TRABALHOS TÉCNICOS Divisão Jurídica O APERFEIÇOAMENTO DA LEI GERAL DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE. Orlando Spinetti Advogado



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Transcrição:

TRABALHOS TÉCNICOS Divisão Jurídica O APERFEIÇOAMENTO DA LEI GERAL DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE Orlando Spinetti Advogado A Lei Geral trouxe diversas conquistas para o segmento das microempresas e empresas de pequeno porte (MPE), principalmente nas vendas para os Governos, mas algumas questões precisam ser aperfeiçoadas. Neste diapasão, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 02, de 2007, que representa um aperfeiçoamento da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, de 2006. Cumpre, antes de adentrar nos nossos comentários sobre o mérito, que neste projeto de lei estão apensados 16 PLP, tendo como proposição principal o PLP nº 02, de 2007, com o intuito de alterar o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Basicamente, o PLP nº 02/2007, de autoria do Deputado Antônio Carlos Mendes Thame, visava incluir no Simples Nacional as empresas de decoração e paisagismo, de representação comercial e as corretoras de seguros, cuja adesão é atualmente vedada. A partir desta discussão, foi apresentado pelo Relator José Pimentel, na Comissão de Finanças e Tributação, um super substitutivo que contemplou os diversos segmentos. Como novidade, o projeto de lei complementar inclui diversas categorias que ficaram de fora da legislação de 2006. Um dos segmentos mais beneficiados será o da saúde. Clínicas e consultórios médicos continuarão de fora, mas laboratórios, serviços de tomografia e diagnósticos por meio de imagem (radiografia e afins), assim como serviços de prótese poderão aderir ao Supersimples. O objetivo é baratear os serviços médicos para a população. Nessa mesma linha, entrarão as academias de ginástica, já que muitos dos alunos as freqüentam por indicação médica. Além destes segmentos, serão beneficiados os seguintes setores: serviços de tradução, agências de publicidade e assessorias de imprensa, decoração e paisagismo, laboratórios de análises clínicas/patologia clínica, serviços de instalação, reparos e manutenção em geral, corretagem de seguros, ensino médio e pré-vestibulares e consertos em geral. Agosto de 2008

64 Neste particular, somos contra a inclusão indiscriminada de setores, visto que muitas atividades assemelham-se a atividades de pessoas físicas e, ao se organizarem como pessoa jurídica, já obtêm enorme vantagem tributária em relação aos que atuam como pessoa física. Além disso, a característica de suas atividades normalmente não envolve concorrentes de grande porte a lhes deixar em evidente desvantagem. Permitir a adesão ao Simples Nacional implicaria renúncia fiscal de magnitude excessiva, prejudicando a arrecadação e descompensando o desenho do sistema tributário. Tal é o caso dos prestadores de serviços profissionais, como os de decoração e paisagismo, de representação comercial, de corretagem de seguros (PLP n os 02, 85, 86, 105, 110 e 113), de consultoria (PLP nº 06), de advocacia (PLP n os 34 e 104), de manutenção de máquinas e equipamentos (PLP nº 34) e de clínica médica (PLP n os 85, 94 e 120). Além da iniciativa de inclusão de atividades, outro ponto de aperfeiçoamento é o de incentivo às exportações, pois a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX), em recente estudo, concluiu que, apesar de as exportações brasileiras terem, em 2006, crescido 16,3% quando comparadas com o ano anterior, o número de microempresas e empresas de pequeno porte caiu 4% no mesmo período. Consideramos que esse é um cenário alarmante e que, a exemplo do que ocorre com a regulamentação do Sistema de Garantias de Crédito, também é preciso regulamentar o consórcio de exportação das microempresas e empresas de pequeno porte previsto no artigo 56 da Lei Complementar nº 123, de 2006. Por isso, bem andou a alteração prevista para o artigo 18, nos seguintes termos: Art. 18 (...) V as receitas decorrentes da exportação de mercadorias para o exterior, inclusive as vendas realizadas por meio de comercial exportadora ou da sociedade de propósito específico prevista no art. 56 desta Lei Complementar. (Grifo nosso.) A novidade está na criação da sociedade de propósito específico, que é o consórcio de micro e pequenas empresas optantes pelo Supersimples para comprar e vender produtos conjuntamente. A novidade surgiu na Lei Geral, mas o atual projeto regulamenta o dispositivo, e com isso se evita a bitributação. O artigo 56 passará a ter a seguinte redação: Art. 56. As microempresas ou as empresas de pequeno porte poderão realizar negócios de compra e venda, de bens e serviços, para os mercados nacional e internacional, por meio de sociedade de propósito específico, por prazo indeterminado, nos termos e condições estabelecidos pelo Poder Executivo federal, até 31 de dezembro de 2008. Trabalhos Técnicos Agosto de 2008

65 1º A sociedade de que trata o caput deste artigo será composto exclusivamente pelas microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art. 3º desta lei complementar. 2º As microempresas e empresas de pequeno porte que vierem a se desenquadrar poderão permanecer por um período de até dois anos como sócias da sociedade de propósito específico referida no caput deste artigo. 3º Findo o prazo estipulado no parágrafo anterior, a microempresa ou a empresa de pequeno porte que voltar a preencher os requisitos do 1º poderá se manter na sociedade de propósito específico. 4º A sociedade de propósito específico de que trata este artigo: I terá seus atos arquivados no Registro Público de Empresas Mercantis; II apurará o imposto de renda das pessoas jurídicas com base no lucro real, devendo manter a escrituração dos livros Diário e Razão; III apurará a Cofins e a Contribuição para o PIS/Pasep de modo não-cumulativo; IV a microempresa ou a empresa de pequeno porte não poderá participar simultaneamente de mais de uma sociedade de propósito específico de que trata este artigo; V o consórcio simples não poderá ser concomitantemente de venda e de compra, salvo no caso de compra de insumos, peças ou componentes para industrialização; VI exportará, exclusivamente, bens e serviços a ela destinados pelas microempresas e empresas de pequeno porte que dela façam parte; e VII observará subsidiariamente as regras previstas no Código Civil para as sociedades limitadas. (NR) Ponto positivo foi o da criação da figura do microempreendedor individual (MEI), que refere-se às empresas com receita bruta anual de até R$ 36 mil e com, no máximo, dois trabalhadores. Dispositivo assemelhado já existia no artigo 53 da Lei Geral mas não como o qualitativo de microempreendedor individual. Agora, o pagamento da cesta dos oito tributos será trocado por contribuição mensal em valor que ainda será fixado no projeto final, mas que hoje está em R$ 50, incluindo neste valor o recolhimento para a Previdência. As microempresas ainda terão de pagar mais R$ 30 mensais de Imposto sobre Serviços (ISS). A idéia da proposta é de que o imposto seja cobrado na conta de luz dessas microempresas. Agosto de 2008 Trabalhos Técnicos

66 Com o valor dos impostos reduzido a R$ 50, os MEI estarão praticamente isentos dos impostos a serem pagos ao Estado. Mas antes é preciso chamar atenção para o seguinte: o empresário considerado microempresário é o que fatura até 240 mil reais anuais, que não se confunde com o denominado MEI, que é aquele definido no artigo 997 do Código Civil e que ganha até R$ 36 mil por ano. O texto legal é esclarecedor, pelo que trazemos à colação: Art. 18-A O Microempreendedor Individual (MEI) poderá optar pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais, independentemente da receita bruta por ele auferida no mês, de acordo com a atividade exercida. 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se MEI o empresário individual a que se refere o art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que tenha auferido receita bruta no ano-calendário anterior, de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais), optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo. 2º No caso de início de atividades, o limite de que trata o 1º será de R$ 3.000,00 (três mil reais) multiplicados pelo número de meses compreendido entre o início da a- tividade e o final do respectivo ano-calendário, consideradas as frações de meses como um mês inteiro. 3º Na vigência da opção pela sistemática de recolhimento prevista no caput: I não se aplica o disposto no 18 do art. 18 desta Lei Complementar; II não se aplica a redução prevista no 20 do art. 18 ou qualquer dedução na base de cálculo. III serão válidas as isenções específicas para as microempresas e empresas de pequeno porte concedidas pelo Estado, Município ou Distrito Federal a partir de 1º de julho de 2007 que abranjam integralmente a faixa de receita bruta anual de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais); IV o Microempreendedor Individual estará sujeito, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor, ao valor fixo mensal de R$ 50,00 (cinqüenta reais), a título da contribuição referida no inciso VI do art. 13 e de R$ 30,00 (trinta reais), a título do imposto referido no inciso VIII do mesmo artigo, caso seja contribuinte deste imposto; Trabalhos Técnicos Agosto de 2008

67 V sem prejuízo do disposto nos 1º a 3º do art. 13, o Microempreendedor Individual não estará sujeito à incidência dos tributos e contribuições referidos nos incisos I a V e VII daquele artigo. 4º Não poderá optar pela sistemática de recolhimento prevista no caput o MEI: I - cuja atividade seja tributada pelos Anexos IV ou V desta Lei Complementar; II - que possua mais de um estabelecimento; III - que participe de outra empresa como titular, sócio ou administrador. 5º A opção de que trata o caput dar-se-á na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, observando-se que: I será irretratável para todo o ano-calendário; II deverá ser realizada no mês de janeiro, até o seu último dia útil, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do ano calendário da opção, ressalvado o disposto no inciso III; III produzirá efeitos a partir da data do início de atividade desde que exercida nos termos, prazo e condições a serem estabelecidos em ato do Comitê Gestor a que se refere o caput deste parágrafo. 6º O desenquadramento da sistemática de que trata o caput será realizado de ofício ou mediante comunicação do MEI. 7º O desenquadramento mediante comunicação do MEI à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) dar-se-á: I por opção, que deverá ser efetuada durante o mês de janeiro, até o seu último dia útil, produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro do ano-calendário da comunicação; II obrigatoriamente, quando o MEI incorrer em alguma das situações previstas no 4º, devendo a comunicação ser efetuada até o último dia útil do mês subseqüente à- quele em que ocorrida a situação de vedação, produzindo efeitos a partir do mês subseqüente ao da ocorrência da situação impeditiva; III obrigatoriamente, quando o MEI exceder, no ano-calendário, o limite de receita bruta previsto no 1º, devendo a comunicação ser efetuada até o último dia útil do mês subseqüente àquele em que ocorrido o excesso, produzindo efeitos: Agosto de 2008 Trabalhos Técnicos

68 a) a partir de 1º de janeiro do ano-calendário subseqüente ao da ocorrência do excesso, na hipótese de não ter ultrapassado o referido limite em mais de 20% (vinte por cento); b) retroativamente a 1º de janeiro do ano-calendário da ocorrência do excesso, na hipótese de ter ultrapassado o referido limite em mais de 20% (vinte por cento). IV obrigatoriamente, quando o MEI exceder o limite de receita bruta previsto no 2º, devendo a comunicação ser efetuada até o último dia útil do mês subsequente àquele em que ocorrido o excesso, produzindo efeitos: a) a partir de 1º de janeiro do ano-calendário subseqüente ao da ocorrência do excesso, na hipótese de não ter ultrapassado o referido limite em mais de 20% (vinte por cento); b) retroativamente ao início de atividade, na hipótese de ter ultrapassado o referido limite em mais de 20% (vinte por cento). 8º O desenquadramento de ofício dar-se-á quando verificada a falta de comunicação de que trata o 7º. 9º O Empresário Individual desenquadrado da sistemática de recolhimento prevista no caput passará a recolher os tributos devidos pela regra geral do Simples Nacional a partir da data de início dos efeitos do desenquadramento, ressalvado o disposto no 10. 10. Nas hipóteses previstas nas alíneas a dos incisos III e IV do 7º, o MEI deverá recolher a diferença, sem acréscimos, em parcela única, juntamente com a da apuração do mês de janeiro do ano-calendário subseqüente ao do excesso, na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor. 11. O Comitê Gestor disciplinará o disposto neste artigo." (NR) Art. 18-B. O MEI definido na forma do 1º do art. 18-A deverá arrecadar a contribuição para a Seguridade Social, devida pelo segurado contribuinte individual de que trata a alínea f do inciso V do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e recolhê-la até o dia quinze do mês seguinte ao da competência a que se referir, na forma estabelecida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), não se aplicando o disposto no art. 4º da Lei nº 10.666, de 8 de maio de 2003. Parágrafo único. Na hipótese de que trata o caput, fica o MEI dispensado de prestar a informação prevista no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, no que se refere à remuneração paga ou creditada decorrente do seu trabalho, salvo se presentes outras hipóteses de obrigatoriedade de prestação de informações, na forma estabelecida pela RFB. (NR) Trabalhos Técnicos Agosto de 2008

69 Para facilitar a concessão de benefícios fiscais de tributos estaduais, o PLP tenta reduzir alguns conflitos relativos ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). O texto dá aos Estados a prerrogativa de conceder isenção, redução de alíquota ou fixação de valor sem passar pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ). É uma forma de desburocratização. Para isso, incluiu os 26 e 27 no inciso V do artigo 18 nos seguintes termos: 26. A concessão de benefícios fiscais relativos ao ICMS ou ao ISS, para as microempresas e empresas de pequeno porte incluídas no Simples Nacional, será feita mediante deliberação exclusiva e unilateral do Estado, do Distrito Federal ou do Município concedente. 27. A concessão de benefícios fiscais de que trata o 26 poderá ser realizada de modo diferenciado para cada ramo de atividade. Por fim, a questão relevante era a impossibilidade de aproveitamento de créditos tributários relativos ao ICMS pela empresa que adquiria mercadorias de MPE, o que levava a grandes e médias empresas a não comprar das MPE. Agora o problema deve ser corrigido como prevê alteração do 1º do art. 23, in verbis: 1º As empresas não optantes pelo Simples Nacional terão direito ao crédito presumido dos tributos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional, em relação às aquisições feitas de microempresas e de empresas de pequeno porte, optantes pelo Simples Nacional, e destinadas à revenda ou utilização como insumo no processo industrial, inclusive para efeito de cálculo da substituição tributária. Por derradeiro, esperamos ver resolvida a discutida questão da substituição tributária. Isto porque, no regime do Simples Nacional, a parcela referente ao ICMS, por previsão na própria Lei Complementar (art. 18), nas receitas decorrentes de operações com mercadorias sujeitas ao regime da substituição tributária para frente, promovidas pelos substituídos tributários, não se aplica a legislação do Supersimples e, sim a legislação estadual pertinente a cada operação. Ao perceberem que poderiam ter perdas de arrecadação, os Estados listaram todos os produtos para o regime de substituição tributária para não ficarem sujeitos ao Supersimples, neutralizado o benefício legislativo. Isso significa dizer que em relação às mercadorias sujeitas ao regime da substituição tributária, dentro da esfera estadual, a adesão do contribuinte ao Simples Nacional, almejando a redução da carga tributária, revela-se inócua, tendo em vista que as operações serão tributa- Agosto de 2008 Trabalhos Técnicos

70 das, antecipadamente, até a etapa final, com base em margens de valor agregado e aplicação das alíquotas normais. Até o final do ano passado, estavam sujeitas ao regime da substituição tributária, de um modo geral, as seguintes mercadorias, podendo haver alguma diferença entre Estados da Federação: água mineral ou potável e gelo, cerveja, chopp, refrigerantes, cigarros e produtos derivados do fumo, cimento, combustíveis, lubrificantes e aditivos, pneumáticos, câmaras de ar e protetores, tintas, vernizes e outras mercadorias da indústria química, filmes fotográficos e cinematográficos, slides, lâminas de barbear, aparelhos de barbear descartáveis e isqueiros, sorvetes, veículos novos, discos fonográficos (CD) e fitas cassetes, medicamentos. No final do ano passado, ao que tudo indica, não por acaso, diante da iminência da a- desão de um número maior de contribuintes ao Simples Nacional e à perda de arrecadação, foram editados diversos atos legais, instituindo o regime da substituição tributária para frente com relação, ainda, às seguintes mercadorias: bebidas quentes (São Paulo e Mato Grosso do Sul); colchões, inclusive box, travesseiros e pillows; produtos cosméticos, perfumaria, artigos de higiene pessoal e de toucador (no que se inclui, dentre outros, papel higiênico, guardanapo de papel, absorventes, fraldas, escovas de cabelo, escovas de dentes); peças, componentes e acessórios para autopropulsados; e, rações do tipo pet para animais domésticos. De forma arbitrária unilateral, por meio de Protocolos celebrados unilateralmente entre Estados, à margem do Legislativo e de que qualquer participação popular, esvaziou-se o Simples Nacional. Agora, o PLP pretende resolver o problema com a seguinte alteração legislativa no artigo 18, 4º: Art. 18. O valor devido mensalmente pela microempresa e empresa de pequeno porte comercial, optante pelo Simples Nacional, será determinado mediante aplicação da tabela do Anexo I desta Lei Complementar. 4º (...) IV às receitas decorrentes da venda de mercadorias sujeitas a imunidade, substituição tributária, alíquota zero, isenção ou não incidência de algum dos tributos incluídos no Simples Nacional, sua tributação concentrada em uma única etapa (monofásica) ou cuja tributação deva ocorrer, em relação a esses tributos, em momento posterior, bem como com redução na base de cálculo, na proporção da parcela não tributada; (...) (Grifo nosso.) Depois de tudo o que se falou e se criticou sobre o Supersimples, o Brasil não merece ficar com uma lei complementar incompleta e que, ao invés de ajudar, caso não seja aperfeiçoada, acabe por piorar a situação deste segmento que tanto gera emprego e renda no Brasil. Trabalhos Técnicos Agosto de 2008