A assinatura do autor por CLAYTON DE ALBUQUERQUE MARANHAO:17194 <clyt@tjpr.jus.br> é inválida PODER JUDICIÁRIO, DE LONDRINA, 3.ª VARA CÍVEL AGRAVANTE: JOSÉ SÉRGIO ROSA AGRAVADA: NOVA_OLINDA EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA. RELATOR: DES. CLAYTON MARANHÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO VERBAL DE CORRETAGEM. ALEGAÇÃO DE QUE A AGRAVADA NÃO TRANSFERIU O IMÓVEL PROMETIDO COMO PAGAMENTO DO NEGÓCIO. PLEITO DE TUTELA ANTECIDADA PARA DETERMINAR A AVERBAÇÃO DA PENDÊNCIA DA DEMANDA NA MATRÍCULA DO BEM, ALÉM DO BLOQUEIO DESTE. DESCABIMENTO DO BLOQUEIO. INSUFICIÊNCIA DAS PROVAS TRAZIDAS NESTA SEDE. POSSIBILIDADE DE AVERBAÇÃO. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE. RESGUARDO DO DIREITO DE TERCEIROS DE BOA- FÉ. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº 1.276.419-9, da 3.ª Vara Cível de Londrina, em que é agravante Página 1 de 8
José Sérgio Rosa e agravada Nova Olinda Empreendimentos Imobiliários Ltda. I RELATÓRIO 1. Cuida-se de Agravo de Instrumento interposto por José Sérgio Rosa da decisão de fl. 34, que, em ação de cobrança, rejeitou o pedido de tutela antecipada consistente na averbação da existência da demanda na matrícula do lote 24, quadra 14, situado no Jardim Nova Olinda, em Londrina/PR, além do bloqueio deste bem. 1.1. A decisão agravada está assim redigida: CONCEDO os benefícios da assistência judiciária ao autor, mediante simples pedido, CONCEDO nos termos danos termos da Lei n. 1.060/50. Para fins da concessão da antecipação dos efeitos da tutela antecipada faz-se necessária a presença da prova inequívoca da verossimilhança do direito alegado e, cumulada e alternativamente, o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ou acaso fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu, a teor do art. 273, incisos I e II, do Código de Processo Civil. Em sede de cognição sumária, o que se permite na presente fase processual, não vislumbro a probabilidade de existência Página 2 de 8
do direito alegado, posto que inexistente verossimilhança nas alegações formuladas pela parte autora. A comprovação da prestação de serviços de corretagem se faz, por regra, pela via escrita com a juntada do contrato firmado entre as partes, sendo de considerar que a pactuação narrada na petição inicial, por sua natureza verbal, constitui exceção à regra. Na presente sede preliminar de mérito, a declaração acostada à seq. 1.5 merece ter a sua carga probatória mitigada, tendo em vista a sua unilateralidade, mesmo porque produzida administrativamente sem o crivo do contraditório e da ampla defesa, de forma que reputo ausente a prova inequívoca do direito invocado e exigida pelo Código de Processo Civil. Ausente a prova inequívoca do direito invocado, é o caso de indeferimento da antecipação dos efeitos da tutela, conforme entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, nos termos do seguinte aresto: (...) Ademais, o autor narra que existe entre as partes um contrato de corretagem, obrigação esta de cunho estritamente pessoal e que em nada se relaciona juridicamente com a situação real dos imóveis comercializados, de forma que inexistem nos autos quaisquer fatos que justifiquem, agora, anotar em suas matrículas a existência desta presente demanda. Ante o exposto, INDEFIRO O PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, com esteio no art. 273 do Página 3 de 8
Código de Processo Civil, tendo em vista a ausência de prova inequívoca do direito invocado e de verossimilhança nas alegações. (...) 2. Inconformado, o agravante alega que: a) pactuou contrato de corretagem, na forma verbal, com a agravada, a qual deixou de realizar o adimplemento consistente na entrega do lote 24, quadra 14, situado no Jardim Nova Olinda, em Londrina/PR; b) a testemunha Aparecido Guilherme Queiroz confirmou a existência do negócio e, ainda que a declaração tenha sido prestada sem o crivo do contraditório, pode ser utilizada como indício da veracidade das alegações feitas; c) o periculum in mora consiste na possibilidade de a ré dispor do imóvel objeto dos autos. recursal. 2.1. Não houve o pedido de concessão de tutela 3. Devidamente intimada (fl. 42), a parte agravada deixou de oferecer contrarrazões ao recurso (fl. 56). É a exposição. II - VOTO conheço do recurso. 5. Presentes os pressupostos de admissibilidade, 6. Trata-se de agravo de instrumento interposto da Página 4 de 8
decisão que, em ação de cobrança movida pelo agravante contra a agravada, indeferiu a tutela antecipada buscada, consistente na averbação da existência da demanda na matrícula do lote 24, quadra 14, situado no Jardim Nova Olinda, em Londrina/PR. 7. Na exordial, o autor, que é corretor de imóveis, afirma que após a pactuação de contrato verbal intermediou a venda de lotes da empresa requerida aos compradores Aparecido Guilherme Queiroz e Luiz Carlos Delfino. 7.1. Por tal negociação, receberia como pagamento os lotes 13, quadra 14, e 24, quadra 14. Em que pese a falta de clareza da exordial quando à individualização dos imóveis, pela leitura do documento de fl. 23, presume-se que estes imóveis estão situados no lote 24, quadra 14, no Jardim Nova Olinda, em Londrina/PR. 7.2. O autor/agravante alegou que a ré/agravada cumpriu em parte com a sua obrigação, pois apenas repassou através de escritura de compra e venda o lote 13, quadra 14, deixando de repassar o lote 24, quadra 14. 8. Ponderou que o contrato de corretagem pode ser provado por testemunhas, logo, para assegurar o resultado útil do processo, requereu a averbação da existência da demanda na matrícula do lote 24, quadra 14, situado no Jardim Nova Olinda, em Londrina/PR, além do bloqueio deste bem. 9. Trouxe aos autos declaração autenticada de Aparecido Guilherme Queiroz, o qual corrobora com a existência do negócio jurídico objeto da inicial. Página 5 de 8
10. Pois bem. A concessão da tutela antecipada exige a presença da verossimilhança e do perigo da demora. Em se tratando de contrato verbal, cuja existência, via de regra, depende de prova indiciária, a aferição do primeiro requisito exige maiores cautelas. 11. No presente agravo é trazida apenas uma declaração unilateral da existência do negócio jurídico que constitui a causa de pedir destes autos. Contudo, na declaração citada, não são trazidos maiores detalhes acerca do negócio, e não é relatado o suposto inadimplemento da agravada. Outrossim, não é possível aferir os valores envolvidos na transação, dado necessário para que se investigue a incidência, ou não, dos arts. 227 do CC e 401, in verbis, respectivamente: Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados. Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito. Art. 401. A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo valor não exceda o décuplo do maior salário mínimo vigente no país, ao tempo em que foram celebrados. 12. Nessas circunstâncias, a concessão, neste momento processual, de ordem determinando o bloqueio do bem indicado mostra-se Página 6 de 8
temerária, motivo pelo qual rejeito tal pleito. 13. Por outro lado, não existem maiores óbices à simples averbação da existência da demanda na matrícula do imóvel. Nesse sentido: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE APURAÇÃO DE HAVERES. ANOTAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE AÇÃO. MATRÍCULAS. IMÓVEIS. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE REGISTRAL. PREJUÍZO DE ANOTAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. PREVENÇÃO AO TERCEIRO DE BOA-FÉ NA AQUISIÇÃO DE BEM OBJETO DE LITÍGIO. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. A anotação da existência da ação, no Registro de Imóveis, prestigia o princípio registral da publicidade, não se tratando de restrição ao patrimônio, o que, por si só, não acarreta demais prejuízos, mesmo porque objetiva prevenção de direitos de terceiro de boa-fé. 2. Recurso conhecido e não provido. (TJPR - 7ª CCível - AI: 12969727 PR 1296972, Relator: Fábio Haick Dalla Vecchia, j. 24/03/2015) 14. Note-se que a mera averbação, medida menos enérgica, relaciona-se ao princípio da publicidade, e tem o condão de proteger os direitos de terceiros de boa-fé, evitando futuras alegações de fraude à execução. 15. Diante do exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso, para determinar tão somente a averbação da pendência desta demanda na matrícula do imóvel indicado pelo agravante. Página 7 de 8
III DECISÃO ACORDAM os Senhores Desembargadores integrantes da Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto. O julgamento foi presidido pelo Senhor Desembargador RENATO LOPES DE PAIVA, sem voto, e dele participaram os Senhores Desembargadores PRESTES MATTAR e ROBERTO PORTUGAL BACELLAR. Curitiba, 27 de outubro de 2015. DES. CLAYTON MARANHÃO RELATOR Página 8 de 8