V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de AGRAVO DE PETIÇÃO, provenientes da MM. 02ª VARA DO TRABALHO DE LONDRINA - I.

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1 V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de AGRAVO DE PETIÇÃO, provenientes da MM. 02ª VARA DO TRABALHO DE LONDRINA - PR, sendo Agravante FERNANDO HENRIQUE FRANCO e Agravado IRMÃOS MUFFATO & CIA LTDA. I. RELATÓRIO Inconformado com a r. sentença de fls. 384/387, proferida pelo Exmo. Juiz do Trabalho Francisco Roberto Ermel, que acolheu parcialmente os embargos à execução e a impugnação à sentença de liquidação, agrava o Exequente Fernando Henrique Franco. O Exequente, através do agravo de petição de fls. 391/396, postula a reforma da r. sentença quanto aos seguintes itens: a) demonstrativo de apuração e conversão de horas extras; b) adicional noturno; e c) dedução de valores pagos. Ltda. às fls. 400/405. Contraminuta apresentada pelo Réu Irmãos Muffato & Cia Em conformidade com o Provimento nº 01/2005 da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho e, agora, a teor do disposto no art. 45 do Regimento Interno deste E. Tribunal Regional do Trabalho (Recebidos, registrados e autuados fls.1

2 no Serviço de Cadastramento Processual, os processos serão remetidos ao Serviço de Distribuição dos Feitos de 2ª instância, competindo ao juiz relator a iniciativa de remessa ao Ministério Público do Trabalho. Redação dada pelo artigo 4º da RA nº 83/2005, de , DJPR de ) autos não foram enviados ao Ministério Público do Trabalho. os presentes II. FUNDAMENTAÇÃO 1. ADMISSIBILIDADE O Executado argui, em contraminuta, preliminar de não conhecimento do apelo do Autor, por ausência de delimitação de valores. Razão não lhe assiste, uma vez que o requisito previsto no artigo 897, 1º, da CLT, não se aplica ao Exequente, nos termos da OJ EX 13, I desta Seção Especializada. Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, CONHEÇO do agravo de petição interposto, assim como da respectiva contraminuta. 2. MÉRITO DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO E CONVERSÃO DE HORAS EXTRAS Alega o Exequente que o Sr. Perito considerou uma quantidade de horas extras compensadas que não guarda qualquer correspondência com o feito, vez que não se pode identificar quais horas extras supostamente teriam sido compensadas. Diz que o Sr. Perito totalizou as horas extras diárias e as semanais, e que a diferença obtida entre estas foi considerada como compensada. fls.2

3 Sustenta que o procedimento adotado não está de acordo com as decisões proferidas nos autos, e que o Sr. Perito deveria ter apurado apenas as horas extras excedentes a 07h20min diárias e 44h00 semanais, de forma não cumulativa. Requer que as horas extras sejam apuradas considerando-se como tais as excedentes a 07h20min diárias e 44h00min semanais, de forma não cumulativa, sem abatimento de horas extras compensadas, já que não existe demonstrativo destas nos autos. Com parcial razão. nos seguintes termos: O r. título executivo determinou o pagamento de horas extras "Deverão ser pagas todas as horas excedentes das 7h20min diárias e da 44ª semanal, de forma não cumulativa, bem como as horas laboradas em violação ao intervalo intrajornada não concedido (30 minutos aos sábados e 1h nos dias em que não houver registro de intervalo) e as laboradas em desrespeito ao intervalo entre jornadas mínimo de 11 horas entre duas jornadas de trabalho e de 35 horas entre duas semanas de trabalho, conforme se apurar de acordo com as anotações constantes nos cartões de ponto juntados aos autos com a defesa. Nos meses em que ausentes os cartões de ponto, fixo que a jornada trabalhada será a média dos três meses posteriores ao mês em referência. Quanto às horas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional por trabalho extraordinário, posto que a parte autora já percebeu a remuneração normal respectiva, como mensalista." (fls. 190/191). Foi determinado o pagamento apenas do adicional para as horas laboradas em irregular compensação de jornada. Esclareça-se que as horas laboradas destinadas à compensação de jornada são aquelas excedentes da jornada diária fls.3

4 (07h20min), até o limite de 44 horas semanais, que devem ser remuneradas apenas com o adicional de horas extras. As horas laboradas após a 44ª semanal devem ser remuneradas com o adicional de horas extras (hora + adicional). Todavia, não é possível depreender, dos cálculos apresentados pelo Sr. Perito, a origem dos valores lançados na coluna "tt/he compens" (fls. 278/279), em que foram apuradas as horas destinadas à compensação, e remuneradas apenas com o adicional de horas extras. Os cálculos elaborados pelo auxiliar do Juízo devem ser claros, precisos, de forma a possibilitar às partes, assim como ao Juízo, a compreensão e verificação da correção dos valores apurados. Nos presentes autos, mesmo em face dos esclarecimentos prestados pelo Sr. Perito (fls. 378/379), não é possível ao Juízo verificar se os cálculos relativos às horas extras destinadas à compensação se encontram corretos. Assim, REFORMO a r. sentença, para determinar o refazimento dos cálculos relativos às horas extras destinadas à compensação (remuneradas apenas com o adicional), apontando o Sr. Perito, de forma precisa, a origem dos valores encontrados. ADICIONAL NOTURNO O Exequente pretende a reforma da r. sentença, para que o número das horas extras noturnas não seja abatido do número de horas do adicional noturno. fls.4

5 Diz que o cálculo do adicional noturno não se confunde com o cálculo das horas extras noturnas, não havendo amparo legal para este abatimento. Sem razão. O Sr. Perito procedeu com acerto ao descontar, do número de horas noturnas, as horas extras noturnas, uma vez que estas últimas já consideram o valor relativo ao adicional noturno. A fim de evitar bis in idem, o número de horas extras noturnas laboradas deve ser abatido do número total de horas noturnas para a apuração do valor devido a título de adicional noturno, sendo devido o adicional noturno apenas sobre as horas normais noturnas. Nada a reformar. MANTENHO. DEDUÇÃO DE VALORES PAGOS Requer o Reclamante a reforma da r. decisão, que rejeitou sua impugnação à sentença de liquidação, sob os seguintes fundamentos: "Não há que se falar em salário complessivo em relação aos DSR S pagos, eis que lançados de forma discriminada nos recibos de pagamentos (fls. 98/108). Ademais, no exemplo utilizado pelo exequente (janeiro/2004) a soma não compreende os valores pagos a título de DSR S. Correta a compensação efetuada. Rejeito." (fl.386). fls.5

6 Alega que os recibos não contemplam o pagamento, em separado, dos DSRs pagos sobre as horas extras com adicional de 100% e sobre as horas extras com adicional de 50%, havendo o pagamento complessivo de tal verba sob o título "dsr s/ horas extras", o que é vedado, pelo que sustenta que tais DSR não podem ser objeto de compensação. Cita o mês de outubro/2005, em que a Ré teria efetuado o pagamento de R$ 5,58 a título de horas extras com adicional de 50%, R$ 16,76 a título de horas extras com adicional de 100% e R$ 4,30 a título de dsr s/ horas extras. Diz que o Sr. Perito somou o valor das horas extras com adicional de 50% ao valor dos DSR (R$ 5,58 + R$ 4,30 = R$ 9,88), abatendo o total de R$ 9,88 dos valores devidos. Requer a reforma da r. sentença, para que não haja compensação dos valores pagos a título de DSR quando não foi possível identificar se dizem respeito a DSR pagos sobre horas extras com adicional de 50% ou de 100%. Com parcial razão. Nos meses em que houve o pagamento de horas extras com adicional de 50% e com adicional de 100%, houve pagamento dos reflexos destas horas extras em DSR sob a rubrica " DSR s/ horas extras", sem que houvesse especificação quanto ao valor dos reflexos das horas extras com adicional de 50% e com adicional de 100%. Considerando-se que não houve condenação da Ré ao pagamento de horas extras com adicional de 100%, mas apenas de horas extras com adicional de 50%, não é possível deduzir o valor total pago sob a rubrica "DSR s/ horas fls.6

7 extras" do valor devido a título de horas extras com adicional de 50% + DSR, vez que este engloba também os reflexos das horas extras remuneradas com adicional de 100%. Assim, a fim de evitar-se o enriquecimento ilícito do Exequente, determina-se o refazimento dos cálculos, para que sejam parcialmente abatidos os valores pagos sob a rubrica "DSR s/ horas extras", observada a proporcionalidade dos valores pagos a título "hora extra 50%" e "hora extra 100%" em relação aos valores pagos sob a rubrica "DSR s/ horas extras". Diante do exposto, REFORMO. III. CONCLUSÃO Pelo que, ACORDAM os Desembargadores da Seção Especializada do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, por unanimidade de votos, CONHECER DO AGRAVO DE PETIÇÃO DO EXEQUENTE, assim como da respectiva contraminuta. No mérito, por igual votação, DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL para, nos termos da fundamentação, determinar o refazimento dos cálculos relativos a: a) horas extras destinadas à compensação (remuneradas apenas com o adicional); e b) abatimento dos valores pagos sob a rubrica "DSR s/ horas extras", observada a proporcionalidade dos valores pagos a título "hora extra 50%" e "hora extra 100%". Custas nos termos da lei. fls.7

8 Intimem-se. Curitiba, 05 de setembro de NAIR MARIA RAMOS GUBERT RELATORA fls.8