAL

IMPORTÂNCIA DA CONSULTA DE ENFERMAFGEM PARA PREVENÇÃO DA TROMBOSE VENOSA PROFUNDA EM PUÉRPERAS

TRABALHO DE PARTO PREMATURO

MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE DEPARTAMENTO DE AÇÕES PROGRAMÁTICAS ESTRATÉGICAS ÁREA TÉCNICA DE SAÚDE DA MULHER

Vanessa Maria Fenelon da Costa 2012

Modelo de Plano de Parto. Hospital da Criança e Maternidade

FATORES DE RISCO PARA TROMBOSE VENOSA PROFUNDA EM PUÉRPERAS: PROJETO CEPP

PRÉ-ECLÂMPSIA: ESTUDO ESTATÍSTICO DA SÍNDROME HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO

GESTANTES DIABÉTICAS E HIPERTENSAS: QUAIS OS RISCOS PARA O RECÉM-NASCIDO?

16º CONEX - Encontro Conversando sobre Extensão na UEPG Resumo Expandido Modalidade B Apresentação de resultados de ações e/ou atividades

O terceiro estádio do trabalho de parto

Aula 20 Pré-Natal de Alto Risco IV: Doenças. Prof. Ricardo Mattos UNIG,

PROJETO DE EXTENSÃO CEPP: INDICE CONTRASTIVO ENTRE PARTO CESÁREA E PARTO NORMAL

Traduzido por Míriam Rêgo de Castro Enfermeira Obstetra Equipe Bom Parto

INFLUÊNCIA DOS DESVIOS NUTRICIONAIS GESTACIONAIS NO PESO AO NASCER DE RECÉM-NASCIDOS ATENDIDOS PELA REDE PÚBLICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE PALMAS TO

HEMORRAGIA PÓS-PARTO

FORMULÁRIO TERMO DE CONSENTIMENTO OBSTETRÍCIA: PARTO NORMAL OU CESÁREA

TIME DE RESPOSTA RÁPIDA EM PACIENTES DURANTE O TRABALHO DE PARTO E ATENÇÃO ANESTÉSICA PARA O PARTO ADEQUADO SEGURO CMA

IDAS E VINDAS NA TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA OBSTÉTRICA

PALAVRAS-CHAVE Morte Fetal. Indicadores de Saúde. Assistência Perinatal. Epidemiologia.

PALAVRAS-CHAVE ENFERMAGEM MATERNO-INFANTIL. PERÍODO PÓS- PARTO. PESQUISA EM ENFERMAGEM.

Implicações do parto humanizado na redução da mortalidade materna. Maykon dos Santos Marinho Palloma Freitas PET-Saúde da Família IMS-UFBA

CADA VIDA CONTA. Reconhecido pela: Parceria oficial: Realização:

USO DO MISOPROSTOL EM GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA

TERMO DE ESCLARECIMENTO E CONSENTIMENTO INFORMADO PARA PARTO

Programa Analítico de Disciplina EFG361 Enfermagem Materna

Departamento de Ginecologia e Obstetrícia Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo Como Evitar: Pré-eclâmpsia

Ano V Abr./2018. Prof. Dr. André Lucirton Costa, Adrieli L. Dias dos Santos e Paulo Henrique dos S. Grange

Lisa Ferreira Vicente Divisão de Saúde Sexual Reprodutiva Infantil e Juvenil Direção Geral da Saúde

PLANO DE PARTO. , conforme a Lei /2005 que garante a presença de um acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós parto.

RELATÓRIO DIVISÃO ADJUNTA DE ATENÇÃO À SAÚDE

PRODUÇÃO TÉCNICA PROTOCOLO DE PREPARO DE COLO UTERINO PARA INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO

INDICADORES DE SAÚDE II

RESIDÊNCIA MÉDICA 2015 PRÉ-REQUISITO (R4) PROVA ESCRITA

FATORES DE RISCO PARA TRABALHO DE PARTO PREMATURO EM PALMAS-TO

ENFERMAGEM. SAÚDE DA MULHER Assistência de Enfermagem ao Parto/Aborto. Parte 4. Profª. Lívia Bahia

5. A não participação do relator implicará na eliminação do trabalho nos anais do NORMAS PARA APRESENTAÇÃO EM FORMATO DE PÔSTER

Patrícia Santos Resende Cardoso 2012

Recomendação atualizada da OMS sobre ácido tranexâmico no tratamento de hemorragia pós-parto

Patologias do 3o. e 4o. períodos do parto

PALAVRAS-CHAVE: Cesárea, Parto normal, Período Pós Parto.

Enfermeiro coordenador

Análise das lacerações perineais de 3º e 4º grau em uma Maternidade Municipal de São Paulo

ENFERMAGEM. SAÚDE DA MULHER Assistência de Enfermagem ao Parto/Aborto. Parte 3. Profª. Lívia Bahia

RELATÓRIO DIVISÃO ADJUNTA DE ATENÇÃO À SAÚDE

COMITÊ MUNICIPAL DE ESTUDOS E PREVENÇÃO DAS MORTES MATERNAS DE PORTO ALEGRE (CMEPMM) Relatório da Mortalidade Materna de Porto Alegre 2007

RELATÓRIO DIVISÃO ADJUNTA DE ATENÇÃO À SAÚDE

RELATÓRIO DIVISÃO ADJUNTA DE ATENÇÃO À SAÚDE

RELATÓRIO DIVISÃO ADJUNTA DE ATENÇÃO À SAÚDE

Parto domiciliar na visão do pediatra

Autor: Ângela Bento Data:8/11/2017 ANALGESIA DE PARTO ANALGESIA ENDOVENOSA E BLOQUEIOS PERIFERICOS

Curso de Emergências Obstétricas INTERVENÇÕES IMEDIATAS NO PARTO PREMATURO IMINENTE

Panorama da Mortalidade Materna no Brasil. Tania Lago Maio 2009

RELATÓRIO DIVISÃO ADJUNTA DE ATENÇÃO À SAÚDE

Saúde da mulher, cirurgia obstétrica e assistência ao parto: relato de experiência de um estágio extracurricular em ginecologia e obstetrícia

ORGANIZADOR. Página 1 de 7

PARTO VAGINAL APÓS CESARIANA (PVAC VBAC)

Agravos prevalentes à saúde da. gestante. Profa. Dra. Carla Marins Silva

Capítulo 15 Perinatologia PATOLOGIA PERINATAL

Ficha de Investigação de Óbito Infantil

MENOS INTERVENÇÕES MAIS CUIDADOS. Parto Pélvico

CÂMARA DOS DEPUTADOS COMISSÃO DE EDUCAÇÃO

InDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO

TERMO DE ESCLARECIMENTO E CONSENTIMENTO INFORMADO PARA PARTO

ASSISTÊNCIA CLÍNICA AO PARTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. MATERNIDADE ESCOLA DA UFRJ Divisão de Enfermagem PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO POP N 19

Sumário. 1. Visão geral da enfermagem materna Famílias e comunidades Investigação de saúde do paciente recém nascido...

PALAVRAS-CHAVE Enfermagem. Educação em Saúde. Período Pós-Parto

RISCO MATERNO EM ADQUIRIR TROMBOSE VENOSA PROFUNDA EM MEMBROS INFERIORES NO PÓS-PARTO: PREVENÇÃO REALIZADA PELO PROJETO CONSULTA DE ENFERMAGEM

ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Mortalidade Materna na Doença Falciforme

PLANO DE CURSO. 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Curso: Bacharelado em Enfermagem Disciplina: ENFERMAGEM OBSTÉTRICA E NEONATAL.

PERFIL DOS ÓBITOS FETAIS E ÓBITOS NEONATAIS PRECOCES NA REGIÃO DE SAÚDE DE LAGUNA ( )

IV Seminário de Iniciação Científica

VULVOVAGINITES E CERVICITES D I P A CORRIMENTO URETRAL MASCULINO ÚLCERA GENITAL

COMITÊ MUNICIPAL DE ESTUDOS E PREVENÇÃO DAS MORTES MATERNAS DE PORTO ALEGRE (CMEPMM)

12º CONEX Resumo Expandido Comunicação oral

INDUÇÃO DO PARTO E FÓRCIPE

Introdução Descrição da condição

PERFIL DE USUÁRIOS DE PSICOFÁRMACOS ENTRE ACADÊMICOS DO CURSO DE FARMÁCIA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO DO SUL DO BRASIL

RUPTURA PREMATURA DE MEMBRANAS: ATUALIZAÇÃO E MANEJO

COMISSÃO DE SISTEMATIZAÇÃO DA REFORMA CURRICULAR

TERMO DE ESCLARECIMENTO E CONSENTIMENTO PARA PARTO

Transcrição:

1 IMPORTÂNCIA DO MISOPROSTOL NA PREVENÇÃO DE HEMORRAGIAS PUERPERAIS. VASCONCELLOS, Marcus Jose do Amaral. Docente do Curso de Graduação em Medicina. DUARTE, Carolina Silveira de Oliveira Souza Duarte. Discente do Curso de Graduação em Medicina. Palavras-chave: Misoprostol, hemorragia pós-parto, uterotônicos. OBJETIVOS: Geral - Avaliar na literatura a utilização e a padronização do uso do misoprostol para tratar e prevenir as hemorragias puerperais. Específicos (1) Determinar qual seria dose mais adequada para esta finalidade; (2) Estudar como está sendo usado o fármaco na maternidade do Hospital de Clínicas de Teresópolis; (3) Avaliar se existem vantagens e efeitos colaterais com a opção pelo misoprostol. JUSTIFICATIVA A hemorragia pós-parto é importante causa de morte materna no mundo em desenvolvimento, e principalmente nos países abaixo da linha da pobreza. É considerada uma das cinco principais causas de morte materna ( 1 ) A Organização Mundial da Saúde há muito tempo recomenda o uso da ocitocina para prevenir estes quadros, mas a indicação do misoprostol vem crescendo bastante nos últimos anos.(²) A Fundação Cochrane publicou em 2014 uma revisão sistemática, que após critérios rígidos de inclusão, envolveu 4052 participantes em vários estudos pelo mundo ( ³ ). A filosofia foi comparar o misoprostol com a ocitocina venosa e os uterotônicos. Os resultados desta metanálise mostraram que a ocitocina em bolus, aplicada diretamente na veia, foi superior em controlar a hemorragia puerperal e com menos efeitos colaterais (febre e náuseas).

2 Outra análise foi feita com artigos que associaram o misoprostol com ocitocina, sem diferenças significativas em relação a ambos utilizados isoladamente. Os uterotônicos perderam em eficácia para os outros dois métodos. Tendo em vista esta metanálise, que não só pela sua amostra, como também pelos critérios de seleção que a Cochrane tem, ficamos na dúvida se realmente deveríamos introduzir em nosso protocolo o misoprostol de rotina, e principalmente profilaticamente. O Quadro 3 demonstra claramente que entre as principais causas de hemorragia no ciclo grávido-puerperal, a que acontece no pós-parto imediato é a mais prevalente, e principalmente a que mais possibilidades apresenta para ser evitada em uma maternidade de qualquer nível. Portanto se o misoprostol for efetivo, ele certamente contribuirá para controle da mortalidade materna entre nós.

3 METODOLOGIA Este estudo, de caráter descritivo, prospectivo, do tipo coleta de dados, que iniciou-se em 12 de março de 2015, terminando em 18 de janeiro de 2016, entrevistou 78 pacientes com quadro de hemorragia puerperal ou com riscos da intercorrência obstétrica, internadas na Maternidade do Hospital de Clínicas Costantino Ottaviano do Centro Universitário Serra dos Órgãos ( HCT ). A entrevista constava de questionário estruturado (abaixo apresentado), empregado após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (em anexo), foi realizada por três alunas do curso de Graduação em Medicina do referido Centro Universitário, sob a orientação de docente responsável pela Maternidade do HCT. Para este trabalho, foram incluídas pacientes com diagnóstico de hemorragia no secundamento ou nas primeiras 48 horas após o parto. Além disso, seguindo o protocolo de conduta da Maternidade do HCT, de forma preventiva, foi administrado o misoprostol com a finalidade de não deixar acontecer esta complicação. Com esta finalidade consideramos as situações abaixo citadas como de risco: Macrossomia fetal Gestação com síndrome hipertensiva Polidramnia Trabalho de parto prolongado Período expulsivo demorado Gemelaridade RESULTADOS Estudo prospectivo, tipo coleta de casos, realizado entre 12 de março de 2015 a 18 de janeiro de 2016, na maternidade do Hospital de Clínicas Costantino Ottaviano do Centro Universitário Serra dos Órgãos. Após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, 8 pacientes responderam questionário estruturado (abaixo apresentado) que tratava das características epidemiológicas, e os dados obtidos foram:

4 Pacientes entre 16 e 33 anos Raça não brancas 6 e brancas 2 4 pacientes com 1º grau completo e 4 incompleto 4 pacientes solteiras, 1 casada e 3 com união estável 5 pacientes do lar, 1 estudante e 2 com trabalho fora de casa Todas pacientes atendidas pelo Sistema Único de Saúde. O misoprostol foi utilizado nestas pacientes para a correção de hemorragias puerperais precoces, sendo que no período estudado a maternidade realizou 532 partos com recém-natos vivos, correspondendo a 1,5% do total. Os 8 casos corresponderam a 1 caso de período expulsivo prolongado, 1 caso de trabalho de parto prolongado, 3 gestações com fetos macrossômicos, 2 casos de descolamento prematuro de placenta e em um caso, aparentemente, não havia nenhum fator de risco antes descrito neste trabalho. Em todos os casos foi utilizada a dose de 400μg pela via retal, por a via vaginal estava inviabilizada pelo sangramento, e a via oral apresenta um tempo de ação demorado. CONCLUSÕES O misoprostol é a droga de escolha quando se instala a hemorragia puerperal. A revisão realizada indica que usemos o misoprostol de forma preventiva sempre que estivermos diante de um caso obstétrico que pode levar a uma hipotonia uterina. A via a ser utilizada é a retal, e devemos começar com a dose de 400μg, podendo chegar até 800 μg.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 DATASUS Ministério da Saúde. 2016. www.datasus.gov.br 2-2012. WHO recommendations for the prevention and treatment of postpartum haemorrhage.who:geneva.http://www.who.int/reproductivehealth/publications/maternal_p erinatal_health/9789241548502/en/index.html. 3 Hofmeyer GJ, Gulmezoglu AM, Novikova et al. Pospartum misoprostol for preventing maternal mortality and morbidity. Cochrane Database Syst Rev.2013;7:CD008982.