TEORIAS ORGANIZACIONAIS: ESTUDO SOBRE O PERFIL DE CRIADORES DE FRANGO DE CORTE E SEU RELACIONAMENTO COM A AGROINDUSTRIA

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Transcrição:

TEORIAS ORGANIZACIONAIS: ESTUDO SOBRE O PERFIL DE CRIADORES DE FRANGO DE CORTE E SEU RELACIONAMENTO COM A AGROINDUSTRIA Valdemir da Silva Ferreira Faculdade Sumaré E-mail: profvalferreira@gmail.com

2 RESUMO: Esse trabalho teve como objetivo avaliar as relações entre criadores de frango de corte e a agroindústria integradora. O estudo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa Qualitativa aplicada há 49 produtores rurais nos municípios de Conchas, Pereiras e Porangaba no estado de São Paulo durante o mês de julho de 2012. Foi concluído que os produtores avaliam de forma positiva os serviços efetuados pela agroindústria integradora, entretanto, foram detectados aspectos que se observados pelos atores dessa rede de negócios poderão contribuir para o aprimoramento metodológico e instrumental das praticas adotadas. PALAVRAS CHAVE: Redes; Frangos; Avicultura; Teoria Organizacional. INTRODUÇÃO A criação de frangos em escala comercial teve início no estado de São Paulo no município de Mogi das Cruzes por volta dos anos 1940. A partir dos anos 1950, por meio da atuação do Instituto Biológico de São Paulo, que estabeleceu um controle sanitário e biológico, houve o surgimento de novos métodos de manejo e novas granjas (PINOTTI; PAULILO, 2006). No início dos anos 1960, houve a importação de linhagens típicas de corte que propiciou um melhor padrão de desenvolvimento para avicultura de corte paulista. Entretanto, segundo Pinotti e Paulilo (2006), nesse mesmo período o crescimento mais expressivo ocorreu no estado de Santa Catarina, onde houve a implantação de um modelo de produção que integrou o pequeno produtor à agroindústria. De acordo com Fernandes Filho e Queiroz (2001), foi a partir desse momento que a produção de carne de frango deixou de ser realizada de forma artesanal e passou a contar com a utilização de tecnologias modernas. Entre os anos 1970 e 1980 ocorreu um novo processo de reestruturação e incremento da produção da avicultura de corte, principalmente pelas empresas localizadas em Santa Catarina, em função da forte expansão do plantio de soja na região sul do País. A partir do cultivo dessa oleaginosa iniciou-se a produção do farelo que, junto com o milho, corresponde a 80% dos insumos utilizados na avicultura de corte. Outro aspecto verificado nesse período foi o forte desenvolvimento do mercado interno provocado pelo crescimento urbano devido à migração rural e da incorporação da mulher no mercado de trabalho. Esses fatores contribuíram para o

desenvolvimento da indústria de bens de consumo não duráveis em geral, inclusive a carne de frango congelada (PINOTTI; PAULILO, 2006). 3 Com o Plano Real de estabilização econômica ocorreu uma ampla difusão do consumo de carne de frango devido à redução de seu preço em relação a outros tipos de carne. A partir do início da década de 1990, as empresas avícolas expandiram seus limites territoriais em direção ao centro-oeste brasileiro (PINOTTI; PAULILO, 2006). De acordo com a União Brasileira de Avicultura (UBABEF) atualmente o Brasil é o maior exportador e terceiro maior produtor mundial de carne de frango, atrás somente dos Estados Unidos e China, em 2012 produziu 12,650 milhões de toneladas dessa proteína animal. A implantação de um sistema de produção integrando pequenos produtores rurais e a agroindústria foi considerada uma das principais razões que causaram o desenvolvimento da atividade avícola, permitindo ganhos de produtividade que redundaram no aumento da competitividade brasileira (FERREIRA; GOMES; LIMA, 2000). Dessa forma esse trabalho teve o objetivo de identificar por meio de uma pesquisa Qualitativa, como pequenos produtores das cidades de Conchas, Porangaba e Pereiras do estado de São Paulo percebem os serviços desenvolvidos pela agroindústria no processo de cria e engorda de frango. REFERENCIAL TEÓRICO A participação da agroindústria no sistema de integração que forma a rede de negócios de criadores de frango atende a uma demanda de mercado que busca a homogeneidade da matéria-prima, maximização da capacidade de produção e de abate, garantia da melhora da comercialização e redução de investimentos e despesas envolvidas em todo o processo (RICHETTI; SANTOS, 2000). Balestrin e Vargas (2004) formularam uma classificação para rede de acordo com o relacionamento entre seus atores: (1) redes verticais: são estruturas hierárquicas onde um ator

4 define, comanda e controla os outros participantes; nesse modelo há a centralização do poder em um participante e cabe aos outros atores seguirem e cumprirem as determinações sem autonomia operacional e administrativa; (2) redes horizontais: nelas cada ator possui independência ou individualidade, entretanto realizam atividades em conjunto mediante colaboração e cooperação, inclusive realizam atividades complementares com o objetivo de realizarem ganhos coletivos e individuais; (3) redes informais: quando os atores trocam informações de interesse comum, nelas os atores podem ser de natureza diversa (associações, empresas, universidades), as informações e experiências são trocadas sem a existência de formalidade constituída por contratos e as experiências são trocadas por cooperação; (4) redes formais: quando existe a troca de informações, conhecimento e atividades por meio de formalização contratual, estabelecendo responsabilidades e atividades entre os atores. As redes de criadores de frango são sistemas formais de quase integração vertical, nelas verifica-se a existência de contratos complexos prevendo o compartilhamento de ativos entre os atores e não existe um consenso sobre a utilização do termo sistema de integração vertical, pois ele não poderia ser utilizado já que a agroindústria não possui o controle total dos ativos envolvidos no processo de cria e engorda (PINOTTI; PAULILO, 2006). MÉTODOS Creswell (2010): Para o desenvolvimento do trabalho foi adotada uma pesquisa Qualitativa, segundo [...] observações qualitativas são aquelas que o pesquisador faz anotações de campo sobre o comportamento e as atividades dos indivíduos no local de pesquisa. Nessas anotações de campo, o pesquisador registra, de maneira não estruturada ou semiestruturada (usando algumas questões anteriores que o investigador quer saber) as atividades no local de pesquisa. Nas entrevistas Qualitativas o pesquisador conduz entrevistas face a face com os participantes e também se pode utilizar de documentos qualitativos a exemplo de jornais, minutas de reuniões, relatórios, etc. A pesquisa Qualitativa também pressupõe a seleção

intencional dos participantes e dos locais que melhor ajudarão o pesquisador a entender o problema de pesquisa (CRESWELL 2010). 5 Desta forma para atingir o objetivo proposto foram entrevistados 49 pequenos produtores dos municípios de Conchas, Porangaba e Pereiras do estado de São Paulo. Esses municípios estão entre os 10 maiores produtores de frango de corte e representam 10% da produção estadual, conforme informação do Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agrícola do Estado de São Paulo (Projeto LUPA, 2007-2008). As entrevistas foram realizadas em no mês de julho 2012. Também foram pesquisados artigos, relatórios e demais documentos pertinentes à atividade de cria e engorda de frangos, como definido por Creswell (2010). RESULTADOS ENCONTRADOS Segundo Ferreira; Picchiai e Albertini (2012), os produtores: tem idade média de 50 anos e estão na atividade em média há 20 anos, 59,2% deles não terminaram o ensino fundamental e 67% das granjas não possuem sistemas automatizados de produção. De acordo com Ferreira; Picchiai e Albertini (2012) a idade média dos produtores aliada ao nível de escolaridade pode explicar certa restrição à implantação de sistemas automatizados de produção e que a atividade de cria e engorda pode não ser suficiente para o sustento dos produtores já que 75,5% deles desenvolvem atividades paralelas e 57% citaram a produção de leite bovino como a atividade mais rentável. Em diversas regiões brasileiras o avicultor (integrado à agroindústria) trabalha mediante a formalização de um contrato com o integrador e este tem a responsabilidade de executar uma série de serviços. Tais serviços são: fornecimento das matrizes de produção, alimentação necessária ou parte dela, produtos veterinários, serviço de acompanhamento e assistência técnica à produção e retirada dos frangos para abate (PINOTTI; PAULILO, 2006). Sobre a realização desses serviços a pesquisa apontou que:

6 67% dos produtores consideram que a agroindústria realiza seus serviços dentro do tempo previsto, entretanto, apontaram processos que podem ser melhorados: (1) existem constantes atrasos no pagamento da produção; (2) os produtores alegaram demora na entrega das matrizes para início da cria ou na retirada ao final do processo de engorda; (3) a retirada dos frangos, ao final do processo de engorda, é realizada após o horário acertado com os produtores; (4) A agroindústria não oferece suporte adequado para problemas eventuais como doença das matrizes, catástrofes provocadas por variações climáticas, ou outros semelhantes e que (5) enquanto o produtor está preocupado com o processo de cria e engorda, a agroindústria se preocupa em maximizar seu lucro por meio da negociação do lote criado, o que provoca em alguns casos o atraso da retirada dos frangos ao final do processo de engorda. A pesquisa apontou que os produtores rurais conferem uma avaliação positiva aos funcionários da agroindústria que visitam os locais de produção, pois: 93% dos produtores avaliaram que os empregados da agroindústria sempre estão dispostos a ajudar o integrado; 89,9% avaliaram que tem segurança em negociar com os representantes da agroindústria; e 91,8% justificaram que os empregados da agroindústria conhecem suas necessidades. CONCLUSÕES O estudo apontou que os produtores rurais avaliaram de forma positiva os serviços executados pela agroindústria, entretanto, identificou aspectos que se observados por ela podem contribuir para o aprimoramento metodológico e instrumental como apontado em Resultados Encontrados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALESTRIN, A.; VARGAS, L. A dimensão estratégica das redes horizontais de PMES: teorização e evidências. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 8, n. 1, p. 203-227, 2004.

7 CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. FERNANDES FILHO, J.F.; QUEIROZ, A.M. Transformações recentes na avicultura de corte brasileira: o caso do modelo de integração. Ouro Preto (MG): UFOP, 2001. FERREIRA, A.A.; GOMES, M.F.M.; LIMA, J.E. Economia de escala e custo de produção de frango nas principais regiões produtoras de Minas Gerais. Revista Econômica e Sociológica Rural, v. 38, n. 2, p. 72-73, 2000. FERREIRA, V. S.; PICCHIAI D.; ZANETTI A.T., Avaliação de percepção da qualidade dos serviços prestados pela agroindústria em uma rede de negócios de produtores de frango de corte. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO (apresentação de Congresso), Salvador-BA, 2013. LUPA, 2007/2008. São Paulo: SAA/CATI/IEA, 2008. Disponível em: <http://www.cati.sp.gov.br/projetolupa>. Acesso em: 20 jul. 2012. PINOTTI, R.N.; PAULILO, L.F. A estruturação da rede de empresas processadoras de aves no Estado de Santa Catarina: governança contratual e dependência de recursos. Gestão e Produção, São Paulo, v. 13, p. 167-177, jan./abr. 2006. RICHETTI, A.; SANTOS, A.C. O sistema integrado de produção de frango de corte em Minas Gerais: Uma análise sob a ótica da ECT. Revista de Administração da UFLA, v. 2, n. 2, p. 34-43, jul./dez. 2000. UNIÃO BRASILEIRA DE AVICULTURA (UBABEF). Disponível em: <http://www.abef.com.br/ubabefnovo/index.php>. Acesso em: 20 out. 2012