Aulas 12 e 13/04 Métodos de Alfabetização Conceito de método Os métodos tradicionais de alfabetização Métodos de marcha sintética Métodos de marcha analítica Método Global Métodos mistos ou analítico-sintéticos
Conceito de método Caminho para atingir um fim Ação intencional na qual o educador relaciona cada ato, procedimento, atividade pedagógica com os resultados esperados Metodologia = estudo dos métodos Técnica = forma considerada mais eficaz para realizar uma atividade
Os primeiros métodos usados para alfabetizar foram os de marcha sintética (iam da "parte para o "todo ) O mais antigo é o da soletração ou letração (alfabético), utilizado já pelos gregos há 2.500 anos. Começa apresentando o nome das letras, que depois de decoradas são usadas para formar sílabas e palavras. Ex: b+a=ba
Métodos de marcha sintética Letração Parte das letras, ensinando depois a juntar para formar sílabas e letras. Não é propriamente um método. Silabação Parte das sílabas para formar palavras e frases. Destaca a primeira letra dentro da sílaba. Fonético ou Fônico
Iniciam o ensino da leitura/escrita com a apresentação das letras e seus nomes (método da soletração/alfabético), ou de seus sons (método fônico), ou das famílias silábicas (método da silabação), sempre de acordo com certa ordem seja a ordem alfabética, seja uma ordem crescente de dificuldades lingüísticas ou ortográficas.
Exemplo de procedimento de ensino no método sintético da silabação:
Psicologia das faculdades mentais o indivíduo precisa desenvolver capacidades e habilidades de uso do cérebro assim como qualquer parte do corpo: discriminação auditiva e visual, coordenação motora, memória, raciocínio lógico, etc. Cada uma dessas capacidades requer um treino específico. Essa é a base do chamado período preparatório e dos testes de prontidão
Vantagens dos métodos sintéticos Simplicidade para o(a) alfabetizador(a) requerem menor grau de conhecimento linguístico e pedagógico Oferecem uma sequencia bem estruturada de trabalho, com lições que se sucedem em uma ordem pré-determinada Facilitam a avaliação e o acompanhamento do progresso dos alunos
Processo lento, que exige grande esforço de memorização A leitura e a escrita são feitas mecanicamente sem compreensão do significado das palavras Os alfabetizando têm dificuldade com as sílabas mais complexas Os alunos não desenvolvem o gosto pela leitura e pela produção de textos
A partir de 1890 com a reforma da instrução pública no Estado de São Paulo, torna-se obrigatória sua utilização. Influência da Pedagogia norte-americana No método analítico, o ensino da leitura deveria ser iniciado pelo todo, para depois se proceder à análise de suas partes constitutivas. Há diferentes variações, dependendo do que se considera o todo : a palavra, a sentença ou a "historieta (conto). O processo baseado na "historieta" foi institucionalizado em São Paulo, mediante a publicação do documento Instrucções praticas para o ensino da leitura pelo methodo analytico modelos de lições. (Diretoria Geral da Instrução Pública/SP [1915]).
Métodos de marcha analítica Palavração Parte de palavras-chave que são decompostas em sílabas e (eventualmente) em letras. Recorre em geral à associação da palavra com uma imagem. Sentenciação Parte das frases (geralmente com sentido moral) e decompõe em palavras, sílabas e letras. Contos ou historietas Parte do de uma pequena história escrita, destacando palavras e partes menores.
Método global Conto ou historieta Parte de uma pequena história escrita, destacando palavras. Não existe a decomposição de palavras em partes menores. Os alunos aprender a reconhecer as palavras pelo todo (gestalt) sem fazer a oralização (decodificação).
Vantagens dos métodos analíticos A criança tem contato com textos logo no início da alfabetização Incentivam a criança a desenvolver estratégias de descoberta a partir do material de leitura, estimulando a curiosidade e o interesse Estimulam o gosto pela leitura e a compreensão do que é lido
As crianças adivinham as palavras em vez de ler Ênfase excessiva na leitura, deixando de lado a escrita Os textos de leitura são artificiais, produzidos pelo professor ou autor das cartilhas Os alunos decoram palavras e frases, mas não aprendem a ler ou escrever palavras novas
Parte de uma unidade de significado (palavra, frase ou pequeno texto), trabalha a decomposição dessa unidade (fase analítica) e depois a formação de novas palavras, frases ou textos (fase sintética)
Exemplo de método que usa um processo misto (analítico-sintético): MÉTODO PAULO FREIRE ETAPAS: 1. CODIFICAÇÃO LEVANTAMENTO DO UNIVERSO CULTURAL E TEMÁTICO 2. DECODIFICAÇÃO - DEBATE NO CÍRCULO DE CULTURA 1. ANÁLISE DA PALAVRA GERADORA 2. FORMAÇÃO DE NOVAS PALAVRAS FICHA DA DESCOBERTA 1. PRODUÇÃO DE FRASES E TEXTOS
1. ESCREVE-SE A PALAVRA INTEIRA. Ex.: TIJOLO 2. ESCREVE-SE A MESMA PALAVRA COM AS SÍLABAS SEPARADAS: TI - JO LO 3. APRESENTAM-SE AS "FAMÍLIAS SILÁBICAS" DA PALAVRA QUE ESTÁ SENDO DECODIFICADA: TA - TE - TI - TO - TU JA - JE - JI - JO - JU LA - LE - LI - LO LU 4. APRESENTAM-SE AS VOGAIS: A - E - I - O - U 5. O ALFABETIZANDO FORMA NOVAS PALAVRAS COM ESSAS SÍLABAS. ESTE CONJUNTO DAS "FAMÍLIAS SILÁBICAS" DA PALAVRA GERADORA E DAS VOGAIS É DENOMINADO "FICHA DA DESCOBERTA, POIS ELE PROPICIA AO ALFABETIZANDO JUNTAR OS "PEDAÇOS", ISTO É, FAZER NOVAS COMBINAÇÕES DE SÍLABAS QUE NECESSARIAMENTE DEVEM FORMAR PALAVRAS DA LÍNGUA PORTUGUESA. Exs: TELA, LATA, LUTA, LUTOU, TIA, etc.
Críticas baseadas na Escola Nova e no Construtivismo: Os métodos tornam o processo mecânico, tolhem a liberdade do aluno e do professor Desconsideram os processos de elaboração da criança e suas etapas de evolução São baseados no ponto de vista do adulto sobre a linguagem escrita Consideram a escrita apenas como transcrição da fala
Críticas baseadas na Pedagogia Libertadora de Paulo Freire: Os métodos tradicionais desconsideram a realidade social dos educandos Os textos e as palavras usados na alfabetização são alienados (ocultam a realidade de exploração e dominação) São baseados na cultura dominante (do opressor) e abafam o desenvolvimento da cultura popular Consideram a escrita apenas como um fenômeno lingüístico e psicológico e não histórico e social
Questões para refletir 1. Alfabetizar é uma questão de métodos? 2. Existe um método que seja o melhor? 3. O(a) alfabetizador(a) precisa adotar um método ou pode criar seu próprio método? 4. Procure identificar qual o método pelo qual você foi alfabetizado(a).