P.º R. P. 257/2009 SJC-CT

Transcrição

1 1 P.º R. P. 257/2009 SJC-CT-Rectificação de registo Pedido de conversão registo, lavrado provisoriamente por dúvidas, em consequência do registo rectificando Conexão entre o averbamento peticionado e o dito processo de rectificação - sua relevância no plano emolumentar Recurso hierárquico interposto ao abrigo do artigo 147.º-C do Código do Registo Predial. DELIBERAÇÃO Relatório 1 Em causa nos presentes autos está o recurso hierárquico interposto, ao abrigo da previsão contida no n.º 1 do artigo 147.º-C do Código do Registo Predial, da liquidação da conta relativa ao emolumento devido pelo averbamento de conversão em definitivo, peticionado sob a Ap. n.º de 14/ /2009, do registo de aquisição efectivado a coberto da Ap. de 21 de de 2009, sobre os prédios descritos sob os números 4 e 4 da freguesia de, do concelho de. A aludida qualificação duvidosa do registo a converter surgiu em execução do despacho de provimento parcial (no âmbito da apreciação do P.º R.P. n.º 98/2009 SJC- CT) do recurso hierárquico deduzido contra a primitiva qualificação de recusa de que aquele registo fora objecto, de algum modo assente na convicção de que a minguante qualificação do registo de aquisição então solicitado tinha a ver com a incorrecta tradução registral da aquisição fundada em escritura de justificação, que imediatamente o precedera. Face à impossibilidade legal da entidade ad quem se pronunciar em sede do processo de rectificação de registos, que, previsto e regulado nos artigos 120.º a 132.º do Código do Registo Predial, é da exclusiva competência do Conservador como, aliás, foi frisado na conclusão número cinco da deliberação emitida pelo Conselho Técnico em tal processo aquela entidade não se decidiu, no caso sub judice, pela rectificação oficiosa do registo, limitando-se antes e somente a lavrar o registo em causa, sob a qualificação de provisório por dúvidas, no estrito cumprimento da aludida decisão do superior hierárquico.

2 2 Postura esta que impeliu o ora recorrente a desencadear o necessário processo de rectificação do registo 1 e, consequentemente, ao que defende, a requerer a conversão do registo de aquisição entretanto efectuado provisoriamente por dúvidas - e agora convolado pela recorrida em averbamento de transmissão à inscrição, objecto da solicitada rectificação, razões por que sustenta a alegada conexão entre os dois actos, sem descurar a insistência na ideia de que na origem de todo o processo e como causa de todos os prejuízos em tempo e dinheiro daí provenientes está um erro grosseiro dos serviços de registo, defendendo, assim, que nada tem a pagar. 2 Sustentando a liquidação da conta ora impugnada, a Sr.ª Conservadora a quo refere que a requisição do averbamento de conversão de registo provisório em apreço foi recepcionada por telecópia, sem qualquer pagamento de emolumento, o que não impediu que o pedido fosse anotado no Diário, por falha de atenção do funcionário, que não terá reparado que se tratava de conversão de registo provisório, mas por dúvidas, que desacompanhado da quantia exigida R.E.R.N. deveria ter sido rejeitada a sua apresentação no Diário, para dar cumprimento ao art.º 66.º, n.º 1, e), C.R.P. Não obstante, após contacto telefónico, primeiro, e por escrito, depois, com vista a obter do requisitante o pagamento devido pelo acto requerido com o qual, em resposta, este manifestou desacordo total -, foi entretanto efectuado o respectivo registo, a que veio a corresponder a conta n.º 11985, com lançamento do crédito de 100. Reitera, a propósito, a recorrida que o pedido de conversão formulado pelo ora impugnante não é um acto conexo, nos termos em que é previsto no conceito legal do mesmo, do pedido efectuado sob a Ap. 116/ , assim concluindo que a dita conta, elaborada de acordo com o art.º 21.º, n.º 3, do RERN, da Ap. 34/ está correcta por aplicação da tabela emolumentar, pelo que a mesma será de manter e de exigir a cobrança do crédito existente. 3 Face à tempestividade do recurso 2 e, tendo presentes a capacidade e legitimidade das partes, a postura do Conselho encontra expressão na seguinte 1 Cujo pedido foi objecto da Ap. n.º 5, de 16 de de 2009, não tendo havido lugar ao pagamento do emolumento previsto para o processo de rectificação (n.ºs 5 e 5.1, do artigo 21.º do RERN), como se comprova pelos documentos juntos aos autos. 2 Leve-se em conta, a este respeito, e considerando que, não obstante a falta do pagamento do emolumento havido como devido, a conservatória a quo não rejeitou a apresentação, nem recusou o registo peticionado,

3 3 Deliberação 1 Nos termos da previsão contida no artigo 66.º, n.º 1, alínea e) do Código do Registo Predial, constitui motivo de rejeição da apresentação do pedido de registo a falta ou insuficiência do pagamento das quantias que pelo mesmo se mostrem devidas. Incumbe ao serviço de registo competente que, em desrespeito da prescrição legal, apresente tal registo, notificar o apresentante para que, no prazo de cinco dias (art.º 73.º, n.º 2, C.R.P.), proceda à entrega das importâncias em falta, sob pena de, em caso de não pagamento, o registo ser recusado com esse fundamento. 3 2 Quando, malgrado a falta de pagamento, o acto de registo requerido seja efectuado e, perante a notificação da liquidação da conta por parte do serviço que adoptou tal procedimento, o requerente, fazendo uso da faculdade posta à sua disposição pelo artigo 147.º-C, n.º 1, do Código do Registo Predial, recorre hierarquicamente 4 ou impugna judicialmente, por erro, essa liquidação ou a aplicação da tabela emolumentar, é, obviamente, à entidade ad quem que compete decidir se, na situação concreta, as quantias liquidadas são ou não devidas. antes acabou por o efectuar, a posição sufragada pelo Conselho na Deliberação emitida no âmbito do P.º R.P. 57/2009 SJC-CT, publicada na Intranet, da qual nos permitimos respigar o seguinte passo: não nos parece que, uma vez ingressado (bem ou mal) o pedido no sistema, tenhamos conta acabada antes de sobre ele haver decisão formal no sentido da feitura ou da não feitura do registo, pois que também esse é o momento em que, a par de uma tal decisão relativa à sorte substantiva do pedido, o serviço profere outrossim a sua última palavra sobre o montante a cobrar. Neste sentido, a notificação que após a (anómala) apresentação do pedido se promova em ordem a obter o quantitativo em crédito não é já notificação da conta, porque a conta propriamente dita não está feita ainda. Ora é esta conta, por assim dizer, terminal, que o artigo 147.º-C claramente tem pressuposta quando prevê a possibilidade da sua impugnação hierárquica ou judicial.. 3 Conquanto este motivo não se encontre hoje entre as causas de recusa de registo elencadas no artigo 69.º do Código do Registo Predial, como se frisou na citada Deliberação do CT, tal fundamento não figura lá, nem tem de figurar, já que, na arquitectura do sistema, um pedido não acompanhado do pagamento das quantias devidas é um pedido que nele não deve dar entrada, relativamente ao qual o problema da qualificação nem sequer se coloca. 4 Refira-se que, no caso concreto, o peticionário do registo endereçou o requerimento para o efeito à Sr.ª Conservadora recorrida, que o entendeu como interposição de recurso hierárquico de impugnação de conta relativamente à aplicação da tabela emolumentar, nos termos previstos no art.º 147.º-C, n.º 1, do CRP, citado no texto, assim tendo procedido à convolação do mesmo para quem de direito, para o Presidente do Instituto dos Registos e do Notariado.

4 4 3 No enquadramento atrás descrito se situa o caso sub judice, cuja solução demanda a consideração do acto de registo solicitado, não apenas em abstracto, dissociado do contexto registral em que a necessidade de efectivação do mesmo se impôs, mas sobretudo integrado num processo de registo que, dentro da filosofia implementada pela reforma do registo predial levada a cabo através do Dec.-Lei n.º 116/2008, de 4 de Julho por força da qual, no interesse do público utente e com o objectivo de fomentar o recurso ao registo, se decidiu pela adopção, no campo emolumentar, de preços únicos, funciona como pólo aglutinador de vários actos de registo, a justificar, neste plano, pela unidade em que os engloba, o tratamento dos mesmos como se de um único acto se tratasse Reflexo disso é o emolumento previsto para o processo de rectificação, que, segundo o teor do n.º 5 do art.º 21.º do Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado, inclui todos os actos de registo realizados em consequência do mesmo Que o acto de registo em causa Ap. 34/ se insere naquela previsão, é o que claramente decorre dos despachos, de 27/10/2009, da Sr.ª Conservadora recorrida - que, não se tendo decidido pela rectificação oficiosa da inscrição de aquisição, objecto da Ap. 2/ , capaz de determinar a imediata feitura, a título definitivo, e por averbamento àquela, do registo requerido 6, veio, no entanto, a deferir o solicitado pedido de rectificação, pelo qual não foi cobrado, nem liquidado qualquer emolumento, sinal, segundo cremos, do reconhecimento, pela sua parte, da respectiva gratuitidade, e, implicitamente, da responsabilidade dos serviços de registo pelo erro verificado [art. 14.º, n.º2, alínea a), RERN] nos quais a mesma consignou expressamente que o pedido de rectificação da inscrição que, por lapso, não foi anotado no Diário no dia 14/10/2009, tem carácter prévio à apresentação efectuada Ap. 34 de 2009/10/14 do averbamento de conversão em definitiva da Ap. 116 de , omissão que foi suprida no dia 16/10/2009, com a sua anotação no diário a que foi atribuída a Ap. 5545, e que o averbamento de transmissão efectivado juntamente com o dito averbamento de conversão - à inscrição rectificada é resultante da convolação da inscrição (Ap. 116/ ), decorrente da rectificação. 5 Cfr. Deliberação relativa ao P.º R.P. 186/2008 SJC-CT, publicada na Intranet. 6 Como então se concluiu no ponto 6 da Deliberação deste Conselho emitida no P.º R.P. 98/2009 SJC-CT.

5 5 5 Atento o circunstancialismo exposto, somos de parecer que o referenciado pedido de conversão configura um acto de registo realizado em consequência do processo de rectificação, pelo que, sendo este, nos termos legais, gratuito, igualmente gratuito há-de ser o acto integrado no dito processo. Conclui, deste modo, o Conselho pela procedência do recurso. Deliberação aprovada em sessão do Conselho Técnico de 25 de Fevereiro de Maria Eugénia Cruz Pires dos Reis Moreira, relatora. Esta deliberação foi homologada pelo Exmo. Senhor Presidente em

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