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Transcrição:

Nota Mensal de Conjuntura NOVEMBRO 216 Observatório de Políticas Econômicas 216

Equipe Técnica Paulo Paiva é Professor Associado da Fundação Dom Cabral, Mestre em Demografia pela University of Pennsylvania (1974). Foi Ministro do Trabalho de 1995 a 1998, Ministro do Planejamento e Orçamento, de 1998 a 1999, Vice-Presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), de 1999 e 24, Presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), de 27 a 211, e foi professor adjunto nos cursos de Graduação e Pósgraduação em Demografia e em Economia da Universidade Federal de Minas Gerais de 1977 a 199. Gustavo Henrique Gomes Costa é Assistente de Pesquisa, Bolsista de Apoio Técnico I no Núcleo de Estratégia e Negócios Internacionais da Fundação Dom Cabral, Mestre em Economia no CAEN Universidade Federal do Ceará (215) e Bacharel em Ciências Econômicas na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (211). NMC novembro 216 A INFLAÇÃO A CAMINHO DO CENTRO DA META Por mais de uma década o governo tem compromisso em manter a inflação no centro de sua meta anual em 4,5%, admitindo a variação dentro do ano de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. Essa política de meta inflacionária adotada desde 1999 tem como principal objetivo coordenar as expectativas do mercado, indicando o compromisso do governo com o equilíbrio monetário e com a transparência na execução de sua política macroeconômica que tem, ainda, outros dois pilares: a responsabilidade fiscal e a liberdade no mercado de câmbio. Nos últimos anos, embora mantendo explícita esta política, o governo abandou, na prática, seu compromisso com o centro da meta. O Gráfico 1 mostra a inflação acumulada em 12 meses, de 214 a novembro de 216. No governo Dilma, em 214, a inflação anual superou o limite superior de 6,5%. Pode-se verificar que a partir do segundo semestre de 214 a inflação anualizada vem se mantendo acima do teto superior da meta. Em 215 houve uma expansão inflacionária persistente ao longo do ano. Os principais fatores que influenciaram o aumento da inflação foram a elevação dos preços de alimentos e a política de reajuste dos preços administrados. Já os fatores climáticos causaram variações de preços de alimentos ao longo de 215 até julho deste ano. Do lado dos preços administrados, já no final de 214, ainda com o Ministério da Fazenda iniciou movimento de realinhamento que se seguiu com maior intensidade a partir de 215. Tais causas, principalmente o reajuste de preços administrados, ao lado de política fiscal expansionista, tornaram ineficazes os esforços do Banco Central em elevar a taxa básica de juros. Ocorreu em 215 a combinação de recessão (queda em 3,8% do PIB) com inflação (1,7%). Nota Mensal de Conjuntura outubro 216 Paulo Paiva, G. H. Gomes Costa Material de responsabilidade do Observatório de Políticas Econômicas 2

Taxa de inflação (IPCA) acumulada em doze meses 1 8 6 4 2 jan fev mar abril maio jun jul ago set out nov dez Gráfico 1 Taxa de Inflação acumulada em doze meses do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) versus Meta de Inflação em doze e margens de tolerância. Janeiro de 214 a novembro de 216. Passado o período de ajuste dos preços administrados e prolongando-se a inflação, os preços têm exibido forte queda, a partir do segundo semestre deste ano. No Gráfico 2, a taxa mensal de inflação nos últimos dez anos exibe um padrão mensal de variação da inflação na forma de um U, com as taxas mais altas no primeiro e no último trimestre do ano e as mais baixas centradas no mês de julho. Já a média das taxas mensais dos últimos dez anos é representada no Gráfico 2, pela linha vermelha. 1,4 1,2 1,8,6,4,2 214 215 216 Meta Taxa de inflação (IPCA) mensal jan fev mar abril mai jun jul ago set pit nov dez Média 27 28 29 21 211 212 213 214 215 216 Gráfico 2 Taxa de Inflação mensal do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) versus Inflação Média mês a mês. Janeiro de 27 a novembro de 216. Nota Mensal de Conjuntura outubro 216 Paulo Paiva, G. H. Gomes Costa Material de responsabilidade do Observatório de Políticas Econômicas 3

No Gráfico 3, observa-se o comportamento da inflação em 214, 215 e 216 bem como a média da inflação mensal desde 217 até 216. Nota-se que, ao abandonar o padrão histórico, a partir de julho a inflação mensal passou a se reduzir, o que sugere um processo de convergência para o centro da meta já em 217. Após a conclusão dos ajustes dos preços administradas, os efeitos da recessão passaram a ser visíveis nos preços. Taxa de inflação (IPCA) mensal para os anos de 214, 215 e 216 versus inflação média mensal 27-216. 1,6 1,4 1,2 1,8,6,4,2 jan fev mar abril mai jun jul ago set pit nov dez 214 215 216 média Gráfico 3 Taxa de Inflação mensal do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para os anos 214, 215, 216 versus Inflação Média mês a mês 27-216. Janeiro de 27 a novembro de 216. Cabe ressaltar que, em caso de o IPCA em dezembro de 216 registrar variação inferior a,5%, a inflação acumulada em doze meses ficará abaixo do limite superior da meta a saber, 6,5% a.a. Na ata da reunião do COPOM do final de novembro, registra-se a observação de que a inflação recente mostrou-se mais favorável que o esperado, em parte em decorrência da reversão da alta de preços de alimentos, mas também com sinais de desinflação mais difundida. Portanto, o Banco Central já sinaliza a possibilidade de intensificar o movimento de cortes na taxa básica de juros, se a recuperação da economia for mais demorada e gradual do que o esperado. Finalmente, vale enfatizar que a aprovação do novo regime fiscal baseado no congelamento real dos gastos da União certamente terá papel relevante na decisão do COPOM em janeiro de 217, uma vez que o Banco Central se mantem, também, cauteloso em relação aos cenários fiscal e externo, pleno de incertezas que a economia tem apresentado. Nota Mensal de Conjuntura outubro 216 Paulo Paiva, G. H. Gomes Costa Material de responsabilidade do Observatório de Políticas Econômicas 4