III COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRE SEGUROS E FUNDOS DE PENSÕES. Sessão de Abertura
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- Davi Lombardi da Costa
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1 III COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRE SEGUROS E FUNDOS DE PENSÕES Sessão de Abertura A regulação e supervisão da actividade seguradora e de fundos de pensões Balanço, objectivos e estratégias futuras É com extrema satisfação que procedo à abertura do III Colóquio Internacional sobre Seguros e Fundos de Pensões organizado pelo Instituto de Seguros de Portugal. A constante evolução a que temos vindo a assistir, quer na economia em geral, quer no sector financeiro em particular, tem modificado significativamente o ambiente em que o mercado segurador e de fundos de pensões opera, criando novos e constantes desafios. As autoridades de regulação e supervisão não podem ficar indiferentes a este quadro de mudança e têm de adaptar a sua actuação no sentido da manutenção de um mercado eficiente, justo, seguro e estável para benefício e protecção dos tomadores de seguro, pessoas seguras, participantes e beneficiários. 1
2 Para alcançar este objectivo o Instituto de Seguros de Portugal tem vindo a centrar a sua política de regulação e supervisão em três vectores essenciais: ➀ Caminhar gradualmente no sentido da adopção das melhores práticas internacionais na área da regulação e da supervisão; ➁ Reforçar o seu envolvimento nas organizações internacionais em que se consolida o processo de convergência das práticas de regulação e supervisão da actividade seguradora e de fundos de pensões; ➂ Aperfeiçoar de forma contínua os modelos de supervisão, tirando partido do processo de informatização, e reforçar a vertente inspectiva, nomeadamente ao nível da avaliação dos sistemas de controlo interno. Estes vectores de actuação têm-se consubstanciado na adopção, nos últimos anos, de um conjunto bastante alargado de medidas, que abrangem as diversas áreas de regulação, das quais, pela sua importância, saliento as seguintes: ➀ Ao nível das garantias financeiras: Estabelecimento de regras para a utilização e contabilização de produtos derivados e de operações de reporte e de empréstimo de valores pelas empresas de seguros e nos fundos de pensões; Adopção do princípio Prudent Person Plus nas políticas de investimento dos fundos de pensões e nas regras 2
3 relativas à representação das provisões técnicas das empresas de seguros; Definição das metodologias de cálculo da solvência corrigida das empresas de seguros integradas em grupos de seguros; Estabelecimento de critérios de avaliação a justo valor para os activos dos fundos de pensões e, para efeitos de reporte e divulgação de informação, também dos investimentos das empresas de seguros. ➁ Ao nível das estruturas e mecanismos de governação: Normalização do conteúdo dos relatórios do actuário responsável das empresas de seguros; Definição do processo de certificação e nomeação dos actuários responsáveis nos fundos de pensões; Estabelecimento de requisitos relativamente à identificação, mensuração e gestão dos riscos de investimento e à implementação de eficazes sistemas de controlo interno por parte das empresas de seguros e das entidades gestoras de fundos de pensões; Reforço do papel dos auditores das empresas de seguros e dos fundos de pensões, nomeadamente na verificação da implementação das políticas de investimento. 3
4 ➂ Ao nível da transparência e dos mecanismos de prestação de informação aos consumidores: Estabelecimento de regras de funcionamento e de prestação de informação nos fundos de poupança (PPR/E) sob a forma de seguros e de fundos de pensões; Prestação de informação nos Instrumentos de Captação de Aforro Estruturados (ICAE) comercializados no âmbito da actividade seguradora. É ainda de referir o esforço que o Instituto de Seguros de Portugal tem vindo a efectuar a nível da informatização interna, que culminou com a recente reformulação do sistema de reporte de informação para efeitos de supervisão, através da utilização do Portal ISPnet. Por outro lado, o Instituto de Seguros de Portugal tem mantido um significativo papel de iniciativa ao nível legislativo, procurando assistir o Governo, nomeadamente na transposição das diversas directivas comunitárias aplicáveis à actividade seguradora e de fundos de pensões. Estas modificações no ambiente regulamentar têm sido assumidas com base num diálogo aberto e profundo com os diversos agentes do mercado, na certeza de que as decisões decorrentes serão decerto melhor compreendidas e, consequentemente, mais eficazmente implementadas. 4
5 Por outro lado, gostaria ainda de salientar que o nível de exigência relativamente à actuação das autoridades de supervisão também tem vindo a ser fortemente incrementado. De facto, os padrões internacionais pelos quais se avalia a actuação das autoridades de supervisão são cada vez mais rigorosos e desafiantes. O Instituto de Seguros de Portugal também tem estado atento a esta evolução, tendo recentemente reforçado os mecanismos de transparência na actividade de regulação através da implementação de procedimentos de consulta pública das propostas de nova regulamentação, que esperamos possam vir a potenciar o envolvimento dos diferentes intervenientes no mercado. Num futuro próximo, os desafios que se colocam à regulação/supervisão e ao mercado enquadram-se maioritariamente na esfera de influência dos principais temas e objectivos com que se debate a nível nacional e internacional o sector segurador e de fundos de pensões, nomeadamente os relativos: à criação de sistemas de solvência baseados nos riscos; à aplicação dos International Finantial Reporting Standards (IFRS); ao reforço dos padrões de independência e transparência nas estruturas e nos mecanismos de governação. 5
6 O Instituto de Seguros de Portugal tem um ambicioso programa de acção para os próximos anos, no sentido de reforçar o grau de observância dos padrões internacionais e de potenciar as boas práticas do mercado. De entre os projectos que já temos em curso permitam-me salientar os seguintes: Desenvolver o enquadramento regulamentar referente ao conteúdo mínimo dos sistemas de controlo interno das empresas de seguros e das entidades gestoras de fundos de pensões; Definir o conteúdo mínimo dos relatórios a emitir pelo auditor, nos âmbitos que relevem especificamente para a supervisão da actividade seguradora e de fundos de pensões; Estabelecer, em articulação com os desenvolvimentos do projecto Solvência II, as directrizes relativas a um sistema de Stress Testing; Adaptar de forma gradual aos princípios dos IFRS as disposições do plano de contas para as empresas de seguros. As mudanças que têm vindo a ser efectuadas, bem como as que se perspectivam, vêm introduzir um maior grau de flexibilidade na gestão, configurando, no entanto, uma responsabilidade acrescida para os diversos intervenientes no mercado (operadores, auditores e actuários), mas também para a autoridade de supervisão. 6
7 O desenvolvimento de um quadro regulamentar focalizado em princípios e não em regras absolutas tem de ter como contrapartida i) o estabelecimento de novos requisitos em matéria de estruturas de governação, com uma maior responsabilização dos órgãos de gestão das entidades supervisionadas e com o reforço da independência dos actuários responsáveis e dos auditores e ii) a implementação de mecanismos de gestão de riscos e de controlo interno e de mecanismos de prestação de informação, por forma a que se mantenha um equilíbrio prudencial adequado. Para além disso, a crescente complexidade dos produtos comercializados torna imprescindível que sejam estabelecidas regras apropriadas de prestação de informação e de conduta de mercado, indo de encontro ao maior enfoque na protecção do consumidor suscitado pela sociedade em geral. Todos estes desenvolvimentos convergem para a necessidade de adaptação gradual do processo de supervisão, no sentido deste contemplar, de forma harmoniosa e adaptada às circunstâncias de cada momento, mecanismos adequados de verificação dos requisitos financeiros, de governação e de conduta de mercado. Neste quadro de profundas mudanças, que continuarão a atingir o sector segurador e de fundos de pensões nos próximos anos, é imprescindível para a eficiência e para a estabilidade do mercado, e em última análise para a confiança dos consumidores, que a autoridade de regulação e de supervisão continue a ser capaz de 7
8 acompanhar essa evolução, contribuindo para que as mudanças se efectuem sem rupturas e num quadro de estabilidade. É este desafio que temos de enfrentar em conjunto, com consciência das dificuldades, mas com um profundo empenho e a convicção inabalável de que estamos a contribuir para a construção de um mercado segurador e de fundos de pensões mais forte, seguro e estável. Muito obrigado pela vossa presença. 8
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