ACÓRDÃO. VISTOS, relatados e discutidos estes autos.

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1 AG no /001 TL..,L) i,._,prw..,11,---=t- Náãvs, ' WLil. RJ - g4 Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete da Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira ACÓRDÃO AGRAVO No /001 - CAMPINA GRANDE RELATOR: Juiz Ricardo Vital de Almeida, convocado, em substituição à Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira AGRAVANTE: Genilsa Ferreira da Silva ADVOGADOS: Patrícia Araújo Nunes e outros AGRAVADO: Itaucard Mastercard S/A ADVOGADOS: Wilson Sales Belchior e outra AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. IRRESIGNAÇÃO CONTRA DECISÃO QUE INDEFERIU PEDIDO LIMINAR NA AÇÃO COGNITIVA. EXCLUSÃO DO NOME DA AGRAVANTE JUNTO AO SPC/SERASA. POSSIBILIDADE ANTE A DISCUSSÃO DA EXISTÊNCIA DA DÍVIDA EM AÇÃO PRÓPRIA. PROVIMENTO. - Estando a dívida em discussão quanto à sua existência, via ação judicial própria, é descabido manter a inscrição do nome da agravante junto aos órgãos de proteção ao crédito por causa de alegado inadimplemento. VISTOS, relatados e discutidos estes autos. ç.,

2 AG no /001 2 ACORDA a Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, dar provimento ao agravo. Trata-se de agravo de instrumento interposto por GENILSA FERREIRA DA SILVA contra decisão do Juízo de Direito da 7a Vara Cível de Campina Grande que, nos autos da ação declaratória de inexistência de débito c/c indenização por danos morais com pedido de tutela antecipada, indeferiu o pedido liminar de exclusão do nome da agravante dos cadastros de proteção ao crédito. Alega-se, nas razões recursais, que a decisão deve ser reformada, pois, embora tenha vínculo comercial com a instituição financeira agravada, "a promovente não pode ser cobrada por um débito que. não lhe pertence, tendo em vista jamais ter feito qualquer pedido de qualquer seguro e ainda, efetuando os seus pagamentos em tempo hábil, o que demonstra a conduta desidiosa da promovida" (fls. 8). Pedido de efeito suspensivo indeferido (fls. 55/58). Contra rrazões rebatendo os termos do agravo (fls. 65/70). A Procuradoria de Justiça, com vista dos autos, emitiu o parecer de fls. 74/76, mas sem adentrar no mérito, sob a alegação de falta de interesse público. É o relatório. VOTO: Juiz Ricardo Vital de Almeida RELATOR O presente recurso cinge-se ao fato de a agravante afirmar que, mesmo tendo vínculo comercial com o agravado e pago suas faturas em dia, nunca contratou qualquer seguro junto à instituição bancária com a qual litiga, razão de ser ilegítima a inserção de seu nome em órgãos de restrição ao crédito por suposta inadimplência de seguro ficto, daí o pedido de retirada. No caso vertente, verifica-se que o alegado débito ain

3 AG no /001 3 encontra-se em discussão, nos autos da ação principal, acerca da sua real existência. Assim, manter o nome da agravante junto ao SPC/SERASA é o mesmo que considerá-la devedora, não cumpridora de suas obrigações, além de impor-lhe restrições creditícias, embora se esteja por provar a dívida a si imputada. O Ministro Rui Rosado de Aguiar, do ST], no REsp no /MG (4a Turma - j ), decidiu que: É inegável a consequência danosa para aqueles cujos nomes são lançados em bancos de dados instituídos para o fim de proteção ao crédito comercial ou bancário. Daí porque, existindo ação que ataque a validade do título, onde se impugna o valor do débito cobrado pelo banco com fundamentos razoáveis, parece adequado que a utilização daqueles serviços, que servem para estigmatizar o devedor, aguarde o desfecho da ação. autos: Destaco, adiante, arestos.que bem se aplicam ao caso destes AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS - CADASTRO DE INADIMPLENTES - ALEGAÇÃO DE REGISTRO INDEVIDO - PROIBIÇÃO DA NEGATIVAÇÃO DO NOME DO AUTOR. Estando o devedor pleiteando indenização por danos materiais e morais, sob alegação de apontamento indevido de seu nome em cadastro de inadimplentes, tendo em vista a inexistência do débito que o originou, tal registro deve ser impedido pelo Judiciário, bem como haverá de ser determinada a sua exclusão, caso já se verifique o apontamento.' DIREITO DO CONSUMIDOR. MONTANTE DO DÉBITO EM CONTROVÉRSIA. DISCUSSÃO EM JUÍZO. INSCRIÇÃO DO NOME NO CADASTRO DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. CONSTRANGIMENTO CONFIGURADO. PRECEDENTES DO STJ. A inscrição do nome do consumidor nos bancos de dados de proteção 'ao crédito, quando a dívida, ou o contrato que lhe deu causa, é objeto de ação judicial, deve ser rechaçada pelo Poder Judiciário, visto causar ao consumidor sérios prejuízos patrimoniais e morais. A integridade patrimonial e moral são bens juridicamente protegidos pela Constituição do Brasil, só podendo ser 1 Extinto TA no /000, 3a Câmara Cível, Rel. Desembargadora Teresa Cristina da Cunha Peixoto, 3. ( 's wolo 404

4 AG no /001 4 atingidos quando respaldado em ato jurídico não mais passível de questionamento judicial. - O argumento de que o credor tem o direito de inscrever o nome do devedor nos cadastros de restrição, em razão de ocorrer inadimplência, perde força, quando se verifica que, na maioria das vezes, a mora do devedor é uma decorrência do fato da dívida estar inchada com encargos contratuais abusivos e ilegais, que, simplesmente, impedem ou inviabilizam o pronto pagamento do débito. - A inscrição do nome do consumidor nos cadastros de restrição ao crédito configura uma forma de constrangimento, cuja finalidade é coagir o devedor a pagar uma dívida que foi inchada por encargos contratuais abusivos e ilegais, o que é terminantemente vedado pelo art. 42 da Lei n /90. Por outro lado, a inscrição do nome do devedor nos serviços de restrição ao crédito caracterizase como um meio de desencorajar a parte a discutir em juízo eventual abuso contratual, uma vez que já estariam sendo obtidos efeitos decorrentes da mora, não obstante a incerteza sobre a obrigação. (Precedente ST] - REsp n SC). 2 PROCESSUAL CIVIL - CAUTELAR - SPC SERASA. I - Não há como assentir seja registrado nome de devedor inadimplente no SERASA ou no SPC, a respeito de débitos que estão sendo discutidos em ação judicial - Precedente do STJ. II - Recurso conhecido e provido' 3 AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXCLUSÃO DO NOME DE CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO - NEGATIVA DA DÍVIDA - TUTELA ANTECIPADA - POSSIBILIDADE. A exclusão do nome do devedor dos cadastros dos serviços de proteção ao crédito deve ser deferida, quando já levantada a discussão sobre a inexistência do montante da dívida motivadora da restrição cadastra1. 4 Portanto, é inegável o prejuízo a que está sendo submetida a agravante, caso seu nome seja mantido nos cadastros restritivos de crédito, uma 2 Agravo de Instrumento n , da Comarca de Belo Horizonte, Relatora Juíza Maria Elza, julgado em , 4a Câmara Cível do extinto TAMG. Resp /SP. Pub. DJ dia , p. 135, Relator Min. Waldemar Zveiter, 3a Turma do STJ. Rel. Des. Valdez Leite Machado. Data do Julgamento: 05/05/2011. data da Publicação: 31/05/2011-

5 AG no /001 5 vez que, atualmente, é comum condicionar a celebração de negócios jurídicos à inexistência de qualquer restrição em desfavor do contratante nos vários serviços disponíveis relativos à proteção ao crédito. Por outro lado, a negativação pode vir a ser considerada ilegítima, pois o que se discute na ação ajuizada pela recorrente é justamente a existência da dívida. Por tais argumentos, dou provimento ao agravo e, por conseguinte, reformo a decisão de primeiro grau, determinando a imediata retirada do nome da agravante dos órgãos de proteção ao crédito, aplicando multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais), em caso de desobediência, ao tempo em que revogo a decisão de fls. 55/58 destes autos. É como voto. Presidiu a Sessão a Excelentíssima Desembargadora MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI, que participou do julgamento com ESTE RELATOR (Juiz de Direito Convocado, em substituição à Desembargadora MARIA DAS NEVES DO EGITO DE A. D. FERREIRA) e com o Excelentíssimo Desembargador MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE. Presente à Sessão o Excelentíssimo Doutor FRANCISCO SAGRES MACEDO VIEIRA, Procurador de Justiça. Sala de Sessões a Seg d Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba m João P oa/pb, 12 de julho de Juiz Ricar. o Vital e Almeida RELATO jr 't1

6 v,-on (ovve; ç ".)