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Transcrição:

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11,99/100 da fracção ao, as fracções e ao, com reserva de usufruto vitalício do prédio para a esposa, aqui recorrente. Quanto ao legado do prédio o testador acrescentou que Quando o meu filho... e, falecer, o bem ficará para o neto. c) Certificação jurídica sobre a Legislação Sucessória Sueca emitida pela Notária Pública na cidade de,, legalizada mediante aposição de apostilha e traduzida para língua portuguesa. 1.2. As fracções autónomas, o prédio e a fracção indivisa indicados como objecto mediato dos diversos pedidos de registo constam inscritos como fazendo parte da comunhão conjugal do testador com a ora recorrente, identificados como casados segundo o regime de bens da comunhão de adquiridos, com excepção do prédio, em que consta o regime da comunhão geral. 2. Todos os pedidos mereceram a mesma qualificação de recusa, conforme despacho único de / / ( Atenta a semelhança entre os pedidos bem como ao facto de os documentos que os titulam serem os mesmos, procedemos a um tratamento unitário ), com fundamento no disposto no art. 69º, nº 1, b) do Código do Registo Predial(C.R.P.), porque o testador lega totalidade dos bens aos filhos e neto, não lega o seu direito, não lega metade. 2.1. Para lá dessa consideração dos factos pedidos como não titulados que se situa exclusivamente no plano da conformação do objecto imediato do pedido com o objecto da declaração de última vontade submetida a registo, abstraindo portanto do direito sucessório aplicável - a recorrida afirma que, apesar das diligências levadas a efeito junto da embaixada da em Portugal e da embaixada portuguesa na 1, e junto do próprio interessado, desconhece o direito sueco pertinente, cuja convocação é imposta de facto pela nacionalidade do testador e de direito pelo disposto nos artigos 31º, nº 1 e 62º do Código Civil. Não resulta do despacho que a recorrida tenha baseado a indicada afirmação de desconhecimento na consideração de seja em abstracto legalmente impossível beber o conhecimento do direito estrangeiro numa fonte com a natureza da que instrui os pedidos de registo, ou seja, numa certificação feita por notário público. Implícita está apenas, parece-nos, uma consideração de insuficiência de conteúdo, que leva a recorrida ao estado de dúvida quanto a saber: a) se a norma de conflitos do direito(internacional privado) sueco reenvia ou não para o direito sucessório português, b) se, no caso de ser de aplicar o direito sucessório sueco, o testamento 1 Também a entidade ad quem diligenciou junto desta embaixada a disponibilização do direito sueco, mas igualmente sem resultado positivo. 2

é ou não válido, já que a disposição testamentária abrangeu a totalidade dos bens, e, c), se aqui apenas quanto ao prédio..., em que o pedido inclui o usufruto a favor da ora recorrente - Existirá na lei sueca uma figura semelhante à figura da confusão?. 2.2. Finalmente, já no plano de uma qualificação subsidiária a qual, não fosse o motivo da recusa, teria tido tradução em decisões de provisoriedade por dúvidas - a recorrida invoca a) a divergência quanto ao regime de bens do casamento do sujeito passivo, que no registo é em três casos a comunhão de adquiridos e noutro a comunhão geral, como já relatámos, na habilitação de herdeiros é a comunhão geral e nos esclarecimentos prestados em sede de suprimento de deficiências é a comunhão de adquiridos, e, b), a falta de prova do pagamento ou da instauração do processo de imposto de selo ( artigos 1º, 26º, 28º e 63º do CIS e art. 50º do CIMT). 3. No dia / / - de forma unitária, tal como aconteceu com o despacho de qualificação foi interposto recurso hierárquico, cujos termos aqui se dão por integralmente reproduzidos. Em síntese, a recorrente alega que: a) A certificação de notário público sueco que se apresentou contém toda a informação necessária à apreciação da validade do testamento, não lhe sendo exigível a junção de quaisquer elementos adicionais; b) Se a recorrida considera essa certificação insuficiente, sempre estaríamos perante deficiências que respeitam à omissão de documentos a emitir pela Administração Pública (como é referido pela própria Conservadora no despacho recorrido: diligências efectuadas junto da embaixada da em Portugal e da embaixada de Portugal na...), pelo que nos termos do nº 3 do referido artigo 73º do CRP, o registo nunca poderia ter sido recusado (nem tão pouco lavrado provisoriamente) cabendo antes ao serviço de registo competente obter esses documentos directamente junto das entidades ou serviços da Administração Pública ; c) Do teor da certificação apresentada retira-se que quando o Testador refere, no testamento que elaborou, que lega os bens aos seus filhos e neto, tal significa indubitavelmente, à luz da Lei... sobre Sucessões, que o testador lega a sua parte daqueles bens aos referidos herdeiros, e nunca a totalidade desses bens, como é obvio, não se verificando assim o motivo de recusa invocado; d) Não existe reenvio para o direito sucessório português por parte do artigo 4º da Lei... 1937:81, que se refere exclusivamente à forma de realização e revogação do testamento, considerando legais também as feitas em conformidade com a lei do lugar da celebração; 3

d) Que a invocada divergência de regime de bens resulta do facto de o testador e cônjuge serem ambos cidadãos estrangeiros e estarem a lidar com uma lei que não é a deles e cujas especificidades desconhecem e não reveste importância prática, já que nunca houve qualquer dúvida quanto ao facto de os bens serem comuns do casal. Ainda assim e não tendo essa divergência constituído motivo de recusa, compromete-se a remover a dúvida em causa ; e) À informação relativa instauração do processo de imposto de selo aplica-se o disposto no art. 73º, nº 1 do CRP, que assim deve ser oficiosamente obtida junto do serviço de finanças respectivo; f) Não sendo o recurso julgado procedente, deve o despacho recorrido ser substituído por outro que determine a provisoriedade dos registos requeridos, procedendo a recorrida às diligências necessárias à prova da existência e do conteúdo da lei sueca nesta matéria. 4. A recorrida manteve as decisões de recusa em despacho cujos termos aqui se dão também por integralmente reproduzidos, contra-argumentando, em síntese, que: a) A recorrente faz uma interpretação do art. 73º do CRP que vai muito para além do seu espírito; b) O documento sobre a legislação sucessória sueca que foi apresentado não permite concluir pela validade ou invalidade do testamento, muito menos fazer interpretações extensivas e não literais duma legislação que desconhecemos ; c) A referência ao art. 31º, nº 2 do Código Civil pretendeu alertar para a eventualidade de vir a concluir-se pela aplicação da lei portuguesa, caso em que o disposto no art. 1685º, nº 1 do Código Civil constituiria obstáculo à feitura dos registos tal como foram pedidos; d) Não foi possível, por falta de elementos, obter documento comprovativo da liquidação do imposto de selo por recurso às bases de dados e que só não se diligenciou nos termos do art. 73º, nº 3 porque o apresentante disse, telefonicamente, que o tinha em seu poder e que faria apresentação complementar do mesmo, o que não veio a acontecer. Questão prévia Como se relatou, embora não haja coincidência quanto a todos os sujeitos activos por ela tacitamente representados, foi a mesma a apresentante de todos os 4

pedidos de registo, todos apresentados na mesma data e instruídos com os mesmos documentos e todos mereceram a mesma qualificação de recusa, com base nos mesmos fundamentos de facto e de direito. A apresentante optou por utilizar tantas requisições quantos os pedidos, aos quais, exclusivamente por causa do Sistema Informático do Registo Predial(SIRP), veio a caber uma numeração interpolada. A recorrida foi sensível ao princípio da economia processual e lavrou um único despacho de qualificação, procedimento que se nos afigura correcto, sem embargo de, obviamente, não poder deixar de considerar-se que a cada pedido coube uma decisão de recusa. Temos tantas decisões quantos os pedidos. A questão que se coloca é a de saber se a diversidade de requisições impede que se possa aqui identificar uma suficiente unidade processual registral, colocada como objecto de uma resolução também unitária, para efeito do disposto no art. 140º, nº 1 do CRP 2, isto é, se é admissível impugnar as quatro decisões de recusa, independentemente de constarem de um ou quatro despachos, por meio de uma única petição de recurso hierárquico. Embora uma abordagem imediata imponha a unidade da requisição como critério da unidade do processo registral e, por princípio, faça sentido que assim seja, tal não significa que esse critério, de natureza essencialmente formal, não deva ceder em situações como a dos autos, em função da manifestação de outros elementos de conexão, maxime quanto à essência do fundamento das respectivas decisões desfavoráveis interpretação e aplicação dos mesmos princípios e regras de direito (art. 12º, nº1, b) do Código de Processo nos Tribunais Administrativos) 3 - mas também o facto de ter sido o mesmo apresentante, ter sido apresentado o mesmo título, na mesma data, resultando os hiatos na numeração das apresentações de circunstância que não é da responsabilidade do apresentante. 2 Cfr. a interpretação que do termo decisão, constante desta disposição legal, se fez no Pº R.P. 285/2004 DSJ-CT, nota 1, in BRN nº 1/2005(II), no sentido de que pode abranger mais do que um pedido, desde que todos formulados num único processo. 3 Cfr. o que, a propósito da apensação e já depois da entrada em vigor do D.L. nº 116/2008, de 4 de Julho que alterou o art. 147º-B do C.R.P. no sentido de ser subsidiariamente aplicável ao recurso hierárquico o disposto no Código de Procedimento Administrativo - sobre a matéria se disse no Pº R.P. 1 e 2/2009 SJC- CT, disponível intranet, em que os dois pedidos também tinham sido formulados em requisições distintas. Cfr. também o Pº R.P. 200/2009 SJC-CT, disponível intranet, em que mais uma vez a falta de unidade no pedido( requisição) não impediu a consideração de uma unidade processual. 5

Saneamento: O processo é o próprio, as partes legítimas, o recurso tempestivo, inexistindo outras questões prévias ou prejudiciais que obstem ao conhecimento do mérito. Fundamentação 1. Pressuposto óbvio da decisão registral é a averiguação das disposições legais aplicáveis, sem a qual não é possível formar um juízo, juridicamente fundamentado, acerca da viabilidade do pedido, além de que o desconhecimento dessas disposições não constitui fundamento legal nem de abstenção de decidir ( art. 8º, nº 1 do Código Civil) nem de decisão de recusa do registo pedido( art. 69º do CRP). E, na generalidade das relações jurídicas de que emergem os factos submetidos a registo, os elementos presentes circunscrevem o contacto exclusivamente com o ordenamento jurídico português, único a conhecer e a aplicar no âmbito do princípio da legalidade. 2. Resultando dos documentos apresentados que a concreta relação jurídica tem conexão com mais do que um ordenamento jurídico - v.g. no caso, como é o dos autos, de uma relação jurídica sucessória em que o falecido não tem nacionalidade portuguesa - importa desde logo averiguar qual a conexão que deve prevalecer, em aplicação das respectivas normas de conflitos, quer quanto à forma, quer quanto à substância. A recorrida identificou nos documentos apresentados o facto que, nos termos do ordenamento jurídico português, que assim manifestou conhecer, faz entrar a relação jurídica em contacto com o ordenamento jurídico da Suécia mas, porque o desconhecia 4, diligenciou no sentido de o passar a conhecer, como supra se relatou. O ponto de partida da divergência com a recorrente está precisamente na aptidão para proporcionar esse conhecimento por parte do documento apresentado, tanto do direito internacional privado como do direito sucessório. 3. Determinando a lei registral que a) Só podem ser registados os factos constantes de documentos que legalmente os comprovem, b) que o registo deve ser recusado quando for manifesto que o facto não está titulado nos documentos apresentados e c) que O registo é nulo quando tiver sido lavrado com base em 4 A Notária do Cartório Notarial onde foi outorgada a escritura de habilitação de herdeiros não manifestou mesma dificuldade, já que, como subjaz do respectivo teor e da falta de menção a qualquer documento comprovativo, conhecia não só as normas de conflitos, que lhe permitiram concluir pela aplicação do direito sucessório da, como este direito, nos termos do qual os herdeiros foram habilitados. 6

títulos insuficientes para a prova legal do facto registado (cfr. artigos 43º, nº1, 69º, nº 1 b) e 16º, b), respectivamente, do C.R.P.), o primeiro juízo 5 que é imposto pelo princípio da legalidade respeita à legalidade formal ( regularidade formal dos títulos art. 68º do C.R.P.). 3.1. A validade formal do testamento cerrado apresentado apurada segundo as prescrições da lei do lugar onde foi celebrado - Portugal, onde foi efectuado o termo de aprovação, por notário, com todas todas as formalidades legais ( Cfr. Artigos 65º, nº 1 e 2206º do Código Civil e art. 106º e seguintes do Código do Notariado) - pode ser afastada por disposição da lei pessoal do testador, de acordo com o disposto no nº 2 do anteriormente referido art. 65º. 4. Independentemente do ordenamento jurídico que tenha levado à formação de um juízo positivo acerca da legalidade formal do testamento apresentado, segue-se a formação do juízo sobre a legalidade substantiva ( validade dos actos dispositivos neles contidos artº 68º do CRP). 4.1. Para o efeito há que averiguar qual o ordenamento jurídico eleito pelas normas de conflitos relativas ao direito sucessório substantivo, quer em geral, em que o direito português remete para a lei pessoal do autor da sucessão ao tempo do falecimento( art. 62º do Código Civil), quer particularmente quanto à capacidade para fazer uma disposição por morte, à interpretação do testamento, à falta e vícios da vontade e à admissibilidade de testamentos de mão comum, em que o direito português remete para a lei pessoal do autor da sucessão ao tempo da declaração( artigos 63º e 64º do Código Civil). 5. Não está prevista na lei qualquer distinção em função da nacionalidade do ordenamento jurídico em que deva assentar o juízo sobre a viabilidade do pedido, a qual dá assim por pressuposto que, mesmo que seja aplicável o direito estrangeiro, esse juízo não pode deixar de assentar no conhecimento que dele devem ter as entidades a quem a mesma lei atribui competência para qualificar, quer o internacional privado ( regras de conflitos) quer, se desse assim resultar e reportando-nos à situação dos autos, o direito sucessório( formal e substantivo ou só um deles, consoante o caso). 5.1. Se, por um lado, a lei determina que o âmbito das normas incluídas na atribuição da competência a uma lei é demarcado pelo regime jurídico do instituto 5 Isto no âmbito - aquele em que se situam as questões em tabela - do que Carlos Ferreira de Almeida, in Publicidade e Teoria dos Registo, pág. 217 e seguintes, chama de legalidade intrínseca, em contraponto com a legalidade extrínseca, subdividindo esta em processual ( v.g. a legitimidade) e substantiva, relativa à admissibilidade do facto a registo. 7

visado na regra de conflitos (Cfr. art. 15ºdo Código Civil), por outro, determina que a sua interpretação seja feita dentro do sistema a que pertence e de acordo com as regras interpretativas nele fixadas ( cfr. art. 23º, nº 1 do Código Civil), o que implica um conhecimento também dessas regras 6. 5.2. Desconhecendo o destinatário do pedido de registo esse direito estrangeiro e mostrando-se infrutíferas as diligências que oficiosamente tenha levado a cabo com vista ao seu conhecimento, resta-lhe exigir que o interessado no registo faça prova desse direito através de documento idóneo ( cfr. art. 85º, nº 2 do Código do Notariado, para efeito de celebração de escritura de habilitação de herdeiros e art.348º do Código Civil) 7. 5.3. Cabe no conceito de documento idóneo o documento emitido por notário público do Estado autor do direito aplicável, que contenha certificação do conteúdo desse direito, cujo âmbito dependerá do resultado da aplicação das normas de conflitos, que constituem assim o seu âmbito mínimo. 6. Abstractamente enquadrada a qualificação no âmbito do princípio da legalidade, há que passar agora para situação concreta que, tirando os motivos incluídos na qualificação que chamámos de subsidiária, passa desde logo por saber da (in)suficiência do documento emitido pelo notário público 6.1. A recorrida deu o facto por não titulado e a primeira questão a decidir é se, dando-se por desconhecida a lei pessoal do testador, é possível dar-se por manifesto( art. 69º, nº 1, b) do C.R.P.) que o testamento não titula as aquisições nos termos em que foram pedidas. Ora, afigura-se-nos mais prudente e sensato considerar que não, admitindo que possa resultar da interpretação do testamento à luz da lei... e da interpretação dessa mesma lei cfr. o que ficou dito supra sobre estas interpretações - que aquela disposição de última vontade tenha tido por efeito a concretização da meação do cônjuge sobrevivo em metade indivisa de todos os bens comuns, constituindo título do efeito aquisitivo dessa metade indivisa a favor desse cônjuge e do efeito aquisitivo da restante metade indivisa a favor dos legatários. 6 Cfr. Pires de Lima e Antunes Varela, in Código Civil Anotado, Vol. I, 4ª Ed., que, em anotação ao indicado art. 23º, referem que o intérprete deve privilegiar as lições da doutrina e jurisprudência do Estado estrangeiro em detrimento da análise dos textos legislativos. 7 Esta situação já mais do que uma vez foi apreciada por este Conselho, de que são exemplos o Pº R.P. 187/99 DSJ-CT, in BRN nº 7/2000(II) e o Pº R.P. 176/2001 DSJ-CT, in BRN nº 4/2002(II) Esta é uma solução inevitável Cfr. nota 7 do parecer emitido no anteriormente indicado em 1º lugar - embora fosse desejável que um existisse organismo, v.g. no âmbito universitário, vocacionado e com competência legal para certificar o direito estrangeiro. 8

Recusar a aquisição com este fundamento é qualificar uma situação, de facto e de direito, com base no desconhecido. 6.2. Que dizer do conteúdo da certificação feita pelo notário público...? O documento é sobretudo um conjunto de considerações acerca de algumas disposições cujo teor se certifica - dois artigos ( 4º e 5º ) da lei 1937:81 relativa às regras de conflitos de leis e a totalidade ou parte de três artigos ( 2º/1, 7º/1 e 10º/1 e 2), da Lei Sucessória ( 1981:359) - e de outras disposições cujo teor está em falta, resultando implícito que terá sido emitido no contexto de um pedido formulado com referência a situação colocada como exemplo - No que se refere ao pedido de informações relevantes relativas à situação de um testamento de cidadão ( ) Poderá também questionar os seus clientes sobre quaisquer doações efectuadas aos herdeiros legitimários ( ) No seu exemplo a consequência desta previsão será a seguinte - que no entanto não faz parte do documento. 6.3. Afigura-se-nos que o máximo que pode dar-se por suficientemente certificado é o direito internacional privado e a disposição da lei sucessória que se refere à forma do testamento, que por sua vez apenas nos habilitam a concluir que o testamento apresentado é formalmente válido e que o direito sucessório aplicável não é o português mas o da... 6.4. Quanto ao direito sucessório, para lá da certificação do nº 1 do artigo 2º, que diz que O primeiro herdeiro no que respeita à família, são os descendentes(herdeiros legais) e do número 1 do artigo 7º, que diz que A quota da herança que cabe aos herdeiros legais corresponde a metade da herança, tudo se resume a um conjunto de afirmações acerca do que resultará dessas e de outras disposições da mesma lei, o que claramente não pode ser considerado como uma certificação do direito sucessório para efeito da qualificação dos registos pedidos. 6.5. Em abstracto, e por princípio, quer para a interpretação de testamento que deva ser regulada por direito estrangeiro, quer para a aplicação desse direito, impõe-se que o documento comprovativo apresentado contenha o teor integral da lei sucessória e das regras interpretativas fixadas no respectivo sistema, mas o bom senso pode em concreto levar a que se prescinda desse conhecimento, no todo 8 ou em parte. Foi, parece-nos, com este sentido que, concretizando que era no âmbito da pretensão de registar nesta Conservatória um prédio legado por testamento cerrado por 8 Cfr o contexto em que no já indicado Pº R.P. 176/2001 DSJ se invocou estes bom senso para considerar dispensado o conhecimento, admitindo-se como suficiente uma certificação consular de que determinado documento comprova a habilitação de herdeiros, ao invés de exigir um documento com a certificação do conteúdo desse direito estrangeiro para, com fundamento nele, se poder formar um juízo com o mesmo sentido. 9

um cidadão... a um dos seus filhos e o usufruto a seu cônjuge, a recorrida solicitou à Embaixada da em Portugal, os bons ofícios dessa embaixada, no sentido de nos esclarecer sobre se os documentos que se anexam( escritura de habilitação e testamento) estão lavrados de acordo com as leis de secessão da... e se o testamento é o documento suficiente para registar o prédio. E, se a embaixada tivesse enviado documento que, mesmo que não certificando o conteúdo da lei, tivesse certificado o resultado do juízo acerca das referidas legalidade formal e substantiva, tendo por objecto os documentos concretos em causa e em aplicação da mesma lei, e além disso tivesse certificado quais os concretos efeitos da disposição no plano aquisitivo, afigura-se-nos que se poderia dar por dispensado o conhecimento do direito o 9. 6.6. In casu não temos o direito que permita formar um juízo de (i)legalidade nem temos a certificação de um juízo de legalidade e dos efeitos aquisitivos produzidos pelo testamento, restando a relação do objecto imediato do pedido e do teor da disposição de última vontade apresentada com conteúdo direito registral aplicável, ou seja, o disposto no Código de Registo Predial. E se, como referimos supra, não é possível dar por manifesto que o facto não está titulado, os elementos disponíveis consentem que se forme um outro, de dúvida quanto à própria legalidade, em função da interpretação que, de acordo com o direito matrimonial e sucessório da, for de atribuir à disposição de última vontade, e em função de saber se o que resultar dessa interpretação é legalmente permitido segundo o mesmo direito e, sendo-o, quais os efeitos dessa disposição de última vontade no plano dos factos sujeitos a registo predial. Concretizando, o referido direito é que nos tem que dizer se o testamento em causa constitui título aquisitivo, de quê e a favor de quem, assim como, quanto ao indicado prédio, qual a natureza e efeito da estipulação, qualificada pelo apresentante como cláusula fideicomissária, de que Quando o meu filho, falecer, o bem ficará para o neto. 9 Não acompanhamos assim o rigor da posição da recorrente que, a propósito da exigência de documento comprovativo da legalidade formal e material do testamento, considera que ela seria legalmente inadmissível, porque traduziria uma demissão da competência para decidir. Para lá de em muitas situações o conhecimento efectivo do direito estrangeiro se mostrar inviabilizado, não podemos esquecer-nos do que ficou dito supra quanto à interpretação do testamento é da lei estrangeira. Naturalmente (cfr. nota (6) que um serviço registral português estará em muito piores condições para efectuar uma interpretação da lei no contexto em que se insere, do que um serviço do Estado a que pertence o ordenamento jurídico a aplicar( v.g a embaixada ou o notário público). 10

7. Resta referir os motivos da qualificação desfavorável subsidiária, que têm exclusivamente a ver com a lei portuguesa, registral e fiscal. 7.1. Quanto à divergência de regime de bens do casamento do sujeito passivo, o facto de não se ter questionado a natureza comum dos bens e a circunstância de a lei não incluir o regime de bens entre os elementos de identificação do sujeito passivo ( cfr, art. 93º, nº 2 do C.R.P.), não admitem que se deva desconsiderá-la, tanto mais que ela deixa em dúvida a exactidão dos registos existentes que, estando errados, demandam rectificação. 7.2. Já a exigência de prova do pagamento do imposto de selo ou da instauração do correspondente processo se nos afigura indevida, dada a isenção subjectiva de reconhecimento automático prevista no art. 6º, e) do Código do Imposto de Selo 10. 8. Um última nota se impõe relativamente processo de suprimento de deficiências previsto no art. 73º do C.R.P., para remeter para o que ficou dito no Pº 154/2009 SJC-CT, disponível intranet, no caso de se entender, como é o caso da recorrente, que houve deficiente cumprimento do dever de promoção oficiosa do procedimento. Concluiu-se sob o nº I que O suprimento oficioso de deficiências do processo de registo previsto no art. 73º do Código do Registo Predial radica num dever geral de assessoria dos interessados, cujo deficiente cumprimento não é de molde a suscitar a invalidade dos actos subsequentes, nomeadamente do despacho de qualificação e do registo. Afigura-se-nos que nada mais podia a recorrida ter diligenciado no âmbito do suprimento de deficiências. Em face do exposto propomos a procedência parcial da impugnação, como requalificação dos registos para provisórios por dúvidas, e retiramos as seguintes Conclusões 1. O princípio da legalidade ( art. 68º do C.R.P.) pressupõe o conhecimento, não só das normas que definem qual é o ordenamento jurídico aplicável, mas também daquelas que, dentro ordenamento eleito, sejam pertinentes à definição do regime da relação jurídica de que emerge o 10 Cfr. Pº R.P. 262/2008 SJC-CT e Pº R.P. 23/2009 SJC-CT, disponíveis intranet. 11

concreto facto submetido a registo, sem o qual não é possível formar um juízo juridicamente fundamentado sobre a viabilidade do pedido. 2. Se não é possível chegar sequer a saber qual o ordenamento jurídico aplicável - por se desconhecerem as normas de conflitos da lei estrangeira que manifeste conexão com a concreta relação jurídica - não será sensato, por princípio, dar por manifesto que o facto - v. g. a aquisição de metade a favor de cônjuge sobrevivo e de metade a favor de legatário instituído, com base em testamento em que o outro cônjuge legou o prédio, bem comum do casal, a esse legatário não está titulado, só porque esse fosse o juízo adequado segundo a lei portuguesa. 3. Para lá de ter que ser idóneo, como em abstracto é o caso do emitido por notário público do país respectivo ( cfr. art. 85º, nº 2 do Código do Notariado e art. 348º do Código Civil), o documento comprovativo do conteúdo do direito estrangeiro a aplicar deve, por princípio, certificar a totalidade das normas que integram o regime do instituto visado pela regra de conflitos ( art. 15º do Código Civil) - v.g. a sucessão por morte - e ainda as regras interpretativas fixadas no respectivo sistema( cfr. art. 23º, nº 1 do Código Civil). 4. É de admitir, em razão de bom senso, que se possa considerar dispensado o conhecimento efectivo do direito estrangeiro aplicável, se uma entidade considerada idónea para certificar o conteúdo desse direito, certificar antes a legalidade formal e substantiva do(s) títulos(s) apresentado(s) e os efeitos jurídicos que a respectiva lei deles faça derivar, v.g. o efeito aquisitivo. Parecer aprovado em sessão do Conselho Técnico de 29 de Abril de 2010. Luís Manuel Nunes Martins, relator, João Guimarães Gomes Bastos, Isabel Ferreira Quelhas Geraldes, António Manuel Fernandes Lopes, Maria Eugénia Cruz Pires dos Reis Moreira, Maria Madalena Rodrigues Teixeira, José Ascenso Nunes da Maia. Este parecer foi homologado pelo Exmo. Senhor Presidente em 05.03.2010. 12

Pº R.P.252/2009 SJC-CT (Ficha) Súmula das questões tratadas Pedido de aquisição instruído com testamento celebrado por cidadão estrangeiro, habilitação de herdeiros e Certificação jurídica sobre a Legislação Sucessória Sueca emitida por notário público Unidade processual Impugnadas decisões proferidas pela mesma conservatória, com os mesmos fundamentos, em pedidos efectuados pelo mesmo apresentante, na mesma data, em requisições distintas e com base no mesmo título (ir)relevância do critério da unidade da requisição para efeito da unidade processual. Interpretação do testamento. Conhecimento/desconhecimento/ dispensa do conhecimento do direito internacional privado, direito sucessório e regras interpretativas. A isenção subjectiva de imposto de selo das transmissões gratuitas previsto no art. 6º, e) do Código de Imposto de Selo e a obrigação de fiscalização prevista no art. 72º do C.R.P.. (Ir)relevância da divergência entre o regime de bens do casamento do sujeito passivo constante do registo e o que consta da habilitação de herdeiros junta ao processo e/ou de esclarecimentos prestados em sede suprimento de deficiências, sendo seguro que seja um ou outro o regime exacto, os bens integravam a comunhão conjugal e que o regime de bens do casamento não faz parte dos elementos de identificação do sujeito passivo( art. 93º, nº 2 do C.R.P.). 13