PIERRE BOURDIEU E O CONCEITO DE PODER SIMBÓLICO NA FORMAÇÃO INICIAL DO PEDAGOGO ¹

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Transcrição:

PIERRE BOURDIEU E O CONCEITO DE PODER SIMBÓLICO NA FORMAÇÃO INICIAL DO PEDAGOGO ¹ Kríscia Karina Borges (1); Leila Pereira dos Santos (2); Jefferson Fagundes Ataíde (3) 1 - Faculdade Sul-Americana (FASAM), karinagyn_26@hotmail.com; 2 - Faculdade Sul-Americana (FASAM), leilapsantos@hotmail.com; 3 - Faculdade Sul-Americana (FASAM), ataide.jefferson@gmail.com INTRODUÇÃO A proposta deste texto nasceu no Grupo de Estudos e Orientações em Temas Educacionais (GEOTE) da Faculdade Sul-Americana (FASAM) sob a coordenação do Prof. Me. Jefferson Fagundes Ataíde. Trata-se de uma pesquisa em andamento que culminará no trabalho de conclusão de curso de uma aluna da Pedagogia. Compreende-se, a priori, que os empreendimentos teóricos que discutem o contexto educacional estão amparados em uma trama complexa de saberes, de modo que o desenvolvimento de uma compreensão aprofundada do processo educativo está diretamente relacionado à emergência de novas teorizações do fenômeno social fundamentadas em vários seguimentos das Ciências Sociais (ATAÍDE, 2013). Sob um ponto de vista articulador de ideias, este texto expõe parte de uma pesquisa em andamento fundamentada essencialmente em Pierre Bourdieu a partir do estudo de um de seus elementos teórico-conceituais, o poder simbólico. Sendo assim, no que concerne à temática, pode-se delimitá-la como a identificação e o estudo de elementos que configuram violência simbólica, mecanismo de ação do poder simbólico, inserida na perspectiva do curso de Pedagogia da Faculdade Sul-Americana (FASAM). Aliado ao tema explicitado, este texto assume o objetivo de articular o potencial interpretativo da construção teórica de Bourdieu sobre o poder simbólico com a formação inicial do pedagogo na FASAM. De modo mais específico, busca-se identificar exemplos de atuação do poder simbólico no referido curso e Instituição de

Ensino Superior (IES); interpretar qualitativamente o grau de influência dos possíveis exemplos citados; colaborar com o processo de fortalecimento do curso na referida IES. Há uma necessidade de compreensão aprofundada sobre alguns dos mecanismos simbólicos, estruturados e estruturantes, que influenciam o processo formativo dos agentes no curso de Pedagogia. A indispensabilidade da referida compreensão marca a relevância deste estudo. Isto porque, não se pode construir uma proposta crítica de um curso de licenciatura sem conhecer as forças, sobretudo as que agem de forma negativa, que exercem determinado grau de direcionamento na formação inicial do profissional pedagogo. METODOLOGIA Os argumentos, teorias, análises e posicionamentos sociológicos compõem o que se pode chamar de o método de Bourdieu. Longe de se restringir à instrumentalização da pesquisa, o método bourdieusiano se projeta como um programa estruturado de análise do fenômeno real compromissado com a dissolução dos poderes simbólicos. Estes existem a partir da coparticipação de todos os sujeitos envolvidos, incluindo os que preferem não saber, ou não possuem condições cognitivas para reconhecê-lo. O poder simbólico é sustentado e reproduzido via sistemas simbólicos estruturados e irremediavelmente estruturantes, porém, não se resume a eles. Os sistemas simbólicos podem assim ser depreendidos como elementos de origem heterogênea (economia, política, ciência, religião, etc.) que exercem um poder de persuasão no sentido de conseguir a homogeneidade de pensamentos (BOURDIEU, 2010). Ainda nas palavras do sociólogo francês, trata-se de um: [...] poder de constituir o dado pela enunciação, de fazer ver e fazer crer, de confirmar ou de transformar a visão de mundo e, deste modo, a ação sobre o mundo, portanto o mundo; poder quase mágico que permite obter o equivalente daquilo que é obtido pela força (física ou econômica), graças ao efeito específico de mobilização (BOURDIEU, 2010, p. 14). A pesquisa em curso defende uma abordagem qualitativa dos dados. Conforme Minayo (2001), a pesquisa qualitativa atua no conjunto de significados, motivos,

aspirações, valores, posturas e condutas. Tudo isso direciona a um entendimento mais aprofundado das relações, dos processos e fenômenos sociais que compõem a Educação. As ciências que utilizavam mais frequentemente a mencionada abordagem eram a Antropologia e a Sociologia, se contrapondo à análise quantitativa predominante nas demais áreas. Com o passar do tempo o campo científico da Educação defendeu mais fortemente o viés qualitativo ao invés do quantitativo. Como se trata de uma pesquisa em andamento, algumas trajetórias metodológicas ainda precisam ser definidas. O procedimento metodológico adotado até a construção deste texto foi a Pesquisa Bibliográfica, que contribuiu, dentre outras coisas, para justificar a existência de entraves na formação do Pedagogo que pudessem ser interpretados pela teoria do poder simbólico. Neste sentido, Fonseca (2002, p. 32) defende que esse tipo de pesquisa pode ser entendido como um: [...] levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta. RESULTADOS E DISCUSSÃO Alguns dados/resultados do levantamento bibliográfico indicam a existência de inúmeros e distintos problemas enfrentados pelos cursos de graduação em Pedagogia no Brasil. As origens destas dificuldades também são variadas. Pode-se entender que há uma associação complexa entre os elementos dificultadores na construção da conjuntura atual da área. Libâneo (2001, p. 6) sinaliza que: Pedagogia é, então, o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação do ato educativo, da prática educativa como componente integrante da atividade humana, como fato da vida social, inerente ao conjunto dos processos sociais. Não há sociedade sem práticas educativas. Pedagogia diz respeito a uma reflexão sistemática sobre o fenômeno educativo, sobre as práticas educativas, para poder ser uma

instância orientadora do trabalho educativo. Ou seja, ela não se refere apenas às práticas escolares, mas a um imenso conjunto de outras práticas. Como sinaliza Gatti (2000), boa parte das dificuldades enfrentadas no ensino superior tem origem nos entraves que ocorrem no processo anterior, a Educação Básica. Há uma complexidade de fatores que criam condições de nascimento e perpetuação da situação desfavorável ao processo de ensino e aprendizagem na Educação Básica. Alguns dos exemplos mais notáveis, com relação às barreiras ao processo básico de formação humana, estão ligados às políticas educacionais, à gestão do financiamento, aos aspectos culturais, o que inclui a situação socioeconômica de grande parte dos ingressantes nas licenciaturas, à conduta dos gestores, ao compromisso social e carreira do professor dentre outros. Vale destacar que na perspectiva de Severino (2011) há um excesso de responsabilização do professor quanto às mazelas atuais da educação brasileira. Todavia, não se pode negar que a docência é um ponto estratégico de investimento assim como a gestão de recursos humanos e financeiros. Neste sentido, pouco eficaz será o investimento em apenas um dos pontos estratégicos. CONCLUSÕES Inferiu-se mediante estudos e pesquisas preliminares que estão postas uma série de barreiras à qualidade do processo formativo do pedagogo. Há uma associação direta entre tais dificuldades, de modo que estas podem ser investigadas a partir do conceito de poder simbólico proposto por Bourdieu, que assume a relação entre os mecanismos estruturados e estruturantes. Estas atuam por meio da violência simbólica negligenciando uma série de requisitos ao estabelecimento de uma base conceitual e atitudinal do estudante de nível médio, reverberando na fragilidade dos cursos de nível superior, com destaque para as licenciaturas. REFERÊNCIAS

ATAÍDE, Jefferson Fagundes. O olhar do professor de ciências sobre o laboratório de informática: tessituras e enlaces na perspectiva de Bourdieu. 2013. 129 f. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Goiás (UFG) Planetário, Goiânia, 2013. BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. 13ª ed. Tradução de Fernando Tomaz. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 322 p. FONSECA, João José Saraiva da. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila. GATTI, Bernadete. Formação de professores no Brasil: características e problemas. Educação & Sociedade, v. 31, n. 113, p. 1355-1379, 2010. LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, para quê? 9. ed. São Paulo: Cortez, 2007. MINAYO, Maria Cecília de Souza. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2001. SEVERINO, Antônio Joaquim. Formação de professores e a prática docente: os dilemas contemporâneos. In: PINHO, S. Z. Formação de educadores: dilemas contemporâneos. São Paulo: Ed. da UNESP, 2011. p. 3-14.