Boletim Econômico Edição nº 88 novembro de 2014 Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico

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Transcrição:

Boletim Econômico Edição nº 88 novembro de 2014 Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico Lucros dos bancos: pequena síntese comparativa com três governos 1

Governo Dilma foi o que mais engordou os banqueiros A economia brasileira deve crescer 0,5% em 2014, é o que o mercado e os especialistas projetam e um número apontado nas previsões mais otimistas. O atual governo do PT acabará o atual mandato com média de crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 1,6%. Essa média de crescimento do PIB ficará abaixo dos governos antecessores, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que atingiu 4%, e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com 2,3%. Em outro item, porém, ela bate ambos: nunca os bancos lucraram tanto quanto em seu governo. O tema está no centro do debate eleitoral, com troca mútua de acusações entre Dilma e a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, sobre a suposta propensão de cada uma para favorecer a banca do sistema financeiro. Nos três anos completos de Dilma, o sistema financeiro nacional lucrou R$ 115,75 bilhões. É quase o dobro dos R$ 63,63 bilhões somados em oito anos do governo Fernando Henrique, em valor atualizado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até dezembro de 2013. Sob Lula, a lucratividade total atingiu R$ 254,76 bilhões. Na média anual, a ocupante do Planalto fica com R$ 38,58 bilhões; Lula com R$ 31,84 bilhões; e FHC com R$ 7,95 bilhões. Neste ano de 2014, os ganhos estão em alta. Estudos de consultorias privadas com base nos balanços financeiros das principais instituições bancárias no primeiro semestre mostram elevação de 25,2% do lucro líquido dos bancos privados em comparação com o mesmo período do ano passado. O Itaú, primeiro do ranking em patrimônio, lidera também o avanço entres os cinco maiores, com alta de 32,1% no seu lucro líquido. 2

As instituições financeiras do Brasil não estão entre as maiores do mundo em ativos, mas sim em lucratividade. A atual equipe econômica se esforçou no início do atual governo em 2011 para reduzir os juros cobrados pelos bancos, sobretudo por meio da pressão sobre os bancos públicos (Caixa e Banco do Brasil). Mesmo assim, a lucratividade não foi afetada. O incentivo ao consumo fez o crédito e o lucro crescer. Os resultados dos bancos foram piores no governo de Fernando Henrique porque o sistema financeiro passou por adaptações para se adequar à baixa inflação. Foi um ajuste difícil. Depois, veio a bonança do governo Lula, graças, sobretudo, ao ambiente internacional favorável. Se o lucro dos bancos é alto, e não há barreira de entrada, o natural seria outras instituições estrangeiras se instalarem aqui. Se não fazem isso, é porque a concorrência já é alta. O governo petista proporciona uma "bolsa banqueiro" por meio dos juros altos, e a proposta de autonomia do BC não coloca em risco os empregos dos trabalhadores como afirmam os politiqueiros de plantão. Pelo contrário, se houvesse autonomia hoje, os juros seriam mais baixos, porque a credibilidade do Banco Central seria maior. Nesse sistema de independência, o Banco Central usa os instrumentos de política monetária para alcançar a meta fixada pelo Executivo. Se o Banco Central enfrentar dificuldades porque o governo não faz sua parte ao conter gastos públicos, pode dizer isso claramente, em público. Os banqueiros, portanto, estão satisfeitos com o desempenho atual dos negócios. Entretanto, com a indefinição da corrida presidencial eleitoral há risco de queda na lucratividade para os pequenos e médios bancos, e isso já está acontecendo. As medidas intervencionistas do governo desequilibraram a economia. A situação pode se agravar porque o Brasil está entre os países mais frágeis hoje. 3

Entraves para o crescimento econômico do Brasil Enquanto o governo engorda os banqueiros a economia brasileira entrou em crise e possui um conjunto de problemas que precisarão ser tratados com muita rigorosidade para que possam ser resolvidos no médio e longo prazo. A seguir são apresentados os principais entraves ao crescimento econômico e que deverão nortear as ações de governo do próximo Presidente da República e buscar medidas para reverter a situação nos próximos anos. ENTRAVES AO CRESCIMENTO ECONÔMICO DO BRASIL O problema O que é Inflação elevada Alta de preços gira ao redor de 6% por cinco anos seguidos, acima da meta central de 4,5%, o que diminui o poder de compra e reduz o nível de confiança das empresas e famílias. Juros altos Em termos reais (descontada a inflação), são os juros reais mais altos do mundo, o que limita o crescimento do crédito e também do investimento na economia. Gastos públicos altos Economistas avaliam que o governo gasta muito e gasta mal. Recomenda-se controle de gastos, o que contribuiria para baixar a inflação e os juros. 4

ENTRAVES AO CRESCIMENTO ECONÔMICO DO BRASIL O problema O que é Carga elevada tributária Em quase 36% do PIB em 2012, a carga tributária brasileira supera a dos demais países dos Brics (emergentes), além de EUA, Turquia, Suíça e Coréia do Sul, entre outros. Investimento baixo Taxa de 18% do PIB do Brasil é considerada baixa por economistas, que pedem redução dos custos. Estrutura tributária complexa Infraestrutura deficiente Burocracia Educação Sistema brasileiro tem mais de 60 tributos. Somente no ICMS, há 27 legislações diferentes. Isso é considerado por estrangeiros como um dos principais entraves ao investimento no país. Com poucas e ruins estradas, ferrovias, portos, aeroportos e infraestrutura urbana, transporte representa um custo maior no Brasil do que em outros países. Alto nível de burocracia existente na economia brasileira dificulta e atrasa negócios, impondo um custo a mais para os empresários. Níveis ruins de educação básica, além da baixa oferta de educação profissional, geram baixa produtividade na economia brasileira. Corrupção Problema é apontado como um limitador do crescimento da economia, pois recursos desviados poderiam ser aplicados nos serviços públicos. Comércio exterior Analistas recomendam uma agenda de maior integração com o exterior para aumentar os negócios. Licenciamento Investidores pedem transparência no licenciamento, 5

ENTRAVES AO CRESCIMENTO ECONÔMICO DO BRASIL O problema ambiental O que é clareza, padronização de conceitos e normas e desburocratização. Ranking de desempenho econômico De 29 economias pesquisadas, entre elas países emergentes, da América Latina e também desenvolvidos, somente 12 registraram, na média dos últimos cinco anos, desempenho pior que o brasileiro: Rússia (+1,14%), México (+1,9%), África do Sul (+1,92%), Estados Unidos (+1,24%), Alemanha (+0,66%), Itália (-1,54%), Japão (+0,32%), Portugal (-1,38%) e Espanha (-1,34%). Por outro lado, foi superado por 16 países, entre eles Argentina (+4,34%), Chile (+4,02%), China (+8,86%), Colômbia (+4,12%), Índia (+7,02%), Paraguai (+5,16%), Uruguai (+5,24%), Bolívia (+4,94%) e Costa Rica (+3,42%). Os dados foram compilados pelo Banco Mundial (Bird), considerando as divulgações oficiais de cada país, e estão disponíveis para consulta. 6