ESTADO DE SERGIPE TRIBUNAL DE CONTAS CORREGEDORIA-GERAL



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Transcrição:

PROCESSO 001324/2011 ORIGEM Pessoa Física NATUREZA Consulta INTERESSADO Tribunal de Contas do Estado de Sergipe RELATOR Conselheiro REINALDO MOURA FERREIRA AUDITOR FRANCISCO EVANILDO DE CARVALHO Parecer nº 47/2011 PROCURADOR JOSÉ SÉRGIO MONTE ALEGRE Parecer nº 0126/2011. RELATÓRIO Trata-se de Consulta objetivando rever o posicionamento desta Corte de Contas adotado na Consulta 376/2010 Decisão TC 17267, que versa sobre a legalidade do pagamento de férias proporcionais a Membros de Poder e a Servidor Público após o período mínimo de doze meses trabalhados quando do desligamento definitivo do serviço público. Fez juntar consolidado acervo jurisprudencial demonstrando inequívoca divergência entre o entendimento esposado pelo TCE/SE na consulta epigrafada e a jurisprudência emanada dos Tribunais Superiores. A Coordenadoria Jurídica por conduto do Parecer n. 009/2011 (fls. 56/58), manifestou-se no sentido da plausibilidade do direito invocado com o condão de reformar o entendimento desta Corte de Contas, ante o farto posicionamento jurisprudencial existente. A diligente Auditoria no Parecer n. 47/2011 (fls. 61/63), lavrado pelo digno Auditor Francisco Evanildo de Carvalho, aduziu que no Parecer n. 14/2010, daquela consulta inicial, posicionou-se pela legalidade do referido pagamento, reconhecendo a aplicação dos direitos sociais, em face da dicção dos arts. 7 e 39, 3, aliado ao princípio que veda o enriquecimento sem causa e a aplicação subsidiária do Estatuto dos Servidores Públicos Federais. Ao final, opinou pela reforma da Decisão TC n. 172 67/2010, destacando a remansosa jurisprudência que consolida a legalidade do pagamento questionado. O Procurador-Geral do Ministério Público Especial, Dr. José Sérgio Monte Alegre, através do Parecer n. 0126/2011 (fls. 66/6 8), firmou o entendimento de que a matéria trata de direito social garantido pela Constituição Federal, em seu artigo 7, inciso XVII, c/c art. 39, 3, bem como previsto n o art. 29, inc. X, da Constituição do Estado de Sergipe, o qual jamais poderia ser tolhido com base em disposição infraconstitucional, ou em omissão de lei estadual. Argumentou, ainda, o douto representante do Parquet argumentou ainda, não haver qualquer omissão na Lei Estadual n. 2.148/77, como supôs o Egr. Tribunal de Contas na Decisão TC 17267/2010, posto que a interpretação teleológica do art. 106, do referido Estatuto do Servidor Público do Estado de Sergipe, há de conduzir à conclusão de que se cuida de norma protetiva do trabalho subordinado, a

2 resguardar direito fundamental constitucionalmente previsto. Concluiu pela alteração do item 2 da consulta objeto da Decisão TC 17267, a fim de que se reconheça o direito pleiteado. Na Sessão do Pleno do dia 11/08/2011, quando houve a primeira apreciação da consulta, o Tribunal, após o voto de vista do eminente Conselheiro CLÓVIS BARBOSA DE MELO (fls. 81/84), considerou a ilegitimidade do Conselheiro Aposentado Antonio Manoel de Carvalho Dantas para formular consulta ao Tribunal de Contas, originando a Decisão TC 17493 Pleno. Ementa: Consulta formulada por Pessoa Física. Autuação Processual. Afastamento definitivo do serviço público. Indenização de Férias Proporcionais de Membro de Poder e de Servidor Público. Inadmissibiliade. Ilegitimidade de parte. Inteligência do art. 149, 2 e 3, do Regimento Interno. Não Conhecimento. Decisão Unânime. (Decisão TC 17493 Plenário) O Senhor ANTONIO MANOEL DE CARVALHO DANTAS, Conselheiro Aposentado deste Tribunal, protocolizou no dia 25/10/2011, tempestivamente, sob n TC 2011/12900-6, embargos de declaração contra a Decisão TC 17493 Pleno. O Pleno do Tribunal, conforme registrado na Ata da Sessão do dia 16/02/2012, deu provimento ao embargo de declaração, excluindo o Senhor ANTONIO MANOEL DE CARVALHO DANTAS do rol de interessado, passando a figurar na relação processual, como órgão consulente, o Tribunal de Contas do Estado de Sergipe. O processo retornou à digna Auditoria e ao Ministério Público Especial para nova manifestação sobre a matéria, não havendo qualquer modificação nos pareceres anteriormente emitidos. É o relatório. Aracaju, 10 de maio de 2012. Conselheiro REINALDO MOURA FERREIRA Corregedor-Geral

3 VOTO DE MÉRITO DO CONSELHEIRO RELATOR O art. 149, 2º e 3º, do Regimento Interno deste Tribunal, à época vigente, estabelecia que os órgãos e entidades da administração pública poderiam, a qualquer tempo, reformular ou renovar consulta já respondida pelo Tribunal, também tornando facultado a qualquer Conselheiro ou de Membro do Ministério Público: Art. 149-2º A qualquer tempo poderá a Administração repetir a consulta, se sobrevierem fatos ou argumentos que possam importar na modificação da decisão do Tribunal. 3º é facultado ao Tribunal, por iniciativa de qualquer Conselheiro ou de Membro do Ministério Público, reexaminar ex ofício, o ponto de vista firmado em decisão, e, ocorrendo a alteração de prejulgado, a orientação que vier a ser adotada terá força obrigatória a partir de sua publicação. (grifos nossos) O art. 7º, 3º, da Resolução TC 261/2011 preceitua que o Tribunal, por iniciativa de qualquer Membro, poderia reexaminar decisões de consulta anteriormente respondida: é facultado ao Tribunal, por iniciativa de qualquer Conselheiro ou de Membro do Ministério Público Especial, reexaminar ex-ofício, o ponto de vista firmado em decisão, e, ocorrendo a alteração de prejulgado, a orientação que vier a ser adotada terá força obrigatória a partir de sua circulação no Diário Oficial do Estado. À época, ainda no exercício da Presidência desta Corte de Contas, recebi o requerimento do Conselheiro Aposentado Antonio Manoel de Carvalho Dantas e acolhi o seu pleito, por entender que os fatos transcritos e as decisões do Supremo Tribunal Federal juntadas ao documento poderiam modificar o entendimento deste Tribunal registrado na Decisão TC 17267 Pleno, no tocante ao pagamento de indenização de férias proporcionais. Um dos fatos trazido foi o da decisão do STF no Agravo de Instrumento nº. 769836, que negou provimento ao recurso do Estado de Sergipe, sob o fundamento de que o tema esboçado na petição do recurso extraordinário era análogo ao do RE- RG 570.908. DECISÃO: O assunto versado na petição do recurso extraordinário é análogo ao do RE-RG 570.908, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 29.2.2008, recurso-paradigma da sistemática da repercussão geral. Assim, devolvam-se os autos ao tribunal de

4 origem, para que observe o disposto no art. 543-B do Código de Processo Civil. (STF - AI 769836 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Relator: MINISTRO GILMAR MENDES) Da negativa do recurso extraordinário, o STF, no AI n 769836, conservou o Acórdão nº. 200810035 do Tribunal de Justiça, relatado pela eminente Desembargadora MARIA APARECIDA SANTOS GAMA DA SILVA, que reconheceu o direito de servidor público exonerado de cargo em comissão a perceber indenização de férias proporcionais: Apelação Cível. Administrativo. Servidor Público Estadual. Ocupante de cargo em comissão. Exoneração. Ação Cominatória. Pagamento de indenização correspondente a férias proporcionais. Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado de Sergipe não possui disposição específica sobre a matéria. Férias. Direito social assegurado pelo art. 7º, inciso XVII c/c art. 39, 3º da Constituição Federal e art. 29, inciso X, da Constituição Estadual. Inteligência do art. 78, 3º da Lei Federal 8.112/90. Hipótese dos autos não se enquadra na ressalva legislativa referente ao primeiro período aquisitivo. Servidora investida no cargo em 01/01/2003 e exonerada em 23/12/2005. Aplicação da legislação federal com o fito de propiciar maior efetividade ao texto constitucional. Vedação ao enriquecimento sem causa da Administração. Fixação de honorários advocatícios de sucumbência em favor da Defensoria Pública. Impossibilidade. Confusão entre credor e devedor. Art. 381 do Código Civil. Precedentes do STJ. Sentença modificada apenas para afastar a condenação do Estado ao pagamento da verba honorária. Recurso conhecido e parcialmente provido. (TJ- SE Processo n 2008215560 Julgado: 16/12/2008) grifos nossos O Auditor FRANCISCO EVANILDO emitiu parecer opinando sobre a legalidade do pagamento de indenização de férias proporcionais a servidor público e a membro de poder quando do desligamento definitivo do serviço público, por exoneração, por aposentadoria ou por morte. De igual forma, o douto Procurador JOSÉ SÉRGIO MONTE ALEGRE, Administrativista de renome nacional, representando o Ministério Público Especial, assim se manifestou: RENOVAÇÃO DE CONSULTA. PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO RELATIVA A FÉRIAS PROPORCIONAIS. DIREITO CONSTITUCIONALMENTE ASSEGURADO. INTERPRETAÇÃO BENIGNA DO ART. 106 DA LEI Nº 2.148/77.

5 ALTERAÇÃO DO ITEM 2 DA CONSULTA PARA O RECONHECIMENTO DO DIREITO. O exame de mérito da matéria será necessário para reafirmar ou modificar o entendimento desta Corte de Contas, consubstanciado na Decisão TC 17267 Pleno (Processo TC 376/2010), sobre a legalidade de pagamento de indenização de férias proporcionais quando do desligamento definitivo do serviço público. Os recém julgados do Supremo Tribunal Federal - STF, do Superior Tribunal de Justiça - STJ e do Conselho Nacional de Justiça CNJ evidenciam a legalidade do pagamento da referida indenização. O Superior Tribunal de Justiça assim já decidiu sobre o direito à indenização de férias proporcionais: Com efeito, as férias proporcionais consubstanciam uma garantia do servidor e, apesar de à primeira vista prestarem-se apenas para o descanso do trabalho, o seu caráter pecuniário não pode ser desconsiderado. Assim, deixando de gozar o período de férias que lhe era devido, independente de se tratar de prazo integral ou proporcional, faz jus o servidor à indenização correspondente, sob pena de locupletamento indevido da Administração. (Voto do REsp 64141/DF) Registro, por derradeiro, que a questão de fundo nesses autos tratada já se encontra mesmo superada nesta Corte. Sem divergência, ambas as Turmas especializadas, consolidaram o entendimento de que é devido o pagamento das férias convertidas em pecúnia em virtude da aposentadoria do servidor, independentemente de serem integrais ou proporcionais, uma vez que tais verbas têm natureza indenizatória, sob pena de enriquecimento ilícito da Administração. (grifos nossos) REsp 273799/SC RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS ARTS. 5., INCISO XXXVI DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E 6. DA LICC. DIREITO ADQUIRIDO. IMPOSSIBILIDADE DE DISCUSSÃO EM SEDE ESPECIAL. PRECEDENTES DA CORTE. FERIAS PROPORCIONAIS. APOSENTADORIA. PAGAMENTO EM PECUNIA.... 2. O SERVIDOR APOSENTADO, AINDA QUE

6 VOLUNTARIAMENTE, TEM DIREITO A RECEBER EM PECUNIA AS FERIAS PROPORCIONAIS.(REsp 74476 / DF) ADMINISTRATIVO. FERIAS PROPORCIONAIS NÃO GOZADAS. APOSENTADORIA. PAGAMENTO EM PECUNIA. POSSIBILIDADE. 1- O SERVIDOR APOSENTADO, AINDA QUE VOLUNTARIAMENTE, TEM DIREITO A RECEBER EM PECUNIA AS FERIAS NÃO GOZADAS QUANDO NA ATIVA. PRECEDENTES DA CORTE. 2- RECURSO ESPECIAL CONHECIDO. (REsp 83766 / DF) ADMINISTRATIVO. FERIAS PROPORCIONAIS NÃO GOZADAS. APOSENTADORIA. PAGAMENTO EM PECUNIA. POSSIBILIDADE. VERBA DE CARATER INDENIZATORIO. 1- O SERVIDOR APOSENTADO, AINDA QUE VOLUNTARIAMENTE, TEM DIREITO A RECEBER EM PECUNIA AS FERIAS NÃO GOZADAS QUANDO NA ATIVA, ACRESCIDAS DO TERÇO CONSTITUCIONAL, PORQUANTO TRATA-SE DE VERBA DE CARATER INDENIZATORIO, NÃO CONSTITUINDO ESPECIE DE REMUNERAÇÃO, MAS MERA REPARAÇÃO DO DANO ECONOMICO SOFRIDO PELO FUNCIONARIO, RESTABELECENDO-SE A INTEGRIDADE PATRIMONIAL DESFALCADA. PRECEDENTES DA CORTE. 2- RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO. (STJ - REsp 72774 / DF) Grifos nossos ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. EXONERAÇÃO A PEDIDO. PUBLICAÇÃO CONDICIONADA À QUITAÇÃO DE DÉBITOS COM O ERÁRIO. ILEGALIDADE. INDENIZAÇÃO POR FÉRIAS PROPORCIONAIS. CABIMENTO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E IMPROVIDO.... 2. Nos termos do art. 78, 3º, da Lei 8.112/90, o servidor público exonerado do cargo efetivo tem direito ao recebimento de indenização por férias vencidas e não gozadas e, ainda, por férias proporcionais, sob pena de enriquecimento ilícito da Administração. Ilegalidade do Ofício-Circular MARE 70/95, que impede o pagamento de indenização por férias proporcionais a servidor público exonerado a pedido. (REsp 782694 / RS)

7 AGRAVO REGIMENTAL. ADMINISTRATIVO. FERIAS PROPORCIONAIS. APOSENTADORIA. VIOLAÇÃO DO ART. 6. DA LICC E DO ART. 5., INC. XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. MATERIAS DE INDOLE EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. 1. A JURISPRUDENCIA DA CORTE E NO SENTIDO PRECONIZADO PELO JULGADO A QUO, OU SEJA, O DIREITO AO RECEBIMENTO DE FERIAS PROPORCIONAIS PELO EXONERADO OU APOSENTADO E ASSEGURADO PELO PAR. 3., DO ART. 78, DA LEI 8.112, DE 11.12.1990. DEVIDAS AS FERIAS, DEVEM SER ACRESCIDAS DE 1/3 CONFORME PREVISÃO CONSTITUCIONAL. (AgRg no Ag 96959 / DF) Grifos nossos O Ministro OG FERNANDES, nos autos do Processo Ag 1220690, reafirmou a jurisprudência do STJ sobre a indenização de férias proporcionais, com as seguintes palavras: O Tribunal de origem decidiu a questão sob os seguintes fundamentos, in verbis: (...) sou do entendimento que a Apelada também tem direito ao recebimento de indenização relativa às férias proporcionais acrescidas de 1/3 (um terço). A legislação que trata da carreira de Procurador do Estado é silente sobre o assunto. A respeito do direito a férias, a LCE 45/94 dispõe, apenas, que a aquisição do direito se dá com o exercício de 12 (doze) meses de atividade (art. 52, parágrafo único). Esta previsão, todavia, não significa que existe vedação quanto ao pagamento de indenização a título de férias proporcionais, naquelas hipóteses em que o servidor ainda não tenha completado o período mínimo de 12 (doze) meses de trabalho. (...) E diga-se que, assim como a Lei Complementar Estadual 45/94, a CLT é silente a respeito da matéria. Não obstante, doutrinária e jurisprudencialmente foi construído o posicionamento segundo o qual o trabalhador que pede demissão antes de inteirar 12 (doze) meses de atividade faz jus ao recebimento de indenização a título de férias proporcionais.

8 (...) É o que ocorre no caso dos autos. A lei que trata da carreira de Procurador do Estado do Acre nada dispõe sobre férias proporcionais. Por isso, deve ser aplicada a Lei Federal 8.112/90 (Estatuto dos Servidores Públicos da União), cujo 3.º do art. 78 estatui o seguinte: (...) Como se vê, a legislação que trata da relação estatutária entre a União e seus servidores contém dispositivo expresso acerca da indenização relativa ao período incompleto de férias. Ante o fato de que a LCE 45/94 se ressente de dispositivo que trate da matéria, estou a entender que a Lei Federal 8.112/90 é aplicável ao presente caso, mediante o emprego do recurso da analogia legis. (...) Portanto, a Apelada também faz jus ao pagamento de indenização a título de férias proporcionais, acrescida de 1/3 (um terço), cujo valor deve ser calculado conforme o tempo durante o qual exerceu o cargo de procuradora estadual." (fls. 149/158) Pensamento idêntico ao do STJ tem o Supremo Tribunal Federal STF, conforme demonstrado nos julgados a seguir transcritos: STF - RE Nº. 471286 Min. DIAS TOFFOLI JULGAMENTO - 19/03/2010 Remessa oficial e apelação cível. Ação ordinária. Servidor público contratado. Férias proporcionais. Direito constitucionalmente consagrado. Recurso não provido. 1. O servidor público, mesmo contratado, tem o direito constitucional ao recebimento de férias com o abono de um terço. 2. Se o servidor trabalhou por período inferior a doze meses, deve receber férias proporcionais porque o texto constitucional não distingue quem trabalhou período completo de quem laborou apenas em parte. (Processo n 1.0024.03.925797-7/001(1)) grifos nossos... a aludida Corte de Justiça regional julgou procedente o pedido formulado pelos recorridos, sob o fundamento de que o texto constitucional não distingue o

9 trabalhador que laborou o período aquisitivo completo, daquele que prestou serviços apenas em parte. Acrescentou, ainda, aquela decisão, que eventual norma infraconstitucional não poderia vedar o pagamento das pretendidas férias proporcionais e que tampouco poderia o ente federado editar legislação em desconformidade com a Magna Carta (folha 526). Constata-se, portanto, que tal decisão aplicou corretamente o direito à espécie, da forma, aliás, como vem reiteradamente decidindo esta Suprema Corte, em hipóteses análogas. (RE nº. 471286) Grifos nossos STF - Inq. 2577/BA - Min. MENEZES DIREITO JULGAMENTO: 05/06/2008 Nesse sentido é a jurisprudência dos tribunais pátrios: 'ADMINISTRATIVO. SERVIDOR COMISSIONADO. FÉRIAS. PAGAMENTO PROPORCIONAL. 1. Ao servidor exonerado do cargo em comissão é devido o pagamento relativo a férias proporcionais. 2. Servidor que ocupou cargo em comissão entre 13/01/93 e 26/09/95, e que gozou somente dois meses de férias, faz jus à indenização de 9/12 da remuneração, a título de férias proporcionais. 3. Apelação e remessa oficial improvidas. (TRF 1 - AC 1999.01.00.085143-1/DF, Rel. Juiz Federal Flávio Dino de Castro E Costa (conv), Segunda Turma Suplementar, DJ de 17/03/2005, p.59) SERVIDOR PÚBLICO EXONERADO. Férias integrais e proporcionais em pecúnia e décimo terceiro salário proporcional. Previsão em lei municipal somente para a hipótese de exoneração voluntária. Irrelevância. Aplicação a todas as hipóteses de exoneração porque o direito decorre das correspondentes garantias constitucionais. Recurso provido para julgar procedente a demanda. (TJSP - Apelação com Revisão 2524075000, Rel. Desembargador Edson Ferreira, 12ª Câmara de Direito Público, Publicado em 29/11/2007) ADMINISTRATIVO - AÇÃO DE COBRANÇA - SERVIDOR - CARGO COMISSIONADO - EXONERAÇÃO - VERBAS RESCISÓRIAS - 13º SALÁRIO E FÉRIAS -

10 INEXISTÊNCIA DE PROVA DE PAGAMENTO - CRÉDITO DEVIDO. (...) - (Grifos nossos) STF - RE 471460 - Ministro CARLOS AYRES BRITTO JULGAMENTO: 28/08/2006 DECISÃO: Vistos, etc. Ernani Aguette Darus maneja recurso extraordinário em face de acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Acórdão cuja ementa é a seguinte (fls. 98): ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. PAGAMENTO DE FÉRIAS VENCIDAS E NÃO GOZADAS E DE FÉRIAS PROPORCIONAIS. FALTA DE PREVISÃO NA LEI LOCAL. 1. Descabe a postulação de pagamento de férias vencidas e não gozadas, bem como de férias proporcionais, ao servidor exonerado, por ausência de previsão legal na LC 133/85. 2. APELAÇÃO DESPROVIDA. 2. Pois bem, o recorrente sustenta violação ao inciso XVII do art. 7 o, ao caput do art. 37 e ao 3 o do art. 39 da Carta de Outubro. 3. A seu turno, a douta Procuradoria-Geral da República opina pelo desprovimento do recurso, em parecer da lavra do Dr. Paulo de Tarso Braz Lucas. 4. Com as vênias devidas ao ilustrado parecer, tenho que o apelo extremo merece acolhida. É que o Constituinte garantiu ao servidor público o gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal (destaquei). 5. Ora bem, se o benefício não é usufruído (controle que, de resto, incumbe à Administração), impõe-se a correspondente indenização, a qual deve equivaler ao montante total que o servidor receberia se tivesse gozado as férias normalmente. Incluído nesse montante o terço constitucional, que atualmente integra o valor das férias, sejam elas integrais ou proporcionais, gozadas ou não (RE 260.637, Relator Ministro Sepúlveda Pertence). Cuida-se, afinal, de parcela acessória das férias, como

11 se depreende da própria leitura do dispositivo constitucional já transcrito. 6. Com efeito, o fato de o servidor não haver usufruído o mencionado direito não pode lhe acarretar punição ainda maior, qual seja, a de deixar de receber a indenização devida, com o acréscimo constitucional. Entendimento contrário levaria a uma dupla punição do servidor: não-gozo das férias (art. 39, 3º, c/c 7º, inciso XVII, da Magna Carta) e, exatamente por esse motivo, ausência da compensação monetária devida. Se assim fosse, haveria enriquecimento sem causa por parte do Estado, o que deve ser prontamente repelido. 7. Nessa direção aponta a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, de que são exemplos: RE 234.068, Relator Ministro Sepúlveda Pertence; AI 311829-AgR, Relator Ministro Nelson Jobim; AI 407387-AgR-ED, Relator Ministro Cezar Peluso; e RE 324880-AgR, de minha própria relatoria. Assim, frente ao 1º-A do art. 557 do CPC, dou provimento parcial ao recurso, para condenar o recorrido ao pagamento das férias vencidas e proporcionais reivindicadas pelo recorrente, ambas acrescidas do terço constitucional. Ficam invertidos os ônus da sucumbência. (Grifos nossos) STF - RE 471460 - Ministro CARLOS AYRES BRITTO JULGAMENTO: 19/05/2011 DECISÃO: vistos, etc. Trata-se de recurso extraordinário, interposto com fundamento na alínea a do inciso III do art. 102 da Constituição Republicana, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Acórdão assim ementado (fls. 95): PROFESSORA Pedido de pagamento de indenização de um terço de férias em razão de sua dispensa Sentença de procedência modificada Indevido o pagamento de férias proporcionais por ausência de previsão legal Recursos providos. 2. Pois bem, a parte recorrente sustenta violação ao inciso XXXVI do art. 5º, ao inciso XVII do art. 7º e ao 3º do art. 39 da Magna Carta de 1988.

12 3. Tenho que o recurso merece acolhida. Isso porque o entendimento adotado pela instância judicante de origem destoa da jurisprudência desta nossa Casa de Justiça. Leia-se, a propósito, a ementa do RE 186.216, da relatoria do ministro Carlos Velloso: CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PÚBLICO. FÉRIAS: ACRÉSCIMO DE 1/3. C.F., art. 7º, XVII. I. - A versão fática do acórdão, imodificável em sede extraordinária, é que a recorrida, que é professora, exerceu o magistério durante todo o período letivo de 1991. Faz jus, então, às férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. C.F., art. 7º, XVII. II. - R.E. não conhecido. 4. No mesmo sentido, vejam-se os AIs 311.829-AgR, da relatoria do ministro Nelson Jobim; 407.387-AgR-ED, da relatoria do ministro Cezar Peluso; e 558.208 e 694.451, ambos da relatoria do ministro Gilmar Mendes; bem como o RE 471.460, da minha relatoria. Ante o exposto, e frente ao 1º-A do art. 557 do CPC, dou provimento ao recurso, para condenar o recorrido ao pagamento do terço constitucional alusivo às férias proporcionais reivindicadas pela recorrente. Invertidos os ônus da sucumbência, fixo os honorários advocatícios em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. (grifos nossos) STF - RE 205575/DF Min. ILMAR GALVÃO SERVIDOR. APOSENTADORIA. PAGAMENTO DE FÉRIAS PROPORCIONAIS. ACRÉSCIMO DE 1/3. C.F. ART. 7º, XVII. Ao conceder a servidor que se aposentou antes do implemento do tempo alusivo à aquisição do direito às férias a indenização de férias proporcionais, o acórdão recorrido não afrontou o artigo 5º, II, da Constituição Federal, posto que se baseou na analogia, que constitui um dos instrumentos eficazes ao preenchimento da aparente lacuna do sistema jurídico (art. 4º da LICC). Precedentes do Supremo Tribunal Federal: Recursos

13 Extraordinários nºs 196.569 e 202.626 (Sessão de 09.09.98). Recurso extraordinário não conhecido. Grifos nossos A MIN. CÁRMEN LÚCIA, do STF, no Processo ARE/662755 - Recurso Extraordinário com Agravo, confirmou acórdão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais prolatado no Processo n 6643861-58.2009.8.13.0024, que garantiu a servidor o direito a percepção de férias proporcionais: AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. DIREITOS SOCIAIS. DÉCIMO TERCEIRO E FÉRIAS. APLICABILIDADE A CONTRATO TEMPORÁRIO SUCESSIVAMENTE PRORROGADO. JULGADO RECORRIDO EM HARMONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. (STF - ARE/662755 Rel.: Min. CÁRMEN LÚCIA - DJe-222 DIVULG 22/11/2011 PUBLIC 23/11/2011) grifos nossos Já no Processo RE n 570908 RN, a Ministra CÁRMEN LÚCIA expôs que o direito às férias é um direito individual indisponível, consagrado no texto constitucional. O Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região assim decidiu sobre o direito de Juiz do Trabalho perceber férias proporcionais: JUIZ FEDERAL DO TRABALHO. EXONERAÇÃO. FÉRIAS PROPORCIONAIS. INDENIZAÇÃO. PERÍODO AQUISITIVO INCOMPLETO. AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA LEI Nº 8.112/90. O direito à indenização de férias proporcionais, além das integrais, somente advém após transcorridos 12 (doze) meses de efetivo exercício no cargo, aplicando-se, subsidiariamente, o disposto nos 1º e 3º do art. 77, da Lei n. 8.112/90, por ausência de regulamentação da Lei Orgânica da Magistratura Nacional. (TRT 14ª Região - Processo n 0000150-83.2011.5.14.0000 Rel.: DESEMBARGADOR VULMAR DE ARAÚJO COÊLHO JUNIOR) A Justiça Potiguar firmou entendimento sobre a legalidade do pagamento de férias proporcionais a servidor público, mesmo na inexistência de lei autorizativa: REMESSA NECESSÁRIA. NÃO CONHECIMENTO. APELAÇÃO CÍVEL. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL. EXONERAÇÃO VOLUNTÁRIA. FÉRIAS PROPORCIONAIS NÃO GOZADAS.

14 PAGAMENTO EM PECÚNIA. DECISÃO POR ANALOGIA. POSSIBILIDADE. VERBA DE CARÁTER INDENIZATÓRIO. 1 Lei processual que modificou as causas que devem ser obrigatoriamente submetidas ao reexame do tribunal tem aplicação imediata aos processos em curso. Se a causa do envio não mais existe, o tribunal não poderá conhecer da remessa. 2 O servidor voluntariamente exonerado tem direito a receber em pecúnia as férias proporcionais não gozadas quando na ativa, acrescidas do terço constitucional, porquanto se trata de verba de caráter indenizatório, sob pena de locupletamento da Administração. 3 Não fere o princípio da legalidade a decisão que se funda em aplicação analógica de lei. 4 Não conhecimento da Remessa Necessária. Improvimento da Apelação Cível. (Grifos acrescidos) (TJRN, Apelação Cível e Remessa Necessária n.º 20010033637. 3ª Câmara Cível. Rel. Des. Osvaldo Cruz. Julg. 21/07/2005). O Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, em acórdão da lavra do Desembargador Francisco José dos Anjos Bandeira de Mello, assegurou ao servidor público o direito de perceber férias proporcionais: DIREITO CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL. AÇÃO DE COBRANÇA DE SALÁRIOS ATRASADOS. PROCEDÊNCIA PARCIAL DO REEXAME NECESSÁRIO, PREJUDICADO O APELO VOLUNTÁRIO. 1. De proêmio, verificou-se que a apelada juntou, com a inicial, seus atos de nomeação e exoneração, além de 'Extrato de Pagamento' e 'Folhas de Freqüência' - emitidos pelo próprio Município e por ele não impugnados -, documentos suficientes à propositura da ação e comprobatórios do vínculo funcional mantido pela ex-servidora com a municipalidade, de natureza estatutária, consistente no exercício de cargo comissionado. 2. Com efeito, cabia ao Município apelante fazer prova do pagamento, à apelada, dos valores deferidos (dentre os quais o das férias «proporcionais», acrescidas de 1/3 (um terço)), garantidos pela Carta Constitucional de 1988 e não atingidos pela prescrição qüinqüenal, pelo que a sua omissão nesse mister implica no reconhecimento da procedência da ação, tal como deferido pelo juízo a quo. 3. Nesse quadro, certo é que a matéria em análise - obrigação de pagar vencimento a servidor público ativo ou inativo - resta de todo pacificada perante este Tribunal de Justiça, aplicando-se tal entendimento, também, por

15 óbvio, àqueles que exercem transitoriamente funções estatutárias, pelo exercício de cargos em comissão.... (TJPE Processo nº 0012588-79.2006.8.17.0810 (209098-0) Julgado: 22/4/2010) O Conselho Nacional de Justiça - CNJ, no exercício constitucional do controle administrativo do Poder Judiciário, decidiu, de forma convergente às decisões do STF e STJ, a favor da indenização de férias proporcionais, consoante retratado no Pedido de Providência PP n 759 : Pedido de Providências. Res. 13/2006-CNJ. Indenização de férias de magistrados. Frente ao exposto, respondendo de forma ampliada à consulta formulada, voto no sentido de reconhecer aos magistrados o direito à conversão, em pecúnia, das férias não usufruídas proporcionais ou integrais com 1/3, quando da aposentadoria ou quando acumulados, estando ainda em atividade, mais de dois meses, calculada a indenização com base na remuneração ou subsídio do mês de pagamento, sem a incidência de Imposto de Renda, em face da sua natureza indenizatória. Pedido conhecido (Conselho Nacional de Justiça - CNJ PP 759 Rel. Cons. Paulo Schmidt 26ª Sessão j. 26.09.2006 DJU 16.10.2006) grifos nossos A essência da legalidade do pagamento de férias proporcionais a servidor público após o período mínimo de doze meses, mesmo sem lei local autorizativa, está centralizada na aplicação do texto constitucional, em junção com o princípio da proporcionalidade, o qual integra implicitamente os princípios constitucionais. Na análise do significado da palavra, a proporcionalidade é a adequação, a medida compatível e justa entre o meio e o fim, a fim de evitar injustiça e resultados desproporcionais. Não é proporcional que um agente público labore durante oito, nove, dez ou onze meses antes do seu desligamento definitivo da administração pública e não tenha direito às férias proporcionais, na razão do tempo trabalhado. O pagamento proporcional é moldar e harmonizar a integralidade das férias. Se o servidor trabalhou por doze meses, a razão seria 12/12 (100%); se laborou apenas por seis meses, a razão seria de 6/12 (50%). Não há prejuízo nem para o Estado e nem para o servidor público. Finalmente, registro os pareceres da Coordenadoria Jurídica e da digna Auditoria deste Tribunal e do douto representante do Ministério Público Especial, estes favoráveis ao pagamento de indenização de férias proporcionais.

16 Do exposto, voto no sentido de considerar legal o pagamento de indenização de férias proporcionais aos servidores públicos, a membros da magistratura, do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe quando do desligamento definitivo do serviço público, encontrando-se em harmonia com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e pelo Conselho Nacional de Justiça no Pedido de Providência nº 759/2006. Aracaju, 10 de maio de 2012. Conselheiro REINALDO MOURA FERREIRA Corregedor-Geral