Alfabetização Habilidades básicas para aquisição da leitura e da escrita
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- Baltazar Vilanova Teves
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1 Alfabetização Habilidades básicas para aquisição da leitura e da escrita Dr. Fábio Henrique Pinheiro Curso: Neurologia Infantil, Ensino e Inclusão A interface com a educação. Botucatu 2016
2 Habilidades básicas ou pré-requisitos necessários para a alfabetização A aprendizagem requer alguns pré-requisitos desenvolvidos na infância, cada um em seu tempo próprio. A aquisição destas habilidades não se dá de forma espontânea, é necessário que a criança seja estimulada, de acordo com a fase do desenvolvimento em que se encontra.
3 Esquema Corporal Conhecimento adequado do corpo é indispensável para qualquer tipo de aprendizagem. Pré-requisito para que a criança torne o seu corpo um ponto de referência estável. É o seu corpo que servirá como base para a aprendizagem de todos os conceitos indispensáveis à alfabetização.
4 Lateralidade: O conceito de direita e esquerda é importante para o processo de alfabetização, pois está intrinsecamente ligado ao conceito de imagem corporal, permitindo à criança distinguir os lados em si, nas outras pessoas e nos objetos. Dificuldades podem implicar em confusões na orientação espacial, na discriminação de letras que diferem quanto à posição espacial, bem como, em relação ao sentido direcional da leitura e da escrita. Contribua para a escrita em espelho.
5 Orientação Espacial Relação entre o objeto e o observador. Crianças que iniciam o processo de alfabetização sem possuírem as noções de posição e orientação espacial podem apresentar: Confusão de letras que diferem - orientação espacial; Dificuldades em respeitar a ordem de sucessão das letras nas palavras e das palavras nas frases; Dificuldades para locomover os olhos durante a leitura; Não respeita a direção horizontal do traçado;
6 Não respeita os limites da folha; Dificuldades para se organizar, esbarra nos objetos ou pessoas quando se locomove e; Indecisões quando tem de se desviar de um obstáculo não sabendo para que lado ir.
7 Orientação temporal O domínio de conceitos como (ontem, hoje, amanhã, dia, mês, ano, horas, estações do ano, etc.) permite a orientação no tempo durante a realização de atividades. A ausência da orientação temporal pode causar: Dificuldades na pronúncia e na escrita de palavras, trocando a ordem das letras ou invertendo-a; Dificuldades na retenção de uma série de palavras dentro da sentença;
8 Dificuldades na utilização dos tempos verbais; Problemas na correspondência dos sons com as respectivas letras que os representam (ditado).
9 Ritmo Noção de duração e sucessão, no que diz respeito à percepção dos sons no tempo. A importância de trabalhar com o ritmo é fornecer à criança a percepção da ocorrência dos sons e das pausas (duração e sucessão). A falta de habilidade rítmica pode ser a causa de uma leitura lenta e silabada, falta de pontuação e entonação durante a leitura, não respeitar os espaços em branco entre as palavras e o ordenamento das letras durante a escrita.
10 Análise-síntese visual e auditiva É um dos pré-requisitos mais importantes para a aprendizagem da língua escrita. A língua portuguesa é uma língua alfabética, ou seja, cada letra representa um determinado som. A leitura inicial ou decodificação das palavras impressas em um livro, geralmente, ocorre através de um processo analítico-sintético. A criança ao ver uma palavra deve decompô-la em suas partes constituintes (análise) e recompô-las, unindo as partes ao todo (síntese).
11 Dificuldades neste processo ocasionam problemas em conseguir dominar o arranjo das letras ou sílabas para formar outras palavras. Ex.: Palavra visualizada: CAMISA Análise: CA-MI-SA Síntese: CAMISA
12 Habilidades visuais O perfeito funcionamento dos olhos já é, por si só, um pré-requisito muito importante para o aprendizado da leitura e da escrita. É de suma importância um treinamento específico em percepção e discriminação de semelhanças e diferenças; percepção de formas e tamanhos (diferentes grafias, por ex.); percepção de figura-fundo e memória visual. A ocorrência de falhas na discriminação de figura-fundo e a atenção, prejudicarão a decodificação e a memorização correta.
13 Coordenação viso-motora Implica na completa integração entre a visão e os movimentos do corpo. As crianças que não conseguem coordenar os movimentos da mão com o movimento ocular terão dificuldades em todas as atividades que envolvam a coordenação viso-motora (olho-mão). Dificuldades na noção da sequencia na execução da produção gráfica.
14 Percepção Visual Déficit do processamento visual Atraso no desenvolvimento da percepção visual Dificuldade nas habilidades visomotora Coordenar a visão com os movimentos do corpo Reconhecimento de objetos Aquisições básicas de tamanho, forma e orientação Processos da atividade mental e aprendizagem Comprometimento do desenvolvimento normal
15 Habilidades auditivas Habilidades responsáveis por receber e conduzir informações auditivas ao cérebro para análise e comparação com outras informações e armazenadas na memória. Não captar de forma adequada as estimulações ambientais faz com que o cérebro lide com informações distorcidas, não havendo possibilidade de criar padrões fixos de respostas para as estimulações que são recebidas. É necessário que haja uma estimulação no nível de discriminação de sons, de figura-fundo e memória auditiva.
16 Linguagem oral Constitui um pré-requisito que serve de alicerce à aprendizagem gráfica. A criança que apresenta dificuldades em pronunciar corretamente as palavras) poderá apresentar sérios obstáculos no aprendizado da leitura e escrita. A falta de associação entre os sons que ouve com os movimentos articulatórios necessários a sua reprodução oral, também gera dificuldades, pois a criança não consegue associar os sons falados e ouvidos aos movimentos gráficos que os representam na linguagem escrita.
17 Consciência Fonológica A CF envolve a capacidade de identificar, isolar, manipular, combinar e segmentar mentalmente, e de forma deliberada, os segmentos fonológicos da língua (Alves, Freitas & Costa, 2007; Nascimento, 2009). Esta competência compreende dois níveis: Consciência de que a língua falada pode ser segmentada em unidades distintas: a frase pode ser segmentada em palavras, as palavras em sílabas e as sílabas em fonemas; Consciência de que estas unidades se podem repetir em diferentes palavras; (Byrne & Fielding-Barnsley, 1989 cit. por Nascimento, 2009)
18 1. Noção de palavra Também denominada por consciência sintática, requer a capacidade de segmentar a frase em palavras, bem como, de organizá-las numa frase, de forma a dar-lhe sentido. 2. Noção de rima Capacidade de identificar sons finais das palavras. Esta capacidade é um nível natural e espontâneo da CF que integra precocemente as vivências das crianças através de músicas, histórias e brincadeiras. 3. Aliteração Capacidade de identificar ou repetir a sílaba ou fonema na posição inicial das palavras (Nascimento, 2009).
19 4. Consciência silábica Capacidade de segmentar palavras em sílabas, exigindo a execução de dois processos: identificação e a discriminação de sílabas. Reflete a capacidade de realizar atividades de segmentação, aliteração, síntese e manipulação. 5. Consciência fonemica Capacidade para manipular e isolar as unidades sonoras que constituem a palavra. Capacidade de segmentar, omitir ou substituir fonemas em palavras, bem como de evocar palavras com base no fonema inicial. Capacidade de identificar, isolar, manipular, combinar e segmentar mentalmente, e de forma deliberada, os segmentos fonológicos da língua (Nascimento, 2009).
20 Função social da escrita e da leitura As crianças que vivem em uma sociedade letrada observam os atos de leitura e escrita dos adultos, assim buscam compreender seus diferentes usos e funções, formulando hipóteses. A criança deve descobrir que escrita serve para auxiliar a memória, expressar sentimentos, comunicar-se, organizar idéias, divertir-se e muitas outras utilidades práticas. Conhecer diferentes tipos de letras e saber usá-las em práticas diferenciadas. Entender como estes sinais se organizam representando o que se pretende escrever e seguir as características culturais.
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22 Leitura A leitura envolve componentes de: decodificação e compreensão. Decodificação Processos de reconhecimento da palavra escrita se refere a um processo que permite transformar os signos ortográficos das palavras escritas em linguagem. Compreensão Processo em que as palavras, sentenças ou textos são interpretados.
23 A relação entre decodificação e compreensão de leitura ocorre porque: Quanto maior a rapidez na identificação de palavras maior é a capacidade que a memória de trabalho tem para se dedicar às operações de análise sintática + de integração semântica dos constituintes da frase + de integração das frases na organização textual = compreensão da leitura
24 Desenvolvimento da leitura A criança desenvolve a leitura em 3 estágios: Estágio Logográfico (Reconhecimento estritamente visual, em bloco, suas partes não importam) Estágio Alfabético (Acesso ao léxico mental, Memória de trabalho e Consciência Fonológica) Estágio Ortográfico (Uso da rota lexical, análise das palavras em unidades ortográficas). (Frith, 1985)
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26 Sistema de Escrita Sistema de meios gráficos empregados, com o propósito de produzir enunciados escritos aceitáveis numa dada comunidade linguística. Tais meios incluem não apenas grafemas (letras), mas também as marcas diacríticas, compartilhando com os grafemas seus lugares segmentais nos enunciados escritos, mas também os meios estabelecidos de combinar mutuamente tais grafemas (regras grafotáticas) Scliar-Cabral (2003)
27 Sinais: cedilha, til, Uma ou mais letras Sistema trema, acento de meios gráficos empregados, representando com o propósito de produzir enunciados um fonema escritos aceitáveis numa dada comunidade linguística. Tais meios incluem não apenas grafemas (letras), mas também as marcas diacríticas, compartilhando com os grafemas seus lugares segmentais nos enunciados escritos, mas também os meios estabelecidos de combinar mutuamente Lugares que tais grafemas (regras grafotáticas) agudo, circunflexo. Determinam as combinações possíveis dos grafemas posições. Ex.: t+r / r+t correspondem a fonema. Ex.: sc = /s/ em nascer Scliar-Cabral (2003)
28 Estágios do Desenvolvimento da escrita (Primeira Parte do desenho à escrita)
29 1ª fase O começo da auto expressão gráfica Etapa da Garatuja (1 a 4 anos)
30 1ª Garatuja Desordenada Não há consciência da relação traço-gesto. A criança não tem noção do que faz. O prazer esta em explorar o material (risca o chão, portas, o próprio corpo e seus brinquedos).
31 Inicialmente faz uso de figuras abertas. Todo o corpo acompanha o movimento (em bloco). Usa o risco na vertical, horizontal, marcando o espaço, vai e vem). Não usa pulsos nem dedo para controlar o lápis.
32 2ª Garatuja Ordenada (Por volta dos dois anos) A criança descobre a relação traço-gesto, passando a olhar para o que faz.
33 Inicia o controle de tamanho, da forma e a localização dos desenhos no papel. Inicia o fechamento de suas figuras por meio de formas circulares ou espiraladas. A partir de três anos começa a segurar o lápis como adulto e passa a copiar intencionalmente um círculo, mas não um quadrado.
34 3ª Garatuja Nomeada (Por volta dos três anos) Ocorre a passagem do pensamento sinestésico (motor) ao imagético (imagem) frente ao desenho. Representa intencionalmente um objeto concreto através de uma imagem gráfica.
35 Distribui melhor o traço no papel, descreve verbalmente o que faz (até mesmo anuncia); Utiliza movimentos circulares associados a movimentos verticais fazendo com que a criança passe a dar forma a uma figura humana. Início da Percepção de Detalhes
36 2ª Fase Pré Esquemático (4 a 6 anos) A criança passa a estabelecer relação entre o nível gráfico e o que se constrói definitivamente.
37 Estabelecimento de uma relação significantesignificado. Brincadeira simbólica e a linguagem já estão bem organizadas, a gráfica somente agora começa a se estruturar. Essa organização por meio da combinação de formas circulares e longitudinais, formando figuras reconhecíveis.
38 Estágios do Desenvolvimento da escrita (Segunda Parte Escrita)
39 Nível Pré Silábico ELEFANTE FORMIGA
40 Nível Pré Silábico Nos dois primeiros níveis de evolução da escrita não há registro de traços no papel com a intenção de realizar o registro sonoro. 1º nível - Escrita Indiferenciada 2º nível - Diferenciação da Escrita
41 1º nível - Escrita Indiferenciada Baixa diferenciação entre a grafia de uma palavra e outra. Traços semelhantes entre si. Dependendo do tipo de escrita com a qual a criança teve maior interação. Os grafismos podem ser constituídos de traços descontínuos ou com maior continuidade.
42 1º nível Diferenciação da Escrita Tentativa sistemática de criar diferenciação entre os grafismos. A hipótese da quantidade mínima dos caracteres que devem compor uma escrita e a necessidade de variá-los são exigências presentes, entretanto acresce-se o uso da intenção de objetivar as diferenças dos significados das palavras.
43 Neste 1º Nível de construção da escrita a criança realiza em síntese: A determinação dos critérios que lhes permitem diferenciar os dois modos básicos de representação gráfica: o desenho e a escrita. Concluem que não é o tipo de linha que permite distinguir entre o desenho e a escrita e sim sua organização.
44 Exemplo Linearidade maior que arbitrariedade Arbitrariedade, não segue as linhas do objeto, refere-se a organização da escrita. As letras não reproduzem as formas do objeto.
45 Nesse primeiro nivel outros critérios a serem adquiridos são: quantidade e qualidade. Quantas Letras?? F A O E I
46 2º Nível Hipótese Silábica Tentativa de estabelecer relações entre o contexto sonoro da linguagem e o contexto gráfico da escrita (registro). Atribui a cada letra ou marca escrita o registro de uma sílaba falada. EX: Macaco AAO / AAA
47 Superação global entre a forma escrita e a forma oral fazendo com que pela primeira vez se trabalhe com a hipótese de que a escrita representa partes sonoras da fala. Percepção da relação entre linguagem oral e linguagem escrita.
48 3º Nível Hipótese Silábico-Alfabética Utilização das hipóteses silábica e alfabética da escrita ao mesmo tempo. Transição em que a criança sem abandonar a hipótese anterior, ensaia em alguns segmentos a análise da escrita em termos de fonemas.
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50 4º Nível Hipótese Alfabética Nessa fase a criança já venceu todos os obstáculos conceituais para a compreensão da escrita, ou seja, cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a sílaba, e realiza sistematicamente uma análise sonora dos fonemas das palavras que vai escrever.
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52 Problemas de Aprendizagem Habilidades Acadêmicas Básicas - Leitura - Escrita - Ortografia - Aritmética - Linguagem (compreensão e expressão).
53 Obrigado pela atenção!!!
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