A posição deste Conselho vai expressa na seguinte. Deliberação

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1 P.º n.º C.P. 68 e 69/2010 SJC-CT Certidão negativa. Informação acerca da omissão de prédio no registo. É indispensável a indicação do anterior artigo da matriz onde o prédio, seja da matriz rústica ou urbana, esteve, no todo ou em parte, inscrito ou basta declaração do interessado que identifique o actual artigo matricial do prédio ou que expressamente indique que o mesmo se encontra omisso na matriz? DELIBERAÇÃO 1. A senhora conservadora do Registo Civil de, no âmbito de procedimento simplificado de partilha e registos, solicitou à Conservatória do Registo Predial do mesmo concelho, em impresso próprio, informação acerca da omissão de um prédio rústico omisso na actual matriz e em relação ao qual o cabeça de casal desconhece o artigo da anterior matriz ou se nela estaria igualmente omisso. Perante a recusa da senhora conservadora do registo predial - Recusada a informação nos termos do artigo 113 nº 3 alínea a) por remissão para o 111 nº 5 do C.R.P. em virtude de não dizer o artigo da matriz ou donde o mesmo proveio - e confrontada com a incompreensão dos interessados, solicitou aquela, em mensagem de... de de dirigida ao Sector de Acção Inspectiva e Disciplinar, que ( ) se digne decidir o que tiver por conveniente( ). 2. O senhor conservador da Conservatória do Registo Predial de dirigiu ao mesmo Sector de Acção Inspectiva e Disciplinar, em mensagem de... de de, consulta sobre a mesma matéria, afirmando em síntese: a) Que na área da sua actual conservatória e nas de várias outras em que anteriormente prestou serviço houve avaliações gerais da matriz, sendo prática de todas essas conservatórias, por si sempre seguida, exigir a menção do artigo da antiga matriz, para efectuar, mais eficazmente, as buscas de prédios; b) Que foi recorrido em dois processos em que a questão estava em tabela ( Pº. R.P. 46/2003 DSJ e Pº R.P.125/2008 SJC ) e em ambos ocorreu a procedência da impugnação das suas decisões com fundamento em argumento literal ( o art. 111º do C.R.P. não exige tal menção, sendo mesmo duvidoso que - 1 -

2 seja curial a exigência em sede de pedido de registo) que não o convence, porquanto: 1) A identificação do prédio é um dos pilares do registo predial, havendo que evitar a duplicação, devendo o sistema fornecer os meios para o efeito; 2) Que não sendo embora elemento exclusivo, o artigo matricial é decisivo, até pelo alcance da harmonização que, desde o Código de 1984, se pretende entre matriz e descrição; 3) O espantalho das falsas declarações não é eficaz, pois quando a verdade vem ao de cima, o crime já prescreveu ; 4) Espanta que possuidores, eles mesmos, ou seus herdeiros, desconheçam como adquiriram o prédio, qual o título e que artigo tinha antes das actuais matrizes. Sabemos muito bem o que se pretende com essa ignorância ; c) Que a pertinência na colocação da questão está no facto de Ter em mãos um pedido de buscas com 20 nomes e com a indicação do artigo rústico actual. ; d) Que a falta de indicação do artigo antigo torna inúteis os registos feitos até à entrada em vigor das matrizes actuais e ineficaz o resultado das buscas, podendo inclusive o actual artigo não constar do registo por ainda não ter sido averbado; e) Que, além disso há um problema a ser resolvido, e que está no facto de as buscas no SIRP ou ser trabalho para duas horas por nome ou bloquear o computador Termina formulando a seguinte pretensão: Se a interpretação quanto à indicação dos artigos se mantiver, ao menos resolva-se o problema da lentidão do SIRP nas buscas nominais. 3. Foi superiormente ordenado que este Conselho se pronuncie, tendo em vista uma uniformização de procedimentos e tendo em consideração : a) Que há conservatórias que não seguem a doutrina constante dos indicados processos; b) Que estamos implicitamente confrontados com um pedido de reapreciação da questão; c) As alterações que foram introduzidas no Código de Registo Predial pelo D.L. 116/2008, de 4 de Julho, nomeadamente no que se refere ao art. 29º, à - 2 -

3 obrigatoriedade do registo, à eliminação da competência territorial e à criação de vários e diversos balcões únicos a funcionar junto de serviços externos. Pronúncia A posição deste Conselho vai expressa na seguinte Deliberação 1. Visando o sistema de registo predial português essencialmente a publicitação da situação jurídica dos prédios 1, tendo em vista a segurança do comércio jurídico imobiliário, a identificação destes assume uma importância decisiva para o obtenção desse objectivo, a qual é reflectida pela diversidade de elementos, de natureza física, económica e fiscal, que a lei estabelece como conteúdo obrigatório da descrição ( art. 79º e seguintes do CRP). 2. Para lá da indicada inclusão no âmbito da finalidade da descrição - que se concretiza na menção do artigo de matriz, definitivo ou provisório, ou da omissão na matriz ( art.s 79º/1 e 82º/1/f) do CRP) -, a identificação fiscal do prédio é um elemento abrangido pelo princípio da harmonização obrigatória entre a matriz predial e o registo, qualquer que seja a natureza do prédio ( art. 28º/1 e 2 do CRP). 3. No âmbito da interferência da situação matricial com a situação registral - menção obrigatória/harmonização - exige a lei ( art. 29º do CRP 2 ) que seja feita prova das alterações matriciais, por comunicação ou 1 O ponto de partida para a caracterização do sistema de registo predial português situa-se na consideração de que nos encontramos perante um sistema de base real também chamado de fólio real -, como decorre desde logo, inequivocamente, do facto de o respectivo Código apontar à publicidade dos factos que considera sujeitos a registo uma função instrumental da publicidade da situação jurídica dos prédios (art.s 1º, 91º/ 1 e 101º/1 do CRP)

4 certificação do serviço de finanças, respectivamente no caso de substituição de matrizes e no de alterações de inscrições concretas, a qual, em caso de impossibilidade comunicada ou certificada pelo serviço de finanças, pode ser suprida por declaração dos interessados. 4. De entre os instrumentos de que o serviço de registo dispõe para publicitar se um determinado prédio está descrito ou omisso, aquele que, à partida e pela natureza do elemento de identificação em causa, é mais eficaz para conferir certeza à informação disponibilizada - no âmbito do procedimento registral ou no do procedimento probatório - é aquele que permite a pesquisa pelo artigo de matriz, seja ela efectuada por meio de verbete real em suporte de papel, seja por meio de ferramenta do SIRP (cfr. art. 24º/2/c) do CRP e art. 31º,disposição transitória, do D.L. nº 116/2008, de 4 de Julho). 5. As indicadas finalidade da publicidade registral, interferência da situação matricial na situação registral e relevância do número de inscrição matricial para efeitos de busca de prédio no sistema de registo, demandam que se interprete a exigência de menção do artigo de matriz no pedido de certidão negativa ( art.s 111º/5 e 113º/3/a) do CRP) num sentido que, por princípio, nela dê por englobada a menção de artigo de anterior matriz 3, esteja o prédio inscrito na actual matriz ou nela omisso, sentido 2 Da alteração introduzida a esta norma pelo D.L. nº 116/2008, de 4 de Julho, não nos parece que possa retirar-se qualquer relevância para efeito da resposta a dar à questão em apreciação. 3 Parece-nos que tem sido este o entendimento defendido por este Conselho nas ocasiões em que, embora a propósito de certidão negativa emitida ao abrigo do art. 21º/2 do CRP revogado pelo referido D.L. nº 116/2008, a questão já foi suscitada, Referimo-nos ao Pº nº 35/86 R.P. 3, in BRN de Dezembro de 1986 e ao Pº nº 71/92 R.P. 4, in BRN nº 6/2002 (Caderno II ). Não vemos que possa defender-se que a posição do Conselho respeitou exclusivamente às certidões negativas do dito art. 21º/2, não só porque não é isso que resulta desses pareceres, explícita ou implicitamente, mas também porque não se vislumbra qualquer fundamento para a distinção, exigindo a indicação do artigo de antiga matriz naquele caso e não a exigindo nos outros. Se foi considerada insuficiente, por princípio, a certidão negativa em cuja requisição não fora indicada o artigo de antiga matriz, está implícito o entendimento de que a emissão devia ter sido recusada com esse fundamento. Com o devido respeito, parece-nos que foi inadvertidamente que nos indicados Pºs R.P. 46/2003 DSJ e R.P. 125/2008 DSJ se manifestou, quanto às certidões negativas em geral, um - 4 -

5 este que, com o referido enquadramento sistemático/racional, pode considerar-se que tem na letra da lei um mínimo de correspondência verbal, ainda que imperfeitamente expresso (art. 9º/2 do Código Civil). 6. Ficou salvaguardada no número anterior ( por princípio ) a existência de situações em que a falta de menção do artigo de anterior matriz não deva constituir motivo de recusa da emissão da certidão, visando dar cobertura aos casos em que o prédio estava omisso na anterior matriz ou em que o requisitante desconhece qual era a situação matricial anterior, circunstâncias estas que devem ser mencionadas na requisição Podendo as certidões negativas ser emitidas por qualquer serviço de registo, embora sujeitas a confirmação pelo serviço da área da situação do prédio - ( art. 110º-A/1 e 2 do CRP) - deve ser assegurada, tanto quanto possível, uniformidade no procedimento probatório, quer no entendimento diverso daquele que este Conselho vinha defendendo para as certidões do referido art. 21º/2, já que assentou no pressuposto, que nos parece não se verificar, de que existia fundamento para distinguir, neste ponto, os dois tipos de certidões e que o Conselho se referia exclusivamente a um deles. Vista a presente consulta na perspectiva de uma reapreciação da mais recente doutrina do IRN, a resposta traduz-se, assim, numa repristinação do referido entendimento deste Conselho, visto no sentido de que era aplicável a qualquer certidão negativa. 4 Situações estas que têm pressuposta, quanto aos prédios inscritos na matriz actual, a falta de comunicação, pelo serviço de finanças, da correspondência de artigos de todos os prédios da concreta freguesia de situação do prédio pois, caso contrário, não faz sentido exigir a indicação do artigo antigo. 5 Não se nos afigura que possa nestes casos fazer-se depender o (in)deferimento do pedido de certidão, em que conste declarada uma destas circunstâncias, da apreciação de outras circunstâncias do caso concreto ( cfr. Conclusão II do dito Pº 71/92 R.P.4, não reportado a situação do âmbito do procedimento probatório, mas registral, reproduzida, com as devidas adaptações, na conclusão II do referido Pº R.P.46/2003 DSJ), já que a lei não obriga a que seja indicado o fim a que se destina a certidão, nem a qualidade em que o requisitante subscreve o pedido, sendo certo que qualquer pessoa tem legitimidade para o efeito. Por declarações falsas ou inexactas responde o requisitante civil e criminalmente (art. 153º/ 2 do CRP)

6 que respeita à forma de utilização das ferramentas disponíveis, quer quanto ao âmbito da exigência de identificação do prédio Deliberação aprovada em sessão do Conselho Técnico de 23 de Fevereiro de Luís Manuel Nunes Martins, relator. Esta deliberação foi homologada pelo Exmo. Senhor Presidente em