AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE (com pedido de liminar)

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1 EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA VARA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO-SP: A FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE FUNASA -, pessoa jurídica de direito público interno, neste ato representada pela Procuradoria Regional Federal da 3ª Região, com endereço na Rua da Consolação, nº 1.875, 11º andar, São Paulo-SP, por seu Procurador Federal, legalmente investido (art. 9º e seguintes da Lei nº /2002, c/c o disposto no art. 37, incisos I a IV, da MP nº , de 06/09/2001), que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor, a presente AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE (com pedido de liminar) em desfavor de CACÍQUE DURÃ, ANTONIO AWA e demais indígenas ocupantes, os quais podem ser encontrados no próprio prédio público invadido, objeto da presente reintegração, no qual funciona a sede da Coordenação Regional da FUNASA em São Paulo, localizada na Rua Bento Freitas, nº 46, Vila Buarque, São Paulo-SP, Cep , aduzindo para tanto as razões de fato e de direito que passa a expor: Pág. 1 de 5

2 I. DA INDETERMINAÇÃO DE PARTE DOS INVASORES É de relevo salientar, pela regularidade da presente petição inicial, que a indeterminação do pólo passivo, na espécie, não enseja qualquer vício processual, uma vez que o objetivo essencial do ordenamento jurídico se revela, sobremaneira, à proteção do bem tutelado, qual seja, a posse. Nesse sentido é o precedente oriundo da Quarta Turma do egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª Região, abaixo: PROCESSO CIVIL. LIMINAR. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ESBULHO DOS SEM TERRA. QUESTÕES PROCESSUAIS. A indeterminação dos invasores não impede a providência possessória, quando faticamente se identifica INVASÃO de ÁREA PÚBLICA. Área desapropriada para implantação do projeto de irrigação, cultivo e assentamento já implantado na área. Recurso improvido (AG /PI, Rel. Juíza ELIANA CALMON, 4ª Turma, j. 19/08/97,votação unânime, DJU 16/10/1997, pág ). II. DOS FATOS A FUNASA é possuidora de um imóvel situado na Rua Bento Freitas, nº 46, Vila Buarque, São Paulo-SP, especialmente designado como Coordenação Regional da FUNASA em São Paulo. Em que pese todo o esforço do Poder Público a fim de proteger seu patrimônio em questão, nem sempre é possível cumprir tal mister sem que haja a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário, de modo que urge a intervenção judicial a fim de resguardar o direito cuja titularidade não pertence somente à FUNASA, mas a toda coletividade. Na manhã do dia 05 de maio de 2009, o mencionado prédio da autarquia foi invadido e ocupado indevidamente pelos indígenas, ficando servidores, estagiários e demais colaboradores impedidos de trabalhar e o público impedido de ter acesso aos serviços essenciais do órgão. Esse fato é de conhecimento notório, inclusive com matérias jornalísticas publicadas no sítio folha on line, globo on Pág. 2 de 5

3 line, estadão online, etc, conforme documentação em anexo, configurando verdadeiro esbulho possessório. Caso a FUNASA não seja reintegrada na posse do referido imóvel, com a retirada dos indígenas do local, a execução das funções legais e constitucionais da autarquia ficarão totalmente paralisadas e prejudicadas. III. DO DIREITO O prédio esbulhado caracteriza-se como bem público de uso especial, pertencente ao patrimônio administrativo da FUNASA. Conforme lição de HELY LOPES MEIRELLES, os bens em questão (...) são os que se destinam especialmente à execução dos serviços públicos e, por isso mesmo, são considerados instrumentos desses serviços, não integram propriamente a Administração, mas constituem o aparelhamento administrativo, tais como os edifícios das repartições públicas (...). A destinação especial do imóvel se revela pela essencialidade do serviço público nele desenvolvido, atinente à regular atividade da Coordenação Regional da Fundação Nacional da Saúde/SP, especialmente a de planejamento e desenvolvimento de ações voltadas, não só à saúde dos povos indígenas, mas também ao saneamento básico dos Municípios brasileiros com menos (cinqüenta mil) habitantes. Anote-se do conhecimento de todos que a FUNASA é titular da posse do prédio em questão, pelo que, na forma do artigo 334, inciso I, do Código de Processo Civil, sendo fato notório, prescinde de prova. A lei garante que o possuidor seja mantido na posse ou nela reintegrado em caso de turbação ou esbulho, respectivamente. A mesma proteção é estendida, por força do artigo 926 do CPC, in verbis: Art O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado no de esbulho. No caso, como dito linhas atrás, a FUNASA é titular da posse do prédio sito à Rua Bento Freitas, nº 46, Vila Buarque, São Paulo-SP, que fora invadido por indígenas na manhã do dia 05 de Pág. 3 de 5

4 maio de 2009, sendo que tal situação permanece, inobstante as tentativas da autarquia em recuperar a posse do imóvel público pacificamente. Dessa forma, presentes os requisitos exigidos pelo artigo 927, do Código de Processo Civil, pelo que a FUNASA requer a presente tutela jurisdicional para se reintegrar na posse do imóvel público em referência. IV. DO PEDIDO DE LIMINAR Na forma dos artigos 924 e 928 do CPC, REQUER a FUNASA a expedição do mandado liminar de reintegração, pois a presente ação é intentada dentro de ano e dia da ocorrência do esbulho. V. DO PEDIDO FINAL segue: Do exposto, REQUER a FUNASA o que (a) expedição, inaudita altera pars, do mandado liminar de reintegração de posse em favor da Autora, a ser cumprido por meio de Oficial de Justiça, no endereço que já se declinou, qual seja, Rua Bento Freitas, nº 46, Vila Buarque, São Paulo-SP (b) expedição de ofício à Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo, a fim de prestar auxílio, caso necessário, ao cumprimento do mandado de reintegração, que, espera-se, seja concedido; (c) citação dos Réus, cujos representantes poderão ser encontrados no já declinado endereço do próprio prédio público invadido, para, se desejarem, responderem aos termos da presente ação, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria fática; (d) sejam julgados procedentes os pedidos articulados na presente ação, para reintegrar definitivamente a Autora na posse do bem imóvel indicado, confirmando-se, na integralidade, os efeitos da medida liminar concedida; Pág. 4 de 5

5 (e) cominação de pena pecuniária em caso de resistência, nova turbação ou esbulho (art. 921, II, CPC); (f) realização de perícia, pela Superintendência da Polícia Federal, no sentido de identificar eventuais danos causados ao patrimônio da autora, ou, sucessivamente, para mesma finalidade, a realização de vistoria por Oficial de Justiça; (g) condenação dos Réus nas despesas processuais e honorários advocatícios a serem fixados por Vossa Excelência; Requer a produção de todos os meios de prova em Direito admitidos, especialmente a oitiva de testemunhas, realização de perícias e vistoria no local, juntada de documentos em contraprova, além do depoimento pessoal dos Réus, por seus representantes, presumindo-se o silêncio destes como confissão quanto à matéria fática ,00 (um mil reais). Dá-se à presente causa o valor de R$ Termos em que pede deferimento. São Paulo, 06 de maio de 2009 Rodrigo Gazebayoukian Procurador Federal OAB/SP Pág. 5 de 5