PROCESSO: RTOrd

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1 PROCESSO: RTOrd ACÓRDÃO 9ª Turma DEVOLUÇÃO DE DESCONTO. Inexistindo prova de que o desconto efetuado sobre as verbas resilitórias correspondiam ao pagamento antecipado de vales refeição, deve ser mantida a sentença. Recurso a que se nega provimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso ordinário em que são partes: ASPRO SERVIÇOS CENTRO LTDA (Dr. Djalma Gonçalves do Nascimento, OAB/RJ D), como recorrente e PAULO VICTOR DA SILVA OLIVEIRA (Dr.ª Valéria de Freitas Camara, OAB/RJ D), como recorrido. A r. sentença de fls. 157/162, complementada pela de fl.168, proferidas pelo MM. Juízo da 57ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, da lavra da Excelentíssima Juíza Alba Valéria Guedes Fernandes da Silva, julgou procedentes em parte os pedidos formulados na petição inicial, condenando a ré ao pagamento das horas extras além da 44ª semanal e seus reflexos, bem como a devolução dos descontos indevidos. Irresignada a ré ré interpõe recurso ordinário (fls.170/178), sustentando serem indevidas as horas extras e reflexos, pois foram quitadas de forma integral, conforme os recibos salariais de fls. 73/101, documentos que não foram impugnados pelo reclamante. Assevera que o autor não comprovou a existência de diferença de horas extraordinárias. Alega que não restou provado o labor em todos os sábados e domingos, uma vez que a testemunha ouvida à fl. 155 declarou que trabalhava esporadicamente com o autor. Aduz ser indevida a devolução de desconto denominado vale refeição, porque correspondem aos valores pagos

2 antecipadamente o que foi confirmado pela prova oral. Custas e depósito recursal às fls. 179/180. apelo. Contrarrazões às fls. 183/184, pugnando pelo não provimento do Deixo de encaminhar os autos ao douto Ministério Público do Trabalho, eis que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no art. 85, I, do Regimento Interno, do E. Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região. É o relatório. FUNDAMENTAÇÃO CONHECIMENTO As partes foram intimadas para ciência da decisão dos embargos de declaração em (quarta-feira fl. 169); portanto, tempestivo o recurso ordinário interposto no penúltimo dia da contagem do prazo recursal (fl. 170). Recurso está subscrito por advogado regularmente constituído nos autos (fl. 39); custas e depósito devidamente comprovados, conforme fl. 179/180. admissibilidade. Conheço do recurso, por preenchidos os pressupostos de MÉRITO DAS HORAS EXTRAS E REFLEXOS Sustenta a recorrente serem indevidas as horas extras e reflexos, pois

3 foram quitadas de forma integral, conforme os recibos salariais de fls. 73/101, documentos que não foram impugnados pelo reclamante. Assevera que o autor não comprovou a existência de diferença de horas extraordinárias. Alega que não restou provado o labor todos os sábados e domingos, uma vez que a testemunha ouvida à fl. 155 declarou que trabalhava esporadicamente com o autor. Sem razão. Em primeiro lugar, o Juízo de primeiro grau somente deferiu o pagamento das horas extraordinárias além da 44ª semanal, considerando o labor em sábados e domingos, de acordo com a jornada declinada na petição inicial. Asseverou ainda ser fato incontroverso que os cartões de ponto estavam corretamente registrados quanto ao labor de segunda à sexta-feira e neste sentido, considerou a jornada contida nos relatórios de frequência trazidos pela ré. Salientados os termos da decisão de primeiro grau quanto às horas extras, por óbvio que a recorrente somente tem interesse em recorrer quanto ao labor nos sábados e domingos. Neste sentido, cabe asseverar que a presente hipótese não se trata da excludente prevista no inciso I do artigo 62 da CLT, na medida que a própria recamada acostou aos autos os cartões de ponto do reclamante (fls. 105/122) o que evidencia o controle da jornada de trabalho. Em depoimento pessoal, o reclamante declarou que o horário de saída registrado de segunda à sexta-feira estava correto, contudo não havia a devida anotação quanto aos finais de semana trabalhados das 8h às 20h e confessou que as horas extras de segunda à sexta-feiras foram devidamente quitadas. Ocorre que o preposto da reclamada também confessou que havia plantões em finais de semana, das 8h às 18h, que poderiam ser estendidos até às

4 20h e que não sabia informar se o autor fez plantões em finais de semana com saída às 20h. Além disso, a testemunha ouvida às fl. 155 confirmou que os plantões realizados em finais de semana ocorriam em horário fixo das 8h às 20h. Pelo exposto, considerando os limites em que foi fixada a lide, as confissões ficta e real da reclamada e a comprovação por meio da testemunha acima referida acerca do horário dos plantões em finais de semana, correta a sentença que determinou o pagamento de horas extras quanto aos sábados e domingos trabalhados, na forma declinada na petição inicial. Nega-se provimento. DA DEVOLUÇÃO DOS DESCONTOS Aduz a recorrente ser indevida a devolução de desconto denominado vale refeição, porque correspondem aos valores pagos antecipadamente o que foi confirmado pela prova oral. Sem razão. O demandante afirmou na petição inicial que havia o desconto mensal de R$ 39,60 a título de vale refeição e que lhe foi descontada a quantia de R$ 237,60 de suas verbas rescisórias. Na contestação, a ré asseverou que o valor do vale refeição era de R$ 198,00 mensais, sendo custeado pelo reclamante apenas 20%, o que correspondia a R$ 39,60 e que no momento do término do contrato de trabalho já teria pago antecipadamente a quantia de R$ 237,60, que corresponde à parte da alimentação do autor, do mês de março/07, R$ 39,60 e, o valor integral da alimentação do mês

5 de abril/2007". PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Pela simples análise da peça de defesa, verifica-se que o valor descontado não corresponde aos argumentos ali lançados, sobretudo porque a soma dos vales refeição dos meses de março e abril ultrapassariam o desconto efetuado. Além disso, não haveria razão para que fosse efetuado o desconto do mês de março de 2007, tendo em vista que o término da prestação de serviços teria ocorrido em Desta forma, não restou comprovado que o desconto no valor de R$ 237,60 correspondia à antecipação dos vales refeição pagos ao autor sem a devida contraprestação. Nega-se provimento. CONCLUSÃO Pelo exposto, CONHEÇO do recurso e, no mérito, NEGO-LHE PROVIMENTO, tudo na forma da fundamentação supra. A C O R D A M os Desembargadores que compõem a 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, nos termos da fundamentação do voto da Exma. Srª Relatora, CONHECER do recurso ordinário e, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO. Rio de Janeiro, 14 de Junho de Juíza do Trabalho Convocada Claudia de Souza Gomes Freire Relatora