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Revista Árvore ISSN: 000-6762 r.arvore@ufv.br Uiversidade Federal de Viçosa Brasil Noce, Rommel; Carvalho Mirada Armod, Rosa Maria; Soares, Thelma Shirle; Silva Lopes da, Márcio Desempeho do Brasil as exportações de madeira serrada Revista Árvore, vol. 27, úm. 5, setembro-outubro, 2003, pp. 695-700 Uiversidade Federal de Viçosa Viçosa, Brasil Dispoível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=4882752 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista o Redalyc Sistema de Iformação Cietífica Rede de Revistas Cietíficas da América Latia, Caribe, Espaha e Portugal Projeto acadêmico sem fis lucrativos desevolvido o âmbito da iiciativa Acesso Aberto

Desempeho do Brasil as Exportações de Madeira Serrada 695 DESEMPENHO DO BRASIL NAS EXPORTAÇÕES DE MADEIRA SERRADA Rommel Noce 2, Rosa Maria Mirada Armod Carvalho 3, Thelma Shirle Soares 3 e Márcio Lopes da Silva 4 RESUMO - Com este trabalho objetivou-se verificar a competitividade dos pricipais exportadores de madeira serrada, por meio da decomposição das variações as exportações de madeira o período de 997 a 999. Foram aalisados Brasil, Caadá, Estados Uidos, Filâdia e Suécia pelo modelo Costat Market Share. A aplicação de tal modelo possibilitou costatar que o aumeto das exportações brasileiras o período se deve a fatores edógeos, ao cotrário do que foi observado em relação às outras ações. Palavras-chave: Costat Market Share e exportações de madeira. BRAZILIAN PERFOMANCE IN SAWN TIMBER EXPORT ABSTRACT - This work aalyzed Brazilia saw timber competitiveess i the iteratioal market studyig the export variatios from 997 to 999. Brazil, Caada, USA, Filad ad Swede were aalyzed by usig the costat-market-share aalysis. The aalyses showed that the Brazilia export icrease durig that period is depedet o edogeous factors, cotrary to what was observed i the other atios. Key words: costat-market-share ad timber exports.. INTRODUÇÃO Atualmete, pode-se observar o surgimeto de um coseso sobre a importâcia represetativa que os recursos florestais assumem o âmbito da ecoomia de países em desevolvimeto, uma vez que eles são uma alterativa viável para superar as dificuldades socioecoômicas através de sua diversidade e abudâcia e da gama de produtos que podem ser obtidos, direta e idiretamete, da floresta. De acordo com o BNDES (2000), o cosumo mudial de produtos florestais apresetou, os últimos aos, taxas médias de crescimeto em toro de,5% a.a. Dados estatísticos idicam que as exportações brasileiras de produtos florestais têm crescido sigificativamete, devedo-se ressaltar que o Brasil já se mostra expressivo o comércio iteracioal de compesados tropicais, chapas de fibra, celulose de eucalipto e de papéis para imprimir e escrever. Além do avaço de mercado, deve ser destacada a ocorrêcia de valorização do preço dos produtos florestais, o movimeto de agregação de valor, o reflexo de políticas goverametais adotadas em resposta às crescetes pressões de ambietalistas, pricipalmete cotra o corte das florestas tropicais. Além do avaço de mercado, deve ser destacada a ocorrêcia de valorização do preço dos produtos florestais, além do movimeto de agregação de valor, reflexo de políticas goverametais adotadas em resposta às crescetes pressões de ambietalistas, pricipalmete cotra o corte das florestas tropicais. Sedo assim, as perspectivas desse egócio os mercados itero e extero apresetam-se promissoras, Recebido para publicação em 4..2002. Aceito para publicação em 9.9.2003. 2 Admiistrador de Empresas, Especialista em Gestão e Maejo Ambietal a Agroidústria, RNoce Cosultoria, 36570-000 Viçosa-MG. 3 Doutorada em Ciêcia Florestal a Uiversidade Federal de Viçosa UFV, 36570-000 Viçosa-MG; 4 Professor do Departameto de Egeharia Florestal da UFV. Sociedade de Ivestigações Florestais R. Árvore, Viçosa-MG, v.27,.5, p.695-700, 2003

696 NOCE, R. etal. pricipalmete para aqueles produtos que icorporem tecologia mais avaçada aliada à qualidade, tato da madeira quato do processameto. Agelo et al. (998) relatam que a importâcia estratégica dos recursos aturais a produção de madeira serrada oferece ao Brasil a oportuidade de aumetar sua participação o comércio mudial. Assim, desevolveu-se este estudo com o objetivo de avaliar o desempeho do setor florestal brasileiro de madeira serrada o mercado iteracioal, buscado correlacioar o aumeto das exportações a fatores causais edógeos ou exógeos. 2. MATERIAL E MÉTODOS A fim de aalisar a competitividade do setor brasileiro de madeira serrada o mercado iteracioal, fezse, iicialmete, uma aálise descritiva da variação de participação dos pricipais importadores e exportadores de madeira serrada. Devido à ão-dispoibilidade de dados para grades séries temporais, a aálise foi realizada ao comparar os aos de 997 e 999, utilizado a base de dados dispoibilizada pela Food ad Agriculture Orgaizatio of the Uited Natios (FAO, 2002). O mercado foi defiido como uma lista de 5 países: Alemaha, Austrália, Bélgica, Caadá, Chia, Diamarca, Espaha, Estados Uidos, Fraça, Irlada, Itália, Japão, Países Baixos, Reio Uido / e Tailâdia. Tais países, além de comercializarem com os países aalisados, represetam cerca de 80% da importação mudial de madeira serrada. Os demais importadores foram agrupados como Resto do Mudo. Iicialmete, fez-se uma aálise descritiva da variação de participação dos pricipais importadores e exportadores de madeira serrada, aalisado a exportação dos cico países que respodem por mais da metade da madeira serrada exportada mudialmete: Caadá, Suécia, Filâdia, Estados Uidos e Brasil. Neste estudo, etedeu-se competitividade como o desempeho dos países as exportações, tedo sido cosideradas competitivas as ações que ampliam sua participação o comércio mudial de determiados produtos, coforme estudos realizados por Goçalves (987), Horta (993), Medeiros & Fotes (994) e Agelo et al. (2000). / A Irlada ão é apresetada com valor agregado ao Reio Uido e o valor de suas importações é cosiderado como um mercado distito. O desempeho das exportações foi verificado através da decomposição da variação efetiva das exportações de um determiado bem em efeito cojutura iteracioal (taxa de crescimeto do comércio mudial), efeito produto (evolução das trasações iteracioais do produto) e efeito mercado (evolução das importações dos países de destio). Para decompor a variação as exportações de madeira serrada dos exportadores cosiderados, utilizou-se uma simplificação do modelo Costat Market Share desevolvido por Richardso (97), o que permitiu avaliar a cotribuição de cada um dos compoetes para o aumeto ou decréscimo das exportações, através da seguite fução matemática: (V' j V j ) = rv j + (rj - r)v j + (V' j V j rjv j ) () em que V j = valor das exportações de madeira serrada do país em questão para o mercado j, o período (997); V j = valor das exportações de madeira serrada do país em questão para o mercado j, o período 2 (999); V j V j = crescimeto efetivo do valor das exportações de celulose do país em questão para o mercado j; rj = [(Xm j/ Xmj) ] = taxa de crescimeto porcetual do valor das exportações mudiais de madeira serrada para o mercado j; r = [(Xm /Xm) ] = taxa de crescimeto porcetual do valor das exportações mudiais de madeira serrada; Xm j = valor das exportações mudiais para o mercado j, exceto as exportações do país em questão, o período (997); e Xm j = valor das exportações mudiais para o mercado j, exceto as exportações do país em questão, o período 2 (999). De forma que os efeitos são determiados por: j= rv j = efeito crescimeto (2); r V j j j= j= j= rv j = efeito destio (3); e V ' j V rjv j = efeito competitividade (4); j j= j= O modelo propõe que: - o efeito crescimeto do comércio mudial de madeira serrada represeta o crescimeto porcetual, ou decréscimo, que seria observado caso as exportações do país crescessem proporcioalmete ao comércio mudial; R. Árvore, Viçosa-MG, v.27,.5, p.695-700, 2003

Desempeho do Brasil as Exportações de Madeira Serrada 697 - o efeito destio represeta os gahos e as perdas em fução de as exportações serem direcioadas a países que cresceram a taxas superiores ou iferiores à média do mercado mudial; e - o efeito cotribuição represeta os gahos e as perdas em participação o mercado de cada país em fução da competitividade do produto, podedo ser em preço, custo ou qualidade. Os efeitos de crescimeto e destio são exógeos, pois represetam a expasão e o aquecimeto dos mercados-alvo, respectivamete, sedo fatores exteros às ações. Já o efeito cotribuição ou competitividade é edógeo, determiado por fatores iteros às ações como competitividade em custo, processo tecológico, qualidade ou preço. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO exportações de madeira o mercado mudial em 999. No mesmo período, as exportações brasileiras aumetaram em 7,76%, como pode ser costatado o Quadro 2. Quadro Importação mudial de madeira serrada os aos de 997 e 999 Table World imports of saw timber, i 997 ad 999 País 997 999 Variação EUA 7.555.025 7.85.585 3,45 Reio Uido.984.273.638.268-7,44 Japão 4.880.965 2.992.590-38,69 Outros 4.000.477 3.048.27-6,80 Mudo 28.420.740 25.494.74-0,29 Fote: FAO (2002). 3.. Variações o Mercado Iteracioal de Madeira Serrada De acordo com o Quadro, o período de 997 a 999 o valor das importações orte-americaas apresetou um pequeo aumeto de 3,45%, equato Japão e Reio Uido reduziram suas importações em 38,69% e 7,44%, respectivamete. Os demais países importadores reduziram-as em 6,80%, levado a uma dimiuição do comércio mudial de madeira de 0,29%. Diate desse quadro desfavorável foi observada a redução das exportações de madeira em quatro ações, que, juto com o Brasil, respoderam por 62,43% das Quado uma ação exporta produto primário ela perde em divisas a difereça etre o valor da matériaprima exportada e o valor do produto com maior difereciação que poderia ser comercializado o mercado iteracioal, além da perda social a alocação de recursos para movimetar a cadeia produtiva que seria demadada para ovos processos fabris. Esta face egativa também se mostra o aumeto das exportações de madeira serrada. O Brasil deixou de processar um volume maior de madeira em 999, que poderia gerar produtos mais elaborados. Quadro 2 Exportação mudial de madeira serrada os aos de 997 e 999 Table 2 World export of saw timber, i 997 ad 999 País 997 Participação 999 Participação Variação Caadá 0.036.292 35,3 9.93.297 36,06-8,39 EUA 2.93.969 0,32 2.288.524 8,98-2,94 Suécia 2.575.022 9,06 2.044.542 8,02-20,60 Filâdia.697.398 5,97.596492 5,96-0,48 Brasil 57.887 2,0 66.306 2,42 7,76 Outros 0.08.72 37,33 9.832.553 38,57-7,3 Mudo 28.420.740 00,00 25.494.74 00,00-0,29 Fote: FAO (2002). R. Árvore, Viçosa-MG, v.27,.5, p.695-700, 2003

698 NOCE, R. etal. Comparada aos seus cocorretes iteracioais, etretato, a idústria brasileria está fragmetada e descapitalizada, porém a situação do mercado de exportação para o Brasil é positiva e com grade potecial. De acordo com Doelly (200), apesar de as exportações de madeira brasileira estarem aida em desevolvimeto, as tedêcias predizem um futuro brilhate para este setor. No etato, o Brasil precisa desevolver uma base idustrial forte capaz de produzir uma larga escala de produtos de madeira e comercializar efetivamete ambos os produtos o mercado itero e extero. 3.2. Decomposição das Variações as Exportações (Modelo Costat Market Share) Os resultados apresetam a decomposição da variação das exportações totais de madeira serrada, de 997 a 999 em US$.000,00, em três efeitos: crescimeto do comércio mudial, destio e competitividade. As exportações de madeira serrada do Brasil aumetaram em 7,76% o período aalisado (Quadro 3). O efeito crescimeto do comércio mudial (-37,33%) idica que se as exportações brasileiras tivessem se comportado de forma proporcioal à média mudial elas teriam apresetado uma redução 37,33% superior ao valor do aumeto observado, ou seja, apesar da retração do mercado mudial o Brasil aumetou sua participação a exportação. O efeito competitividade de 2,39% e o efeito destio de 5,94% superaram a retração de mercado, proporcioado um aumeto das exportações. Pode-se dizer que o aumeto as exportações de madeira serrada o período 997/999 ocorreu em virtude do efeito destio (5,94%), com o aquecimeto dos mercados para os quais o Brasil direcioou a maior parte de suas exportações, e através do efeito competitividade (2,0%), que possibilitou ao País aproveitar o aquecimeto destes mercados e aumetar sua participação as exportações. A competitividade brasileira apóia-se pricipalmete em fatores iteros, como custo, sistema produtivo, qualidade do produto e taxa de câmbio. Cabe ressaltar que a taxa de câmbio represeta um importate compoete edógeo: a desvalorização da moeda acioal diate do dólar itesifica as exportações e, aalogamete, dificulta a peetração o mercado iteracioal quado se apreseta sobrevalorizada, acarretado deslocameto de oferta itera, o que, em fução da ielasticidade preço dos produtos primários, gera brusca queda de preço. Em 999, a taxa de câmbio mostrou-se flexibilizada em relação a 997, desvalorizado o real em relação ao dólar, o que impulsioou as exportações de madeira serrada, cotribuido para o efeito edógeo torar-se favorável. Já as demais ações, exceto a Filâdia, têm o desempeho de suas exportações determiado prioritariamete por fatores exógeos, como o volume de comércio mudial e o aquecimeto dos mercados. Com relação às exportações caadeses, observase o Quadro 4 que elas dimiuíram em 8,39%. Como a variação das exportações é egativa, ao apresetarem sial positivo os efeitos estão a realidade cotribuido para a variação egativa observada, ou seja, para a redução das exportações, fato que ocorre com os resultados referetes às demais ações, exceto o Brasil. Assim, o efeito crescimeto do comércio mudial de 22,57% Quadro 3 de variação das exportações brasileiras de madeira serrada em 997 e 999 Table 3 Effects of variatio i the Brazilia exports of saw timber, i 997 ad 999 Quadro 4 de variação das exportações caadeses de madeira serrada em 997 e 999 Table 4 Effects of variatio i the Caadia exports of saw timber, i 997 ad 999 Exportações 997 57.887,00 Exportações 999 66.306,00 Crescimeto efetivo 44.49,00 00,00 Crescimeto comércio mudial - 60.999,24-37,33 Destio 5.499,22 5,94 Competitividade 53.99,0 2,39 Variação o Período 7,76 Exportações 997 0.036.292,00 Exportações 999 9.93.297,00 Crescimeto efetivo - 842.995,00 00,00 Crescimeto comércio mudial -.033.275,95 22,57 Destio 560.82,96-66,53 Competitividade - 370.54,56 43,96 Variação o Período - 8,39 R. Árvore, Viçosa-MG, v.27,.5, p.695-700, 2003

Desempeho do Brasil as Exportações de Madeira Serrada 699 idica que se as exportações caadeses tivessem se comportado de forma proporcioal à média mudial a redução seria 22,57% superior à observada. O efeito competitividade de 43,96% também cotribuiu para a redução das exportações, devedo ser ressaltado que somete o efeito destio de - 66,53 compesou os efeitos ateriores, mas ão foi suficiete para evitar a redução das exportações. Nota-se que o efeito favorável às exportações é o efeito destio, que é exógeo, visto que o efeito edógeo é desfavorável. No Quadro 5 costata-se uma redução das exportações de madeira serrada dos Estados Uidos em 2,94%. O efeito crescimeto do comércio mudial de 40% idica que se a redução das exportações americaas acompahasse a média mudial elas teriam sido 40% do valor observado. O efeito destio de -00,82% seria capaz de superar a redução das exportações, porém o efeito edógeo da competitividade foi de 60,02%; como a variação é egativa, sigifica que soziho seria capaz de reduzir as exportações orte-americaas em 60,02% além do observado. O fator favorável às exportações orteamericaas é exógeo, sedo o efeito destio aquele que idica um aquecimeto dos mercados priorizados pelos Estados Uidos. Nota-se os valores apresetados o Quadro 6 que as exportações de madeira serrada da Filâdia dimiuíram em 0,48%. O efeito crescimeto do comércio mudial de 98,2% explica praticamete toda a redução das exportações. O efeito competitividade de -9,40% foi aulado pelo efeito destio de 2,28%. Observa-se que o efeito edógeo cotribui para as exportações, porém foi icapaz de superar os efeitos exógeos desfavoráveis. O Quadro 7 mostra a redução de 20,60% as exportações de madeira serrada da Suécia, o período aalisado. O efeito crescimeto do comércio mudial de 44,99% respode pela maior parte da redução das exportações, o efeito competitividade é causador de 35,03% das reduções e o efeito destio, de 9,98%, o que idica que tato fatores exógeos como edógeos cotribuíram para redução das exportações. Fialmete, covém ressaltar que este estudo apreseta a limitação de utilizar como base de aálise dois aos (997 e 999), o que dificulta as coclusões o que se refere a estabelecer uma tedêcia. Tal procedimeto ão foi adotado em fução da idispoibilidade dos dados ecessários. Quadro 5 de variação das exportações americaas de madeira serrada 997 e 999 Table 5 Effects of variatio i the America exports of saw timber, i 997 ad 999 Exportações 997 2.93.969,00 Exportações 999 2.288.524,00 Crescimeto efetivo - 643.445,00 00,00 Crescimeto comércio mudial - 262.564,90 40,8 Destio 648.739,72-00,82 Competitividade -.029.620,00 60,02 Variação o Período - 2,94 Quadro 6 de variação das exportações filadesas de madeira serrada em 997 e 999 Table 6 Effects of variatio i the Fiish exports of saw timber, i 997 ad 999 Exportações 997.697.398,00 Exportações 999.59.492,00 Crescimeto efetivo - 77.906,00 00,00 Crescimeto comércio mudial - 74.553,50 98,2 Destio - 37.865,59 2,28 Competitividade 34.53,0-9,40 Variação o Período - 0,48 Quadro 7 de variação das exportações suecas de madeira serrada em 997 e 999 Table 7 Effects of variatio i the Swedish exports of saw timber, i 997 ad 999 Exportações 997 2.575.022,00 Exportações 999 2.044.542,00 Crescimeto efetivo - 530.480,00 00,00 Crescimeto comércio mudial - 238.669,46 44,99 Destio - 05.978,72 9,98 Competitividade - 85.83,82 35,03 Variação o Período - 20,60 R. Árvore, Viçosa-MG, v.27,.5, p.695-700, 2003

700 NOCE, R. etal. Outro poto desfavorável é que a metodologia empregada ão permite desmembrar o efeito da taxa de câmbio, embora esta seja etedida como um importate compoete do efeito edógeo de qualquer ação. Sugere-se, portato, a realização de estudos futuros, utilizado para comparação valores médios de triêios como a média de 993, 994 e 995, comparada à média de 998, 999 e 2000, miimizado, desta forma, os efeitos de curto prazo. 4. CONCLUSÕES De acordo com os resultados obtidos, para as codições em que foi desevolvido este estudo, cocluise que todas as cico ações aalisadas, Brasil, Caadá, Estados Uidos, Suécia e Filâdia, sofreram uma pressão exógea desfavorável à exportação de madeira serrada o período de 997 a 999, represetada pela redução do comércio mudial. Apesar da redução observada o valor das exportações, dois países (Caadá e Estados Uidos) apresetaram efeito exógeo favorável. O efeito destio das exportações caadeses e orte-americaas reduziu a queda dos valores exportados. Apeas dois países apresetaram efeitos edógeos favoráveis às exportações (Brasil e Filâdia), mas apeas o Brasil apresetou uma combiação de efeitos exógeos e pricipalmete edógeos suficietemete relevate para superar o efeito desfavorável de crescimeto do comércio mudial. O Brasil apresetou-se competitivo, aumetado suas exportações, devedo ser ressaltado que a competitividade brasileira apóia-se pricipalmete em fatores iteros, como custo, sistema produtivo, qualidade do produto e taxa de câmbio. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANGELO, H.; HOSOKAWA, T. R.; BERGER, R. O Brasil o mercado iteracioal de madeiras tropicais. Revista Árvore, v. 22,. 4, p. 483-494, 998. ANGELO, H. et al. Competitividade da madeira tropical brasileira o mercado iteracioal. Revista Árvore, v. 24,. 2, p. 23-26, 2000. BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO BNDES. Produtos florestais - paorama 980/992. Dispoível em: <www.bdes.gov.br/cohecimeto/relato/ rel4cor.pdf>. Acesso em: 5 julho 2002. DONNELLY, R. H. Mercado - alterativas de mercado extero para produtos de madeira o Brasil. Revista da Madeira, v.,. 60, p. 0-8, 200. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS - FAO. Forestry trade flow (Idicative Raw Data). Dispoível em: <http:// apps2.fao.org/tradeflow/fytf_q-e.htm>. Acesso em: 5 julho 2002. GONÇALVES, R. Competitividade iteracioal, vatagem comparativa e empresas multiacioais: o caso das exportações brasileiras de maufaturados. Pesquisa e Plaejameto Ecoômico, v. 7,. 2, p. 4-436, 987. HORTA, M. H. T. T. Fotes de crescimeto das exportações brasileiras a década de 70. Pesquisa e Plaejameto Ecoômico, v. 3,. 2, p. 507-542, 993. MEDEIROS, V. X.; FONTES, R. M. Competitividade das exportações brasileiras de celulose o mercado iteracioal. Revista Brasileira de Ecoomia e Sociologia Rural, v. 32,. 2, p. 05-2, 994. RICHARDSON, D. Costat-market-shares aalysis of export growth. Joural of Iteratioal Ecoomics, v., p. 227-239, 97. R. Árvore, Viçosa-MG, v.27,.5, p.695-700, 2003