RN n o 279 - ANS. Regulamentação dos Artigos 30 e 31 - visão dos empregadores. Laïs Perazo. Dezembro de 2011. 2011 Towers Watson. All rights reserved.



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A respeito do regime geral de previdência social, julgue os itens a seguir.

Transcrição:

RN n o 279 - ANS Regulamentação dos Artigos 30 e 31 - visão dos empregadores Laïs Perazo Dezembro de 2011 2011 Towers Watson. All rights reserved.

Qual é o nosso grande desafio? Bélgica Dinamarca Alemanha Espanha França Itália Holanda Áustria Finlândia Suécia Inglaterra Grécia Irlanda Portugal Idade 2

Ciclo típico da cobertura de plano privado de saúde Idade 21 24 anos Idade 55 60 anos Fase de Aposentadoria Como dependentes, em razão do vínculo empregatício dos pais Em função de vínculo empregatício? 11% dos beneficiários de planos privados de saúde estão na faixa etária acima de 59 anos (Fonte: ANS) 3

A importância do plano privado de saúde Você acredita que terá condições de arcar com os custos de assistência médica na aposentadoria? Diretor ou acima Gerente 51% 47% 49% 53% Supervisor / Coordenador / Consultor Analista Assessor Auxiliar Administrativo (suporte) Vendas Outros 29% 36% 43% 42% 22% 30% 25% 71% 64% 57% 58% 78% 70% 75% Sim Não Fonte: Pesquisa de Satisfação Towers Watson com 2.730 empregados 4

A preocupação faz todo o sentido... Simulação: Participante com 60 anos de idade Plano individual: custo mensal inicial = R$ 1.500,00 per capita Crescimento anual dos custos apenas pela inflação Custo mensal em R$ 6.000 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000 0 Plano Plano Individual Individual 60 65 70 75 80 85 Idade Valor presente do fluxo: R$ 315 mil 5

Qual é o papel do empregador? O benefício saúde para empregados no Brasil é facultativo É prática consolidada de mercado e os planos de saúde coletivos representam 62% do total de usuários* O plano de saúde é um dos benefícios mais valorizados pelos empregados e tem importante papel na atração, retenção e motivação das pessoas dentro das organizações Muitos trabalhadores formais ainda não estão cobertos pela saúde suplementar através do seu vínculo empregatício O esforço da regulamentação precisaria ampliar acesso destes trabalhadores e para isso é fundamental a manutenção dos planos coletivos empresariais a longo prazo Empregadores, por princípio, gostariam de viabilizar planos de saúde para seus aposentados, mas encontram severas restrições financeiras O que descrevemos a seguir respeita o que já está estabelecido nos artigos 30 e 31 da Lei 9.656/98, que, a nosso ver, trouxeram grande desestímulo às empresas na prática deste importante benefício * Fonte: Caderno de Informação da Saúde Suplementar ANS, set/2011 6

Por que os artigos 30 e 31 trouxeram risco financeiro para as empresas? Os artigos 30 e 31 tentaram ampliar o acesso de ex-empregados a planos privados de assistência à saúde, sem subsídio do empregador, uma vez que a Lei diz que o ex-empregado deve assumir o pagamento integral Esse direito existe desde que o ex-empregado tenha contribuído com o plano de forma fixa, mensalmente, enquanto empregado ativo A Lei diz que o ex-empregado deve assumir o pagamento integral, mas há diferentes interpretações sobre o valor que o mesmo deve pagar para manter o plano privado Para atender o dispositivo legal muitos empregadores, de forma indireta, passaram a subsidiar o custo do ex-empregado aposentado, quando são forçados a manter aposentados e ativos num mesmo plano ou contrato Contratos separados de aposentados não são viáveis em pequenas populações Quando estão no mesmo contrato ativos e aposentados (a maioria dos casos), os custos deste último grupo passam a pressionar o custo dos ativos, forçando a reajustes maiores (subsídio cruzado ou indireto) Nos últimos anos, auditorias vêm pressionando de forma mais incisiva a necessidade de mensurar os passivos atuariais dos benefícios com aposentados nestes casos 7

Regras de contabilização de passivos Objetivo Padronização na contabilidade de empresas Facilidade para comparação entre as empresas Registro de passivos existentes das empresas Transparência para os investidores 8

Flash Survey 2010 Extensão do plano médico a ex-empregados A empresa tem obrigação de estender o plano médico a ex-empregados, conforme artigos 30 e 31 da Lei 9.656/98? Não 29% Sim 71% 9

Flash Survey 2010 Extensão do plano médico a ex-empregados 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Como foi definido o valor a ser cobrado dos ex-empregados? 72% Mensalidade ou prêmio médio geral do contrato / apólice dos empregados ativos 20% Valor por faixa etária 2% Valor per capita diferenciado (com algum tipo de agravamento) 4% Outra metodologia 2% Não se aplica A empresa já teve que assumir parte dos custos do plano médico do grupo de aposentados ou ex-empregados demitidos sem justa causa, uma vez que as mensalidades cobradas não foram suficientes para suportar o custo efetivo? Não 70% Não se aplica 9% Sim 20% 10

Flash Survey 2010 Extensão do plano médico a ex-empregados A empresa já enfrentou alguma questão judicial referente a valores cobrados de ex-empregados? A empresa já teve que fazer alguma provisão nos balanços em função das regras contábeis nacionais e internacionais que regulamentam o benefício pós-emprego (calculado atuarialmente)? 70% 60% 62% Sim 11% 50% 40% 30% 20% 22% 10% 5% 7% 4% Não 89% 0% Sim Não Não, pois ainda não temos uma posição definitiva com relação ao tema Não sei Não se aplica 11

O que as empresas estão fazendo Retirando a contribuição fixa de seus desenhos, assumindo maior participação no custeio dos ativos, evitando assim o risco associado ao benefício dos aposentados Reduzindo o padrão dos benefícios dos ativos para absorver o impacto da retirada da contribuição fixa Tentando repassar 100% do custo do plano dos aposentados como previsto em Lei muitas vezes de forma ineficaz O principal impeditivo desta alternativa é o tamanho da população de aposentados que, sendo pequena, inviabiliza a sustentabilidade da mesma sem algum tipo de subsídio Absorvendo o impacto dos custos (incluindo a contabilização dos passivos) Reagindo à judicialização da saúde suplementar (mobilização de ações junto ao Judiciário com a finalidade de prestar esclarecimentos, em especial sobre a inviabilidade financeira do plano de aposentados com subsídio do empregador) 12

Conclusões: a nova RN Traz importantes esclarecimentos Definição da contribuição por faixa etária Definição da forma de viabilização (em planos separados e juntos) Viabiliza o direito definido nos artigos 30 e 31 sem subsídio do empregador, com a criação do pool de risco da Operadora Acrescenta benefícios aos artigos 30 e 31 Portabilidade de carências Deixa algumas questões ainda em aberto A definição dos planos administrados está confusa As mudanças de preços durante as alterações de desenho de benefício e/ou de operadora, assim como mudanças na forma de contribuição (ex.: custo médio para faixa etária) Não resolve o grande dilema do acesso dos aposentados aos planos de saúde privados 13

Desafios e oportunidades Desafios Comunicação deve ser bem feita e evitar expectativas indevidas O entendimento do judiciário O aumento do preço em função da cobrança por faixa etária e dos planos separados As mudanças de forma de custeio e desenho As mudanças de Operadora A resposta do mercado Oportunidades Pool de risco A volta da contribuição fixa Maior conscientização sobre o tema 14

Laïs Perazo (21) 2223-7412 / lais.perazo@ 15