AGRAVO DE PETIÇÃO TRT/AP RTOrd A C Ó R D Ã O 4ª Turma

Transcrição

1 Execução. Juros O pagamento, na execução, de valor atualizado até data anterior ao seu efetivo pagamento ao credor, atende apenas em parte ao direito deste, dado que a atualização feita não contempla o acréscimo da taxa de juros entre a data da conta e o efetivo pagamento, que é ao que tem direito o credor. Cabível a execução complementar, mediante liquidação correspondente. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Petição em que são partes, como Agravante, CLÁUDIO JOSÉ DE CARVALHO e, como Agravados, BANCO NACIONAL S.A. EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL e NACIONAL ASSOCIAÇÃO CULTURAL E SOCIAL. Inconformado com a r. decisão do juízo da 16ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro da lavra do juiz Erico Gama, que extinguiu a execução na forma do art. 794, I, do CPC (fls. 775), interpõe o reclamante agravo de petição a fls Alega que a decisão recorrida merece reforma, porque necessária nova atualização monetária, e o cômputo dos juros até a data da expedição do alvará, conforme Súmula nº 200, do TST. Pede a remessa dos autos ao Contador para novos cálculos. Representação a fls. 4. Contraminuta a fls. 783/791, com preliminar de falta de

2 delimitação da matéria e, no mérito, sustentando que deve ser mantida a decisão agravada. É o relatório. VOTO I) Conhecimento Preliminar de falta de delimitação de valores Não se coloca esse requisito quando a questão levantada no agravo é de direito, e prejudicial da questão de valores como, p.ex., quando é alegada nulidade do processo de execução. Neste caso nem mesmo há valores a considerar, porque o juízo de origem simplesmente negou-se a promover a execução complementar, extinguindo o processo de execução. O que se discute não são valores, e sim o direito à execução. Rejeito a preliminar e conheço do agravo, presentes os requisitos de admissibilidade. II) Mérito Homologados os cálculos apresentados em laudo pericial com rejeição da impugnação apresentada pelo Banco Nacional S.A., em liquidação extrajudicial, o juízo da execução determinou a expedição de alvarás e extinguiu formalmente a execução com a decisão de fls O requerimento de que fosse promovida a liquidação de diferenças, apresentado pelo credor a fls. 777, foi sumariamente rejeitado e recebido como agravo de petição, ora em julgamento

3 Ao que se vê dos cálculos homologados, que de forma oblíqua decisão agravada considerou como expressando o exato valor que cabia pagar ao agravante, o valor a este devido foi atualizado, inclusive os juros, até (fls. 730). Com base nos valores assim homologados, que continham a equivalência em TRDs, o contador do juízo apresentou o demonstrativo de fls. 766, no qual foi feita uma atualização correta, qual seja a de correção do valor do principal e aplicação, sobre este já corrigido, aplicando-se então os juros, ATÉ A DATA DE Esse o valor considerado e que, com o desconto do imposto de renda, determinou a decisão agravada que fosse liberado ao agravante, o que se fez mediante o alvará de (fls. 781). Fácil é perceber que nenhuma diferença poderia existir em relação ao crédito atualizado até , nem isso é o que pede o agravante. Também se pode perceber que, contados os juros conforme a taxa considerada até , e como daí em diante o valor do depósito correspondente foi corrigido (e liberado pelo alvará), atualização dos juros até a liberação efetivamente houve. Mas o que houve foi atualização desses juros pela taxa considerada até abril: a taxa adicional de 1% até a data do efetivo pagamento, como determina a lei, ficou abandonada. A diferença de taxa, entre abril e a expedição do alvará, é relativamente pequena (3%, correspondente a 3 meses), mas nem por isso deixa de ser devida, pelo que tem o agravante direito a exigi-la. Para evitar eternização da execução fixam-se agora os parâmetros a execução complementar a ser efetuada: a) efetuam-se novos cálculos, com os mesmos critérios daqueles de fls. 766, mas levando a atualização até o final de julho de 2009, e não até

4 , inclusive com a dedução do imposto de renda correspondente; b) verifique-se o valor recebido pelo agravante pelo alvará de fls. 781; c) deduza-se do valor líquido apurado conforme item a o líquido recebido conforme item b, para obter o valor da diferença em ; d) atualize-se essa diferença até a data em que for efetuada a atualização, e calcule-se o desconto de imposto de renda, obtendo o valor líquido da diferença devida ao reclamante na data da conta, diferença esta inteiramente atualizada. Cabe advertir que se o pagamento da diferença encontrada for feito fora do mês em que efetuada a conta surgirá nova diferença, pelas mesmas razões apontadas. Mas tal diferença será tão insignificante especialmente se o pagamento se fizer em prazo relativamente curto que sequer haverá interesse real em complementar de novo a execução. ISTO POSTO Rejeito a preliminar de falta de delimitação de valores e dou PROVIMENTO ao agravo de petição para que seja procedida execução complementar, precedida de liquidação conforme parâmetros da fundamentação supra. Custas pela agravada/executada de R$ 44,26 conforme art. 789-A, IV, da CLT (incluído pela Lei n /02). Vistos e bem examinados, A C O R D A M os Desembargadores que compõem a Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região, por unanimidade, rejeitar a preliminar de falta de delimitação de valores e dar provimento ao agravo de petição para que seja procedida execução complementar, precedida de liquidação conforme parâmetros da fundamentação do voto do ilustre Relator. Custas pela

5 agravada/executada de R$ 44,26 (quarenta e quatro reais, vinte e seis centavos), conforme art. 789-A, IV, da CLT (incluído pela Lei n /02). Rio de Janeiro, 23 de Novembro de Desembargador Federal do Trabalho Damir Vrcibradic Relator