UM ESTUDO SOBRE A LEI FEDERAL /14 E AS PRINCIPAIS MUDANÇAS NA APURAÇÃO DO IRPJ E CSLL NAS EMPRESAS TRIBUTADAS PELO LUCRO PRESUMIDO

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Transcrição:

UM ESTUDO SOBRE A LEI FEDERAL 12.973/14 E AS PRINCIPAIS MUDANÇAS NA APURAÇÃO DO IRPJ E CSLL NAS EMPRESAS TRIBUTADAS PELO LUCRO PRESUMIDO Thaís Caroline Pereira TRICOTE 1 1. RESUMO O presente artigo visou analisar as principais mudanças na apuração dos impostos federais (IRPJ Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e a CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Liquido), através da escrituração contábil e fiscal após a vigência da nova legislação imposta pela Receita Federal do Brasil, a Lei Federal n 12.973, de 13 de Maio de 2014, nas empresas enquadradas no regime tributário do Lucro Presumido. As mudanças localizadas no desenvolvimento do estudo foram em diferentes ambitos e abrangentes nos tipos de regimes tributários brasileiros, porém o que tornou este estudo relevante no que se entende de Lucro Presumido foi pelo aspecto de como se devem escriturar os fatos e atos das empresas para que a apuração dos impostos federais estejam dentro do que a lei faz menção. As mudanças na apuração para o Lucro Presumido se dá através da alteração no que diz respeito à Receita Bruta das empresas, pois é através dela que a presunção do Lucro é gerada, e consequentemente a base de cálculo dos impostos. Palavras-chaves: Lucro Presumido. Escrituração. Apuração 2. INTRODUÇÃO O sistema tributário brasileiro estabelece quatro modalidades diferentes de apuração dos principais tributos federais (Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas - IRPJ, Contribuição Social sobre o Lucro Liquido - CSLL, Programa Integração Social - PIS e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS), aplicáveis às pessoas jurídicas em geral, o enquadramento, dependente de fatores estabelecidos pela Receita Federal do Brasil, pode ser como Simples Nacional, Lucro Presumido, Lucro Real e Lucro Arbitrado. A fonte de dados para a tributação em qualquer uma das modalidades é a escrituração contábil fortemente impactada pela legislação societária e fiscal, que é regulamentada pela Lei Federal 6.404/76, conhecida como Lei das Sociedades por Ações, alterada pela Lei 11.638/07 e 11.941/09, instituídas para 1 Graduando do 5 termo, no curso de Ciências Contábeis, do Centro Universitário Antônio Eufrásio de Toledo Presidente Prudente/SP.

atender a harmonização das normas contábeis brasileiras com as internacionais (IASB e IRFS). Devido ao cenário de globalização dos mercados, a contabilidade passa a ser um instrumento de processo decisório em nível internacional. No entanto antes da alteração da lei 6.404/76 essa linguagem não era homogênea, pois cada país tinha suas próprias regras sobre as práticas contábeis. A Lei 11.638/07 possibilitou a harmonização das Ciências Contábeis e juntamente com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) estabelecem as práticas das normas contábeis. Ao final de 2008 foi introduzida a Medida Provisória nº 449, consolidada na Lei n 11.941 de 2009, a qual faz valer o Regime Tributário de Transição (RTT) com a função de neutralizar os efeitos dos novos métodos e critérios contábeis sobre o patrimônio e por consequência para a tributação. Em 2014, com a Lei n 12.973, a Receita Federal revogou o RTT e criou o Regime Tributário Definitivo (RTD), o qual estabelece grandes mudanças na forma de apurar os impostos federais. O presente artigo enfocou os efeitos do RTD sobre as pessoas jurídicas enquadradas no Lucro Presumido, quanto à apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica IRPJ e Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido CSLL, considerando para o estudo o conflito entre a norma tributária e societária na metodologia existente para apuração dos impostos. Discorreu-se sobre este tema por ser relevante juntos aos profissionais de contabilidade, diante da complexidade da integração da contabilidade com o fisco e a adequação das normas internacionais, considerando que a tributação pelo lucro presumido tem sido incentivada pelas autoridades tributantes, como a forma mais simples de apuração os impostos. O objetivo do artigo foi informar os principais aspectos das mudanças tratadas pela Lei n 12.973/14 com a implantação do RTD e as alterações na base de cálculo dos impostos federais nas empresas enquadradas no lucro presumido e como proceder ao registro contábil, apresentando a integração das legislações societária e tributária. As questões tratadas, nesta obra, foram desde as mudanças apresentadas pela harmonização das normas contábeis com o surgimento de novas modalidades de receitas e despesas e a extinção de outras, a conceituação de Lucro Presumido, a apresentação do Regime Tributário Definitivo e a forma de proceder contabilmente para atender as determinações tributária e societária.

Para a elaboração deste artigo foi adotado o método de pesquisa bibliográfico, baseado em livros, artigos e na própria legislação vigente no país, a fim de transpor o conhecimento contábil adquirido aos demais profissionais da área de finanças. 3. DESENVOLVIMENTO 3.1. Evolução nas Práticas Contábeis A contabilidade no decorrer dos últimos anos vem sofrendo diversas mudanças no âmbito fiscal e societário. Desde a criação da Lei Federal 6.404/76 que instituiu a prática contábil brasileira de apuração dos impostos e registro dos fatos. Segundo Bacci (2002, p.134), a nova lei veio consagrar a adoção do sistema contábil americano com algumas contribuições brasileiras de relevância, sendo algumas práticas essencialmente nacionais como a correção monetária. E ainda destaca que (2002, p. 144): A contabilidade do mundo atual procura a harmonização de procedimentos, de padrões que atendam a globalização, e que pela pulverização dos investimentos a nível mundial nas bolsas de valores, vêm tentando uma uniformização dos informes contábeis com objetivos claros de se adotar maior transparência e evidenciação dos critérios aplicados [...]. Então diante da globalização que começou a ser imposta mundialmente, houve a necessidade de adequar as normas contábeis brasileiras com as internacionais, de acordo com o IRFS 2 e o IASB 3. Após varias alterações na Lei 6.404/76 na tentativa de regulamentar os procedimentos fiscais e societários, surge a Lei Federal 11.638/2007, que instituiu diversas mudanças na área contábil e foi o primeiro passo para permitir a convergência e harmonização aos padrões contábeis internacionais. A lei foi posteriormente alterada pela Medida Provisória n 449/08, e convertida na LF 11.941/09. 2 International Financial Reporting Standards, tradução: Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade dos Estados Unidos. 3 International Accounting Standards Board, tradução: Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade da União Europeia.

Deve-se situar que a harmonização não é a padronização mundial das Ciências Contábeis. Conforme o Aurélio (2002) Harmonização: ação ou efeito de harmonizar. Harmonia: disposição bem ordenada entre as partes de um todo; proporção; ordem; simetria; acordo; conformidade. Esse é o processo pelo qual vários países, de comum acordo, realizam mudanças nos seus sistemas e normas, tornando-se compatíveis, porém respeitando as peculiaridades e características de cada região. A MP N 449/08 que depois foi regulamentada pela LF 11.941/09, institui o Regime Tributário de Transição RTT, que faz exigência referente aos ajustes tributários que ocorrendo devido às profundas mudanças nas legislações, e refletiam diretamente nos lucros das entidades, por consequência na base de cálculo para as apurações dos impostos federais. O artigo 15 da lei institui o RTT: Art. 15. Fica instituído o Regime Tributário de Transição RTT de apuração do lucro real, que trata dos ajustes tributários decorrentes dos novos métodos e critérios contábeis introduzidos pela Lei n o 11.638, de 28 de dezembro de 2007, e pelos arts. 37 e 38 desta Lei. 1 o O RTT vigerá até a entrada em vigor de lei que discipline os efeitos tributários dos novos métodos e critérios contábeis, buscando a neutralidade tributária. Então para mitigar ou neutralizar os efeitos tributários das novas regras contábeis o RTT foi criado, com uma data pré-definida para sua extinção. E dada recentemente pela Lei 12.973/2014, onde trás o fim o Regime Tributário Transitório e insere o RTD Regime Tributário Definitivo que acarreta diversas outras mudanças na apuração do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e na Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido, que será esmiuçado no próximo tópico com ênfase para a tributação pelo Lucro Presumido. 3.2. Lucro Presumido O Regime Tributário do Lucro Presumido instituído pela Receita Federal do Brasil - RFB, visando simplificar a apuração dos impostos federais (IRPJ e CSLL). Segundo o Portal Tributário tem por definição: O Lucro Presumido é uma forma de tributação simplificada para determinação da base de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido - CSLL das pessoas jurídicas. A sistemática é

utilizada para presumir o lucro da pessoa jurídica a partir de sua receita bruta e outras receitas sujeitas à tributação. A nomenclatura deste regime já revela sua definição que se dá através da presunção do lucro, o que implica a simplicidade deste regime, porém não são todas as instituições que podem adotá-lo. As pessoas jurídicas que podem optar por este regime são as instituições que não estejam obrigadas a tributação pelo Lucro Real em função da sua atividade ou da sua constituição societária ou natureza jurídica. Em esclarecimento as instituições que estão obrigadas à opção pelo Lucro Real a partir de 01.01.2014 são situadas no Art. 14, da lei 12.814/13. I cuja receita total, no ano-calendário anterior seja superior ao limite de R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou a R$ 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) multiplicado pelo número de meses de atividade do ano-calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses; II cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidora de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta; III que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior; IV que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto; V que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa, na forma do art. 2 da Lei 9.430/1996; VI que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). VII que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio. A lei ainda faz menção do limite para enquadramento no Lucro Presumido, estabelecendo que a pessoa jurídica cuja receita bruta total no anocalendário anterior tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00, ou R$ 6.500.000,00 [...] na equivalência mensal, [...] poderá optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido. (Art. 13, da lei 12.814/13). Os limites e as peculiaridades aplicados ao Lucro Presumido são essenciais para a adoção correta do mesmo, considerando que sua apuração das bases de cálculos e impostos devidos ocorre trimestralmente, com períodos de apuração contábil encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro.

A base de cálculo (percentuais de presunção do Lucro sobre a Receita Bruta) do IRPJ deve ser obtida pela multiplicação dos percentuais fixados (Tabela 1) como a margem de Lucro Presumido sobre o qual é aplicada a alíquota do IR de 15%. Tabela 1: Percentuais incidentes sobre a Receita Bruta, para apuração do IRPJ. Atividades Percentuais Atividades em geral (RIR/1999, art. 518) 8,0% Revenda de combustíveis 1,6% Serviços de transporte (exceto o de carga) 16,0% Serviços de transporte de cargas 8,0% Serviços em geral (exceto serviços hospitalares) 32,0% Serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatológica, 8,0% medicina nuclear e análises e patologias clínicas Intermediação de negócios 32,0% Administração, locação ou cessão de bens e direitos de qualquer 32,0% natureza (inclusive imóveis) Fonte: Lei nº 9.249/1995, art. 15. Para o cálculo da CSLL serão considerados os seguintes percentuais: 12% da Receita Bruta nas atividades comerciais, industriais, serviços hospitalares e de transporte e 32% para prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e transporte; intermediação de negócios; administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza, e sobre essa base aplica-se a alíquota é de 9%. As Tabelas 2 e 3 evidenciam exemplos de interpretação das leis sobre a constituição do Lucro Presumido, base de cálculo do IRPJ e da CSLL, conforme exposto. Tabela 2: Empresa de serviços em geral e optante pelo lucro presumido. Serviços em Geral IRPJ CSLL Receita Operacional R$ 200.000,00 R$ 200.000,00 Margem de Lucro (Presumido) 32% 32% Lucro Presumido R$ 64.000,00 R$ 64.000,00 Alíquota 15% 9% Valores a Pagar R$ 9.600,00 R$ 5.760,00 Fonte: Organizada pelo próprio autor, 2016. Tabela 3: Empresa de comércio e optante pelo lucro presumido. Comércio IRPJ CSLL Receita Operacional R$ 200.000,00 R$ 200.000,00

Margem de Lucro (Presumido) 8% 12% Lucro Presumido R$ 16.000,00 R$ 24.000,00 Alíquota 15% 9% Valores a Pagar R$ 2.400,00 R$ 2.160,00 Fonte: Organizada pelo próprio autor, 2016. A alíquota do IRPJ é de 15% a ser aplicada sobre o lucro total (presumido acrescido das demais receitas, rendimentos e ganhos de capital), podendo ainda ter um adicional de 10% sobre a parcela que exceder o valor de R$ 20.000,00 multiplicado pelo número de meses do respectivo período de apuração. O art. 4 da LF nº 9.430, de 27 de Dezembro de 1996 faz a menção da alíquota e adicional para apuração do IRPJ das empresas enquadradas no Lucro Presumido: Art. 4º Os 1º e 2º do art. 3º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, passam a vigorar com a seguinte redação: Art. 3º A alíquota do imposto de renda das pessoas jurídicas é de quinze por cento. 1º A parcela do lucro real, presumido ou arbitrado, que exceder o valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração, sujeita-se à incidência de adicional de imposto de renda à alíquota de dez por cento. Em decorrência do exposto verificamos que o regime está diretamente ligado ao reconhecimento efetivo da receita bruta, e a mesma por sua vez teve alterações relevantes através da lei 12.973/14. 3.2.1. Receita Bruta As legislações anteriores a LF 12.973/14 evidenciam que a receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia, conforme art. 31 da Lei n 8.981/95. Porém com a vigência da nova lei, que acarretou o RTD, também vez alterações no que as Ciências Contábeis e seus profissionais devem entender como receita bruta, disposto no art. 12 que acrescenta o inciso IV a receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I e II. E ainda faz menção o parágrafo 5º da lei que poderão ser incluídos sobre a receita bruta [...] os tributos sobre ela incidentes e os valores decorrentes do ajuste a valor presente[...].

4. CONCLUSÃO As mudanças ocorridas no decorrer dos últimos anos, para ajustar a contabilidade brasileira com as internacionais por meio das IFRS, trouxeram consigo diversos impactos sobre o patrimônio das entidades do nosso país. Os ajustes foram sendo implementados aos poucos desde a criação da Lei das Sociedades Anônimas a 6.404/76 até atual LF 12.973/14, alguns conceitos antigos foram adequados, conceitos novos foram estabelecidos e com eles as mudanças nas formas de apurações dos impostos federais. O regime de tributação pelo Lucro Presumido, através da sua simplicidade na apuração do IRPJ e da CSLL, evidenciou uma mudança relevante. A adequação do que se entende como receita bruta foi demonstrada na nova legislação vigente. A receita bruta da entidade após a Lei 12.973/14 abrange muito além das vendas e dos serviços prestados. Ela considera outras formas de resultados podendo ser acrescentados ou não na base para presunção do Lucro Presumido. Sendo assim a partir desta mudança na base de presunção do lucro, consequentemente há mudanças nos impostos pagos. Os profissionais contábeis que atual no mercado devem estar atentos a essa alteração, no que a legislação entende sobre a receita bruta, para que as apurações dos impostos federais sejam feitas corretamente. A atualização do conhecimento é imprescindível na vida profissional de um contabilista. Através desde estudo sobre a lei federal e a apuração do IRPJ e CSLL, pode-se transmitir o conhecimento necessário sobre as mudanças ocorridas em entidades tributadas pelo Lucro Presumido para os profissionais da contabilidade, visando uma adequação correta diante da complexidade da integração da contabilidade com o fisco. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BACCI, João. Estudo Exploratório sobre o Desenvolvimento Contábil Brasileiro - uma Contribuição ao Registro de sua Evolução Histórica. 2002. 175p.

Dissertação (Mestrado em Controladoria e Contabilidade Estratégica) Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, São Paulo, 2002. BRASIL. RECEITA FEDERAL. Lei n 12.973 de 13 de Maio de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12973.htm. Acesso em 01 de março de 2016, às 20h40min. BRASIL. RECEITA FEDERAL. Instrução Normativa n 1.575 de 13 de Maio de 2014. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idato= 58604. Acesso em 01 de março de 2016, às 20h50min. BRASIL. RECEITA FEDERAL. Lei n 11.941 de 27 de Maio de 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm. Acesso em 01 de abril de 2016, às 11h23min. BRASIL. RECEITA FEDERAL. Lei n 12.814 de 16 de Maio de 2013. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12814.htm. Acesso em 05 de Abril de 2016, às 12h45min. BRASIL. RECEITA FEDERAL. Lucro Real. Disponível: http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/dipj/2000/orientacoes/lucroreal.htm. Acesso em 08 de Abril de 2016, às 12h35min. BRASIL. RECEITA FEDERAL. Lei n 9.249 de 26 de Dezembro de 1995. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9249.htm. Acesso em 12 de Abril de 2016, às 11h09min. BRASIL. RECEITA FEDERAL. Lei n 8.981 de 20 de Janeiro de 1995. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8981.htm. Acesso em 14 de Abril de 2016, às 11h17min. BRASIL. RECEITA FEDERAL. Lei n 9.430 de 27 de Dezembro de 1996. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9430.htm#art4. Acesso em 16 de Abril de 2016, às 22h02min. BRASIL. RECEITA FEDERAL. Lei n 11.727 de 23 de Junho de 2008. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11727.htm. Acesso em 18 de Abril de 2016, às 07h42min.

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