Boletim. Imposto de Renda. Manual de Procedimentos. Ganhos líquidos em operações financeiras de renda variável

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Transcrição:

Boletim Manual de Procedimentos Imposto de Renda Ganhos líquidos em operações financeiras de renda variável SUMÁRIO 1. Operações alcançadas por esta forma de tributação 2. Isenção e dispensa de pagamento do imposto 3. Apuração mensal dos ganhos líquidos tributáveis 4. Base de cálculo do imposto - Compensação de perdas 5. Cálculo e pagamento do imposto 6. Tratamento dos ganhos líquidos auferidos e do imposto pago 7. Dedução de perdas para efeito de apuração do lucro real 8. Cômputo na base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro 9. Operações realizadas no país por residentes ou domiciliados no exterior 10. Pessoas físicas - Declaração de Ajuste 11. Antecipação do imposto Neste texto, focalizamos a tributação mensal dos ganhos líquidos auferidos por pessoas físicas ou jurídicas em operações realizadas nos mercados de renda variável, de acordo com a legislação consolidada na IN SRF n o 25/2001 e em outras fontes citadas no texto. 1. OPERAÇÕES ALCANÇADAS POR ESTA FORMA DE TRIBUTAÇÃO Ficam sujeitas à tributação mensal, de acordo com as normas examinadas neste texto, os ganhos líquidos auferidos por qualquer beneficiário, inclusive as pessoas jurídicas isentas, em operações realizadas nas bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhados, existentes no País, observando-se que: I - são consideradas assemelhadas às bolsas, as entidades cujo objeto social seja análogo ao dessas bolsas e que funcionem sob a supervisão e fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários; Para a apuração do ganho líquido, será admitida a dedução dos custos e despesas incorridos, necessários à realização das operações, devidamente comprovados II - este regime tributário aplica-se, também, aos ganhos líquidos auferidos: a) por qualquer beneficiário, na alienação de ouro, ativo financeiro, em operações realizadas em mercado de liquidação futura, fora de bolsa, inclusive com opções flexíveis, e na alienação de Brazilian Depositary (BDR), em bolsa; b) por pessoas jurídicas, na alienação de participações societárias, fora de bolsa; III - consideram-se ganhos líquidos os resultados positivos apurados de acordo com os procedimentos focalizados no item 3. (IN SRF n o 25/2001, art. 23; e RIR/1999, arts. 758 e 760) 2. ISENÇÃO E DISPENSA DE PAGAMENTO DO IMPOSTO 2.1 Isenção sobre ganhos auferidos por pessoas físicas em operações de pequeno valor São isentos do Imposto de Renda os ganhos líquidos auferidos por pessoas físicas em operações efetuadas: a) com ações, no mercado a vista de ações das bolsas de valores, se o total das alienações desse ativo, realizadas no mês, não exceder a R$ 20.000,00; b) com ouro, ativo financeiro, se o total das alienações desse ativo, realizadas no mês, não exceder ao limite de R$ 20.000,00. Observe-se que o limite de isenção refere-se ao valor de alienação das ações ou do ouro, ativo finan- Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Out/2008 - Fascículo 41 IR/LS 1

ceiro, e não ao ganho líquido apurado nessas operações. Portanto, se o valor de alienação das ações ou do ouro for superior ao mencionado limite, o ganho líquido apurado fica sujeito à tributação, qualquer que seja o seu valor. (Lei n o 11.033/2004, art. 3 o ) 2.2 Casos de dispensa do pagamento do imposto por pessoas jurídicas Estão dispensados do pagamento, separadamente, do imposto apurado segundo as normas tratadas neste texto, os ganhos líquidos auferidos por pessoas jurídicas: a) nas operações de renda variável realizadas em bolsa, no mercado de balcão organizado e autorizado pelo órgão competente, ou por meio de fundos de investimento, para a carteira própria de instituição financeira, sociedade de seguro, de previdência e de capitalização, sociedade corretora de títulos, valores mobiliários e câmbio, sociedade distribuidora de títulos e valores mobiliários ou sociedade de arrendamento mercantil; b) na alienação de participações societárias permanentes em sociedades coligadas e controladas e de participações societárias que permanecerem no ativo da pessoa jurídica até o término do ano-calendário seguinte ao de suas aquisições; De acordo com a Lei n o 11.053/2004, art. 5 o, desde 1 o.01.2005, ficam dispensados a retenção na fonte e o pagamento em separado do Imposto de Renda sobre os rendimentos e ganhos auferidos nas aplicações de recursos das provisões, reservas técnicas e fundos de planos de benefícios de entidade de previdência complementar, sociedade seguradora e FAPI, bem como de seguro de vida com cláusula de cobertura por sobrevivência. Aplica-se a mesma regra aos fundos administrativos constituídos pelas entidades fechadas de previdência complementar e às provisões, reservas técnicas e fundos dos planos assistenciais de que trata a Lei Complementar n o 109/2001, art. 76. c) em operações de cobertura (hedge) realizadas em bolsas de valores, de mercadorias e de futuros ou no mercado de balcão, assim consideradas as operações destinadas, exclusivamente, à proteção contra riscos inerentes às oscilações de preços ou de taxas, quando o objeto do contrato negociado estiver relacionado com as atividades operacionais da pessoa jurídica ou destinar-se à proteção de seus direitos ou obrigações. s (1) Nas hipóteses relacionadas neste subitem ocorre tão-somente a dispensa de pagamento do imposto mensal, separadamente, na modalidade tratada neste texto, porquanto os ganhos líquidos apurados, além de comporem o lucro real, se a pessoa jurídica for submetida a essa forma de tributação: a) no caso das operações referidas na letra a, deverão integrar a receita bruta da entidade beneficiária, para fins de cálculo do IRPJ mensal por estimativa; b) no caso das operações referidas nas letras b e c, deverão ser somados à base de cálculo do IRPJ mensal, determinada por estimativa com base na receita bruta de vendas e/ou da prestação de serviços. (2) A dispensa de pagamento do imposto, separadamente, informada neste subitem, aplica-se exclusivamente às pessoas jurídicas sujeitas ao IRPJ, não alcançando, portanto, entidades fechadas de previdência privada, fundos ou sociedades de investimento e carteiras de valores mobiliários. (IN SRF n o 25/2001, art. 35; RIR/1999, art. 774) 3. APURAÇÃO MENSAL DOS GANHOS LÍQUIDOS TRIBUTÁVEIS Os ganhos líquidos tributáveis devem ser apurados mensalmente pelo investidor, com observância dos procedimentos específicos examinados a seguir, aplicáveis a cada modalidade de operação. Em qualquer caso, para a apuração do ganho líquido será admitida a dedução dos custos e despesas incorridos, necessários à realização das operações, devidamente comprovados. (IN SRF n o 25/2001, art. 23, 3 o ; RIR/1999, art. 760) 3.1 Operações nos mercados a vista Nos mercados a vista, o ganho líquido será constituído pela diferença positiva entre o valor de venda do ativo e o seu custo de aquisição, calculado pela média ponderada dos custos unitários, observado o seguinte: I - o custo de aquisição, no caso de ações adquiridas até 31.12.1997, será o valor constante da declaração de bens e direitos do exercício de 1998, ano-calendário de 1997; II - no caso de ações recebidas em bonificação, em virtude de incorporação, ao capital social da pessoa jurídica, de lucros ou reservas, considera-se custo de aquisição da participação o valor do lucro ou reserva capitalizado que corresponder ao acionista ou sócio, independentemente da forma de tributação adotada pela empresa, exceto na hipótese de lucros apurados nos anos-calendário de 1994 e 1995, caso em que as ações bonificadas terão custo zero; III - na ausência de valor pago, o custo de aquisição será, conforme o caso: 2 IR/LS Manual de Procedimentos - Out/2008 - Fascículo 41 - Boletim IOB

a) o valor da avaliação no inventário ou arrolamento; b) o valor de transmissão utilizado, na aquisição, para cálculo do ganho líquido do alienante; c) o valor de conversão fixado pela companhia emissora, no caso de debênture convertida em ação, podendo ser computado como custo o valor efetivamente pago pela debênture; d) o valor corrente na data da aquisição; IV - o custo de aquisição é igual a zero nos casos de: a) partes beneficiárias adquiridas gratuitamente; b) acréscimo da quantidade de ações por desdobramento; c) ativo cujo valor não possa ser determinado pelos critérios mencionados nos números anteriores; V - no caso de ações adquiridas no âmbito do Programa Nacional de Desestatização, mediante entrega de títulos da dívida pública ou de outros créditos contra a União, considera-se como custo de aquisição das ações ou quotas da empresa privatizada: a) o custo de aquisição dos direitos contra a União ou dos títulos da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no caso de pessoa física ou pessoa jurídica não tributada com base no lucro real, inclusive isenta; b) o valor contábil dos títulos ou créditos entregues pelo adquirente na data da operação, no caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro real. (IN SRF n o 25/2001, art. 25) 3.1.1 Cálculo da média ponderada dos custos unitários de aquisição do ativo vendido A média ponderada dos custos unitários de aquisição do ativo será calculada na data da venda, por espécie de ativo, mediante: a) soma dos valores referentes às compras do ativo realizadas até a data da operação de venda do mesmo ativo; b) divisão do valor encontrado na operação a pela quantidade do ativo existente, obtendose como resultado dessa operação o custo médio unitário de cada ação ou de cada grama de ouro em estoque; c) multiplicação do resultado da operação b pela quantidade de ações ou de gramas de ouro vendidos, obtendo-se como resultado o custo médio de aquisição do ativo vendido. Para o cálculo do custo médio unitário ponderado, poderá ser efetuado o controle das aquisições de ações por meio de uma ficha de controle similar às fichas de controle de estoque (veja exemplo a seguir). 3.1.2 Exemplo Admita-se que um investidor, em 20.10.XX, vendeu no mercado a vista da Bolsa de Valores, pelo preço total de R$ 50.000,00, 80.000 ações preferenciais da Companhia X, adquiridas da seguinte forma: 40.000 ações, adquiridas em 17.02.XX, por R$ 17.600,00; 25.000 ações, adquiridas em 13.03.XX, por R$ 12.000,00; 35.000 ações, adquiridas em 05.10.XX, por R$ 24.000,00. Nesse caso, temos: a) determinação do custo médio ponderado de aquisição do ativo vendido: Entradas Saídas Saldo Data da operação Quantidade Custo de aquisição R$ Quantidade Custo médio unitário R$ Custo médio total R$ Quantidade Custo médio unitário R$ Valor acumulado R$ 17.02.XX 40.000 17.600,00 40.000 0,4400 17.600,00 13.03.XX 25.000 12.000,00 65.000 0,4554 29.600,00 05.10.XX 35.000 24.000,00 100.000 0,5360 53.600,00 20.10.XX 80.000 0,5360 42.880,00 20.000 0,5360 10.720,00 Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Out/2008 - Fascículo 41 IR/LS 3

b) apuração do ganho líquido, admitindo-se que o vendedor pagou à corretora, a título de corretagem pela venda, a importância de R$ 520,00: Preço de venda... R$ 50.000,00 Custo de aquisição...(r$ 42.880,00) Corretagem paga na venda...(r$ 520,00) Ganho líquido apurado... R$ 6.600,00 3.2 Operações nos mercados a termo Nos mercados a termo, o ganho líquido será constituído: a) para o comprador, pela diferença positiva entre o valor da venda a vista do ativo na data da liquidação do contrato a termo e o preço nele estabelecido; b) para o vendedor descoberto, pela diferença positiva entre o preço estabelecido no contrato a termo e o preço da compra a vista do ativo para a liquidação daquele contrato. Se o comprador não efetuar a venda a vista do ativo, na data da liquidação do contrato a termo, o custo de aquisição desse ativo será igual ao preço da compra a termo. No caso de venda de ouro, ativo financeiro, por prazo certo, não caracterizada como operação de financiamento, o imposto incidirá sobre a diferença positiva entre o valor da venda e o custo médio de aquisição do ouro, apurada: a) pelo regime de competência, no caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro real; ou b) por ocasião do vencimento da operação, nos demais casos. (IN SRF n o 25/2001, art. 29) 3.2.1 Exemplo Admita-se a seguinte hipótese: a) o investidor X realizou, em 06.07.XX, um contrato de compra a termo de 10.000 ações pelo preço total de R$ 9.200,00, com vencimento para 30 dias, na expectativa de que o preço de mercado dessas ações iria subir; b) por outro lado, o investidor Y vendeu a descoberto para o investidor X as 10.000 ações nas condições supramencionadas, na expectativa de que o preço de mercado dessas ações iria baixar, possibilitando se auferir um ganho na aquisição das ações para o cumprimento do contrato; c) no dia 30.07.XX, as ações negociadas apresentaram uma baixa, data em que o investidor Y adquiriu as 10.000 ações pelo valor total de R$ 8.500,00; d) no período de 1 o a 04.08.XX, a ação objeto da transação apresentou uma modesta alta e, na data da liquidação da operação, o investidor X alienou o ativo em questão pelo preço total de R$ 9.800,00, a vista. Nesse caso, temos: a) comprador (investidor X): Valor da venda a vista... R$ 9.800,00 Preço de aquisição...(r$ 9.200,00) Ganho líquido... R$ 600,00 b) vendedor descoberto (investidor Y): Preço estabelecido no contrato a termo... R$ 9.200,00 Preço de compra a vista do ativo para liquidação do contrato a termo...(r$ 8.500,00) Ganho líquido... R$ 700,00 4 IR/LS Manual de Procedimentos - Out/2008 - Fascículo 41 - Boletim IOB

3.3 Operações nos mercados de opções Nas operações que têm por objeto a negociação da opção, o ganho líquido será constituído pelo resultado positivo apurado no encerramento de opções da mesma série. Nas operações de exercício da opção, o ganho líquido será constituído: I - no exercício da opção de compra: a) no caso do titular de opção de compra, pela diferença positiva entre o valor da venda a vista do ativo na data do exercício da opção e o preço de exercício da opção, acrescido do valor do prêmio; b) no caso do lançador de opção de compra, pela diferença positiva entre o preço de exercício da opção, acrescido do valor do prêmio, e o custo de aquisição do ativo objeto do exercício da opção; II - no exercício de opção de venda: a) no caso do titular de opção de venda, pela diferença positiva entre o preço de exercício da opção e o valor da compra a vista do ativo, acrescido do valor do prêmio; b) no caso do lançador de opção de venda, pela diferença positiva entre o preço da venda a vista do ativo na data do exercício da opção, acrescido do valor do prêmio, e o preço de exercício da opção. Não ocorrendo venda a vista do ativo na data do exercício da opção, o ativo terá como custo de aquisição o preço de exercício da opção, acrescido ou deduzido do valor do prêmio, nos casos das letras a do número I e b do número II. Para efeito de apuração do ganho líquido, o custo de aquisição dos ativos negociados nesses mercados de opções, bem como os valores recebidos pelo lançador da opção, serão calculados pela média ponderada dos valores unitários pagos ou recebidos (veja exemplo similar no subitem 3.1.2). Não havendo encerramento ou exercício da opção, o valor do prêmio constituirá ganho para o lançador e perda para o titular, na data do vencimento da opção. (IN SRF n o 25/2001, art. 27) 3.3.1 Exemplos Hipótese I: Um investidor adquire, em 06.07.XX, opção de compra com as seguintes características: quantidade de ações: 10.000; valor total do prêmio pago: R$ 6.400,00; preço de exercício (total): R$ 32.000,00; data de exercício da opção: 04.08.XX. Em 30.07.XX, porém, esse investidor negocia a opção de compra (sem exercício), recebendo um prêmio no valor total de R$ 11.200,00. Nesse caso, o ganho líquido corresponde a: R$ 11.200,00 - R$ 6.400,00 = R$ 4.800,00 Hipótese II: Um investidor, tendo recursos disponíveis, resolve adquirir 1.000 ações a vista pelo valor de R$ 6.200,00, em 06.07.XX, lançando, na mesma data, opção de compra coberta com vencimento para 30 dias e preço de exercício de R$ 6,70 por ação, recebendo prêmio total de R$ 900,00 do comprador Y. Na data de exercício da opção de compra, em 04.08.XX, o comprador Y, tendo em vista que o preço da ação havia subido para R$ 8,10 por ação, exerce a opção de compra e efetua a venda a vista das respectivas ações pelo preço de mercado. Nesse caso, temos: a) titular da opção de compra: valor da venda a vista 1.000 x R$ 8,10... R$ 8.100,00 preço de exercício: 1.000 x R$ 6,70...(R$ 6.700,00) prêmio pago...(r$ 900,00) ganho líquido... R$ 500,00 Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Out/2008 - Fascículo 41 IR/LS 5

b) lançador da opção de compra: preço de exercício: 1.0 R$ 6,70... R$ 6.700,00 Prêmio recebido... R$ 900,00 Custo de aquisição do ativo...(r$ 6.200,00) Ganho líquido... R$ 1.400,00 Hipótese III: O investidor A adquire do investidor B opção de venda de 1.500 ações com vencimento para 30 dias, pelo preço de exercício de R$ 4,90 por ação, pagando prêmio no valor total de R$ 500,00. Na data de exercício da opção de venda, tendo em vista que o preço da ação havia caído para R$ 3,80 por ação, A exerce a opção de venda. Nesse caso, temos: a) titular da opção de venda: preço de exercício: 1.500 x R$ 4,90... R$ 7.350,00 prêmio pago...(r$ 500,00) preço de compra a vista das ações na data de exercício da opção: 1.500 x R$ 3,80...(R$ 5.700,00) ganho líquido... R$ 1.150,00 b) lançador da opção de venda: preço de venda a vista na data do exercício da opção: 1.500 x R$ 3,80... R$ 5.700,00 prêmio recebido... R$ 500,00 preço de exercício: 1.500 x R$ 4,90...(R$ 7.350,00) prejuízo...(r$ 1.150,00) 3.4 Operações nos mercados futuros Nos mercados futuros, o ganho líquido será o resultado positivo da soma algébrica dos ajustes diários ocorridos em cada mês. Exemplo: Um investidor, na expectativa de uma alta de preços, adquiriu, em 1 o.10.xx, contrato para compra futura de 30 sacas de um produto ao preço de R$ 500,00 a saca, totalizando R$ 15.000,00, com vencimento para 30 dias. Durante o mês de outubro/xx, esse produto apresentou as seguintes cotações: Data Cotação/Preço por saca (R$) 07.10.XX 780,00 19.10.XX 670,00 28.10.XX 720,00 Nesse caso, temos: Data Valor original do contrato (R$) Ajustes diários 1 o.10.xx 15.000,00 (30 x 500,00) - 07.10.XX 23.400,00 (30 x 780,00) 8.400,00 19.10.XX 20.100,00 (30 x 670,00) (3.300,00) 28.10.XX 21.600,00 (30 x 720,00) 1.500,00 Soma algébrica dos ajustes do mês 6.600,00 (IN SRF n o 25/2001, art. 28) 6 IR/LS Manual de Procedimentos - Out/2008 - Fascículo 41 - Boletim IOB

3.5 Operações com ouro (ativo financeiro) realizadas por pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real As operações, efetuadas no mercado secundário, tendo por objeto ouro, ativo financeiro (mútuo ou compra vinculada à revenda) são equiparadas a aplicações financeiras de renda fixa, submetendose os seus rendimentos à incidência do Imposto de Renda na Fonte. De acordo com a Lei n o 11.033/2004, art. 1 o, os rendimentos, relativamente às aplicações e operações realizadas a partir de 1 o.01.2005, sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda na Fonte, às seguintes alíquotas: a) 22,5%, em aplicações com prazo de até 180 dias; b) 20%, em aplicações com prazo de 181 dias até 360 dias; c) 17,5%, em aplicações com prazo de 361 dias até 720 dias; d) 15%, em aplicações com prazo acima de 720 dias. Sem prejuízo da mencionada incidência do imposto na fonte, no caso de operações realizadas por pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real: a) a diferença positiva entre o valor de mercado, na data do mútuo, e o custo de aquisição do ouro será incluída pela mutuante na apuração do ganho líquido tributável na forma examinada neste texto; b) as alterações no preço do ouro durante o decurso do prazo do contrato de mútuo serão reconhecidas pelo mutuante e pelo mutuário como receita ou despesa operacional, segundo o regime de competência. Para esse efeito, será considerado o preço médio do ouro, verificado no mercado a vista da bolsa em que ocorrer o maior volume de operações, na data do registro da variação. 4. BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO - COMPENSAÇÃO DE PERDAS A base de cálculo do imposto devido na forma tratada neste texto é a soma dos ganhos líquidos apurados em cada mês, nas operações focalizadas no item anterior, sendo permitida a compensação das perdas verificadas, no próprio mês ou em meses anteriores, em outras operações realizadas em qualquer daquelas modalidades operacionais (inclusive nas operações referidas no subitem 2.1), exceto perdas em operações day trade, que somente poderão ser compensadas com ganhos em operações da mesma espécie, observando-se que: a) considera-se day trade a operação ou conjugação de operações iniciadas e encerradas em um mesmo dia, com o mesmo ativo, em que a quantidade negociada tenha sido liquidada, total ou parcialmente; b) não será considerado o valor ou a quantidade de estoque do ativo existente em data anterior à da operação de day trade; c) na apuração do resultado da operação serão considerados, pela ordem, o primeiro negócio de compra com o primeiro negócio de venda, ou o primeiro negócio de venda com o primeiro negócio de compra, sucessivamente; d) no caso de operações intermediadas pela mesma instituição, será admitida a compensação de perdas incorridas em operações day trade realizadas no mesmo dia; e) o investidor, na apuração dos ganhos líquidos auferidos no mês, somente poderá compensar as perdas incorridas em operações day trade com os resultados positivos obtidos em operações de mesma espécie (day trade) realizadas no mês; f) o resultado mensal da compensação de que trata o item anterior: f.1) se positivo, integrará a base de cálculo mensal do Imposto de Renda incidente sobre os ganhos líquidos; f.2) se negativo, poderá ser compensado com os resultados positivos de operações day trade apurados nos meses subseqüentes. g) o valor do Imposto de Renda Retido na Fonte poderá ser compensado, com o Imposto de Renda incidente sobre ganhos líquidos apurados no próprio mês ou em meses subseqüentes; e h) ao término do ano-calendário, à pessoa física ou à pessoa jurídica isenta ou optante pelo Simples, que possua saldo de Imposto de Renda Retido na Fonte sobre operações day trade que não tenha sido compensado na forma do item anterior, fica facultado o pedido de restituição desse saldo na forma prevista na legislação. (RIR/1999, art. 187; Lei n o 9.959/2000, art. 8 o ; IN SRF n o 487/2004, art. 12, II; IN SRF n o 25/2001, art. 31) Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Out/2008 - Fascículo 41 IR/LS 7

5. CÁLCULO E PAGAMENTO DO IMPOSTO 5.1 Regra geral 5.1.1 Cálculo do imposto O imposto deverá ser calculado mediante aplicação da alíquota de 15% sobre a base de cálculo mensal determinada conforme examinado nos itens anteriores. 5.1.2 Prazo de pagamento O imposto deverá ser pago até o último dia útil do mês subseqüente ao da apuração do ganho líquido. Os pagamentos feitos após esse prazo ficam sujeitos aos acréscimos legais vigentes. 5.1.3 Preenchimento do Darf O imposto deverá ser pago por meio de Darf preenchido em duas vias, utilizando-se no campo 04 os códigos: 6015, no caso de pessoa física; 3317, no caso de pessoa jurídica. 5.1.4 Imposto mensal apurado em valor inferior a R$ 10,00 Como o Darf não pode ser utilizado para o pagamento de tributos e contribuições de valor inferior a R$ 10,00, se o imposto mensal apurado for de valor abaixo desse limite deverá ser adicionado ao imposto do mesmo código que vier a ser devido em mês(es) subseqüente(s), quando, então, atingido o mencionado limite, será pago no prazo estabelecido para esta última apuração, sem nenhum acréscimo (Lei n o 9.430/1996, art. 68). 5.2 Pessoas jurídicas tributadas pelo lucro presumido ou arbitrado As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado somente ficam sujeitas ao pagamento do imposto sobre os ganhos líquidos das operações tratadas neste texto, separadamente, nos dois primeiros meses anteriores ao mês de encerramento do trimestre de apuração do lucro presumido ou arbitrado. O imposto devido sobre os ganhos líquidos obtidos no mês de encerramento do trimestre de apuração do lucro presumido ou arbitrado será pago juntamente com o IRPJ devido sobre o lucro presumido ou arbitrado (veja o subitem 6.2). Os rendimentos auferidos em aplicações financeiras serão adicionados ao lucro presumido ou arbitrado somente por ocasião da alienação, resgate ou cessão do título ou aplicação (regime de caixa); (IN SRF n o 25/2001, art. 33, 1 o e 9 o ) 6. TRATAMENTO DOS GANHOS LÍQUIDOS AUFERIDOS E DO IMPOSTO PAGO 6.1 Pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real Os ganhos líquidos auferidos em operações nos mercados de renda variável integram o lucro real, e o imposto pago sobre eles, separadamente, será compensado com o IRPJ devido sobre o lucro real. Na empresa que apura o lucro real anualmente, os ganhos líquidos submetidos à tributação tratada neste texto não entram na base de cálculo do imposto mensal calculado por estimativa, e o imposto pago separadamente sobre esses ganhos líquidos não poderá ser compensados com o imposto devido mensalmente por estimativa. Nos meses em que forem levantados balanços ou balancetes, para fins de redução ou suspensão do pagamento do IRPJ, os ganhos líquidos de operações de renda variável integrarão o lucro real e, caso o IRPJ mensal seja suspenso ou pago com base nesses balanços, fica dispensado o pagamento separado do imposto de 15% sobre esses ganhos líquidos. 6.2 Pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado Os ganhos líquidos de operações de renda variável deverão ser somados ao lucro presumido ou arbitrado, e o imposto pago separadamente sobre esses ganhos líquidos será compensado com o IRPJ devido sobre o lucro presumido ou arbitrado (veja o subitem 5.2). 6.3 Demais investidores 6.3.1 Pessoas jurídicas não sujeitas ao IRPJ No caso de operações feitas por pessoas jurídicas não sujeitas ao pagamento do IRPJ (optantes 8 IR/LS Manual de Procedimentos - Out/2008 - Fascículo 41 - Boletim IOB

pelo Simples ou isentas do imposto), a tributação abordada neste texto é definitiva, sem possibilidade de compensação ou restituição. 6.3.2 Pessoas físicas Essa modalidade de tributação é definitiva também para as pessoas físicas, ou seja, os ganhos líquidos não integram a base de cálculo do imposto anual e o imposto pago não poderá ser compensado com o devido na declaração. 7. DEDUÇÃO DE PERDAS PARA EFEITO DE APURAÇÃO DO LUCRO REAL 7.1 Dedução limitada aos ganhos líquidos auferidos em outras operações As perdas apuradas em operações realizadas nos mercados de renda variável (exceto as apuradas em operações day trade - veja o item 4) serão dedutíveis na determinação do lucro real até o limite dos ganhos auferidos nessas operações. A parcela excedente das perdas apuradas será adicionada ao lucro líquido, no Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur) e poderá, no(s) período(s) de apuração subseqüente(s), ser excluída na determinação do lucro real, até o limite correspondente à diferença positiva apurada em cada período, entre os ganhos e perdas decorrentes das operações realizadas. O limite de dedutibilidade de perdas tratado neste subitem deve ser observado inclusive nos balanços ou balancetes levantados para fins de suspensão ou redução do IRPJ mensal. 7.2 Indedutibilidade de perdas apuradas em operações day trade As perdas incorridas em operações iniciadas e encerradas no mesmo dia (day trade ) são indedutíveis, devendo, portanto, serem adicionadas ao lucro líquido, no Lalur (de forma definitiva), exceto as perdas apuradas pelas entidades referidas na letra a do subitem 2.2. 7.3 Perdas em operações de swap Embora as operações de swap tenham os seus rendimentos tributados na fonte como aplicação de renda fixa, é oportuno lembrar aqui que as perdas incorridas nessas operações serão dedutíveis, para fins de apuração do lucro real, se a operação for registrada e contratada de acordo com as normas emitidas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil. 8. CÔMPUTO NA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO Os ganhos líquidos auferidos em operações efetuadas nos mercados de renda variável, apurados conforme examinado neste texto: a) compõem o lucro líquido e, portanto, integram a base de cálculo da Contribuição Social devida pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real; e b) devem compor, também, a base de cálculo da Contribuição Social devida pelas empresas tributadas pelo lucro presumido ou arbitrado, bem como a base de cálculo da contribuição devida mensalmente, por estimativa, pelas empresas submetidas à apuração anual do lucro real. 9. OPERAÇÕES REALIZADAS NO PAÍS POR RESIDENTES OU DOMICILIADOS NO EXTERIOR Observado o subitem 9.1, os residentes ou domiciliados no exterior sujeitam-se às mesmas normas de tributação pelo Imposto de Renda previstas para os residentes ou domiciliados no País, em relação aos ganhos líquidos auferidos em operações realizadas em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas. O investimento estrangeiro nos mercados financeiros e de valores mobiliários somente poderá ser realizado no País por intermédio de representante legal, previamente designado dentre as instituições autorizadas pelo Poder Executivo a prestar tal serviço e que será responsável, nos termos do Código Tributário Nacional, art. 128, pelo cumprimento das obrigações tributárias decorrentes das operações que realizar por conta e ordem do representado. Vale lembrar que a responsabilidade somente se aplica no caso do imposto referente aos ganhos líquidos auferidos em operações realizadas em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas e aos ganhos líquidos auferidos na alienação de ouro, ativo financeiro, e em operações Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Out/2008 - Fascículo 41 IR/LS 9

realizadas nos mercados de liquidação futura, fora de bolsa. (IN SRF n o 25/2001, art. 37) 9.1 Investimentos sujeitos ao regime especial Os rendimentos auferidos por investidor residente ou domiciliado no exterior, individual ou coletivo, que realizar operações financeiras no País de acordo com as normas e condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda às seguintes alíquotas: a) 10%, no caso de aplicações nos fundos de investimento em ações, em operações de swap registradas ou não em bolsa, e nas operações realizadas em mercados de liquidação futura, fora de bolsa; b) 15%, nos demais casos, inclusive em operações financeiras de renda fixa realizadas no mercado de balcão ou em bolsa. A base de cálculo do Imposto de Renda, bem assim o momento de sua incidência sobre os rendimentos auferidos pelos investidores, obedecerão às mesmas regras aplicáveis aos rendimentos de mesma natureza auferidos por residentes ou domiciliados no País, ressalvado que, no caso de aplicação em fundos de investimento, a incidência do Imposto de Renda ocorrerá exclusivamente por ocasião do resgate de quotas. Na apuração do imposto, serão indedutíveis os prejuízos apurados em operações de renda fixa e de renda variável. Vale lembrar que estão sujeitos à incidência do Imposto de Renda os ganhos de capital auferidos pelos investidores estrangeiros, tratados neste subitem. Para efeito deste subitem, consideram-se ganhos de capital, os resultados positivos auferidos: a) nas operações realizadas em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas, com exceção das operações conjugadas de que trata a IN SRF n o 25/2001, art. 18, I; b) nas operações com ouro, ativo financeiro, fora de bolsa. Não se aplica aos ganhos de capital deste subitem a igualdade de tratamento tributário entre residentes no País e não residentes, prevista pela Lei n o 9.249/1995, art. 18. (IN SRF n o 25/2001, arts. 39 e 40) 10. PESSOAS FÍSICAS - DECLARAÇÃO DE AJUSTE As pessoas físicas domiciliadas no Brasil, que realizarem operações tributáveis no regime focalizado nesse texto, deverão preencher o Demonstrativo de Renda Variável, no qual são discriminados, mês a mês, os ganhos ou as perdas apurados, por espécie de operação, o resultado líquido do mês, a base de cálculo do imposto, o imposto devido e o imposto pago. 11. ANTECIPAÇÃO DO IMPOSTO Sobre o valor da venda de ações, é calculado, à alíquota de 0,005%, o imposto a título de antecipação, tendo como base de cálculo nos mercados a vista, o valor da alienação, nas operações com ações, ouro ativo financeiro e outros valores mobiliários nele negociados. A antecipação na fonte é retida e recolhida pela instituição intermediadora que recebeu diretamente a ordem do cliente, pela bolsa que registrou as operações ou pela entidade responsável pela liquidação e compensação das operações que intermediou a operação. Mas esse imposto poderá ser deduzido do possível Imposto de Renda incidente sobre os lucros auferidos na venda de ações. (Lei n o 11.033/2004, art. 2 o, 6 o e art. 7 o ; e IN SRF n o 487/2004, art. 10) 11.1 Dispensa A retenção do imposto cujo valor seja igual ou inferior a R$ 1,00 fica dispensada. Caso ocorra mais de uma operação no mesmo mês, realizada por uma mesma pessoa, seja física ou jurídica, deverá ser efetuada a soma dos valores de imposto incidentes sobre todas as operações realizadas no mês, para efeito de cálculo do limite de retenção de R$ 1,00. (Lei n o 11.033/2004, art. 2 o, 7 o ) 10 IR/LS Manual de Procedimentos - Out/2008 - Fascículo 41 - Boletim IOB

Simples Nacional Determinação da base de cálculo dos tributos e contribuições devidos com base no regime de caixa 1. INTRODUÇÃO A partir de 1 o.01.2009, as microempresas (ME) e as empresas de pequeno porte (EPP) optantes pelo Simples Nacional poderão, opcionalmente, utilizar a receita bruta total recebida no mês (regime de caixa), em substituição à receita bruta auferida (regime de competência), para fins da determinação da base de cálculo dos tributos e contribuições devidos mensalmente nesse regime. Discorreremos neste trabalho sobre as normas a serem observadas pelas ME e pelas EPP, para fins da utilização dessa faculdade, conforme a regulamentação constante da Resolução CGSN n o 38/2008. 2. FORMALIZAÇÃO DA OPÇÃO A opção pela apuração da base de cálculo dos tributos e contribuições devidos no regime do Simples Nacional com base no regime de caixa: a) deverá ser formalizada quando da apuração dos valores devidos relativos ao mês de janeiro de cada ano-calendário em aplicativo a ser disponibilizado no Portal do Simples Nacional; b) será irretratável para todo o ano-calendário. 2.1 ME ou EPP em início de atividades No caso de ME ou de EPP em início de atividades, a formalização da opção mencionada no item 2 deverá ser feita quando da apuração dos valores devidos relativos ao mês de opção pelo Simples Nacional. 2.2 ME ou EPP com filiais Caso a ME ou a EPP possua filiais, deverá ser considerado o somatório das receitas recebidas por todos os estabelecimentos. 3. DETERMINAÇÃO DE LIMITES E SUBLIMITES - IMPOSSIBILIDADE DA ADOÇÃO DO REGIME DE CAIXA Para fins da determinação dos limites e sublimites, nos termos da Resolução CGSN n o 4/2007, bem como da alíquota a ser aplicada sobre a receita bruta recebida no mês, deverá ser utilizada a receita bruta auferida (regime de competência), observado o disposto na Resolução CGSN n o 5/2007. Ou seja, para esse efeito, não é admitido considerar-se a receita efetivamente recebida (regime de caixa). 4. PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS OU OPERAÇÕES COM MERCADORIAS A PRAZO - INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO SIMPLES NACIONAL ATÉ O TÉRMINO DO ANO-CALENDÁRIO SEGUINTE Nas prestações de serviços ou operações com mercadorias a prazo, a parcela não vencida deverá obrigatoriamente integrar a base de cálculo dos tributos abrangidos pelo Simples Nacional até o último mês do ano-calendário subseqüente àquele em que tenha ocorrido a respectiva prestação de serviço ou operação com mercadorias. 5. HIPÓTESES EM QUE A RECEITA AINDA NÃO AUFERIDA DEVE INTEGRAR A BASE DE CÁLCULO DO SIMPLES NACIONAL A receita auferida e ainda não recebida deverá integrar a base de cálculo dos tributos abrangidos pelo Simples Nacional, nas hipóteses de: a) encerramento de atividade, no mês em que ocorrer o evento; b) retorno ao regime de competência, no último mês de vigência do regime de caixa; e c) exclusão do Simples Nacional, no mês anterior ao dos efeitos da exclusão. 6. REGISTRO DOS VALORES NÃO RECEBIDOS A ME ou a EPP que optar pelo regime de caixa deve manter registro dos valores não recebidos, em modelo a ser estabelecido pelo Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN), no qual constarão, no mínimo, as seguintes informações, relativas a cada pres- Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Out/2008 - Fascículo 41 IR/LS 11

tação de serviço ou operação com mercadorias, a vista ou a prazo: a) o número e data de emissão de cada documento fiscal; b) o valor da operação ou prestação; c) o valor e a quantidade de parcelas a receber, bem como a data dos respectivos vencimentos; d) a data de recebimento e o valor recebido; e) o saldo a receber; f) os créditos considerados não mais cobráveis, bem como a respectiva motivação. Na hipótese de haver mais de um documento fiscal referente a uma mesma prestação de serviço ou operação com mercadorias, estas deverão ser registradas conjuntamente. 7. OBRIGATORIEDADE DE MANUTENÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS A adoção do regime de caixa não desobriga a ME ou a EPP de manter em boa ordem e guarda os documentos e livros previstos na Resolução CGSN n o 10/2007, inclusive com a discriminação completa de toda a sua movimentação financeira e bancária, constante do Livro Caixa. O descumprimento dessa obrigação acessória (bem como a inobservância do disposto no item 6) implicará a desconsideração, de ofício, da opção pelo regime de caixa, para os anos-calendário correspondentes ao período em que tenha ocorrido o descumprimento e, neste caso, os tributos abrangidos pelo Simples Nacional deverão ser recalculados pelo regime de competência, sem prejuízo dos acréscimos legais correspondentes. Legislação Societária Regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima 1. LEGISLAÇÃO ANTERIOR O antigo diploma legal que regulava as sociedades limitadas (Decreto n o 3.708/1919) estabelecia em seu art. 18 que deveriam ser observadas, quanto às sociedades da espécie, no que não fosse regulado no estatuto social, e na parte aplicável, as disposições da Lei das Sociedades Anônimas (Lei das S/A). Tratava-se de dispositivo gerador de certa controvérsia doutrinária acerca da legislação aplicável às sociedades da espécie. Atualmente, porém, o tema ganhou novo contorno jurídico e se encontra disciplinado de modo menos complexo no atual Código Civil (Lei n o 10.406/2002). 2. REGRA ATUAL O atual Código Civil assim dispõe: Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples. Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima. Isso significa que, primeiramente, são aplicáveis às sociedades limitadas as regras constantes dos arts. 1.052 a 1.087, que compõem o mencionado Capítulo do Novo Código Civil. Mas, naquilo em que forem omissos esses dispositivos, aplicam-se, supletivamente: a) as regras da Lei das S/A (Lei n o 6.404/1976 e alterações posteriores), se assim dispuser expressamente o contrato social; ou b) as regras relativas às sociedades simples (arts. 997 a 1.038 do vigente Código Civil), 12 IR/LS Manual de Procedimentos - Out/2008 - Fascículo 41 - Boletim IOB

se o contrato social assim dispuser ou se não contiver previsão sobre o assunto. Em outras palavras, se não adotada expressamente, pela sociedade limitada, a regência supletiva pelas normas da sociedade anônima, serão aplicadas as regras da sociedade simples. 3. COMO DEVE SER ENTENDIDA A REGÊNCIA SUPLETIVA Se estabelecida no contrato social (ou na alteração contratual) a regência supletiva pela Lei das S/A, as normas das sociedades anônimas somente serão aplicáveis, como mencionado no item 2, em matérias sobre as quais seja omisso o atual Código Civil nos já citados arts. 1.052 a 1.087. Além disso, as regras da Lei das S/A somente poderão, supletivamente, disciplinar matérias em relação às quais os sócios possam contratar, vale dizer, temas que não sejam legalmente vedados às sociedades limitadas. Se a matéria não é passível de disciplina no contrato social, não há de se falar em aplicação das normas da Lei das S/A. De outro lado, a adoção, pela sociedade limitada, da regência supletiva em foco não implica observância de todas as regras estabelecidas para as sociedades anônimas. Conseqüentemente, não torna mais complexa, em princípio, a administração da sociedade limitada. Ou seja, o fato de o contrato social eleger a Lei das S/A como diploma supletivo não pode ser entendido como uma submissão integral da sociedade limitada às normas previstas para as sociedades por ações. Repetimos que se trata, apenas, da indicação da legislação que será aplicada às eventuais lacunas contratuais que não possam ser resolvidas pelas regras do Capítulo IV do atual Código Civil (arts. 1.052 a 1.087) dedicado às sociedades limitadas. Alertamos, ainda, que, para fins de constituição e de dissolução da sociedade limitada (que é sociedade contratual), as regras válidas são as do Código Civil, ainda que adotada a regência supletiva pela Lei das S/A. 3.1 Temas sujeitos à regência supletiva Citamos a seguir, a título de exemplo, matérias sujeitas à regência supletiva, quer pelas normas da sociedade simples, quer pelas da sociedade anônima (conforme o caso): a) destinação dos lucros: na hipótese (pouco comum) de o contrato social não disciplinar o assunto, não existirá obrigatoriedade de distribuição de valor mínimo na sociedade cuja regência supletiva seja pelas normas da sociedade simples. Isso significa que os sócios poderão deliberar, por maioria, até mesmo pela não distribuição de lucros. Contudo, se a regência supletiva for a da Lei das S/A, será aplicada a regra do art. 202 da Lei n o 6.404/1976, que disciplina o dividendo mínimo obrigatório; b) dissolução parcial: se a regência supletiva for pelas normas da sociedade simples, há previsão, no art. 1.029 do Código Civil, para a retirada imotivada de sócio na sociedade de prazo indeterminado. Contudo, essa regra não será aplicável no caso de regência supletiva pela Lei das S/A, pois este diploma legal não contém norma que autorize o desligamento imotivado; c) vinculação da sociedade a atos estranhos praticados por administrador: no caso de regência supletiva pelas normas da sociedade simples, aplica-se a regra do art. 1.015, parágrafo único, III, do Novo Código Civil, segundo o qual o excesso por parte dos administradores pode ser oposto a terceiros, tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade. Se eleita a regência supletiva pelas normas da sociedade anônima, ocorrerá a vinculação da sociedade aos atos praticados pelo administrador, ainda que estranhos ao objeto social da empresa. Matéria sobre a qual há, ainda, alguma controvérsia é o desempate nas deliberações de sócios. Tem-se entendido que este será feito com base na quantidade de sócios, se a regência supletiva for pelas normas da sociedade simples, observado o art. 1.010, 2 o, do Código Civil; ou pela quantidade de quotas de cada sócio, observado o art. 129, 2 o, da Lei n o 6.404/1976, se adotada a regência supletiva pelas normas da sociedade anônima. Contudo, cabe registrar que o art. 1.072 do atual Código Civil declara expressamente que as deliberações dos sócios devem obedecer ao disposto no art. 1.010, o que, eventualmente, pode vir a ser considerado como uma regra não afastável pela adoção da regência supletiva da Lei das S/A. 3.2 É vantajosa a adoção da regência supletiva pela Lei das S/A? Já vimos que, se o contrato social nada disser a respeito, a sociedade limitada rege-se, nas omissões do Capítulo próprio do vigente Código Civil, pelas normas da sociedade simples constantes desse mesmo diploma legal. É comum questionar-se sobre a vantagem, ou não, de se adotar a regência supletiva pelas normas Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Out/2008 - Fascículo 41 IR/LS 13

da sociedade anônima. É claro que uma análise caso a caso sempre deve ser efetuada. Contudo, dois argumentos a favor da adoção supletiva das regras das sociedades anônimas merecem ser destacados. O primeiro deles é que as normas da sociedade simples poderão, em certos casos, não atender integralmente às necessidades de uma sociedade limitada empresária, sempre às voltas com razoável complexidade administrativa. Outro argumento é o fato de a atual Lei das S/A (Lei n o 6.404/1976, com suas modificações posteriores) ser bem antiga e, por isso, muito mais sedimentada na jurisprudência e na doutrina do que os ainda recentes dispositivos do Código Civil de 2002 que disciplinam as sociedades simples. 4. MODELO DE CLÁUSULA A cláusula contratual que estabeleça a regência supletiva da sociedade limitada pela Lei das S/A poderá ter a seguinte configuração: Cláusula... Os casos omissos neste contrato serão resolvidos com observância dos preceitos contidos no Capítulo IV do Código Civil (Lei n o 10.406/2002) que disciplina as sociedades limitadas e, nas omissões deste, pelas normas da sociedade anônima, supletivamente, conforme faculta o parágrafo único do art. 1.053 do citado diploma legal. IOB Setorial Terceiro setor - Incidência da contribuição para o PIS-Pasep e da Cofins nas entidades sem fins lucrativos 1. INTRODUÇÃO As organizações sem fins lucrativos e não governamentais (ONG), bem como as fundações e entidades beneficentes, entre outras muitas vezes criadas e organizadas pelas próprias comunidades, são conhecidas como terceiro setor, cuja função é auxiliar nas questões sociais. Lembramos que o primeiro setor é o Governo, responsável por essas questões, e o segundo setor é o privado, que responde pelas questões individuais. As entidades consideradas sem fins lucrativos são imunes ou isentas de impostos. A imunidade está prevista na Constituição Federal, e a isenção é concedida por lei. Ressaltamos que essas entidades são imunes ou isentas somente de impostos e não de contribuições sociais, tais como Cofins e PIS-Pasep. 2. PIS-PASEP - FOLHA DE SALÁRIO 2.1 Sujeito passivo As entidades sem fins lucrativos estão sujeitas à apuração da contribuição para o PIS-Pasep sobre a folha de salários. São contribuintes: a) templos de qualquer culto; b) partidos políticos; c) instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e os requisitos da Lei n o 9.532/1997, art. 12; d) instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e associações que preencham as condições e os requisitos da Lei n o 9.532/1997, art. 15; e) sindicatos, federações e confederações; f) serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; g) conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; h) fundações de direito privado; i) condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e 14 IR/LS Manual de Procedimentos - Out/2008 - Fascículo 41 - Boletim IOB

j) Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e organizações estaduais de cooperativas previstas na Lei n o 5.764/1971, art. 105, 1 o. Caso as sociedades cooperativas, na apuração da contribuição para o PIS-Pasep Faturamento, efetuem qualquer dedução prevista na IN SRF n o 247/2002, art. 33, também contribuirão para o PIS-Pasep incidente sobre a folha de salários. (Lei Complementar n o 7/1970; Lei n o 9.715/1998; MP n o 2.158-35/2001, e IN SRF n o 247/2002, art. 9 o ) 2.2 Base de cálculo A base de cálculo da contribuição para o PIS- Pasep incidente sobre a folha de salários mensal das entidades corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. Não integram a base de cálculo o salário-família, o aviso prévio indenizado, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), pago diretamente ao empregado na rescisão contratual, e a indenização por dispensa, desde que dentro dos limites legais. (IN SRF n o 247/2002, art. 51) 2.3 Alíquota A alíquota da contribuição para o PIS-Pasep é de 1% sobre a folha de salários. (IN SRF n o 247/2002, art. 61) 3. COFINS - ISENÇÃO As entidades sem fins lucrativos (veja item 2.1) estão isentas da Cofins. Observe-se que tal isenção se aplica somente às receitas relativas às atividades próprias. Contudo, é necessário observar a extensão da aplicação do conceito de receitas próprias (IN SRF n o 247/2002, art. 47, 2 o ). Segundo as Soluções de Consulta da SRF da 8 a Região Fiscal, o conceito se aplica nos seguintes casos: SOLUÇÃO DE CONSULTA N o 253 de 21 de setembro de 2005 ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins EMENTA: RECEITA DAS ATIVIDADES PRÓPRIAS. ISEN- ÇÃO. Estarão isentas da Cofins as receitas das atividades próprias das instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos, desde que tais entidades cumpram todos os requisitos legais para gozo da isenção do IRPJ e da CSLL. A verificação desse enquadramento compete ao próprio contribuinte e independe de prévia manifestação da Secretaria da Receita Federal, não constituindo, por conseguinte, a solução de consulta instrumento declaratório dessa isenção. Entendem-se por atividades próprias aquelas que não ultrapassam a órbita dos objetivos sociais das entidades sem fins lucrativos, alcançando especialmente as receitas tipicamente auferidas, tais como: doações, contribuições, inclusive a sindical e a assistencial, mensalidades e anuidades recebidas de profissionais inscritos, de associados, de mantenedores e de colaboradores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao custeio e vale manutenção daquelas entidades e à execução de seus objetivos estatutários. SOLUÇÃO DE CONSULTA N o 110 de 16 de julho de 2002 ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins EMENTA: ISENÇÕES. ASSOCIAÇÕES SEM FINS LUCRA- TIVOS. A partir de 1 o de fevereiro de 1999, são isentas da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins as receitas das associações civis sem fins lucrativos a que se refere o art. 15 da Lei n o 9.532 de 10/12/1997, relativas a suas atividades próprias, assim entendidas suas receitas típicas, como as contribuições, doações e anuidades ou mensalidades de seus associados e mantenedores, destinadas ao custeio e manutenção da instituição e execução de seus objetivos estatutários, mas que não tenham cunho contraprestacional. As demais receitas, como as decorrentes da prestação de serviços, vendas de mercadorias e ganhos de aplicações financeiras, serão tributadas conforme o disposto nos arts. 2 o e 3 o, 1 o da Lei n o 9.718, de 27/11/1998. (Lei Complementar n o 70/1991, art. 6 o ; MP n o 2.158/2001, art. 14, e IN SRF n o 247/2002, art. 47) 4. RECEITAS FORA DO OBJETO SOCIAL DA ENTIDADE As receitas auferidas fora do objeto social das entidades estão sujeitas à apuração da Cofins aplicável às pessoas jurídicas em geral. Assim, as entidades imunes aplicam sobre as receitas que não forem próprias da atividade a alíquota do regime cumulativo de 3%, e as entidades isentas ficam sujeitas à alíquota do regime não cumulativo de 7,6%. Observe-se que as entidades imunes ou isentas somente estarão sujeitas à contribuição para o PIS- Pasep, às alíquotas de 0,65% e 1,65%, respectivamente, quando perderem o gozo da imunidade ou isenção do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), por meio de ato declaratório expedido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, em razão do descumprimento das condições expostas na Lei n o 9.532/1997, arts. 12 a 18. (Lei n o 10.833/2003, art. 10, IV) Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Out/2008 - Fascículo 41 IR/LS 15