A assinatura do autor por MARIO HELTON JORGE:7859 <mhj@tjpr.jus.br> é inválida APELAÇÃO CÍVEL Nº 1408160-2 DA VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE UMUARAMA APELANTE: APELADA: SUELY MARSOLA COSTA JUSTIÇA PÚBLICA RELATOR: Desembargador MÁRIO HELTON JORGE APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RETIFICAÇÃO. JUSTIÇA GRATUITA. DEFERIMENTO. INTELIGÊNICA DO ART. 4º, DA LEI 1060/50. REGISTRO CIVIL. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. CORREÇÃO DE OFÍCIO (ART. 110, DA LEI 6015/73). SENTENÇA ULTRA PETITA. NÃO CONFIGURADA. RECURSO DESPROVIDO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Apelação Cível nº 1408160-2 da ª Vara da Família da Comarca de Londrina, em que é agravante SARA SILVA. I EXPOSIÇÃO DOS FATOS A autora, SUELY MARSOLA COSTA, interpôs recurso de apelação cível contra a sentença que julgou improcedente o pedido, nos autos nº 0003426-43.2015.8.16.0173 da Ação de Retificação de Nome. Página 1 de 5
2 Em suas razões, alegou que seu marido ajuizou ação de retificação de nome, o qual foi julgada procedente, por consequência, determinou a retificação na certidão de casamento, fazendo constar o seu nome como Suely Marsolda da Costa, ou seja, a sentença atingiu-a, sendo ultra-petita, eis que não integrou aquela lide. Sustentou que a personalidade encontra-se intimamente relacionada com a ideia de pessoa, uma vez que representa a aptidão, a qualidade para se contrair direitos e obrigações na ordem jurídica, bem assim é a qualidade que concretiza a possibilidade de se estar nas relações jurídicas como sujeito de direito, razão pela qual se evidencia a notável importância do nome civil para a pessoa natural, e o enorme prejuízo que suportará. Pleiteou o provimento do recurso, primeiramente, para que seja deferido o benefício da assistência judiciária gratuita, bem assim seja reformada a sentença determinando a manutenção do seu nome na certidão de casamento como Suely Marsola Costa, para que seja mantido todos os seus documentos pessoais. O Ministério Público do Paraná apresentou contrarrazões (fl. 47/50 TJ), pleiteando pelo desprovimento do recurso, devendo ser mantida a sentença. A d. Procuradoria Geral de Justiça opinou pelo conhecimento e desprovimento do recurso (fl. 31/33). É o relatório. II O VOTO E SEUS FUNDAMENTOS Trata-se de recurso de apelação do qual pretende a reforma da sentença que julgou improcedente o pedido da autora, ora apelante. Página 2 de 5
3 Primeiramente, defiro o benefício da assistência judiciária gratuita, eis que o preenchidos os requisitos do art. 4º, da Lei 1060/50. No mérito, a apelante pretende que seja suprimido de seu sobrenome a preposição da, que foi incluída após a retificação de documento feito por seu esposo. Dos autos, extrai-se que o nome da apelante foi modificado em razão da retificação de nome proposta pelo seu esposo, em que foi acrescida a preposição da ao sobrenome dele e, em consequência, também ao dela, nos seguintes termos: Em face do pedido e provas apresentadas e da concordância do Ilustríssimo Representante do Ministério Público, DEFIRO o pedido inicial e determino aos Senhores Oficiais dos Registros Civis competentes, as necessárias retificações dos Assentos de Nascimento e Casamento do Requerente, nos termos do art. 109, 4º, da Lei nº 6.015/73, a fim de que passe a constar: a) no assento de nascimento do requerente, seu nome completo e correto, como JOÃO OSMAR PINHA DA COSTA; b) no assento de casamento do requerente seu nome correto como sendo JOÃO OSMAR PINHA DA COSTA e o nome de sua mulher como SUELY MARSOLA DA COSTA. (fl. 33 TJ). A propósito, os registros públicos são matéria de ordem pública, ou seja, são passiveis de alteração de ofício pelo juízo, não necessitando de pedido específico, nos termos do art. 110, da Lei 6015/1973: Página 3 de 5
4 Os erros que não exijam qualquer indagação para a constatação imediata de necessidade de sua correção poderão ser corrigidos de ofício pelo oficial de registro próprio cartório onde se encontrar o assentamento, mediante petição assinada pelo interessado, representante legal ou procurador, independentemente de pagamento de selos e taxas, após manifestação conclusiva do Ministério Público. Nesse passo, oportuno transcrever o parecer da Procuradoria Geral de Justiça que assim dispôs: Sendo assim, como a matéria de registros públicos é norma de ordem pública, da qual decorre importantes relações de direito, como a sucessão, pode ser modificada pelo juízo a qualquer tempo sem que haja pedido expresso. Com o patronímico serve para identificar no seio social a origem familiar da pessoa, cônjuge que tenha adotado no casamento o sobrenome do outro cônjuge, sendo o nome alterado posteriormente, terá em decorrência a mesma mudança. decidir que: Assim, correta a decisão do Juiz a quo ao Como bem observou o Dr. Promotor de Justiça, o nome civil integra a personalidade do ser humano, exercendo as funções precípuas de individualização e identificação das pessoas e nas relações de direitos e obrigações desenvolvidas em sociedade. Página 4 de 5
5 No presente caso, consta na inicial que Suely teve seu nome modificado em razão da retificação de nome proposta por seu esposo, em que foi acrescida a preposição da ao sobrenome dele, e, em consequência, também ao dela, já que adotou os apelidos de família do marido. Desse modo, conforme já decidido nos autos nº 13239-31/2014, não é possível a supressão da preposição da, justamente porque ela faz parte do nome de seus esposo. Portanto, conclui-se pelo desprovimento do recurso, devendo ser mantida a sentença. III DISPOSITIVO ACORDAM os integrantes da Décima Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto e sua fundamentação. O julgamento foi presidido pelo Desembargador Mário Helton Jorge (com voto) e dele participaram a Desembargadora Ivanise Maria Tratz Martins e o Juiz Substituto em 2º Grau Luciano Carrasco Falavinha Souza. Curitiba (PR), 09 de dezembro de 2.015. MÁRIO HELTON JORGE Relator Página 5 de 5