PENSAR OS MOVIMENTOS SOCIAIS E AS MANIFESTAÇÕES SOCIAIS, ATRAVÉS DO PROJETO JOVEM SENADOR

Documentos relacionados
SOCIOLOGIA 1ª SÉRIE 11-SOCIOLOGIA

Material de divulgação da Editora Moderna

PLANO DE ESTUDOS SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

CURRÍCULOS E PROGRAMA

A MATEMÁTICA EM TODA PARTE: O CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA

Proposta Curricular de Duque de Caxias

Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem. (Mário Quintana).

EMENTA OBJETIVOS DE ENSINO

PROGRAMA DO CURSO EMENTA DA DISCIPLINA:

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

ARTE: ESPAÇO DE CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SANTOS, Scheila Pires 1 TOSTES, Jessica Caroline Do Couto 2 NAIMAIER, Juliana Alegre Fortes 3

DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL: CONTRIBUIÇÕES PARA O TRABALHO PEDAGÓGICO EM ESPAÇOS COLETIVOS

ENSINANDO UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA PARA ALUNOS SURDOS: SABERES E PRÁTICAS

ISBN QUALIDADE NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: E SUAS RELAÇÕES COM A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE

Plano de Ensino-Aprendizagem do Componente Curricular

DISCIPLINA: INTRODUÇÃO A SOCIOLOGIA PROFESSORA MARIZA VELOSO 2º SEMESTRE DE 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS SÃO GABRIEL

Ensino Técnico Integrado ao Médio

Unidades de Aprendizagem: refletindo sobre experimentação em sala de aula no ensino de Química

OFICINA DE PRODUÇÃO DE MAPAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA

Metodologia de Ensino e Avaliação

A Sociologia volta ao currículo: considerações acerca da disciplina na cidade de Pelotas

Programa Analítico de Disciplina CIS190 Laboratório de Ensino de Ciências Sociais I

LEI / 2003: NOVAS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DA CULTURA AFRICANA E AFROBRASILEIRA.

POLÍTICAS DE CURRÍCULO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL ( ): DISPUTAS DISCURSIVAS PARA A FIXAÇÃO DE UMA IDENTIDADE PARA O PROFESSOR

A SOCIOLOGIA E A MILITÂNCIA POLÍTICA 1

CURSO: PEDAGOGIA EMENTAS º PERÍODO

CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

LDB-LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL- art 21 a 26 8º

O ENSINO DE SOCIOLOGIA (CIÊNCIAS SOCIAIS)

Apresentação - o campo de Relações Internacionais no Brasil:

POEB - POLÍTICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Material Para Concurso

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO. PLANO DE ENSINO Semestre letivo º. 1. Identificação Código

ANÁLISE DAS ABORDAGENS PEDAGÓGICAS SOBRE O TEMA DA VIOLÊNCIA NA ESCOLA POR PROFESSORES DE SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

UMA ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA NOS LIVROS DO ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO DA CIDADE DE JATAÍ

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA VISÃO DOS (AS) MESTRANDOS (AS) DO PROFLETRAS/CH/UEPB

Exercícios LDB. Prof. Carlinhos Costa

Dica: Planejamento anual para as aulas de Sociologia do Ensino Médio

Movimentos sociais e Cidadania Palavras Chave: cidadania, educação, direitos 1

Sociologia e Antropologia em Administraçã. ção. Aula 1 gica. Profa. Ms. Daniela Cartoni

Analisando os conteúdos conceitual, atitudinal e procedimental em Livros de Didáticos de Ciências nas séries iniciais do Ensino Fundamental

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

PERSPECTIVAS DO PLANEJAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

ELABORAÇÃO DE UMA PROPOSTA CURRICULAR PARA AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA A PARTIR DO PROJETO PEDAGÓGICO DA ESCOLA FÉLIX ARAÚJO

Orientações para o Dia D dabase Nacional Comum Curricular em Minas Gerais

PLANO DE DISCIPLINA NOME DO COMPONENTE CURRICULAR: Sociologia III CURSO: Técnico em Edificações Integrado ao Ensino Médio ANO: 3º ANO

GT-3 DIDÁTICA, CURRÍCULO E POLÍTICA EDUCACIONAL REALIDADE VIRTUAL NA EDUCAÇÃO: as TICs e a renovação pedagógica

A IMPLEMENTAÇÃO DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS: SENTIDOS ATRIBUÍDOS PELOS PROFESSORES À INFÂNCIA E SUA EDUCAÇÃO

DIVISÃO DE ASSUNTOS ACADÊMICOS Secretaria Geral de Cursos PROGRAMA DE DISCIPLINA

XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira

diferentes origens. Valores: a) Respeito pelas diferenças individuais. b) Valorização das contribuições de diferentes gerações, povos, etnias na const

Programa Analítico de Disciplina CIS211 Sociologia Contemporânea II

DIEGO WUTTKE NUNES. A obrigatoriedade da Disciplina de Filosofia no Ensino Médio e a sua repercussão em Caxias do Sul

ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GESTÃO EDUCACIONAL: REFLEXÕES TEÓRICO PRÁTICAS

O ESTADO DEMOCRÁTICO. TGE II Nina Ranieri 2017

ÁREA DO ENSINO RELIGIOSO. Prof. Dr. Elcio Cecchetti (FONAPER e Unochapecó)

A IMPORTÂNCIA DAS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS PARA O ENSINO DE GÊNEROS

ENSINAR CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: REPENSAR O CURRÍCULO. Andreia Cristina Santos Freitas 1 Roziane Aguiar dos Santos 2 Thalita Pacini 3 INTRODUÇÃO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Práticas pedagógicas na escola Miguel Beltrame - bairro Pé de Plátano/ Santa Maria - RS

REFLEXÃO SOBRE O ENSINO DE GEOGRAFIA: A IMPORTÂNCIA E AS DIFICULDADES DE ENSINAR GEOGRAFIA

Do Espaço Geográfico ao Cinematográfico: Um estudo de caso no Ensino Médio Inovador (ProEMI)

RELATÓRIO DO SEMINÁRIO ESTADUAL SOBRE A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

Tema-problema 2.2. A construção do social

FORMAÇÃO DE DOCENTES DE LIBRAS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS: A PEDAGOGIA BILÍNGUE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS JAGUARÃO CURSO DE PRODUÇÃO E POLÍTICA CULTURAL

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE NO MUNICÍPIO DE PAULISTA PB

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA NO CONTEXTO DA UAB: O ACOMPANHAMENTO DO TUTOR

21/8/2014 8h30 Constituição de Grêmios Estudantis Professor Eric Vellone Coló CISE / NUART / DER Diadema

ANÁLISE DO LIVRO DE QUÍMICA DE MARTHA REIS: PROPOSTA DE ATIVIDADES PRÁTICAS E LINGUAGEM ADEQUADA AOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

A MATEMÁTICA E A TECNOLOGIA COM O DESENVOLVIMENTO DE WEBQUEST

NOTA TÉCNICA Nº 006/2009

CADERNOS DIDÁTICOS: UMA ANÁLINE DO ENEM PARA AS CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNSOLOGIAS

EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO NA ÁREA DA SAÚDE: ASSESSORIA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA PARA A FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE

10 Ensinar e aprender Sociologia no ensino médio

NOTAS SOBRE PEDAGOGIA NO PVNC

ABORDAGENS DA HISTÓRIA DA ÁFRICA NO CURRÍCULO REFERÊNCIA DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS

FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES NA ESCOLA SENADOR JOSÉ GAUDÊNCIO: UM OLHAR DOS ALUNOS DO PIBID SOBRE O PACTO PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO

DIEESE. Departamento Intersindical de Estatística. e Estudos Sócio-Econômicos PROJETO DIEESE SINP/PMSP

FUNDAÇÃO CARMELITANA MÁRIO PALMÉRIO FACIHUS FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS Educação de qualidade ao seu alcance

Organização da Aula 4. Sistemas de Ensino e Políticas Educacionais. Aula 4. Contextualização

Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo FESPSP PLANO DE ENSINO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Pró-Reitoria de Graduação Divisão de Ensino PROGRAMA DE DISCIPLINA

I Educom Sul. Desafios e Perspectivas

EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLAR: AS CONTRIBUIÇÕES DE MARCOS REIGOTA ROBERTA DALL AGNESE DA COSTA PAULO TADEU CAMPOS LOPES

BNCC e a Educação Infantil

GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE UBERLÂNDIA (MG)

A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAS: DISCIPLINA PARA O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MENTAIS

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO. PLANO DE ENSINO Ano Semestre letivo º. 1. Identificação Código

CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

ORGANIZAÇÃO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO: CONCEPÇÃO E LEGISLAÇÃO 1

PROGRAMA DE DISCIPLINA

SEQUÊNCIA DIDÁTICA COM A TEMÁTICA EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

REQUERIMENTO (Do Sr. Dr. UBIALI)

Proibido falar sobre:

A FORMAÇÃO DOCENTE: PIBID E O ESTÁGIO SUPERVISIONADO

INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA Turma I - 3as e 5as feiras - 8 h

Transcrição:

PENSAR OS MOVIMENTOS SOCIAIS E AS MANIFESTAÇÕES SOCIAIS, ATRAVÉS DO PROJETO JOVEM SENADOR. UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA ESTUDANTES DE ENSINO MÉDIO EM PELOTAS DANIEL DE SOUZA LEMOS Mestre em Ciência Política IFISP/UFPel A reflexão Sociológica acerca da política contribui para a educação e a formação dos estudantes enquanto cidadãos e, lhes fornece uma base para o exercício da cidadania. Como aponta o Parâmetro Curricular Nacional (PCN) da área de Ciências Humanas no que se refere à Sociologia: Assim sendo, relevantes instituições sociais, como a família e o Estado, assumem novos significados: aparecem novos atores e ampliam-se os cenários. O modelo de família nuclear e patriarcal vai perdendo espaço, tendo em vista as conquistas advindas do próprio movimento feminista. No Estado de Direito, enfatiza-se que o cidadão e o poder público devem ter, ao mesmo tempo, direitos e deveres. E há que considerar também o papel das Organizações Não-Governamentais como novo agente político (MEC, 1998, p. 37). Pode-se dizer que é de extrema importância, no contexto atual, refletir sobre os valores, as regras sociais e políticas, os direitos, as liberdades e muitos outros conceitos que encontramos em nossa sociedade e no mundo em geral. Nesse sentido, a chegada da onda de protestos ao Brasil, em 2013, revelou um mal-estar generalizado contra as lógicas e ideologia do capitalismo. É oportuno incentivar que, os jovens estudantes do ensino médio, procurem à luz dos conhecimentos adquiridos com o estudo das Ciências Humanas, em geral e, da Sociologia, em particular. Para que eles compreendam o que ocorreu naquele ano, nas manifestações de 2014, nas manifestações sociais de 2015, e em todas as outras, e se posicionem criticamente. Através da participação no Projeto Jovem Senador, os estudantes do Ensino Médio elaboram redações onde problematizam os dilemas vividos pela sociedade brasileira e, que ocasionam vários tipos de manifestações.

Segundo o que indica o site do Senado Federal, O Jovem Senador é um projeto anual, que proporciona aos estudantes do ensino médio das escolas públicas estaduais e do Distrito Federal, de até 19 anos, conhecimento acerca da estrutura e do funcionamento do Poder Legislativo no Brasil (Senado Federal, 2015). Onde, a partir de um tema genérico, os estudantes elaboram redações que são submetidas a uma banca crítica. O objetivo desta experiência é despertar no educando o interesse pela pesquisa sociológica e, também oportunidade de realizar uma reflexão mais aprofundada sobre as organizações sociais e os movimentos sociais. Portanto, proporcionar a participação dos estudantes de sociologia no Projeto Jovem Senador, abre uma grande oportunidade de reflexão e produção de um conhecimento crítico, típico do saber sociológico (Estanque, 2015), através da produção escrita de uma redação, na modalidade de dissertação. Os alunos escrevem, sob diversos prismas, análises das manifestações sociais, com a ótica do conhecimento sociológico trabalhado em sala de aula. A presente proposta pedagógica está sendo pensada para uma escola do meio urbano, que apesar de primar pelo caráter humanista de ensino, é voltada ao novo Ensino Médio Politécnico. A escola fica na região leste da cidade de Pelotas, cuja clientela é, em sua maioria, estudantes com baixo poder aquisitivo, porém que estão plenamente inseridos na sociedade da comunicação que caracteriza o mundo contemporâneo (CASTELLS, 1999). Logo o conteúdo, a temática e os procedimentos pedagógicos adotados podem contemplar as necessidades e os interesses que compõe o contexto escolar e o perfil dos alunos. O presente trabalho pretende oferecer elementos para que os estudantes do Ensino Médio, da disciplina de Sociologia, tenham condições de interpretar os fenômenos sociais, mais especificamente as manifestações e os movimentos sociais. O tema foi escolhido, pois está presente de maneira muito candente no contexto brasileiro nos anos mais recentes, favorecendo a percepção empírica dos fatos sociológicos, pelo o estudante do ensino médio.

Além disso, será possível apresentar e analisar as diferenças existentes entre manifestações e movimentos sociais. Os movimentos sociais têm maior longevidade, buscam recrutar adeptos e militantes, com o intuito de potencializar à sua causa. Por outro lado, a manifestação social tem caráter episódico, busca chamar atenção para a reivindicação que seja considerada justa e cobrar uma resolução para o problema. Como exemplo dos primeiros, pode-se citar os movimentos estudantil e sindical. E, dos segundos, as manifestações que pediam a redução do valor das tarifas de passagens do transporte coletivo urbano. Esse tema tem forte acolhida nas orientações curriculares nacionais, ocupando posição privilegiada nas discussões que os estudantes devem fazer na escola. De maneira a articular uma visão crítica da sociedade e de seus agentes, pelo educando. Conforme está definido no PCN: Em termos históricos, cabe também realizar uma reflexão sobre a relação entre Estado e sociedade, identificando as diversas formas de exercício da democracia, a questão da legalidade e da legitimidade do poder, os direitos dos cidadãos e suas diferentes formas de participação política. Cabe ressaltar a importância dos movimentos sociais no processo de construção da cidadania, em função do seu papel, cada vez mais expressivo, de interlocução com o poder público, desde o movimento operário até os chamados novos movimentos sociais (ecológico, pacifista, feminista etc) (MEC, 1998, p.p.41-42). Para o sociólogo Manuel Castells (2012) em termos tecnológicos, econômicos e culturais, uma nova era começou faz tempo. Agora inicia-se uma nova era em termos políticos e institucionais. As instituições atuais estão perdendo legitimidade, elas serão, por um lado, cada vez mais supranacionais, como a União Europeia (UE), mas, por outro lado, as identidades, em sua maioria, serão cada vez mais locais, específicas, nacionais ou religiosas, ou étnicas. Há uma sociedade global, uma economia global conectada em rede, mas ao mesmo tempo as pessoas, diante dessa mudança vertiginosa do que eram as coordenadas da vida, refugiam-se em suas identidades (Castells, 2012, p.01). Para Castells (2012), uma coisa importante na Europa é que há dois processos de mudança: um deriva dos movimentos sociais e para isso aposta

em novos atores, e outro deriva de posições nacionalistas, xenófobas e defensivas contra a globalização, contra o estrangeiro e em defesa da nação. Hoje na Europa essas posições são majoritárias. A Europa do norte é diferente da Europa do sul, a Europa se apartou cultural e politicamente entre o norte e o sul, e a França se encontra no meio por razões de história e cultura política. Conforme Castells (2012) os jovens saíram às ruas, estão nas redes e constituíram movimentos sociais que criaram pressão sobre a opinião pública. Uma mudança política tornou-se possível como consequência de uma mudança de mentalidade ligada aos movimentos sociais. Essa mudança logo vai se expressar de alguma forma. Como os partidos tradicionais não aparecem, aos olhos de muitos cidadãos, como canais possíveis para essa mudança, buscam-se outras opções. Nota-se que o tema é parte importante de um programa, da disciplina de Sociologia de ensino médio, e merece ser abordado em sala de aula. O objetivo da experiência é despertar no educando o interesse pela pesquisa sociológica e, também oportunidade de realizar uma reflexão mais aprofundada sobre as organizações sociais e os movimentos sociais A reflexão sociológica acerca do tema apresentado contribui para a educação e a formação dos estudantes enquanto cidadãos e, lhes fornece uma base para o exercício da cidadania. Pode-se dizer que é de extrema importância, no contexto atual, refletir sobre a maneira como os movimentos e as manifestações sociais atuam para o alcance de direitos e liberdades; Com o intuito de contemplar a competência em sociologia de: Construir a identidade social e política, de modo a viabilizar o exercício da cidadania plena, no contexto do Estado de Direito, atuando para que haja, efetivamente, uma reciprocidade de direitos e deveres entre o poder público e o cidadão e também entre os diferentes grupos (MEC, 1998, p.43). De acordo com o estabelecido como diretriz no Parâmetro Curricular Nacional para a área de Ciências Humanas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, Sílvia Maria de et alli. Sociologia: volume único: ensino médio. 1ª Ed. São Paulo: Scipione, 2013 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Gráfica do Senado Federal, 2014.. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/1996. MEC Ministério da Educação e Cultura, 1996.. Orientações curriculares para o ensino médio (OCNEM); volume 3. Ciências humanas e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. 133 p.. MEC. Secretaria do Ensino Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Sociologia. Brasília: MEC/SEF, 1998. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.. Expansão do não-capitalismo. Blog Outras Palavras: Bixiga, São Paulo (SP), 28/11/2015 http://outraspalavras.net/posts/castells-ve-expansao-do-nao-capitalismo/ ESTANQUE, Elísio. Discurso, Trabalho e Movimentos Sociais. São Carlos Pedro & João Editores, 2015. LAHIRE, Bernard. Viver e Interpretar o mundo social: Para que serve o ensino da Sociologia? In: GONÇALVES, Danyelle (org.). Sociologia e juventude no Ensino Médio: formação, PIBID e outras experiências. Pontes Editores: Campinas, 2013. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem; visão geral. Colégio Uirapuru, Sorocaba, SP, 8 de outubro de 2005. Entrevista concedida ao Jornalista Paulo Camargo. In http://www.ia.ufrrj.br/ppgea/conteudo/conteudo-2009-1/educacao- MII/3SF/Art_avaliacao_entrev.pdf MILLS, C. Wright. A Imaginação Sociológica. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. SENADO FEDERAL. Projeto Jovem Senador In: http://www12.senado.leg.br/jovemsenador TOURAINE, Alan. Crítica da modernidade. Petrópolis:Vozes, 1994.