EFEITO DO ESTRATO ALCOÓLICO DE PRÓPOLIS SOBRE O DESEMPENHO DE COELHOS JOVENS 1 Dranka, Bruno Alcimar 2 ; Martins, Carlos Eduardo Nogueira 3 ; Silva, Aryadne Cristina 2 INTRODUÇÃO A demanda de carne de coelhos é crescente por ser uma alternativa saudável à alimentação do homem. Dentre suas qualidades dietéticas destacam-se a proteína de alto valor biológico e o baixo teor de gordura (Russo et al., 1998). O fato do coelho possuir aparelho digestivo desenvolvido, principalmente o ceco, com ativa ação microbiana, resulta em uma alta capacidade de aproveitamento de nutrientes quando comparado a suínos e aves (Ferreira et al., 1997), por outro lado a microbiota do trato digestivo possui uma ação significativa no estado sanitário dos animais e nos parâmetros zootécnicos dos mesmos relacionados aos microorganismos. Por suas propriedades biológicas, a própolis surge como alternativa no combate a estes microorganismos oferecendo vantagens por ser um produto natural e de baixo custo quando comparada a quimioterápicos(garcia et al., 2004). As investigações sobre as propriedades antibióticas da própolis têm sido conduzidas sobre tudo na área médica e veterinária, onde o produto tem demonstrado uma eficiente atividade bacteriostática e bactericida em relação a diversos gêneros de bactérias, porém poucos trabalhos, de ordem zootécnica, têm sido realizados, considerando-se as respostas dos animais, relacionadas a algumas dessas atividades biológicas (Coelho et al., 2010). MATERIAL E MÉTODOS O projeto foi realizado na unidade de ensino aprendizagem (UEA) em Cunicultura do Instituto Federal Catarinense Campus Araquari. Os animais experimentais eram láparos 1 Projeto realizado com apoio do CNPq-Brasil. 2 Discente do Instituto Federal Catarinense-Campus Araquari. Curso Técnico em Agropecuária. Bolsista PIBITI. 32 Docente Discente do Instituto Federal Catarinense, Catarinense-Campus Câmpus Araquari. Curso Medicina Técnico em Veterinária. Agropecuária. E-mail: Bolsista PIBITI. 3 Docente do Instituto Federal Catarinense, Câmpus Araquari. Curso Medicina Veterinária. E-mail: carlos.martins@ifc-araquari.edu.br
mestiços das raças Nova Zelândia, Negro e Fogo, Califórnia e Chinchila com peso vivo médio inicial de 669 gramas. Os tratamentos testados foram: TC: água normal; EAP1: 8,62 ml de Extrato Alcoólico de Própolis (EAP)/L de água. Os tratamentos foram distribuídos nas unidades amostrais de forma aleatória sendo o EAP adicionado semanalmente nos bebedouros de garrafa com bico tipo nipple durante o período experimental que foi do desmame aos 60 dias de vida. A própolis foi coletada de colônias de abelhas africanizadas Apis mellifera L., localizadas na UEA de apicultura do Instituto Federal Catarinense Campus Araquari. Forneceu-se 200 g de ração por animal por dia, em comedouros de barro. Semanalmente, calculou-se o consumo de ração pela diferença entre o fornecido e a sobra. Os bebedouros eram preenchidos completamente sempre que o nível estivesse baixo. O consumo de água foi calculado pela diferença entre o fornecido e a sobra. A pesagem dos animais aconteceu semanalmente. O ganho médio diário de peso dos animais foi obtido pela diferença entre o peso no início e no final do período experimental dividido pelo número de dias do período experimental. A conversão alimentar foi obtida pela razão entre a quantidade de ração consumida pelo ganho de peso vivo no período experimental. A taxa de mortalidade foi calculada pela diferença entre o número de animais vivos no início e o número de animais mortos no final do período experimental dividido pelo total de animais vivos no início do período experimental, sendo o valor encontrado multiplicado por 100. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com cinco repetições por tratamento. O programa estatístico JMP foi utilizado para comparar as médias dos tratamentos pelo teste de Student ao nível de significância de 5%. RESULTADOS E DISCUSSÃO Não houve interação tratamento e período para nenhuma das variáveis estudadas. Em relação ao consumo de ração houve diferença (P=0,02) entre os tratamentos sendo 1176,38 e 1209,02 g para animais que receberam própolis e os que não receberam, respectivamente. Nos dois últimos períodos o consumo de ração foi superior aos demais em decorrência do aumento da exigência nutricional dos animais. O primeiro período foi superior ao segundo e terceiro, provavelmente, pelo estresse causado pelo desmame que acarretou em um maior consumo de ração. O consumo de água não teve influência do uso de própolis sendo de 739,52 e 763,12 ml para o tratamento com e sem o uso de própolis, respectivamente. Observou-se diferença 2
(P=0,01) no consumo de água entre os períodos (TABELA 1). O consumo de ração diferiu entre os períodos (P=0,01) e, também, entre os tratamentos, sendo de 1.177,0 e 1.208,4 kg com e sem própolis, respectivamente. Tabela 1 Consumo de ração e água, ganho de peso vivo, ganho médio diário e conversão alimentar de coelhos dos 30 aos 60 dias de idade recebendo extrato de própolis (EAP1) ou água normal (TC) entre os dias 29/07 e 01/09/2013. Consumo Tratamento Ração (g) Água (ml) GPV (g) GMD (g) CA Período 29/07 a 04/08 EAP1 1183 611,8 134 19,14 10,81 TC 1200 659,2 148 21,14 9,91 Média 1191,5 B 635,5 B 141,00 B 20,14 B 10,36 Período 05/08 a 11/08 EAP1 1131 583 131 18,71 9,12 TC 1141 600 168 24,0 7,00 Média 1136,0 BC 591,5 B 149,50 B 21,36 B 8,06 Período 12/08 a 18/08 EAP1 1085 810 211 30,14 5,18 TC 1147 805,6 231 33,0 5,02 Média 1116,0 C 807,8 A 221,00 A 31,57 A 5,10 Período 19/08 a 25/08 EAP1 1239 871,2 155 22,14 11,47 TC 1265 856 230 32,85 5,63 Média 1252,0 A 863,6 A 192,5 AB 27,50 AB 8,56 Período 26/08 a 01/09 EAP1 1247 821,6 195 27,86 8,32 TC 1289 894,8 107 15,28 8,80 Média 1268,0 A 858,2 A 151,00 B 21,57 B 8,56 Médias com letras iguais nas linhas não diferiram ao nível de significância de 5%. O consumo de água não teve influência do uso de própolis sendo de 739,52 e 763,12 ml para o tratamento com e sem o uso de própolis, respectivamente. Observou-se diferença (P=0,01) no consumo de água entre os períodos, apresentando o mesmo comportamento do consumo de ração (TABELA 1). Assim como o consumo de água, o ganho de peso vivo não foi influenciado pelo uso do própolis, apresentando médias de 165,2 e 176,8 g para o tratamento com e sem própolis, respectivamente. Entre os períodos identificou-se um maior ganho de peso no terceiro e 3
quarto período (P=0,03), efeito que pode estar associado as duas primeiras semanas de adaptação do animal pós-desmame. O ganho médio diário apresentou (GMD) o mesmo comportamento do ganho de peso vivo, ou seja, sem diferença (P>0,01) entre os tratamentos sem (25,25 g) e com (23,6 g) uso de própolis. A conversão alimentar não apresentou diferença entre os tratamentos sem (7,27 g) e com (8,98 g) uso de própolis na água, nem entre os períodos (TABELA 1). Observou-se diferença (P=0,001) entre os períodos no segundo lote avaliado, o que deve-se a mudança de exigência dos animais conforme o seu crescimento corporal. A variável consumo de água diferiu entre tratamentos (1012,0 e 807,5 ml para os tratamentos sem e com própolis) e entre períodos (P=0,01), como pode ser observado na tabela 2. Tabela 2 Consumo de ração e água, ganho de peso vivo, ganho médio diário e conversão alimentar de coelhos dos 30 aos 60 dias de idade recebendo extrato de própolis (EAP1) ou água normal (TC), entre os dias 05/09 e 09/10/2013. Consumo Tratamento Ração (g) Água (ml) GPV (g) GMD (g) CA Período 05/09 a 11/09 EAP1 1289 593,6 192 27,43 7,1 TC 1257 748,0 231 33,03 5,5 Média 1275 C 662,2 B 209,4 B 29,9 B 6,4 B Período 12/09 a 18/09 EAP1 1317 1052,0 220 31,43 6,3 TC 1324 1144,4 253 36,14 5,3 Média 1320,5 B 1098,2 A 236,5 AB 33,8 AB 5,8 B Período 19/09 a 25/09 EAP1 1324 588,8 191 b 27,3 b 7,6 TC 1354 874.4 308 a 44,0 a 4,6 Média 1339,2 AB 731,6 B 249,5 AB 35,6 AB 6,1 B Período 26/09 a 02/10 EAP1 1340 939,3 315 45,0 4,3 TC 1353 1130,4 282 40,3 4,8 Média 1348,1 AB 1058,7 A 294,4 A 42,05 A 4,6 B Período 03/10 a 09/10 EAP1 1372 1080 107 15,3 15,8 TC 1365 1110 116 16,6 12,1 Média 1367,1 A 1101,4 A 113,5 C 16,2 C 13,2 A Médias com letras iguais nas linhas não diferiram ao nível de significância de 5%. As variáveis ganho de peso vivo (GPV) e ganho médio diário (GMD) apresentaram interação entre tratamento e período (P=0,05). Podemos observar na tabela 2 que os tratamentos diferiram para estas variáveis no terceiro período. Esta diferença deve-se a troca 4
do própolis utilizado, pois ao invés do própolis extraído com álcool de cereal foi usado, por engano, o de álcool comum. Este erro ocasionou a morte de dois animais do tratamento com uso de própolis. No tratamento sem própolis não houve mortalidade. A análise estatística utilizando a abordagem de modelos mistos com medidas repetidas no tempo, pois desta forma se levaria em conta o efeito da variabilidade de cada animal no resultado final. Após esta análise foi possível verificar uma redução no erro padrão da média demonstrando que esta abordagem reduz a variabilidade dos dados levando a uma modificação na interpretação dos resultados, como por exemplo, no lote um não foi observada diferença entre os períodos como na análise anterior só com efeitos fixos. CONCLUSÕES A partir do resultado da pesquisa conclui-se que as variáveis avaliadas entre os animais que receberam água com e sem uso do extrato alcoólico de própolis não houve grandes variações. O uso de modelos mistos deve ser preconizado por reduzir a variabilidade entre as unidades amostrais. REFERÊNCIAS COELHO, M. S.; SILVA, J.H.V.; OLIVEIRA, E.R.A.; AMÂNCIO, A.L.L.; SILVA, N.V.; LIMA, R.M.B. A própolis e sua utilização em animais de produção. Arch. Zootec., 59: 95-112. 2010. FERREIRA, W.M.; SARTORI, A.L.; SANTIAGO, G.S.; VELOSO, J.A.F. Digestibilidade aparente dos fenos de rami (Boehmeria nivea, G.), guandu (Cajanus cajan, L.), soja perene (Glycine wightii, V.) e da palha de feijão (Phaseolus vulgaris, L) em coelhos na fase de crescimento. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., 49: 465-472. 1997. GARCIA, R.C.; PINHEIRO DE SÁ, M.E.; LANGONI, H.; FUNARI, S.R.C. Efeito do extrato alcoólico de própolis sobre o perfil bioquímico e o desempenho de coelhos jovens. Acta Scient. Anim. Sci., 26: 57-67. 2004. RUSSO, C.; PREZIUSO, G.; PACI, G.; CAMPODONI, G.; MARZONI, M. Effetto della linea paterna, dell'età di macellazione e del sesso sul profilo acidico della carne di coniglio. Riv. Coniglicoltura, 35: 29-32. 1998. 5