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Transcrição:

Organizações Rurais & Agroindusriais ISSN: 1517-3879 fic@unaes.com.br Universidade Federal de Lavras Brasil Gomes Pessanha, Gabriel Rodrigo; Nunes de Alcânara, Juciara; Leal Calegario, Crisina Lelis; dos Sanos, Anonio Carlos; Neves de Ázara, Leiziane A INFLUÊNCIA DOS INVESTIMENTOS DIRETOS EXTERNOS (IDE) NA RENTABILIDADE E NO RISCO: UMA APLICAÇÃO DOS MODELOS DE SÉRIES TEMPORAIS, NO PERÍODO DE 2000 A 2012, NUMA EMPRESA DO SETOR ALIMENTÍCIO Organizações Rurais & Agroindusriais, vol. 16, núm. 4, diciembre, 2014, pp. 481-495 Universidade Federal de Lavras Minas Gerais, Brasil Disponível em: hp://www.redalyc.org/ariculo.oa?id=87832899006 Como ciar ese arigo Número compleo Mais arigos Home da revisa no Redalyc Sisema de Informação Cienífica Rede de Revisas Cieníficas da América Laina, Caribe, Espanha e Porugal Projeo acadêmico sem fins lucraivos desenvolvido no âmbio da iniciaiva Acesso Abero

A INFLUÊNCIA DOS INVESTIMENTOS DIRETOS EXTERNOS (IDE) NA RENTABILIDADE E NO RISCO: UMA APLICAÇÃO DOS MODELOS DE SÉRIES TEMPORAIS, NO PERÍODO DE 2000 A 2012, NUMA EMPRESA DO SETOR ALIMENTÍCIO A influência dos invesimenos direos exernos... 481 Influence of Foreign Direc Invesmens (FDI) in he profiabiliy and risk: an applicaion of ime series models, from 2000 o 2012, in a food secor company RESUMO Objeivou-se, nese esudo, mensurar e avaliar os impacos da adoção de esraégias de invesimeno direo exerno (IDE), nas méricas de renabilidade (ROA, ROE e EVA) e risco (volailidade) da empresa JBS S.A.. Inicialmene, aplicou-se a meodologia de análise de inervenção para esudar o comporameno das méricas de renabilidade mediane a adoção de esraégias de invesimenos exernose, a parir do modelo ajusado, pode-se afirmar que o IDE foi capaz de mudar negaivamene o comporameno da renabilidade da empresa. Poseriormene, modelou-se a volailidade do reorno das ações para verificar a reação do mercado acionário após o anúncio de IDE da JBS S.A. quando, de maneira geral, os resulados confirmaram a hipóese de impaco do IDE na volailidade porque, em ouras palavras, o anúncio de invesimenos exernos afeam o comporameno do invesidor e, consequenemene, eleva o risco do mercado acionário. O esudo é inovador viso que revela o caráer inervencionisa das esraégias de IDE nas méricas de renabilidade e risco da organização esudada. Gabriel Rodrigo Gomes Pessanha Universidade Federal de Alfenas gabrielrgp@yahoo.com.br Juciara Nunes de Alcânara Universidade Federal de Lavras jaciaranalcanara@gmail.com Crisina Lelis Leal Calegario Universidade Federal de Lavras ccalegario@dae.ufla.br Anonio Carlos dos Sanos Universidade Federal de Lavras acsanos@dae.ufla.br Leiziane Neves de Ázara Universidade Federal de Lavras leizianeazara@yahoo.com.br Recebido em 07/05/2013. Aprovado em 22/08/2014. Avaliado pelo sisema blind review Avaliador cienífico: Daniel Carvalho de Rezende ABSTRACT In his sudy, we aimed o measure and asses he adoping impacs of sraegies of Foreign Direc Invesmens (FDI) in he merics of profiabiliy (ROA, ROE and EVA) and risk (volailiy) of he company JBS S.A. Firsly, we used he mehodology of analysing he inervenion for sudying he paern of merics of profiabiliy by means of adopion of sraegies of foreign invesmens and, from fied models, we can sae ha he FDI was able o change negaively he paern of company profiabiliy. Secondly, we modelled he reurn volailiy of asses for verifying he sock marke reacion afer he announcemen of FDI of JBS S.A. when, in general, resuls confirmed he hypohesis of FDI impac in he volailiy because, in oher words, he announcemen of foreign invesmens affecs he behaviour of he invesor and, consequenly, raises he risk of sock marke. Therefore, he research is innovaive because i reveals he inervenionis characer of FDI sraegies in he merics of profiabiliy and risk of he company. Palavras-chave: Invesimeno direo exerno (IDE), renabilidade, risco, séries emporais. Keywords: Foreign direc invesmen (FDI), profiabiliy, risk, ime series. 1 INTRODUÇÃO O Invesimeno Direo no Exerior (IDE) ransformou-se em um fenômeno crescene, a parir da década de 80, principalmene devido à aberura econômica e mudanças fundamenais nos regimes de comércio inernacional de diversos países de economias emergenes (em especial os BRICS), as quais araíram Organizações Rurais & Agroindusriais, Lavras, v. 16, n. 4 (edição especial), p. 481-495, dez. 2014

482 PESSANHA, G. R. G. e al. empresas mulinacionais de países desenvolvidos devido ao crescimeno do mercado inerno, a riqueza de recursos naurais disponíveis e o baixo cuso de mão de obra (TSAI, 1994; ZHAO; LIU, L.; ZHAO, 2010). A parir de meados da década de 90, o cenário mundial adquire uma configuração em que as economias emergenes, anes receporas de IDE, passam a realizar invesimenos subsanciais no mercado inernacional, primeiramene em busca de mercados com melhor poder aquisiivo, mas ambém em busca de novas ecnologias e processos gerenciais (HOLTBRÜGGE; KREPPEL, 2012). Assim, o invesimeno direo de países emergenes passa a assumir um imporane faor na economia mundial (DEBAERE; HONGSHIK; JOONHYUNG, 2010). Ainda que, de maneira ímida, o Brasil foi o primeiro país denre os BRICS a invesir capial no exerior desde a década de 70, chegando a maner a primeira posição no grupo aé a década de 80. Enreano, os invesimenos direos nacionais no exerior se ornaram mais evidenes e volumosos a parir de 2004, quando o Brasil invesiu, aproximadamene, 10 bilhões no exerior (Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimeno - UNCTAD, 2012a). Enre as empresas ransnacionais brasileiras, a empresa JBS iniciou suas aividades na década de 50, é aualmene considerada como a maior mulinacional brasileira, segundo o Ranking das Transnacionais Brasileiras de 2012 da Fundação Dom Cabral (2012), possuindo 77,4% de suas vendas, 39,8% de seus aivos e 61,7% de seus funcionários no exerior. Sua expansão inernacional começou aravés de exporações em 1996, pela comercialização de seus produos. A inernacionalização da produção ocorreu a parir do final de 2005, em resposa à redução de suas exporações devido àcrise da febre afosa nos EUA, com a finalidade de miigar os riscos saniários. Aualmene, a JBS possui unidades na Argenina, Esados Unidos, Iália, Ausrália, Uruguai, México e Rússia, auando nas áreas de alimenos, couro, biodiesel, colágeno e laas. A esraégia da JBS de inernacionalização visando a redução do risco é coerene com o comporameno de ouras firmas enconradas na lieraura, em que as firmas se lançam em operações inernacionais para gerenciarem seus riscos (ALBUQUERQUE, 2003; FIROOZI, 1997; LEE; MIN, 2011). Enreano, sabe-se que, como esraégia de invesimeno e crescimeno, o IDE pode gerar reorno e incerezas imediaas, devido ao grande invesimeno demandado. Poucas evidências empíricas foram enconradas sobre o impaco dessa esraégia sobre a renabilidade e a volailidade da firma. Ese se consiui o principal objeivo dese rabalho, uma vez que ele invesiga os impacos gerados por aquisições inernacionais na renabilidade e no risco da JBS, como maior ransnacional brasileira. Para aingir o objeivo do rabalho aplicou-se a meodologia de análise de inervenção (modelos da classe ARMA) para avaliar o impaco das esraégias de IDE na renabilidade da JBS e para avaliar a influência na volailidade e no risco uilizaram-se os modelos da classe ARCH. O rabalho enconra-se subdividido em referencial eórico, meodologia, resulados e discussões e considerações finais. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Panorama: Invesimeno Direo Exerno (IDE) no Brasil e no Mundo De acordo com a revisão anual do relaório de endências de invesimenos da UNCTAD (2007), os fluxos de invesimeno direo exerno (IDE) globais em 2006, somaram US$ 1,306 bilhão, um aumeno de mais de 38%, em comparação ao ano anerior. Nesse ano, os fluxos de IDE aingiram nível próximo ao do recorde aingido no ano de 2000. O crescimeno de IDE, em 2006, ocorreu em 3 grupos de economias: países desenvolvidos, países em desenvolvimeno e economias em ransição do Sudese Europeu e da Comunidade de Esados Independenes. Enquano nos países desenvolvidos o IDE, aingindo US$ 857 bilhões apresenavacrescimeno de 45%,3, para países em desenvolvimeno e para economias em ransição, o fluxo aingiu seus níveis mais alos: US$ 379 bilhões, apresenando um aumeno de 21% em relação a 2005,e US$ 69 bilhões, ou seja, um aumeno de 68% (UNCTAD, 2007). Ese invesimeno foi usado nas aividades de 78.000 empresas ransnacionais mundiais, que possuem cerca de 780.000 filiais (companhias esabelecidas pela ransnacional no exerior). Esima-se que as vendas, o valor adicionado e as exporações dessas filiais enham aumenado em 18%, 16% e 12% em 2006, respecivamene. Em 2007, o IDE eve ala no mundo odo. O fluxo de IDE global acumulado nesse período era de, aproximadamene, US$ 225 bilhões alcançando o pico no final da década, em 2000, chegando a aingir quase US$ 1,5 rilhão. Após esse boom mundial, o fluxo mundial de IDE caiu para US$ 651 bilhões em 2002, ou seja, aproximadamene, meade do valor aingido no período de pico em 2000 (UNCTAD, 2012b). O fluxo global de Organizações Rurais & Agroindusriais, Lavras, v. 16, n. 4 (edição especial), p. 481-495, dez. 2014

A influência dos invesimenos direos exernos... 483 IDE foi esimado em US$ 1,5 rilhão, superando o recorde anerior do ano 2000. O fluxo para os países ricos eve ala de 16,8%, sendo que a União Europeia araiu quase 40% do oal mundial. Na América Laina e Caribe, o fluxo cresceu 50% e baeu o recorde de US$ 126 bilhões. Na Ásia, o fluxo alcançou US$ 224 bilhões. A China coninua sendo o país emergene que mais recebeu fluxo de IDE, em volume. Enreano, o oal de US$ 4 67,3 bilhões represena queda de 3,1% comparado ao ano anerior. Nos países do Lese Europeu, as chamadas economias em ransição, o fluxo de IDE aingiu novo recorde de US$ 98 bilhões, represenando crescimeno de 41% (UNCTAD, 2007). No Brasil, o fluxo de IDE começou principalmene durane o período de 1955 a 1960, quando programas específicos do governo foram criados para arair capial esrangeiro. Na década de 1970, o fluxo de capial sofreu queda brusca, associado principalmene ao choque do peróleo e a crises macroeconômicas. Aé a década de 1980, havia mecanismos que esimulavam o reinvesimeno e desesimulavam a saída de capiais esrangeiros já invesidos no País. Durane a crise de 1980, que se esendeu aé início dos anos 1990, o grau de incereza da economia fez com que o nível de invesimenos esrangeiros e nacionais fossem basane reduzidos. Em 1988, com a nova Consiuição, foi dado ao Esado o poder para disciplinar a enrada do capial esrangeiro. Aé da década de 1990, a configuração da indúsria brasileira foi marcada por fore proeção arifária à indúsria nacional, graves crises financeiras e um significaivo araso em relação aos países desenvolvidos (Pereira; CalegArio. 2006). O declínio do fluxo de IDE na década de 1980 foi inerrompido por uma reação, no início da década de 1990. A parir da meade da década (1994 e 1995), eve início no Brasil um amplo processo de liberalização econômica, marcado pela adoção de políicas liberais de comércio e redução da regulação do IDE. Nesse primeiro período, o Brasil foi o principal polo de aração do IDE da América Laina, superando os líderes da primeira meade da década, México e a Argenina. O seor indusrial foi o principal recepor de invesimenos nesse período, sendo subsiuído pelo seor de serviços em 1996, devido aos programas de privaização governamenais. Uma das principais causas da maior araividade do IDE para o seor de serviços foi a privaização das empresas esaais presadoras de serviços públicos (Pereira; CalegArio, 2006). Segundo dados divulgados pela Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimeno (UNCTAD), o fluxo de IDE para o Brasil eve a maior ala percenual no mundo em 2007, ou seja, passou de US$ 18,8 bilhões em 2006 para US$ 37,4 bilhões, represenando um aumeno de 99,3%. Esse foi o maior monane já observado em oda a série hisórica do Banco Cenral desde 1947. O novo recorde ulrapassa o de 2000, quando os fluxos de IDE aingiram US$ 32,8 bilhões, sendo que 22% do monane oal de ingressos de IDE eram referenes às operações de privaização. Em 2007, essa superação ocorreu mesmo sem a ocorrência de ingressos de IDE em operações de privaização, reforçando o significado do recorde aingido em 2007. O Brasil só perdeu paraa Holanda, que eve um aumeno de 2.285 (2.285%) no fluxo de IDE, passando de US$ 4,4 bilhões para US$ 104 bilhões. 2.2 Influências do IDE sobre Renabilidade e Risco da Firma Muias escolas êm conribuído com a lieraura sobre o comércio inernacional, em paricular sobre os IDE. As primeiras enaivas de análises de aividades de firmas além de suas froneiras surgiram com os esudos realizados por Iverson, em 1935, e Willians em 1929. Esses esudos conribuíram para o desenvolvimeno das primeiras eorias sobre o IDE (Dunning, 1997). Porém, somene a parir da década de 1960 é que começaram a surgir os primeiros esudos que buscaram desenvolver uma eoria sobre o movimeno de capial inernacional. O invesimeno direo exerno (IDE) represena os fluxos inernacionais de capiais com os quais uma empresa esabelecida em um país cria ou expande uma subsidiária em ouro país. Ele é normalmene associado a empresas ransnacionais que possuem posse ou conrole de aividades em dois ou mais países. Uma caracerísica peculiar desse invesimeno é que envolve, não somene a ransferência de recursos, mas ambém a aquisição de conrole de propriedade (Krugman, 2005). Embora o IDE seja amplamene esudado nas eorias de negócios inernacionais como forma de enrada em mercados exernos, alguns eóricos da eoria do crescimeno da firma, o consideram como forma de crescimeno e expansão da firma (PENROSE, 1959). Assim, a firma para expandir suas aividades, invese em mercados esrangeiros. O IDE ambém é esudado pela abordagem comporamenal de negócios inernacionais, denominada Modelo de Uppsala, desenvolvida por Johanson e Vahlne (1977), em que a inernacionalização da firma é uma consequência do seu crescimeno. Assim, a firma, diane da sauração de seu mercado domésico, busca novos locais que sejam mais similares àqueles das operações exisenes para sua expansão (HEMAIS; HILAL, 2002). Organizações Rurais & Agroindusriais, Lavras, v. 16, n. 4 (edição especial), p. 481-495, dez. 2014

484 PESSANHA, G. R. G. e al. A inernacionalização é enão enendida como uma sequência de passos de naureza incremenal, a parir da experiência adquirida nas operações e ambém devido ao compromeimeno com os mercados esrangeiros. Assim,as formas de enrada (definidos pelos auores como join-venures, fusões e aquisições, e greenfields) exigem maior conhecimeno e compromeimeno da firma com a inernacionalização, uma vez que demanda maior invesimeno de recursos, sujeiando a firma a um elevado risco. Assim, a lieraura evidencia que a escolha do modo de enrada é deerminada pelo nívelde conrole almejado, pelo nível de compromeimeno de recursos, e pela capacidade para assumir riscos da empresa mulinacional (Hill; Hwangand; Kim, 1990). Modos de enrada de ala paricipação ou conrole assumem geralmene a forma de greenfield, em que a subsidiária é ineiramene de responsabilidade e conrole da mariz; enquano que modos de enrada de baixa paricipação ou conrole assumem a forma de diferenes ipos de relações conrauais e licenciameno, como as join-venures (Acheampong; Kumah, 2012). Desa forma, vê-se que a esraégia de greenfield demanda maior invesimeno em comparação à esraégia de join-venure, uma vez que nessa úlima há o comparilhameno de recursos e cusos com a empresa parceira, exigindo maior conhecimeno e compromeimeno da firma com a inernacionalização, maior invesimeno de recursos e ainda geram maiores riscos à empresa enrane (Johanson; Vahlne, 1977). Enende-se que firmas que adoam esraégias de enrada de alo conrole esão exposas a maior grau de incereza no mercado esrangeiro, uma vez que maior compromeimeno de recursos ambém é exigido. Por ouro lado, esraégias de baixo conrole expõem a empresa a um menor risco, uma vez que demandam poucos recursos e invesimenos (Acheampong; Kumah, 2012). Enre as formas mais comuns, a aquisição consiuise na forma mais efeiva e rápida para a obenção de novas habilidades, capacidade de produção ou recursos gerenciais (COAD, 2007), enreano, exigem da mesma forma que os greenfields maiores invesimenos, expondo a firma a maiores riscos. 3.1 Análise de Inervenção 3 METODOLOGIA É comum que as séries emporais, especificamene as séries relaivas a variáveis econômicas, sejam afeadas por evenos de caráer exógeno, como alerações em planos econômicos, variações climáicas, ec. Tais evenos manifesam-se a parir de mudanças no nível ou na inclinação da série,em um deerminado insane do empo. Geralmene, isso ocorre devido a algum aconecimeno conhecido. Tal ocorrência pode manifesar-se por um inervalo de empo subsequene e que afea a série em esudo, emporariamene ou permanenemene. O ermo inervenção foi inroduzido por Glass (1972), baseado em Box e Tiao (1965), que já uilizava esses méodos, mas não com o ermo inervenção. Segundo Jenkins (1979), os méodos de análise de inervenção represenam generalizações de méodos usados para análise de dados, usualmene não expressos na forma de séries emporais, aos quais os esaísicos referem-se pelo íulo geral de Delineameno e Análise de Experimenos. Apesar de o modelo parecer simples, ele descreve um grande número de efeios simulaneamene. Em muios casos, o faor inervenção pode ser obscurecido por rês faores básicos: a endência, a sazonalidade e o erro aleaório, os quais conduzem o pesquisador a falsas conclusões, pois a ocorrência de uma inclinação ou mudança de nível na série pode não ser necessariamene uma inervenção, podendo ser uma endência (BORGATTO; SÁFADI, 2000). Geralmene, os maiores efeios causados pelas inervenções esão relacionados à mudança no nível, na direção ou na inclinação da série. O modelo proposo para a análise de inervenção é calculado pela expressão: Y = k i= 1 υ i ( B) X i, + n Onde: - Y é a variável-resposa do modelo; - k é o número de inervenções da série; - υ i (B) é o valor da função de ransferência; - X i. é a variável binária; - n é o ruído do modelo, represenado por um modelo ARIMA. As diferenes funções de ransferência v(b) da função apresenada são apresenadas na Figura 1. Exisem dois ipos de esruuras básicas de análise de inervenção: T T Pulse ( P ) e Sep ( S ). A inervenção do ipo Pulse corresponde a uma variável dummy, que assume valor 1 no momeno da ocorrência do eveno e 0 nos momenos T em que o eveno não ocorreu, ou seja, I = ( P ), onde T T ( P ) = 1, para = T e ( P ) = 0, para T, enquano a variável Sep possui valor igual a 0 anes da ocorrência do eveno e valor igual a 1 poseriormene a ele, ficando sua T represenação maemáica assim caracerizada: I = ( S ), T T S = 1, para T. onde ( S ) = 0, para < T e ( ) Organizações Rurais & Agroindusriais, Lavras, v. 16, n. 4 (edição especial), p. 481-495, dez. 2014

A influência dos invesimenos direos exernos... 485 Figura 1 Esruura da função de ransferência Fone: Morein e Toloi (2006) Basicamene, a consrução de modelos de inervenção consise em acrescenar aos modelos ARIMA os efeios de variáveis exógenas, aravés de uma função de ransferência. Nesse caso, se for observada a ocorrência de um eveno independene do fenômeno que originou a série emporal que possa influenciar o comporameno da série, sugere-se a uilização de uma modelo com inervenção, a fim de se caparem os efeios causados. 3.2 Méodos para a Exração da Volailidade Na Teoria de Finanças Moderna, a volailidade apresena-se como um elemeno essencial a ser considerado na avaliação dos processos de precificação de aivos, omadas de decisão financeira e no gerenciameno de riscos. A volailidade é caracerizada pelas oscilações ocorridas no preço de um bem, num deerminado inervalo de empo e quano maior a oscilação do preço, maior a volailidade dese mercado. Segundo Brooks (2002), a volailidade é um dos mais imporanes conceios em oda a área de finanças. Para Goular (2004), a volailidade, diferenemene dos preços, não é uma variável observável direamene no mercado, porano, requer um modelo para sua esimação. Brooks (2002) agrupa e sineiza os modelos de esimação da volailidade em rês caegoria, em função da naureza da variável: - a volailidade como consane ao longo do empo: a qual é represenada pelos modelos de volailidade hisórica, ExponeniallyWeighedMovingAverages (EWMA); - a volailidade, variando no decorrer do empo, dessa forma, sua deerminação ocorre por meio da inclusão do comporameno passado dos dados. Essa volailidade é expressa esaisicamene por modelos da classe ARCH; e - a volailidade, considerada eminenemene como esocásica, ou seja, incorpora-se um segundo ermo de erro na equação da variância condicional. Nese rabalho, a volailidade será abordada a parir dos modelos da classe ARCH. Inroduzidos por Engle (1982), esses modelos são nãolineares, no que diz respeio à variância e objeivam, segundo Morein e Toloi (2006), modelar o que se chama de volailidade, que é a variância condicional de uma variável e embora não seja medida direamene, manifesa-se de várias maneiras numa série Organizações Rurais & Agroindusriais, Lavras, v. 16, n. 4 (edição especial), p. 481-495, dez. 2014

486 PESSANHA, G. R. G. e al. financeira: a volailidade aparece em grupos, de maior ou menor variabilidade; a volailidade evolui coninuamene no empo, podendo ser considerada esacionária; ela reage de modo diferene a valores posiivos ou negaivos da série. Em séries econômicas, os reornos já são esacionários, sendo pouco comum a uilização dos modelos ARIMA. A maioria das séries financeiras apresena a variância condicional evoluindo no empo. Sendo assim, os modelos lineares do ipo ARIMA, não são adequados para descrever esse ipo de comporameno. Segundo Bollerslev e Wooldridge (1992), a volailidade é uma variável-chave, que permeia a maioria dos insrumenos financeiros e que exerce um papel cenral em diversas áreas de finanças. Com o objeivo de modelar o que se chama de volailidade, que é a variância condicional de uma variável, comumene um reorno, surgiram os modelos da família ARCH, inroduzido por Engle (1982) e desenvolvidos por Bollerslev (1986), Glosen, Jaganahan e Runkle (1993) e Nelson (1991). 3.3 Procedimenos de Tese 3.3.1 Tese de Raiz Uniária Os eses de raiz uniária são uilizados para a verificação de esacionariedade das séries emporais. Verificar como o processo esocásico gerador das séries em esudo se compora ao longo do empo é a fase inicial de análise de qualquer série emporal. A série emporal é considerada esacionária se suas médias, variâncias e covariâncias permanecem consane, independene do período de empo em que sejam medidas. Caso a série emporal não seja esacionária, os dados apresenarão endência ascendene ou descendene ao longo do empo. O ese de raiz uniária pode ser descrio pela seguine equação: Y + u = βy 1 onde u é o ermo de erro esocásico e em média zero, variância consane e não auocorrelacionado. Foram uilizados os eses de Dickey-Fuller expandido (ADF) e o de Philips-Perron, que consisem em eses mais rigorosos, sob o enfoque esaísico, para a análise da exisência de nãoesacionariedade da série. 3.3.2 Tese de Dickey-Fuller O ese de Dickey-Fuller é um dos eses mais uilizados e pode ser represenado pela seguine equação: m Y = β1 + β 2 + δy 1 + α i Y 1 + i= e em que: e = ermo de erro ruído branco; m = ordem da defasagem do ese. Para ese ese, a hipóese nula é de que δ seja igual a zero. Caso o valor absoluo calculado da esaísica ulrapasse o valor críico absoluo da esaísica abelada, enão a hipóese de que a série emporal seja esacionária não é rejeiada. Por ouro lado, caso o referido valor absoluo seja inferior aos valores críicos, a série emporal será não esacionária. 3.3.3 Tese de Phillips-Perron O ese de Phillips-Perron ambém uilizado nesa seção pode ser descrio conforme a equação abaixo: x α + β + ρx + υ = 1 em que: υ = veor de correlação serial Nesse ese, a hipóese nula é de que ρ seja igual a zero. De maneira semelhane ao ese de Dickey-Fuller, caso o valor absoluo calculado da esaísica ulrapasse o valor críico absoluo da esaísica abelada, enão a hipóese de que a série emporal seja esacionária não é rejeiada. Por ouro lado, caso o referido valor absoluo seja inferior aos valores críicos, a série emporal será não esacionária. 3.3.4 Tese ARCH-LM Com o objeivo de esar a presença de heerocedasicidade condicional auorregressiva (componene ARCH), na série de reorno diário uilizouse o ese ARCH-LM (ARCH LagrangeMulipliers), proposo por Engle (1982). Esse ese é esimado pelo méodo dos mínimos quadrados ordinários e é descrio pela equação abaixo: r = c + e e em que: r é o reorno percenual para o dia ; c é a consane; e é o resíduo da regressão. 2 = α + α α 0 2 2 2 1. e 1 + α 2. e 2 +... + p. e p em que: 2 e n represena os resíduos quadráicos com defasagem n, em que n=0..p; Organizações Rurais & Agroindusriais, Lavras, v. 16, n. 4 (edição especial), p. 481-495, dez. 2014

A influência dos invesimenos direos exernos... 487 α 0 α é a consane; represena os esimadores para os ermos de p defasagem p. A parir das equações descrias acima, é possível observar que os resíduos quadráicos de uma regressão da série de reornos, sobre uma consane são uilizados na composição de uma equação de regressão de ordem p. Uma vez realizada a regressão, o ese Muliplicador de Lagrange ARCH esa a hipóese nula de que α 1 = α 2 =... = α p = 0, por meio da esaísica T = NR 2 ~ X 2 (r) (em que N é o número de observações). Caso a hipóese nula seja rejeiada, pode-se concluir pela presença de heerocedasicidade condicional auorregressiva. 3.3.5 Criério de Informação de Akaike (AIC) e Criério de Informação de Schwarz (BIC) Eses criérios são uilizados para a escolha da especificação óima de uma equação. Assim, para se decidir enre dois modelos, o melhor é o que apresenar o menor criério de Akaike e Informação de Schwarz. O criério de Informação de Schwarzé semelhane ao AIC, porém impõe uma penalidade superior pela inclusão de coeficienes adicionais a serem esimados. O criério de informação de Akaike (AIC) pode ser represenado pela seguine equação: AIC = 2 ( k L ) N onde: L : esaísica de log verossimilhança; N : número de observações; k : número de coeficiene esimado, incluindo a consane. O Criério de Informação de Schwarz (SIC) é definido como: SIC = ( k log( N ) 2 L) N onde: L : esaísica de log verossimilhança; N : número de observações; k : número de coeficiene esimado, incluindo a consane. 3.3.6 Log-verossimilhança A função de Log verossimilhança é calculada por: ( N 2 ) ( 1+ log( 2 )) + log( SQR N ) L = π onde: SQR : soma dos quadrados dos resíduos; N : número de observações. 3.4 Operacionalização das Variáveis e Dados A descrição das variáveis selecionadas e a naureza do impaco esperado exercido pela variável ocorrência dos Invesimenos Direo Exernos nas méricas de renabilidade (ROA, ROE e EVA) são apresenadas na Quadro 1. A escolha da empresa deu-se em função da represenaividade da mesma, nos índices de ransnacionalidades divulgados pela Fundação Dom Cabral (2012) no Ranking das Transnacionais Brasileiras e na disponibilidade de dados econômicos e financeiros. Os dados necessários para a consrução das variáveis uilizadas nese rabalho (reorno sobre o aivo - ROA, reorno sobre o parimônio líquido - ROE e valor econômico adicionado - EVA) foram obidos a parir do banco de dados do Economáica. Para o cálculo dos índices de renabilidade uilizaram-se séries rimesrais compreendidas enre o quaro rimesre de 2006 e o quaro rimesre de 2011. As inervenções foram definidas de acordo com a ocorrência de invesimeno direo exerno (IDE), conforme Tabela 1. Para o esudo da volailidade, uilizaram- se as séries de preço das ações compreendidas enre 15 de janeiro de 2000 aé 31 de março de 2012. Os dados foram obidas juno ao banco de dados do Economáica e, poseriormene, raados e ajusados no sofware Eviews 7.0. 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO 4.1 Modelos de Inervenção Na enaiva de mensurar os impacos do IDE na renabilidade da JBS uilizou-se a análise de inervenção, e para o raameno e ajuse do dados uilizou-se o sofware Eviews 7.0. A Figura 2 apresena o comporameno das séries de reorno dos aivos (ROA), reorno do parimônio líquido (ROE) e valor econômico adicionado (EVA) para a empresa esudada. Conforme os preceios eóricos já abordados aneriormene, podem esar presenes em uma série emporal os faores endência esocásica e sazonalidade. Enreano, é necessária, a íulo de confirmação, uma análise especral para deecar a presença de sazonalidade e a aplicação de eses para deecar a presença da endência esocásica (Morein; Toloi, 2006). Organizações Rurais & Agroindusriais, Lavras, v. 16, n. 4 (edição especial), p. 481-495, dez. 2014

488 PESSANHA, G. R. G. e al. Quadro 1 Descrição das variáveis uilizadas nas análises Variáveis Descrição Impaco esperado Ocorrência do Invesimeno Direo Exerno (IDE) Reorno sobre o Parimônio Líquido (ROE) Reorno sobre o Aivo Toal (ROA) EVA (Valor Econômico Agregado) Essa variável assumirá o valor 0 (zero) para a não ocorrência de IDE e 1 (um) para a ocorrência. Ese índice é calculado pela relação exisene enre o Lucro Líquido, após o IR, e o Parimônio Líquido. Mede o reorno obido sobre o invesimeno (ações preferenciais e ordinárias) dos proprieários da empresa. Ese índice é calculado pela relação exisene enre o Lucro Líquido, após o IR, e o Aivo Toal. Esa axa, mede a eficiência global da adminisração na geração de lucros com seus aivos disponíveis. EVA= LL (PL x CDI ) CDI = axa livre de risco LL = lucro líquido PL = parimônio líquido - + + + Tabela 1 Operações de IDE na empresa esudada Empresa Países Modo de enrada Ano EUA Aquisição da Swif Foodscompany jun/07 JBS Ausrália Aquisição da TasmanGroup mar/08 Iália Aquisição da Inalca dez/08 México/Poro Rico Aquisição de 64% Pilgrim spride Corporaion se/09 Figura 2 Séries originais do reorno sobre o aivo (ROA), reorno sobre parimônio líquido (ROE) e valor econômico adicionado (EVA) para a empresa esudada Sendo assim, procedeu-se às esaísicas de ese para verificar a esacionariedade das séries de reorno, a saber: ese de Dickey-Fuller Aumenado (ADF), proposo por Dickey e Fuller (1981) e o ese de Phillips-Perron (PP), desenvolvido por Phillips e Perron (1988). Esses eses são implemenados para verificar a exisência de raiz uniária Organizações Rurais & Agroindusriais, Lavras, v. 16, n. 4 (edição especial), p. 481-495, dez. 2014

A influência dos invesimenos direos exernos... 489 em modelos ARIMA e consequenemene, observar a necessidade de se realizar a diferença, na série esudada aneriormene, ao ajuse do modelo. Pelos eses de Raiz Uniária, observou-se a presença da componene endência esocásica em algumas das séries analisadas, são elas: reorno sobre o aivo (ROA) e valor econômico adicionado (EVA). Assim sendo, para ornar a série esacionária, fez-se a primeira diferença (d=1) na série original. A decisão uilizada para escolha do melhor modelo foi feia considerando-se a análise dos resíduos (ruído branco), o criério de seleção de AIC (Criério de Informação de Akaike), o quadrado médio residual (QMR) e o ese de Box e Pierce. As inervenções consideradas correspondem à ocorrência de invesimeno direo exerno e foram definidas com base na Tabela 1. Admiiu-se, pela análise do comporameno gráfico da série, que a inervenção ocorreu de forma abrupa e emporária, sendo assim a variável dummy assume o valor 1 no momeno em que a empresa opa por uma esraégia de IDE e assume valor zero nos momenos em que não aconeceram invesimenos direos exernos. X 1, 1, = 0, Ocorrência de IDE Não ocorrência de IDE Ressala-se que ouros ponos ambém foram esados como possíveis inervenções na série, sendo reirados do modelo por não apresenarem significância. Além disso, considerou-se na análise o efeio da inervenção ocorrendo de forma abrupa e conínua, porém essa ambém não se mosrou esaisicamene significaiva. As esimaivas dos parâmeros auorregressivos, de médias móveis e da variável de inervenção são significanes, conforme resulados da Tabela 2, 3 e 4. O ese de Box e Pierce aceia a hipóese nula de ruído branco, ou seja, da não presença de auocorrelação significaiva nos resíduos. Na Figura 3, apresenam-se as funções de auocorrelação e auocorrelação parcial após o ajuse dos modelos para as variáveis ROA, ROE e EVA para a JBS. Com relação à variável renabilidade do aivo (ROA), pode-se afirmar, a parir dos resulados apresenados pela Tabela 2, que a inervenção represenada pelas esraégias de IDE apresenou cera significância esaísica. De maneira geral, observa-se que, nem odas as operações represenaram uma mudança no comporameno da série original ao pono de ornarem-se uma inervenção. No caso da empresa JBS, das quaro operações de IDE analisadas, apenas uma apresenou significância esaísica. Com relação à variável renabilidade do parimônio líquido (ROE) e à variável valor econômico adicionado (EVA), os resulados não foram muio diferenes. Ressalase que, em odos os modelos ajusados, observou-se um relacionameno inverso enre as inervenções (esraégias de IDE) e a renabilidade das empresas (ROA, ROE e EVA). Tal eveno pode ser jusificado pelas consaações e evidências empíricas enconradas em ouras pesquisas que aponam que as operações de IDE não geram renabilidade imediaa, uma vez que o prazo de recuperação de capial e a renabilidade do invesimeno são, na maioria dos casos, alcançados em um horizone emporal superior ao curo prazo (Tabela 3 e 4). Tabela 2 Esimaivas dos parâmeros ARIMA e das inervenções para a variável reorno do aivo (ROA) para a empresa esudada Variável ROA Esimaivas Inervenções JBS ARIMA (0,0,2) MA(1) MA(2) Om(1) Del(1) -0,9039-0,0798-0,04892-0,09727 (0,0079) (0,0078) (0,0008) (0,0080) Tabela 3 Esimaivas dos parâmeros ARIMA e das inervenções para a variável reorno do parimônio líquido (ROE) para a empresa esudada Variável ROE Esimaivas Inervenções JBS ARIMA MA(1) MA(2) Om(1) Del(1) (0,0,2) -1,134-0,9867-0,0376-0,1603 (0,057) (0,034) (0,0068) (0,00282) Organizações Rurais & Agroindusriais, Lavras, v. 16, n. 4 (edição especial), p. 481-495, dez. 2014

490 PESSANHA, G. R. G. e al. Tabela 4 Esimaivas dos parâmeros ARIMA e das inervenções para a variável valor econômico adicionado (EVA) para cada uma das empresas Variável EVA Esimaivas Inervenções JBS AR(1) Om(1) Del(1) ARIMA (1,0,0) 0,82447-0,01768-0,9056 (0,0079) (0,0001) (0,0079) Pode-se afirmar que houve uma redução média na renabilidade do aivo (ROA) da empresa JBS de 0,04892 após a adoção da esraégia de invesimeno direo exerno na aquisição da Tasman Group, na Ausrália em 2008. A mesma aquisição gerou um impaco negaivo da renabilidade do parimônio líquido (ROE) e valor econômico adicionado (EVA) na ordem de 0,0376 e 0,0176, respecivamene. As funções de auocorrelação e auocorrelação parcial após o ajuse para cada uma das séries são apresenadas na Figura 3. A significância dos parâmeros e a adoção da hipóese nula de ruído branco, pelo ese de Box e Pierce dão indicaivos de que as dinâmicas das séries esudadas esão sendo bem explicadas pelos coeficienes dos modelos ajusados. 4.2 Séries de Preços e Reorno de Preços das Empresas Esudadas A parir dos dados obidos no sofware Economáica procedeu-se aoraameno e análise dos dados. A Figura 4 represena os valores e os reornos das ações da empresa esudada. É imporane ressalar que, para ese esudo, foram uilizadas as séries de reornos das ações para a modelagem e esudo da volailidade da empresa JBS. Por meio de uma análise inicial e visual dos gráficos apresenados, pode-se afirmar, a priori, que as séries dos valores e dos reornos das ações apresenam uma inensa volailidade. De forma mais específica, é possível afirmar que a volailidade mosra-se mais acenuada enre os anos 2008 e 2010,em que as séries de reorno apresenam picos mais elevados e, por via de consequência, incremenam os riscos dos acionisas. Ese comporameno inconsane da volailidade (heerocedasicidade) no preço e no reorno do valor das ações da empresa, bem como os sinais da presença dos faos esilizados das séries financeiras fornecem indícios ao emprego de modelos esaísicos da classe ARCH, como insrumenos de supore à omada de decisão, avaliação e conrole do risco. Além diso, a parir da análise visual dos gráficos, observa-se a exisência de oulier, na volailidade ao longo da série, al como o verificado, aproximadamene, no final do ano de 2008 (ouubro e novembro). Conudo, esa represenação gráfica, não possibilia a idenificação conclusiva da inensidade desses ponos exremos, bem como dos seus momenos de ocorrência. Dessa forma, para aingir os objeivos proposos nese rabalho, é necessária a implemenação do processo de modelagem da série, em respeio às caracerísicas da sua volailidade. 4.3 Esimação dos Modelos ARMA e ARCH As funções de auocorrelação e auocorrelação parcial demonsram que a série de reorno esudada não é ruído branco, sendo necessária a modelagem da série por algum méodo auorregressivo ou de médias móveis. Sendo assim, é recomendado esar a normalidade e a esacionariedade dessa série com visas a idenificar e verificar o modelo de volailidade que melhor capa o comporameno desse componene. A Figura 5 ilusra a análise da normalidade por meio do ese proposo por Jarque e Bera (1987). As esaísicas descriivas demonsraram que a série apresenara assimeria posiiva, sugerindo a rejeição da hipóese de normalidade dos reornos. Além disso, observou-se um excesso de curose e elevados valores da esaísica Jarque-Bera, ou seja, a série é lepocúrica, pois apresena um maior número de observações no cenro e nas caudas, quando comparadas com a disribuição normal. A não normalidade da série de reorno reforça a necessidade da aplicação de eses, para verificar a esacionariedade da série. Segundo Curo (2003), essa é uma caracerísica enconrada na maior pare dos esudos realizados com séries financeiras. Silva, Sáfadi e Casro Júnior (2005) acrescenam ainda como caracerísicas, os sinais de heerocedasicidade e agrupameno de volailidade a esse ipo de série. Nessa mesma linha, Zhou (2000) afirma que os coeficienes de assimeria e excesso de curose mensuram os desvios da disribuição normal, que em assimeria nula e curose igual a rês. Organizações Rurais & Agroindusriais, Lavras, v. 16, n. 4 (edição especial), p. 481-495, dez. 2014

A influência dos invesimenos direos exernos... 491 Figura 3 Função de auocorrelação e auocorrelação parcial para as séries do reorno do aivo (ROA), reorno sobre parimônio líquido (ROE) e valor econômico adicionado (EVA), após o ajuse do modelo Figura 4 Série original dos valores das ações e série original dos valores dos reornos das ações da empresa JBS Os coeficienes de auocorrelação obidos revelaram um padrão previsível na média condicional dos reornos das ações das empresas adquirenes. O mesmo padrão foi observado para as auocorrelações esimadas para os reornos quadráicos da série. Tais resulados sugerem a evidência de efeios ARCH na variância da série de reorno das ações da empresa. A parir dessas considerações, procedeu-se à eapa de ajuse do modelo para a média da série de reorno das ações. O modelo da classe ARMA ajusado para a média da série de reornos das ações é apresenado na Tabela 5. Organizações Rurais & Agroindusriais, Lavras, v. 16, n. 4 (edição especial), p. 481-495, dez. 2014

492 PESSANHA, G. R. G. e al. Figura 5 Esaísicas descriivas da série de reorno da JBS Tabela 5 Modelos e parâmeros esimados com os modelos ARMA Modelos JBS AR (1) 0.736709 DesvioPadrão 0.1694 Probabilidade 0.0000 MA (1) DesvioPadrão Probabilidade Poseriormene, aplicou-se o ese do ipo de ARCH-Muliplicador de Lagrange (ARCH-LM), proposo por Engle (1982) nos resíduos do modelo da classe ARMA ajusado para a média condicional dos reornos, com o inuio de comprovar a presença de heerocedasicidade na série. A hipóese nula nesse ese é a de não correlação das variâncias nos resíduos do modelo ARMA esimado para os reornos das ações da empresa. A parir dos p-valores apresenados nos resulados verifica-se que o ese Muliplicador de Lagrange para efeios ARCH, indica uma fore presença de auocorrelação dos resíduos do modelo da classe ARMA. Assim, verificase que as caracerísicas esaísicas da série, descrias aneriormene, endossam o ajusameno de modelo de volailidade condicional, como é o caso dos modelos ARCH. Dessa forma, procedeu-se à modelagem desses reornos, por meio dos méodos GARCH e TARCH, os quais incorporam, em seus parâmeros, o padrão heerocedásico da volailidade do reorno dos valores das ações da empresa esudada. Diane da consaação da presença do faor ARCH (ese muliplicador de Lagrange), procedeu-se à modelagem da média (modelos da classe ARMA) e da variância (modelos da classe ARCH), conforme apresenado na Tabela 6. Para verificar os impacos das esraégias de invesimenos direo exerno (IDE) sobre a volailidade da ação e, consequenemene, sobre o risco dos acionisas, foi inroduzida nos modelos uma variável dummy. Tendo-se em visa a realização das modelagens na variância da série de reorno da empresa, reaplicou-se o ese do ipo ARCH-ML a fim de avaliar o ajusameno da variância condicional da série de reorno ao modelo ajusado. O p-valor apresenado pelo ese do ipo Muliplicador de Lagrange demonsrou que o ajusameno para a variância condicional foi saisfaório para a série. Dessa forma, rejeia-se a hipóese de exisência de heerocedasicidade nos resíduos dos reornos após o ajusameno do modelo da família ARCH. Os resulados apresenados indicam que as esraégias de invesimenos direos exernos afeam o comporameno da volailidade da empresa esudada, embora enham apresenado baixo coeficiene, a variável dummy mosrou-se significaiva no modelo ajusado. A relação enre as variáveis esudadas foi direa, ou seja, o IDE apresenou um impaco posiivo sobre a volailidade dos reornos das ações, denoando que al esraégia gera um impaco do mercado acionário da empresa por meio da elevação do risco envolvido nas negociações de suas ações. Organizações Rurais & Agroindusriais, Lavras, v. 16, n. 4 (edição especial), p. 481-495, dez. 2014

A influência dos invesimenos direos exernos... 493 Tabela 6 Modelagem do reorno da empresa JBS ARMA e ARCH Variável esudada: Reorno das ações/jbs Coeficiene DesvioPadrão Esaísica z Probabilidade AR(1) 0.795349 0.13386 0.487390 0.0011 Equação da Variância Consane 0.000001 0.000002 8.749582 0.0000 RESID(-1)^2 0.081204 0.004932 15.04543 0.0000 GARCH(-1) 0.836752 0.007054 127.1344 0.0000 IDE_MP 0.007867 0.000008 3.876987 0.0000 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo dos anos, a inernacionalização em se ornado uma imporane esraégia para as firmas alcançarem seu crescimeno. Mesmo não havendo consenso eórico acerca dos resulados, principalmene gerados por al esraégia, essa se enconra em eságio de franca expansão e emergência em economias em desenvolvimeno. Muios auores êm se dedicado a esudar os impacos de ais esraégias na renabilidade das empresas envolvidas, odavia são raros os esudos que buscam avaliar a relação enre risco e reorno mediane a adoção das écnicas de inernacionalização. Objeivou-se, principalmene,nesa pesquisa, levanar e descrever o impaco das IDE s nas méricas de renabilidade e risco da JBS, empresa do seor alimenício que apresena um dos maiores índices de inernacionalização, segundo o ranking das ransnacionais produzido e divulgado pela Fundação Dom Cabral (2012). Inicialmene, aplicaram-se os modelos da classe ARMA, mais especificamene os modelos de inervenção, para verificar se as esraégias de IDE represenaram uma inervenção capaz de modificar o comporameno das séries emporais de reorno sobre o aivo (ROA), sobre o parimônio liquido (ROE) e sobre o valor econômico adicionado (EVA). Com base nos dados apresenados, é possível afirmar que as operações de IDE podem ser consideradas uma inervenção negaiva nas méricas de renabilidade, ou seja, as operações de IDE foram capazes de alerar e/ou influenciar mudanças no comporameno das séries de renabilidade. Tal consaação já era previsa na eoria financeira, uma vez que o IDE se raa de uma esraégia de invesimeno de longo prazo. Em um segundo momeno, procurou-se avaliar a reação do mercado acionário diane da adoção de projeos de invesimeno no exerior, por isso, esudaramse os impacos do IDE no valor do reorno das ações da JBS. Assim, aplicaram-se os modelos da classe ARCH para verificar se o IDE impacava na volailidade dos reornos da empresa esudada. Os resulados mosraram que a ocorrência do IDE é responsável por gerar um incremeno na volailidade das ações. De maneira geral, pode-se afirmar que, a parir dos dados apresenados, consaou-se que o IDE apresenou um impaco direo sobre a volailidade das ações, incremenando o risco dos acionisas da JBS. Embora apresene um baixo coeficiene, o impaco da variável pode ser refuado pela ala significância esaísica. Os resulados dese esudo esão, em pares, coerenes com a eoria e ouros esudos realizados aneriormene. Com relação ao risco, esá coerene com a eoria, pois os dados revelam que os invesidores reagem aos anúncios de invesimenos exernos e, consequenemene, raduzem essa reação em mudança de comporameno em relação às ações da empresa. Com relação ao reorno, esperava-se que houvesse uma relação direa enre renabilidade e o IDE, odavia observouse o inverso. Tal consaação pode ser jusificada pela naureza do invesimeno, ou seja, a renabilidade de um invesimeno desa naureza não pode ser medido no curo prazo, mas requer um empo de mauração para se consolidar e possibiliar ao invesidor a recuperação do capial invesido e a obenção de lucro. Para finalizar, devem ser ressaladas as limiações dese rabalho, como o resrio número de observações decorrene do curo prazo de operação e o caráer probabilísico dos resulados. De maneira geral, os resulados obidos nese rabalho visam conribuir e recolocar em discussão a imporância de se mensurar e avaliar a renabilidade e o risco de um ema de crucial imporância para o gerenciameno de projeos de Organizações Rurais & Agroindusriais, Lavras, v. 16, n. 4 (edição especial), p. 481-495, dez. 2014

494 PESSANHA, G. R. G. e al. invesimenos exernos. Nesse senido, orna-se necessário o aprimorameno e inensificação dos esudos, visando oferecer um supore eórico e empírico para os omadores de decisões, especialmene em relação às políicas relacionadas ao conrole ou incenivos aos ingressos de IDE no país. 6 Referências Acheampong, G.; Kumah, B. Impac of firm-level facors and marke enry mode on performance: a sudy of service MNCs in an emerging economy. Managemen Science Leers, Vancouver, v. 2, n. 2, p. 631-646, 2012. Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimeno. Crescimeno pulverizado do invesimeno direo esrangeiro em 2006: noa para a imprensa, UNCTAD/PRESS/PR/2007/029, 16 de ouubro de 2007. Geneva, 2007.. FDI policies for developmen: naional and inernaional perspecives: world invesmen repor. Disponível em: <hp://uncad.org/en/docs/wir2003ligh_ en.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2012a.. UNCTADsa. Disponível em: <hp://uncadsa. uncad.org/reporfolders/reporfolders.aspx?scs_ referer=&scs_chosenlang=en>. Acesso em: 28 ou. 2012b. ALBUQUERQUE, R. The composiion of inernaional capial flows: risk sharing hrough foreing direc invesmen. Journal of Inernaional Economics, Wisconsin, v. 61, p. 353-383, 2003. BOLLERSLEV, T. Generalized auoregressive condiional heerocedasiciy. Journal of Economerics, Amserdam, v. 31, p. 307-327, 1986. Bollerslev, T.; Wooldridge, J. Quasi-maximum likelihood esimaion and inference in dynamic models wih ime varying covariances. Economeric Reviews, Alana, v. 11, p. 143-172, 1992. BORGATTO, A. F.; SÁFADI, T. Análise de inervenção em séries emporais: aplicações em ranspore urbano. Revisa Brasileira de Esaísica, Rio de Janeiro, v. 61, n. 215, p. 81-102, 2000. BOX, G. E. P.; TIAO, G. C. A change in level of non saionary ime-series. Biomerika, London, v. 52, n. 1/2, p. 181-192, 1965. BROOKS, C. Inoducory economerics for finance. Cambridge: Cambridge Universiy, 2002. COAD, A. Firm growh: a survey. Jena: Max Planck Insiue of Economics, Evoluionary Economics Group, 2007. (Papers on Economics and Evoluion, 3). CURTO, J. J. D. Disribuições de pareo esáveis: aplicação aos índices PSI20, DAX e DJIA. In:. Méodos quaniaivos. 3. ed. Lisboa: Sílabo, 2003. p. 107-129. DEBAERE, P.; HONGSHIK, L.; JOONHYUNG, L. I maers where you go Ouward foreign direc invesmen and mulinaional employmen growh a home. Journal of Developmen Economics, London, v. 91, p. 301-309, 2010. DICKEY, D. A.; FULLER, W. A. Likelihood raio saisics for auo-regressive ime series wih a uni roo. Economeria, Oxford, v. 49, n. 4, p. 1057-1073, 1981. DUNNING, J. H. Alliance capialism and global business. London: Rouledge, 1997. ENGLE, R. F. Auoregressive condiional heeroskedasiciy wih esimaes of he variance of Unied Kingdom Inflaion. Economérica, Oxford, v. 50, n. 4, p. 986-1008, 1982. FIROOZI, F. Mulinaionals FDI and uncerainy: an exposiion. Journal of Mulinaional Financial Managemen, Vicoria, v. 1997, p. 265-273, 1997. FUNDAÇÃO DOM CABRAL. Ranking das ransnacionais brasileiras: repensando as esraégias globais. Disponível em: <hp://www.fdc.org.br/p/ Documens/ranking_ransnacionais_2011.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2012. GLASS, G. V. Esimaing he effecs of inervenion ino a non-saionary ime series. American Educaional Research Journal, Washingon, v. 9, n. 3, p. 463-477, 1972. GLOSTEN, L. R.; JAGANATHAN, R.; RUNKLE, D. E. On he relaion beween he expeced value and he volaily of he nominal excess reurns on socks. The Journal of Finance, Chicago, v. 48, p. 1779-1801, 1993. Organizações Rurais & Agroindusriais, Lavras, v. 16, n. 4 (edição especial), p. 481-495, dez. 2014

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