Auditorias de Segurança



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Transcrição:

Manual do Formando Auditorias de Segurança Vitor Costa Recurso desenvolvido no âmbito da medida 4.2.2.2 do POEFDS. Programa co-financiado por:

FICHA TÉCNICA Manual do Formador Auditorias de Segurança Autor: Vitor Costa SSHT Versão - 02 ISLA de Leiria Gabinete de Formação Depósito Legal 000 000/00 II ISBN 000-00-0000-0

III

1. Introdução à Segurança e Saúde do Trabalho e à sua Gestão... 1 1.1. A evolução... 1 1.2. O papel da OIT no desenvolvimento da Segurança e Saúde do Trabalho... 2 1.3. A dinâmica europeia da Segurança e Saúde do Trabalho... 3 2. Conceitos fundamentais da Segurança e Saúde do Trabalho... 7 3. A Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho... 11 3.1. Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho... 12 4. Requisitos do sistema de gestão da segurança e saúde do trabalho... 15 4.1. Generalidades... 15 4.2. A Política de Segurança e Saúde do Trabalho... 17 4.2.1. Requisitos inerentes à formulação da política de SST... 18 4.3. Planeamento... 20 4.3.1. Planeamento para a identificação de perigos e avaliação e controlo de riscos.. 21 4.3.2. Requisitos legais e outros requisitos.... 24 4.3.3. Objectivos... 24 4.3.4. Programa (s) de gestão da SST... 25 4.4. Implementação e operação... 26 4.4.1. Estrutura e responsabilidade... 27 4.4.2. Formação, Sensibilização e Competência... 29 4.4.3. Consulta e Comunicação... 30 4.4.4. Documentação... 32 4.4.5. Controlo dos documentos e dos dados... 33 4.4.6. Controlo operacional... 34 4.4.7. Prevenção e capacidade de resposta a emergências... 37 4.5. Verificação e acções correctivas... 39 4.5.1. Monitorização e medição do desempenho... 40 4.5.2. Acidentes, incidentes, não conformidades e acções correctivas e preventivas. 42 4.5.3. Registos e gestão dos registos... 44 4.5.4. Auditorias... 45 4.6. Revisão pela Direcção... 46 5. Auditorias a sistemas de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho... 50 5.1. Atributos e competências dos auditores... 50 5.1.1. Princípios de auditoria... 50 5.1.2. Vertente Comportamental... 51 5.2. Programa de auditorias... 53 5.2.1. Tipos de auditoria... 53 5.2.2. Gestão do programa de Auditorias... 54 5.3. Realização de Auditorias... 56 5.3.1. Início do processo de auditoria... 56 5.3.2. Preparação da auditoria... 57 IV

5.3.3. Execução da auditoria... 60 5.3.4. Relatório da auditoria... 64 6. Bibliografia... 67 6.1. Bibliografia Recomendada... 67 V

1. Introdução à Segurança e Saúde do Trabalho e à sua Gestão 1.1. A evolução As preocupações com a segurança e desta forma com a saúde no trabalho remontam aos tempos primitivos do Homem, a partir do momento em que o homem começou a utilizar instrumentos para o trabalho, nomeadamente para a caça. Vários testemunhos encontrados ao longo do tempo, comprovam e reforçam esta preocupação pela segurança. O código de Hammurabi, elaborado entre 1792 e 1750 a.c, é o primeiro exemplo de uma lei onde se sancionavam os responsáveis pelos acidentes ocorridos durante o trabalho. Esta punição era severa e seguia o caminho do dano final do trabalhador. Por exemplo se um construtor fosse responsável pelo desmoronamento de uma edificação, com perda de vidas, seria condenado ao mesmo dano, a morte. Se um trabalhador perdesse uma mão num acidente ocorrido na actividade, o seu líder directo seria punido com um dano idêntico, neste caso a amputação da mão. Até à revolução francesa sempre houve uma estreita relação entre a organização do trabalho e a segurança. Neste sentido a aprendizagem profissional tendo em conta as «regras de cada arte», englobavam de uma forma empírica a segurança na realização dos trabalhos. O trabalho era profundamente artesanal, mas havia uma preocupação pela prevenção dos acidentes no desempenho das várias artes, evocando-se até o perfil da qualidade do artesão pela ausência de mazelas corporais. Com o advento da revolução Industrial (finais do séc. XVIII), há um grande impacto nas condições de trabalho, onde se começa a exigir mais mão-de-obra, diminuindo o peso do trabalho artesanal na estrutura económica da sociedade. A criação das unidades fabris, com novos meios (máquinas) e novas formas de organização do trabalho, converge para o mesmo local um número cada vez maior de trabalhadores, nomeadamente crianças e mulheres. Aparece uma nova medida para pagar o trabalho executado; o salário. Este era pago pelo empregador que detinha no pagamento do salário, o seu único dever principal na relação jurídica-laboral com os trabalhadores. O atraso e retrocesso nas condições de trabalho foram enormes. A revolução industrial teve, no sentido da segurança e da saúde dos trabalhadores, consequências profundas, através de uma aumento dos acidentes com danos corporais e especialmente uma diminuição nas condições higiénico-ambientais que constituíam uma importantíssima fonte de doenças com características distintas da demais população. No final do séc. XIX/princípio do séc. XX verifica-se uma tomada de consciência face ao retrocesso verificado na segurança e na saúde dos trabalhadores. Adoptam-se medidas de protecção sobre as situações mais penosas ou mais sujeitas a riscos graves, nomeadamente nas situações de trabalho infantil e na duração da jornada de trabalho. Criam-se nesta altura as primeiras leis de protecção das condições de trabalho, principalmente nos países mais industrializados e desenvolve-se a criação de corpos de Inspecção do Trabalho com o intuito de controlar as condições de trabalho, particularmente as condições de higiene e segurança do trabalho. São exemplos da criação destes corpos de inspecção do trabalho a Inglaterra (1833), a França (1850), a Alemanha (1870), a Itália /1870) e a Espanha (1880). 1

Em Portugal publica-se em 1891 a legislação sobre o trabalho de menores nas fábricas e oficinas e em 1895 a legislação sobre trabalho na construção civil. 1.2. O papel da OIT no desenvolvimento da Segurança e Saúde do Trabalho Em 1919, após a 1.ª Guerra Mundial e na sequência do Tratado de Paz assinado em Versalhes, é criada a Organização Internacional do Trabalho OIT. Presentemente a OIT está enquadrada na ONU como Agência especializada do trabalho. No sentido de procurar consensos, a OIT é uma instituição intergovernamental constituída numa base de representação nacional tripartida (representantes dos Parceiros Sociais e dos governos dos Estados membros). Esta constituição torna possível a criação de uma plataforma mínima em matéria de condições de trabalho. As primeiras abordagens internacionais da OIT na área da segurança e saúde do trabalho que influenciaram as legislações e práticas nos diversos países foram ao encontro de domínios tão importantes como o trabalho infantil, o trabalho de mulheres na indústria, a duração do trabalho e as condições das actividades mais penosas (minas, construção, padarias, etc.). Após a 2.ª guerra Mundial a OIT passou a desenvolver uma acção no sentido de definir prioridades de intervenção, através da definição de políticas e programas internacionais no âmbito das condições de trabalho e a adopção de normas internacionais de trabalho; as convenções da OIT. A adopção e o controlo de aplicação destas normas nos estados-membros permitiu um desenvolvimento acentuado da gestão da segurança através da perspectiva da prevenção integrada, relegando para segundo plano a perspectiva mais redutora que fazia centrar as políticas nacionais e as actividades à escala das empresas na mera reacção e reparação dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais. Neste âmbito deve destacar-se a Convenção n.º 155, adoptada em 1981 e ratificada em Portugal em 1985 pela Lei n.º 1/85 de 16/01.Esta Convenção denominada «Convenção sobre a segurança, a saúde dos trabalhadores e o ambiente de trabalho» formula o conjunto de princípios que constitui a arquitectura fundamental da Prevenção de Riscos profissionais. Destacam-se, de forma sintética, os seguintes princípios: Todas as actividades, incluindo a administração pública devem dispor de políticas de segurança e saúde do trabalho; Os governos devem, assim, definir políticas nacionais de segurança e saúde do trabalho que equacionem os eixos da concepção, fabrico, comercialização, a instalação e a utilização dos componentes do trabalho, os locais de trabalho, os processos de trabalho, a organização do trabalho, a relação do homem com os componentes do trabalho, a formação específica dos animadores da prevenção nos locais de trabalho, a participação dos trabalhadores na segurança e saúde do trabalho, a definição de papéis das autoridades públicas, dos empregadores e dos trabalhadores, o sistema de diagnóstico e avaliação periódica das condições de trabalho nacionais e a definição de prioridades nacionais e sectoriais e acções a desenvolver. No plano de acção a desenvolver pelas empresas, a Convenção 155 destaca os domínios da integração da segurança e saúde nos processos de escolha dos componentes do trabalho, da prevenção dos riscos associados aos agentes físicos, químicos e biológicos, dos equipamentos de 2

protecção, da cooperação na prevenção das empresas que operem no mesmo local de trabalho, da organização da acção de emergência e da participação dos trabalhadores. De referir alguns dos momentos determinantes da OIT ao longo da sua existência no campo da Segurança e Saúde do Trabalho e na melhoria das condições de trabalho: A OIT adopta, em 1947, a Convenção n.º 81 que versa sobre a Inspecção do trabalho na Indústria e comércio, centrando a sua acção nas condições de trabalho, com particular destaque nas condições de Segurança do Trabalho. Em 1969, a OIT adopta a convenção n.º 129 que, dentro do mesmo espírito, versa sobre a Inspecção do trabalho na Agricultura. Em 1988 a OIT adopta a Convenção n.º 167 sobre Segurança e Saúde na Construção. Em 1995 a OIT adopta a convenção n.º 176 sobre a Segurança e Saúde em minas. Em 2001 a OIT adopta a Convenção n.º 184 sobre a Segurança e Saúde na Agricultura. Em 2006 a OIT adopta a Convenção n.º 187 sobre o marco promocional para a Segurança e Saúde do Trabalho. Sobre a Convenção n.º 187 e dada a sua actualidade, deve ser referido que os estados que a ratifiquem, devem promover a melhoria contínua da Segurança e Saúde do Trabalho com o fim de prevenir as lesões, doenças e mortes ocasionadas pelo trabalho através do desenvolvimento de uma política, um sistema e um programa nacional, em consulta com as organizações mais representativas de empregadores e de trabalhadores. Actualmente a OIT reconhece o interesse no desenvolvimento da prevenção dos riscos profissionais nas empresas a partir de modelos de sistemas de gestão da segurança e saúde do trabalho elaborados à escala internacional, nacional, regional ou sectorial. Neste sentido a OIT publicou em 2001 as directivas práticas sobre sistemas de Gestão da segurança e saúde no trabalho (ILO OHS 2001), que fornecem orientações para a integração dos elementos dos sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho na gestão global das empresas. De acordo com as directrizes práticas da OIT para a implementação de sistemas de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho, os sistemas devem incluir os principais elementos de política, de como organizar o sistema, de planificação e implementação, de fazer a avaliação e acções e medidas em prol da melhoria contínua, sendo a auditoria uma acção crucial para a avaliação do sistema de gestão na organização, abarcando todos estes elementos essenciais. 1.3. A dinâmica europeia da Segurança e Saúde do Trabalho A Segurança e Saúde do Trabalho sendo uma matéria do âmbito das políticas sociais não estava inscrita no âmbito dos primeiros tratados originários da Comunidade Europeia, nomeadamente a CECA 3

Comunidade Europeia do Carvão e do Aço. É só a partir do Tratado CEE Comunidade Económica Europeia em 1957 (Tratado de Roma) que surge a necessidade de se promover um desenvolvimento harmonioso das actividades económicas e, também um acelerado aumento do nível de vida. No entanto no quadro de criação da CEE desenvolveu-se essencialmente, a segurança de produtos tendo em atenção o artigo 100 do Tratado de Roma, visando facilitar as livres trocas comerciais. Só na década de setenta e a partir de 1972 com a Conferência de Chefes de estado e de Governo realizada em paris se formularam alguns considerandos e princípios destinados ao estabelecimento de um programa de acção social com objectivos de melhoria da qualidade do nível de vida e trabalho. Na sequencia desta Conferência, uma resolução do Conselho de 21 de Janeiro de 1974, apontava o estabelecimento de um programa de segurança, higiene e saúde no trabalho nos estados membros da altura. É a partir desta altura que se inicia e se desenvolve legislação comunitária sobre Segurança e Saúde do trabalho através da Directiva sobre Sinalização de Segurança (1977) e a Directiva sobre cloreto de vinil monómero (1978) que surgiu por se ter detectado um número anormal de casos de cancro de fígado com características pouco frequentes, afectando trabalhadores da indústria dos plásticos. Na Década de oitenta dá-se uma primeira tentativa de aprofundamento da legislação comunitária, através da Directiva sobre agentes químicos, físicos e biológicos (80/1107/CEE) que define a estratégia a seguir em relação a todos os agentes físicos, químicos e biológicos existentes e as directivas especiais sobre chumbo, amianto, ruído e substâncias químicas. O grande avanço no sentido da melhoria de condições de trabalho e de segurança e Saúde do Trabalho é dado através da publicação, em 1985 do Livro Branco, no qual é consignada uma nova abordagem fundada no desenvolvimento de um espaço financeiro-comercial e de um espaço social. A partir de 1987 com o Acto Único Europeu virou-se uma página no sentido de criar um grande mercado sem fronteiras a partir de 1993, tornando absolutamente necessário em paralelo dar um grande relevo à Europa Social com a harmonização da regulamentação ao nível de todos os estados-membros. Com o Acto único celebrado em 1987 criam-se as condições para o desenvolvimento substancial da política europeia de segurança e saúde do trabalho. Dois artigos aditados ao tratado CEE materializam o objectivo da harmonização legislativa ao nível dos Estados-membros. O artigo 100-A relativo à segurança dos produtos e o artigo 118-A relativo à segurança das condições de trabalho. A nova abordagem da segurança de produtos é concretizada com as directivas aprovadas com base no artigo 100-A. A harmonização legislativa está limitada à adopção de exigências essenciais de segurança a que devem ser submetidos os produtos colocados no mercado. Em 1989 adopta-se a Carta Comunitária dos Direitos Fundamentais dos Trabalhadores, que inclui objectivos da SST e perspectiva-se a harmonização das práticas nacionais de segurança e saúde do trabalho, a partir de prescrições mínimas a estabelecer por via de Directivas comunitárias. Adopta-se uma directiva quadro para a segurança e saúde do trabalho Directiva 89/391/CEE, constituindo desta forma o primeiro acto de grande alcance social no âmbito do Acto Único. 4

A dimensão social fundada no artigo 118-A estava desta forma aberta, criando as condições para o estabelecimento de normas mínimas relativas ás condições de trabalho, válidas em todos os estadosmembros, a fim de obter a harmonização das legislações nacionais de Segurança e Saúde do Trabalho. A Directiva 89/391/CEE constitui, até hoje, o documento que serve de referencial fundamental à política de gestão da segurança e saúde do trabalho na empresa. Dela podem destacar-se alguns aspectos essenciais, tais como: Consagra a filosofia da prevenção integrada; Abrange todos os sectores económicos, todas as organizações e todos os trabalhadores; Determina os papéis dos Governos, dos trabalhadores e dos empregadores; Estabelece uma filosofia de gestão para a prevenção nos locais de trabalho que se pode traduzir nos seguintes princípios: Responsabilidade do empregador de assegurar a prevenção; Sobre todos os riscos (reais e potenciais e de qualquer natureza); Face a todos os trabalhadores; Perseguindo objectivos elevados de segurança, saúde e bem-estar; Para o que se torna necessário organizar as actividades de prevenção e de protecção na sua empresa; Com recursos adequados e suficientes (humanos, técnicos e tecnológicos); Desenvolvimento de uma acção qualificada, programada e coerente; Que deverá seguir a matriz metodológica dos princípios gerais de prevenção. Esta matriz de referência dos princípios gerais de prevenção revela-se como o conjunto de acções balizadoras de toda a actividade de prevenção, sendo constituída pelos seguintes princípios: Evitar os riscos; Avaliar os riscos que não podem ser evitados; Combater os riscos na origem; Adaptar o trabalho ao homem, agindo sobre a concepção, a organização e os métodos de trabalho e de produção; Realizar estes objectivos tendo em conta o estádio da evolução da técnica; Substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso; Integrar a prevenção dos riscos num sistema coerente que abranja a produção, a organização, as condições de trabalho e o diálogo social; 5

Adoptar prioritariamente as medidas de protecção colectiva, recorrendo às medidas de protecção individual unicamente no caso de a situação impossibilitar qualquer alternativa; Formar e informar os trabalhadores e demais intervenientes na prevenção. A Directiva 89/391/CEE revela, assim claramente, uma natureza de metodologia de gestão da segurança e saúde do trabalho, já que: É uma Directiva de medidas (e não propriamente de prescrições técnicas) centradas na gestão da segurança e saúde na empresa; Tais medidas incluem princípios e linhas gerais de aplicação (incluindo o domínio organizativo); Estas medidas são tendencialmente extensivas a todas as situações de trabalho; Envolvem uma repartição de responsabilidades (Estado, Empregadores, Trabalhadores); Estabelece um programa de actos normativos decorrentes (Directivas especiais) no âmbito de riscos prioritários e sectores económicos prioritários. Revela-se a partir desta directiva, a necessidade das empresas desenvolverem a capacidade de gestão, integrando a todos os níveis a prevenção dos riscos profissionais, sendo absolutamente necessário criar no seio da gestão os serviços de prevenção, enquanto sistema de gestão que dê qualidade e coerência s actividades a desenvolver e obtenha a perfeita integração no processo produtivo, na organização da empresa e no seu processo de desenvolvimento. Como é evidente a avaliação de riscos assume neste sentido da gestão da segurança e saúde do trabalho o papel principal, já que toda a abordagem preventiva deve basear-se nos resultados desta avaliação, tendo em conta as prioridades de intervenção, as necessidades de formação e informação, as medidas técnicas e organizativas, o controlo periódico das condições de trabalho, o grau de exposição dos trabalhadores ao risco e as necessidades da vigilância da saúde dos trabalhadores. 6

2. Conceitos fundamentais da Segurança e Saúde do Trabalho Para o desenvolvimento dos temas da Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho, torna-se necessário definir o significado de alguns termos, de modo a que estes possam ser compreendidos e usados, sempre, com o mesmo sentido e de um modo universal. SEGURANÇA Imunidade à produção de danos de um risco inaceitável (Guia 2 ISO/IEC). SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO Circunstâncias e factores que afectam o bem-estar de todos os trabalhadores, incluindo os temporários, prestadores de serviços, visitantes e qualquer outra pessoa que se encontre no local de trabalho (NP 4397:2001). HIGIENE DO TRABALHO Conjunto de metodologias não médicas necessárias à prevenção das doenças profissionais, tendo como principal campo de acção o controlo da exposição aos agentes físicos, químicos e biológicos presentes nos componentes materiais do trabalho. SAÚDE É um estado de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença. SAÚDE DO TRABALHO Abordagem que integra, para além da vigilância médica visando a ausência de doença ou de enfermidade, o controlo dos elementos físicos, sociais e mentais que possam afectar a saúde dos trabalhadores. MEDICINA DO TRABALHO Especialidade da medicina cujo objectivo é a vigilância e o controlo do estado de saúde dos trabalhadores. LOCAL DE TRABALHO Todo o lugar em que o trabalhador se encontra, ou donde ou para onde deve dirigir-se em virtude do seu trabalho, e em que esteja, directa ou indirectamente, sujeito ao controlo do empregador (alínea e do art.º 3.º do D.L n.º 441/91 e ponto 3 do art.º 6.º da Lei n.º 100/97). COMPONENTES MATERIAIS DO TRABALHO 7

Os locais de trabalho, o ambiente de trabalho, as ferramentas, as máquinas, os materiais, as substâncias e agentes físicos, químicos e biológicos, os processos de trabalho e a organização do trabalho (alínea f do art.º 3.º do D.L n.º 441/91). PERIGO A propriedade ou capacidade intrínseca de um componente do trabalho (materiais, equipamentos, métodos e práticas de trabalho, por exemplo) potencialmente causadora de danos (Comissão Europeia Guia para a avaliação de riscos no local de trabalho: 1996). Outra definição de perigo é a que consta da norma NP 4397:2001: Fonte ou situação com um potencial para o dano, em termos de lesões ou ferimentos para o corpo humano ou de danos para a saúde, para o património, para o ambiente do local de trabalho, ou uma combinação destes. PERIGO GRAVE E EMINENTE Propriedade intrínseca de um componente do trabalho ou uma situação que lhe seja inerente com capacidade de causar lesões ou danos para a saúde das pessoas de magnitude considerável e elevada possibilidade de se verificar se forem reunidas condições de exposição. IDENTIFICAÇÃO DO PERIGO Processo de reconhecer a existência de um perigo e de definir as suas características (NP 4397:2001). RISCO A probabilidade do potencial danificador (perigo) ser atingido nas condições de uso e/ou exposição, bem como a possível amplitude do dano (Comissão Europeia Guia para a avaliação de riscos no local de trabalho: 1996). Outra definição de perigo é a que consta da norma NP 4397:2001: Combinação da probabilidade e da(s) consequência(s) da ocorrência de um determinado acontecimento perigoso. RISCO PROFISSIONAL Possibilidade de um trabalhador sofrer um determinado dano provocado pelo trabalho. A sua qualificação dependerá do efeito conjugado da probabilidade de ocorrência e da sua gravidade. AVALIÇÃO DE RISCOS Processo global de estimativa da grandeza do risco e de decisão sobre a sua aceitabilidade (NP 4397:2001) CONTROLO DE RISCOS Processo que envolve a adopção de medidas técnicas, organizativas, de formação, de informação e outras, tendo em vista a redução dos riscos profissionais e a protecção dos trabalhadores e avaliação dessas medidas. RISCO ACEITÁVEL 8

Risco que foi reduzido a um nível que possa ser aceite pela organização, tomando em atenção as suas obrigações legais e a sua própria política da Segurança e Saúde do Trabalho (NP 4397:2001). GESTÃO DE RISCOS Aplicação sistemática de estratégias, procedimentos e práticas, tendo em vista a identificação dos perigos, a análise e a valoração dos riscos. SITUAÇÃO PERIGOSA Situação em que uma pessoa fica exposta a um ou vários perigos (fenómenos perigosos). (NP EN 292-1) ACONTECIMENTO PERIGOSO Acontecimento susceptível de causar um dano para a saúde (NP EN 1050). ACIDENTE Acontecimento não planeado no qual a acção ou a reacção de um objecto, substância, indivíduo ou radiação, resulta num dano pessoal. ACIDENTE DE TRABALHO Acidente que se verifica no local e no tempo de trabalho e produza directa ou indirectamente, lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte a morte ou a redução na capacidade de trabalho ou de ganho (D.L n.º 100/97 de 13 de Setembro). INCIDENTE Acontecimento não planeado no qual a acção ou a reacção de um objecto, substância, indivíduo ou radiação, resulta na probabilidade de ocorrência de um dano pessoal ou material. QUASE ACIDENTE Acidente em que não ocorram quaisquer danos para a saúde, ferimentos, danos materiais, ou qualquer outra perda DOENÇA PROFISSIONAL Doença resultante directamente do desempenho da actividade profissional do trabalhador e que se encontra contemplada no decreto regulamentar n.º 6/2001 de 05/05 Lista das doenças profissionais (ponto 2 do art.º 2.º do D.L n.º 249/99). DOENÇA RELACIONADA COM O TRABALHO Doença não classificada como doença profissional na Lista Nacional das Doenças Profissionais e que se relaciona com a actividade laboral e com o ambiente de trabalho. CONDIÇÕES DE TRABALHO 9

Conjunto de factores que incidem sobre o trabalhador durante o desenvolvimento da sua actividade laboral, determinando as circunstâncias físicas (locais, instalações), técnicas (equipamentos, utensílios, produtos), organizativas, meios ambientais e psíquicas em que aquela se deve exercer. SISTEMA DE GESTÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO Parte de um sistema global de gestão que possibilita a gestão dos riscos para a Segurança e Saúde do Trabalho relacionados com as actividades da organização. Estão compreendidos a estrutura operacional, as actividades de planeamento, as responsabilidades, as práticas, os procedimentos, os processos e os recursos para desenvolver, implementar, tornar efectiva, rever e manter a política da Segurança e Saúde do Trabalho da organização (NP 4397:2001). MELHORIA CONTÍNUA Processo de aperfeiçoamento do sistema de gestão da Segurança e Saúde do Trabalho, por forma a atingir melhorias no desempenho global da Segurança e Saúde do Trabalho, de acordo com a política de Segurança e Saúde do Trabalho da organização (NP 4397:2001). 10

3. A Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho Todas as organizações têm conhecimento que a sua sobrevivência face a à globalização está ligada à produtividade e à competitividade e que estas não dependem apenas da evolução tecnológica e de modelos organizacionais inovadores, mas também do seu próprio potencial humano. Muitas organizações já desenvolvem estratégias direccionadas à gestão dos recursos humanos que integram, necessariamente, a melhoria das condições de trabalho. Assim, a gestão da segurança e saúde do trabalho constitui um dos domínios da gestão global das empresas na medida em que lhes confere melhores condições de trabalho que, consequentemente, favorecem a respectiva produtividade e a competitividade. Por outro lado, a segurança e saúde do trabalho emerge de valores sociais que, cada vez mais, são alicerçados na qualidade de vida (no trabalho) e no desenvolvimento sustentado, à semelhança do que se tem vindo a acontecer, no âmbito da protecção ambiental. A Directiva Quadro 89/391/CEE e a sua transposição para o direito interno português através do D.L n.º 441/91 de 14 de Novembro, bem como pelo Código do Trabalho, reflecte princípios de gestão e organização configurados como sistemas de gestão da segurança e saúde do trabalho. O efeito positivo resultante da introdução dos sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho ao nível da organização, tanto no que respeita à redução dos perigos e dos riscos como no que respeita à produtividade, é agora reconhecido pelos governantes, pelos empregadores e pelos trabalhadores. O Livro Branco dos Serviços de Prevenção, editado em 1999, esclarecia a necessidade dos sistemas de gestão da seguinte forma: «Com efeito, já não é possível retirar da prevenção a suficiente mais valia sem um Sistema de Gestão capaz de gerar na empresa uma energia suficiente para permanentemente interpretar todos os novos factores de risco e definir abordagens preventivas adequadas às características da empresa (missão, áreas de negócio, sistemas de trabalho, modelos de gestão, tecnologia e recursos humanos)». A estruturação e a implementação de um sistema de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho têm em vista essencialmente: Evitar ou minimizar os riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores; Melhorar o funcionamento das organizações; Ajudar as organizações a melhorar, de forma contínua os seus sistemas de gestão. 11

3.1. Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho Têm vindo a ser desenvolvidos ao longo do tempo, vários referenciais normativos e modelos de sistemas de gestão da SST. Quase todos os modelos preconizam essencialmente o sistema de gestão da SST como um conjunto de elementos interligados ou em interacção que permite às organizações estruturar, implementar e avaliar a respectiva política de segurança e saúde do trabalho. A complexidade do sistema de gestão depende, essencialmente, da dimensão, da organização e da natureza das suas áreas produtivas, na medida em que estas variáveis condicionam a respectiva estrutura organizacional e delas depende a diversidade e complexidade dos riscos a prevenir. Os princípios chave para a implementação e desenvolvimento de um sistema de gestão de segurança incluem: O reconhecimento de que a gestão da segurança e saúde está dentro das maiores prioridades da organização. O estabelecimento e manutenção da comunicação com as partes interessadas da organização, tanto a nível interno como a nível externo. Determinar quais os requisitos legais aplicáveis à organização e quais os riscos para a segurança e saúde associados às actividades da organização, produtos ou serviços. Estimular o planeamento da segurança e saúde através do produto ou através do processo do ciclo de vida. Estabelecimento de um processo, de modo a se poder alcançar os níveis de desempenho na segurança e saúde, colocados como objectivo. Avaliar o desempenho da segurança e saúde, de acordo com a política e objectivos de segurança e saúde da organização e procurar a melhoria onde seja necessário. Providenciar os recursos suficientes e apropriados, incluindo a formação, para alcançar os níveis de desempenho colocados como objectivo, dentro de uma base de progresso. Estimular os subcontratados e fornecedores a estabelecer o seu sistema de gestão de segurança. Estabelecer um processo de gestão para auditar e rever o SGS e identificar oportunidades para a melhoria do sistema e daí resultar a melhoria do desempenho em segurança e saúde. De entre os vários modelos de sistemas de gestão da SST, devem destacar-se: A Norma Espanhola - UNE 81900: 1996; A Norma Inglesa BS 8800:1996; Referencial normativo BSI OHSAS 18001:1999; A norma portuguesa NP 4397:2001. 12

Recentemente a OIT preconizou uma série de recomendações para sistemas de Gestão da SST, através das suas Directrizes práticas ILO - OHS 2001. As recomendações práticas das Directrizes da OIT foram estabelecidas com o objectivo de serem implementadas nas organizações através dos seus responsáveis pela gestão da segurança e saúde no trabalho. Tais recomendações não têm carácter obrigatório e não têm por objectivo substituir nem as leis ou regulamentos nacionais nem as normas em vigor. A sua aplicação não exige certificação. De acordo com estas Directrizes práticas existem vários objectivos no sentido de criar condições para a protecção da segurança e saúde dos trabalhadores e boas condições de trabalho. A nível nacional, as Directrizes deveriam: Servir para criar um enquadramento nacional para os sistemas de gestão da SST que, de preferência, conte com o apoio de leis e de normas; Providenciar orientação para o desenvolvimento de iniciativas voluntárias, visando reforçar o cumprimento dos regulamentos e normas com vista à melhoria contínua dos resultados da SST; Providenciar orientação para o desenvolvimento tanto de Directrizes nacionais como Directrizes específicas sobre sistemas de gestão da SST a fim de responder de modo apropriado às necessidades reais das organizações, de acordo com a sua dimensão e a natureza das suas actividades. A nível da organização, as Directrizes propõem-se a: Providenciar orientação sobre a integração dos elementos do sistema de gestão da SST na organização como um componente das disposições em matéria de Política e de gestão; Motivar todos os membros da organização e em particular os empregadores, os proprietários, os gestores, os trabalhadores e os seus representantes, para que apliquem os princípios e métodos adequados de gestão da SST para a melhoria contínua dos resultados de SST. 13

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4. Requisitos do sistema de gestão da segurança e saúde do trabalho 4.1. Generalidades A série referencial OHSAS 18001 publicada em 1999 fornece os requisitos para um sistema de Gestão de Segurança e Saúde, de forma a dotar a organização de capacidade de controlo dos seus riscos em termos de saúde e segurança e desta forma melhorar o seu desempenho competitivo face ao mercado. Em Portugal a comissão técnica CT 42 efectuou um trabalho de adaptação deste referencial, que teve como resultado a publicação em 2001 da norma portuguesa NP 4397 Sistemas de gestão da segurança e saúde do trabalho. Especificações. Os requisitos da norma são aplicáveis a qualquer organização que pretenda estabelecer um sistema de gestão de Segurança e Saúde do Trabalho destinado a eliminar ou minimizar o risco para os trabalhadores e para as partes interessadas que possam estar expostas a riscos para a Segurança e Saúde do Trabalho associadas às suas actividades De acordo com a série referencial normativa NP 4397, os sistemas de gestão de segurança e saúde do trabalho seguem uma estrutura cíclica com os seguintes princípios básicos: Política Uma organização deve definir a sua política para a segurança e saúde do trabalho. Compromisso Uma organização deve assegurar o seu compromisso para com o seu sistema de gestão de segurança. Planeamento Uma organização deve formular um plano de modo a cumprir a sua política de segurança e saúde do trabalho. Implementação Para uma efectiva implementação, uma organização deve desenvolver as capacidades e os mecanismos de suporte, necessários para alcançar a política e objectivos da segurança e saúde do trabalho. Verificação e acções correctivas Uma organização deve medir, monitorizar e avaliar o seu desempenho em segurança e saúde do trabalho. Revisão e melhoria Uma organização deve rever e melhorar continuamente o seu sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho, para melhorar Esta vai ser a estrutura que servirá de base para os requisitos de avaliação em termos de auditoria a sistemas de gestão da SST deste curso. 15

Planear Rever POLÍTICA Implementar Verificar Figura 1. Ciclo de Deming melhoria contínua Os requisitos que integram o sistema de gestão da SST no referencial normativo NP 4397:2001, são os seguintes: Política da SST compromisso da gestão no cumprimento da política. Planeamento: Planeamento para a identificação de perigos, avaliação de riscos e controlo de riscos. Requisitos legais e outros requisitos. Objectivos. Programa(s) de gestão da segurança e saúde do trabalho. Implementação e funcionamento: Estrutura e responsabilidade. Formação, sensibilização e competência. Consulta e comunicação. Documentação. Controlo dos documentos e dos dados. Controlo operacional Prevenção e capacidade de resposta a emergências. Verificação e acções correctivas: 16

Monitorização e medição do desempenho. Acidentes, não conformidades e acções correctivas e preventivas. Registos e gestão dos registos. Auditorias. Revisão pela Direcção Compromisso da Gestão Revisão pela Direcção Política de SST Verificação e Acção Correctiva NP 4397 Melhoria Contínua Planeamento Implementação e Operação 4.2. A Política de Segurança e Saúde do Trabalho A política de segurança e saúde do trabalho traduz, através de um documento, um compromisso da organização ao nível da segurança e saúde dos trabalhadores, incluindo as partes interessadas como sejam: os independentes e os trabalhadores das empresas adjudicatárias, os fornecedores, os clientes e os visitantes. A política de segurança e saúde do trabalho deve: Ser autorizada pelo mais alto nível da gestão da organização; Indicar claramente os objectivos globais em termos de SST; Incluir o compromisso em melhorar o desempenho em SST. 17

A formulação da política de segurança e saúde do trabalho requer um conhecimento prévio profundo de um conjunto de factores estruturados na forma de um diagnóstico inicial, cujo conteúdo deve conter o seguinte: Estrutura da empresa (n.º de trabalhadores, n.º de estabelecimentos, distribuição dos trabalhadores por estabelecimentos); Caracterização da população trabalhadora (níveis etários, níveis académicos, distribuição por departamento, distribuição por grupos funcionais); Caracterização das diversas actividades produtivas (actividades de rotina, periódicas ocasionais, actividades com recurso a subcontratação); Legislação de segurança e saúde do trabalho aplicável à organização; Caracterização dos recursos materiais, humanos, e organizacionais já existentes no âmbito da SST, incluindo a capacidade de resposta a acções de emergência; Caracterização dos riscos profissionais da organização, incluindo a sua natureza e escala e os grupos funcionais que a eles estão expostos; Indicadores de frequência e gravidade dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais e sua distribuição por departamento/área produtiva; Caracterização das causas dos acidentes de trabalho mais frequentes e com maior gravidade. Caracterização da formação profissional. Indicadores relativos a custos com acidentes e doenças, absentismo. A elaboração deste diagnóstico inicial por parte da empresa constitui um elemento importante para o estabelecimento de objectivos globais e de prioridades de intervenção na área da Segurança e Saúde do Trabalho na organização. 4.2.1. Requisitos inerentes à formulação da política de SST A elaboração da política de SST da organização, obedece ao cumprimento de determinados requisitos tendo como base o diagnóstico inicial. Desta forma a Direcção da empresa deve estabelecer no documento da política os seguintes requisitos: 1) A política deve ser apropriada à natureza e à escala dos riscos para a SST da organização: 2) Incluir um compromisso de melhoria contínua: 3) Incluir um compromisso para, no mínimo, cumprir a legislação em vigor aplicável à organização, bem como outros requisitos de SST que a organização subscreva: 4) Ser documentada, implementada e mantida: 18

5) Ser comunicada a todos os colaboradores com a intenção de que estes fiquem conscientes das suas obrigações individuais em matéria de SST: 6) Estar disponível para as partes interessadas 7) Ser periodicamente revista para garantir que continua a ser relevante e adequada para a organização. LISTA DE VERIFICAÇÃO Nº 1 Nº 1 - Lista de verificação do requisito 4.2 Política da SST 1. A política deve ser apropriada à natureza e à escala dos riscos para a SST da organização. Requisitos S N Comentários 1.1. A política estabelecida possui um conjunto de grandes linhas de orientação, apropriadas à realidade da organização. 1.2. A política é realística, tendo em conta os riscos específicos para a SST, inerentes ao desenvolvimento das actividades da organização. 1.3. A política de SST, não exagera os riscos específicos da organização, nem os trivializa. 1.4. A política indica os objectivos globais da segurança e saúde do trabalho. 2. A política deve incluir um compromisso de melhoria contínua. Requisitos S N Comentários 2.1. Este compromisso está expresso no próprio texto da política. 2.2. A implementação deste compromisso na prática, é feito através de procedimentos e/ou práticas correntes, aplicadas de forma sistemática na organização. 3. A política inclui um compromisso para, no mínimo, cumprir a legislação em vigor aplicável à organização, bem como outros requisitos de SST que a organização subscreva. Requisitos S N Comentários 3.1.A legislação aplicável identificada, diz respeito à legislação comunitária (directivas por ex.), nacional, regional e/ou local quando, e se, aplicável, bem como normas de carácter obrigatório de cumprimento. 3.1. Os outros requisitos podem ser, por ex. as políticas e regulamentos internos emanados pelas instâncias superiores de grupos de negócio nacionais e/ou internacionais, dos quais a organização faz parte integrante, códigos de práticas pelos quais a organização subscreveu, normas de carácter obrigatório. 4. A política deve ser documentada, implementada e mantida. Requisitos S N Comentários Existe um meio de suporte (papel, electrónico, ou outro), para o conjunto de informação reunida na política de SST.. A organização faz o que foi assumido. O planeamento e a preparação são a chave do sucesso da implementação da política. As declarações referidas no documento da política de SST, podem tornar-se irrealistas, se os recursos existentes forem inadequados ou impróprios para se poderem alcançar os objectivos definidos nas declarações. 19

A política de SST, é periodicamente revista, de modo a adequar-se continuamente à natureza e escala dos riscos para a SST da organização. 5. A política deve ser comunicada a todos os colaboradores com a intenção de que estes fiquem conscientes das suas obrigações individuais em matéria de SST. Requisitos S N Comentários O processo de comunicação possui o retorno da mensagem de modo a avaliar a eficácia do processo. Os trabalhadores são informados dos efeitos que o sistema de gestão de SST pode trazer na qualidade do seu ambiente de trabalho. Os trabalhadores são encorajados a contribuir activamente no sistema de gestão. 6. A política está disponível para as partes interessadas. Requisitos S N Comentários As partes interessadas são todas as que, de um modo directo ou indirecto, sejam afectadas pelo desempenho da organização em matéria de SST (accionistas, bancos, fornecedores, clientes, autarquias, vizinhos, trabalhadores, sindicatos, administração pública, entre outros) estão identificados? Existe um processo de comunicação da política a estas entidades. A política de SST da organização está publicitada nos locais da empresa frequentados por partes interessadas. 7. A política é periodicamente revista para garantir que continua a ser relevante e adequada para a organização. Requisitos S N Comentários São feitas revisões periódicas e regulares da política de SST. As revisões periódicas são fundamentais para garantir a sua contínua adequação e eficácia, não só devido às alterações legislativas que se vão fazendo no tempo, mas também devido às alterações nos processos da organização e no aumento das expectativas sociais no tocante à qualidade de vida. Quaisquer alterações introduzidas, são, tão depressa quanto possível, comunicadas. Os auditores deverão procurar se existe uma política implementada, entendível e comunicada a toda a organização e compreendida por ela. É importante que as declarações escritas na política de SST não sejam ambíguas e não contenham frases empoladas e esotéricas, que dificultem a sua demonstração, medição e alcance. Os objectivos da política de SST devem ser: específicos, mensuráveis, concordantes, realistas e oportunos. 4.3. Planeamento A implementação da política de SST exige um planeamento estratégico centrado na avaliação e controlo de riscos e no cumprimento da legislação que neste domínio é aplicável à organização. Estes dois eixos (avaliação e controlo de riscos e legislação) vão determinar de que forma e em que domínios a organização vai definir objectivos e como vai atingi-los. 20

O requisito do planeamento possui quatro elementos integradores: Identificação de perigos, avaliação de riscos e controlo de riscos. Requisitos legais e outros requisitos. Objectivos. Programas de gestão da SST. Cada um destes elementos integradores possui determinados requisitos para a sua implementação prática. 4.3.1. Planeamento para a identificação de perigos e avaliação e controlo de riscos. A identificação de perigos, a avaliação de riscos e a implementação das medidas de controlo exigem o desenvolvimento de metodologias que possibilitem a integração de factores de risco materiais, humanos e organizacionais e que conduzam ao estabelecimento de prioridades de intervenção. A organização deve estabelecer e manter procedimentos para que a identificação de perigos, a avaliação dos riscos associados e a implementação de medidas de controlo necessárias, seja executada de uma forma organizada e sistemática, reportando: Às actividades de rotina e às ocasionais (por ex. limpeza e manutenção); Às actividades de todo o pessoal externo que tenha acesso às instalações da organização, como por exemplo visitantes, fornecedores, e/ou prestadores de serviços; Às instalações/locais de trabalho dos colaboradores da organização, sejam elas dentro das mesma ou em instalações de terceiros onde a empresa esteja a prestar serviços e/ou a desenvolver as suas actividades. Não existe uma metodologia universal para a identificação de perigos e avaliação de riscos. No entanto as etapas mais lógicas deste processo podem seguir os seguintes passos: 21

Identificação dos perigos ou factores de risco Avaliação do risco Estimativa do risco ou magnitude. Probabilidade de dano/gravidade do dano Análise do risco Valoração do risco ou comparação com padrões Risco tolerável /Aceitável? N Controlo do risco S Reavaliação do risco. Revisão LISTA DE VERIFICAÇÃO Nº 2 Nº 2 - Lista de verificação do requisito 4.3.1 Planeamento para identificação dos perigos e para a avaliação e controlo dos riscos 1. A metodologia para a identificação dos perigos e a avaliação de riscos deve ser definida com respeito ao seu âmbito, natureza e calendarização de modo a garantir que seja preferivelmente proactiva e não apenas reactiva. Requisitos S N Comentários 1.1.Foi estabelecido um procedimento para identificar os perigos para a segurança e saúde ocupacional associados às actividades da organização. 1.2. Foi estabelecido um procedimento para avaliar os riscos para a segurança e saúde ocupacional associados aos perigos identificados nas actividades da organização e implementar as medidas de controlo necessárias. 1.3.Foram consideradas nessas metodologias as actividades de rotina e 22

as actividades ocasionais. 1.4. As metodologias abrangem também os processos, as instalações, os prestadores de serviço e os visitantes. 2. A metodologia para a identificação de perigos e avaliação de riscos deve permitir a classificação dos riscos e a identificação dos que devam ser eliminados ou controlados por determinadas medidas. Requisitos S N Comentários 2.1. A metodologia para a identificação de perigos e avaliação de riscos providencia uma classificação dos riscos e a identificação dos que devem ser eliminados ou controlados. 2.2. Foram estabelecidas medidas de controlo para os riscos considerados aceitáveis. 3. A metodologia para a identificação de perigos e avaliação de riscos deve ser consistente com a experiência operativa e com as potencialidades das medidas utilizadas para o controlo do risco. Requisitos S N Comentários 3.1. A metodologia para a identificação de perigos e avaliação de riscos é consistente com a experiência operativa e com as potencialidades das medidas utilizadas para o controlo de riscos. 4. A metodologia para a identificação de perigos e avaliação de riscos fornece dados para a determinação de requisitos das instalações, para a identificação de necessidades de formação e/ou para o desenvolvimento de controlos operacionais. Requisitos S N Comentários 4.1. A metodologia para a identificação de perigos e avaliação de riscos fornece dados para a determinação de requisitos das instalações, para a identificação de necessidades de formação e/ou para o desenvolvimento de controlos operacionais. 5. A metodologia para a identificação de perigos e avaliação de riscos estipula a monitorização das acções requeridas para assegurar que a sua implementação, seja eficaz e atempada. Requisitos S N Comentários 5.1. A metodologia para a identificação de perigos e avaliação de riscos estipula a monitorização das acções requeridas para assegurar que a sua implementação, seja eficaz e atempada. 5.2. A metodologia para a identificação de perigos e avaliação de riscos identifica as competências e requisitos de formação, para a implementação das medidas de controlo. 6. Os resultados do processo de identificação de perigos, avaliação e controlo de riscos estão documentados e mantêmse actualizados. Requisitos S N Comentários 6.1. As medidas de controlo necessárias, são detalhadas como uma parte dos elementos de controlo operacional do sistema. 6.2. Existem registos gerados por qualquer dos procedimentos indicados. 6.3.Os procedimentos estão documentados e são divulgados dentro da organização para efeitos de consulta e participação dos trabalhadores. 6.4. Estes processos são revistos num tempo ou período pré-determinado no documento da política de SST, determinado pela gestão de topo. Este período pode no entanto variar, dependendo de: Natureza do perigo; Amplitude dos riscos; 23

Mudanças nos processos e operações; Mudanças nas matérias-primas, nos produtos químicos; Qualquer alteração na organização (expansão, reestruturação, reorganização, mudanças de métodos de trabalho ou padrões de funcionamento) que possa colocar em causa a validade da avaliação executada. 4.3.2. Requisitos legais e outros requisitos. A satisfação dos requisitos legais constitui uma obrigatoriedade para o desenvolvimento das actividades de segurança e saúde do trabalho. A organização deve estabelecer e manter um procedimento para identificar, aceder, gerir e manter os requisitos legais e outros requisitos subscritos por ela e que lhe sejam aplicáveis. Para além disto a organização deve ainda manter actualizada esta informação e comunicar a informação considerada relevante sobre os requisitos legais e outros requisitos aplicáveis, aos seus trabalhadores e partes interessadas. LISTA DE VERIFICAÇÃO Nº 3 Nº 3 - Lista de verificação do requisito 4.3.2 Requisitos legais e outros requisitos. Requisitos S N Comentários 1.1.Foi estabelecido um procedimento para identificar e aceder aos requisitos legais ou outros que a organização subscreva, aplicáveis em matéria de Segurança e Saúde do Trabalho. 1.2.Essa informação é gerida e mantida actualizada. 1.3.Existem mecanismos de comunicação aos trabalhadores e outras partes interessadas, sobre a informação relevante referente a requisitos legais. 4.3.3. Objectivos A partir dos objectivos globais estabelecidos pela direcção de topo, na política de segurança e saúde do trabalho, a organização deve estabelecer e documentar objectivos específicos e prioridades de intervenção, para todas as funções e níveis relevantes da organização. Estes objectivos devem ser mensuráveis, documentados e mantidos tendo em atenção a Política da SST definida pela organização e devem ter em conta: Requisitos legais e outros requisitos aplicáveis; Resultados da identificação de perigos, avaliação e controlo de riscos; Opções tecnológicas, financeiras e operacionais; Opiniões dos colaboradores e partes interessadas; Análise da performance da empresa relativamente a objectivos anteriores; 24