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Transcrição:

CENTRO DE FORMAÇÃO DO SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA Registo Escrito de Avaliação ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO E RECUPERAÇÃO PARA ALUNOS COM DIFICULDADES EM CONTEXTO ESCOLAR: DIFICULDADES COMPORTAMENTAIS E DE APRENDIZAGEM Data: 3, 4,8,9,11 e 12 de junho de 2015 Horário: Das 14:00 às 18:00 horas (últimos 2 dias +30m) Duração: 25 Horas Créditos: 1 Local: Sede do CF/SPM - Calçada da Cabouqueira nº 22 - Funchal Formadora: Ângela Freitas Formando/a: Gabriela Freitas Nádia Vieira Roberto Freitas

Definição Discalculia (do grego dýs+calculare, dificuldade ao calcular) é definido como uma desordem neurológica específica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipular números. Para ser classificada como discalculia não pode ser causada por problemas na visão e/ou audição. A discalculia atinge crianças e adultos. A discalculia pode ser detetada precocemente de forma a serem tomadas medidas para facilitar a aprendizagem destas crianças. O problema principal está em compreender que o problema não é a matemática e sim a maneira como esta área é ensinada às crianças. A discalculia é a dificuldade de aprendizagem específica menos conhecida destes tipos de desordem de aprendizagem e assim não é reconhecida frequentemente. A etiologia desta desordem não é explicada por uma causa única e simples, mas podemse encontrar associações a fatores que problematizam o domínio da leitura e/ou da escrita. Estes fatores podem ter a sua origem em causas pedagógicas, disfunções do sistema nervoso central e limitações na capacidade intelectual. De forma a conseguir compreender melhor esta dificuldade, tem havido várias investigações em diferentes domínios. Um desses domínios é o neurológico, uma vez que a discalculia foi associada a lesões do supramarginal e dos giros angulares na junção entre os lóbulos temporal e parietal do cortex cerebral. Há cientistas a afirmarem que a discalculia está também ligada a Défices na Memória de TRABALHO (Memória Operacional): Adams e Hitch discutem que a Memória de TRABALHO é um fator principal na adição mental. Desta base, Geary conduziu um estudo sugerindo que a discalculia se dava por conta de um défice da Memória de Trabalho. Entretanto, o problema é que as deficiências da Memória de Trabalho são confundidas muitas vezes com dificuldades de aprendizagem gerais.

Fatores Linguísticos: a linguagem é essencial para a compreensão aritmética e dificuldades na interiorização da linguagem resultam na incapacidade de elaborar o pensamento. Fatores Psicológicos: notam-se através das alterações psíquicas no controle das funções de memória, atenção, perceção etc. Fatores Genéticos: ainda se estuda o "gene" responsável pela herança destes distúrbios, mas nada foi confirmado até ao momento. Contudo, já foram registados casos significativos de discalcúlicos com antecedentes familiares. Fatores Pedagógicos: possíveis problemas no ensino de habilidades matemáticas e psicomotoras durante a fase de desenvolvimento e aquisição de tais funções. A discalculia ocorre em pessoas de qualquer nível de QI, mas significa que têm frequentemente problemas específicos com a matemática, tempo, medida, etc. A discalculia não é rara. Muitos indivíduos com dislexia, têm discalculia também. Há também alguma evidência para sugerir que este tipo de distúrbio é parcialmente hereditário. Existe a Discalculia visual em que a criança não se lembra dos símbolos numéricos e, por isso, não consegue escrevê-los e a Discalculia auditiva onde a criança não consegue recordar o número com rapidez. As crianças com distúrbio de leitura, inclusive os disléxicos, apresentam dificuldade em ler o enunciado dos problemas, mas podem ser capazes de realizar cálculos mentais quando as questões são lidas em voz alta. Existem diversos subtipos de discalculia: Discalculia léxica: dificuldade na leitura de símbolos matemáticos; Discalculia verbal: dificuldades em nomear quantidades matemáticas, números, termos e símbolos; Discalculia gráfica: dificuldade na escrita de símbolos matemáticos; Discalculia operacional: dificuldade na execução de operações e cálculos numéricos; Discalculia pratognóstica: dificuldade na enumeração, manipulação e comparação de objetos reais ou em imagens; Discalculia ideognóstica: dificuldades nas operações mentais e no entendimento de conceitos matemáticos.

Alguns dos sintomas possíveis são: Dificuldades frequentes com os números, confundindo as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão; Problemas de lateralização, principalmente, diferenciar entre esquerda e direita; Falta de senso de direção (para o norte, sul, leste, e oeste) e pode também ter dificuldade com uma bússola; Dificuldade em dizer qual de dois números é o maior; Dificuldade com tabelas de tempo, aritmética mental, etc.; Dificuldade com tempo conceitual e em perceber a passagem do tempo; Dificuldade com tarefas diárias como verificar a mudança e ler relógios analógicos; Dificuldade em fazer um planeamento financeiro básico, por exemplo, estimar o custo dos artigos que se encontram numa cesta de compras; Dificuldade em fazer estimativas com medidas de comprimento e em calcular a medida de um objeto ou de uma distância (por exemplo, se algo está afastado 10 ou 20 metros); Dificuldade em apreender e recordar conceitos matemáticos, regras, fórmulas, e sequências matemáticas; Dificuldade de manter a contagem durante jogos; Lentidão extrema na realização das atividades aritméticas; Dificuldades de orientação espacial; Dificuldade para lidar com operações matemáticas (adição, divisão, subtracção e multiplicação); Dificuldades de memória de curto e longo prazo; Dificuldades em seguir ordens ou informações simultaneamente; Problema com a coordenação motora fina, ampla e percetivo-tátil; Dificuldades em armazenar informações; Confusões com símbolos matemáticos; Dificuldade para entender o vocabulário que define operações matemáticas;

Dificuldades com a sequenciação numérica (antecessor/sucessor); Problemas relativos à Dislexia (processamento de linguagem); Incapacidade para montar operações; Ausência de problemas fonológicos; Dificuldades em estabelecer correspondência quantitativa (ex: relacionar números de carteiras com números de aluno); Dificuldades em relacionar grafemas matemáticos às respetivas quantidades; Dificuldades em relacionar grafemas matemáticos aos seus símbolos auditivos; Dificuldades com a contagem através de cardinais e ordinais; Problemas em visualizar um conjunto dentro de um conjunto maior; Dificuldades com a conservação de quantidades (ex.: 1 lt é o mesmo que 4 copos de 250 ml); Dificuldades com princípios de medida. A circunstância pode conduzir em casos extremos a uma fobia da matemática e de dispositivos matemáticos (por exemplo números). Para que o professor consiga detetar a discalculia é imprescindível que ele esteja atento à trajetória da aprendizagem desse aluno, principalmente, quando ele apresentar símbolos matemáticos malformados, demonstrar incapacidade de operar com quantidades numéricas, não reconhecer os sinais das operações, apresentar dificuldades na leitura de números e não conseguir localizar espacialmente a multiplicação e a divisão. Caso o transtorno não seja reconhecido a tempo, pode comprometer o desenvolvimento escolar da criança, que com medo de enfrentar novas experiências de aprendizagem adota comportamentos inadequados, tornando-se por vezes agressiva, apática ou desinteressada.

Estratégias de Intervenção Estratégias de ensino a utilizar pelos professores na sala de aula O professor nunca deve demonstrar impaciência perante as dificuldades de um aluno na solução de um problema matemático. A criança ou jovem que sofre de discalculia não é ignorante e merece ser tratada com respeito por todos, por isso, o professor deve incentivar o respeito mútuo e dar o exemplo, demonstrando atenção e paciência especiais para com essa criança. Além disso, deve trabalhar com ela de forma diferenciada, recorrendo a atividades facilitadoras do seu sucesso. A utilização de jogos e a permissão para o uso da calculadora e da tabuada são outras formas de ajudar no desenvolvimento destas crianças. Começar as aulas recordando os conhecimentos adquiridos na aula anterior, auxiliar o aluno na resolução dos problemas pensando em voz alta e ajudando-o sempre que necessita (aproveitando também as aulas de apoio), poderão fazer a diferença. Adequações no processo de avaliação A avaliação é um momento muito importante no processo de ensino-aprendizagem, pois tem o papel de obter as informações desejadas neste processo e centra-se nas técnicas e instrumentos utilizados para essa avaliação. Por isso, é fundamental que, em casos de alunos com discalculia, se procedam a adequações nesses instrumentos e técnicas de avaliação, dado que são os recursos que serão usados para obter esse feedback das aprendizagens. Todos sabemos que a avaliação pode afetar o aluno de diversas formas, daí a necessidade de elaborar fichas com questões claras e diretas. Quando tal não for possível, permitir que o aluno as realize com a ajuda de um colega/professor de apoio ao estudo de matemática ou da Educação Especial. Também deverá ser dado mais tempo para a realização dos exercícios. Nos testes de avaliação, o professor deve tentar perceber o raciocínio do aluno e a classificação deve refletir o desempenho e não apenas o resultado final obtido. Sugestão de estratégias para os Encarregados de Educação Os pais, muitas vezes, sentem ansiedade no apoio que devem dar ao seu filho na aprendizagem da matemática, por isso, devem pedir ajuda à escola. O importante é participar desse quotidiano, estando sempre atento aos progressos e dificuldades no relacionamento do seu filho com a matemática. O reforço social e material, que consiste em aumentar a probabilidade de ocorrência de comportamento através da recompensa (uma atenção, um louvor, um sorriso, um "Bom", um afeto, um rebuçado...), inicialmente poderá ser uma estratégia. Porém, esse reforço deve ser individual, seguir imediatamente o comportamento desejado, mas ser depois gradualmente retirado. Outra estratégia passa pelos contratos comportamentais, ou seja, duas ou mais pessoas estabelecem com a criança um acordo escrito onde determinam o comportamento desejado e as consequências que advirão da sua ocorrência ou não.

O sistema de créditos ou economia de fichas, em que pontos ou fichas são concedidos logo após a realização de um comportamento positivo e, mais tarde, trocáveis por determinadas recompensas, poderão também ajudar os encarregados de educação. Podem, ainda, ser postos em prática programas que visam a diminuição de comportamentos indesejáveis como o ignorar os comportamentos desajustados e a perda de uma recompensa esperada. Toda a família deve trabalhar para um objetivo comum.

Estudo de Caso O Rodrigo tem 11 anos de idade e frequenta o 4.º ano de escolaridade. Já sofreu 2 retenções no percurso escolar, a primeira no 2.º ano e a segunda no 4.º ano de escolaridade. Apresenta graves dificuldades na área da matemática e foi referenciado para uma avaliação especializada, pela professora titular de turma quando frequentava o 3.º ano de escolaridade. Apresentava os seguintes sinais de alerta: Incapacidade para estabelecer uma correspondência recíproca (contar objetos e associar um numeral a cada um); Dificuldade em agrupar objetos de 10 em 10; Dificuldade em ler e escrever de 0 a 99; Dificuldades frequentes com os números, confundindo os sinais (+, -, :, x); Incapacidade de dizer qual de 2 números é maior; Dificuldades nos cálculos; Dificuldade em estimar a medida de um objeto ou de uma distância; Inabilidade de apreender e recordar conceitos matemáticos, regras, fórmulas e sequências matemáticas. Com a concordância do encarregado de educação, o aluno foi avaliado pela Educação Especial, psicóloga e neuropediatra, no qual lhe foi diagnosticado discalculia que combina os subtipos verbal; pratognóstica; ideognóstica e operacional.

Escola Básica do 1.º ciclo com Pré-Escolar Ficha de Intervenção 4º ano de escolaridade Nome do aluno: Rodrigo Data: Professora: Incapacidade para estabelecer uma correspondência recíproca (contar objetos e associar um numeral a cada um);

Dificuldade em agrupar objetos de 10 em 10; Dificuldade em ler e escrever de 0 a 99; Conta as estrelas e escreve o número referente a cada estrela grande.

Dificuldades frequentes com os números, confundindo os sinais (+, -, :, x); Rodeia os sinais de adição a verde, os sinais de subtração a vermelho, os sinais de multiplicação a amarelo, os sinais de divisão a azul, os sinais de diferente a castanho e os sinais de maior a preto.

Incapacidade de dizer qual de 2 números é maior;

Dificuldades nos cálculos;

Dificuldade em estimar a medida de um objeto ou de uma distância;

Inabilidade de apreender e recordar conceitos matemáticos, regras, fórmulas e sequências matemáticas. Resolve de acordo com os exemplos: 73+22= 70 + 3 + 20 + 2 = 63 + 26= (70 + 20) + (3 +2) = 90 + 5 = 95 Completa as sequências numéricas: 1, 4, 7,, 13, 16 40, 38, 36, 34, 32, 11, 21,, 41, 51, 61 1, 2, 4, 8, 16,