Módulo III Continuação 2) Resultado 2.1) Natural - É a modificação do mundo exterior provocada pela conduta do agente. É a conseqüência da conduta humana, ou seja, aquilo produzido por uma ação humana dolosa ou culposa. Assim, estão excluídos do conceito de resultado natural os fenômenos da natureza, as hipóteses de caso fortuito ou força maior, o comportamento de animais irracionais. Esses constituem em eventos (qualquer acontecimento). A teoria quanto ao resultado adotado em nosso Código Penal, é a Naturalística, que se baseia que o resultado é a modificação que o crime provoca no mundo exterior, v.g., a redução patrimonial no crime de furto (art. 155). Logo, admite-se que haja crime sem resultado, como por exemplo, nos crimes de mera conduta. 2.2) Jurídico Contrariedade entre o ato e a vedação legal a sua prática, cabível para crimes de mera conduta também. Obs.: Crimes Materiais, Formais e de Mera Conduta. 3) Nexo de Causalidade( entre a conduta e o resultado); É a relação natural de causa e efeito existente entre a conduta do agente e o resultado dela decorrente, Art. 13 do Código Penal: O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. * Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais, Causalidade Simples ou da Conditio Sinequanon. *Teoria da Causalidade Adequada: Art. 13, 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Concausas: pluralidade de causas concorrendo para um mesmo evento. I - Causa Absolutamente Independente: a) Preexistentes: é aquele que ocorreu anteriormente à conduta do agente. Logo não devemos imputá-lo ao agente o resultado. Exemplo: Alfredo, querendo a morte de Paulo, contra este desfere um tiro, acertando-o na região do tórax. Embora atingido, Paulo morre, não em conseqüência do tiro, mas porque havia feito ingestão de veneno momento antes da agressão sofrida. Como não conseguiu com sua conduta, alcançar o resultado morte por ele inicialmente pretendido, Alfredo será responsabilizado pela prática do crime de tentativa de homicídio.
b) Concomitante: É aquela que ocorre numa relação de simultaneidade com a conduta do agente. Acontece no mesmo instante e paralelamente ao comportamento do agente. Exemplo: Se Alfredo e Bento, com armas de calibres diferentes, atiram contra Carlos (afastada a hipótese da co-autoria) e fica provado que o projétil de Beto é que, atingindo o coração da vítima, a matou, ao passo que o de Alfredo alcançou levemente em um braço, somente Beto responde pelo homicídio. Já Alfredo responderá por tentativa de homicídio. c) Superveniente: Diz-se da causa ocorrida posteriormente à conduta do agente e com que ela não possui relação de dependência alguma. Exemplo: Augusto e Bento discutem no interior de uma loja, oportunidade em que Augusto saca o revólver que trazia consigo e atira em Bento, causando-lhe um ferimento grave, que certamente levará à morte. Logo após ter efetuado o disparo, o prédio no qual ambos se encontravam desaba e, posteriormente, comprova-se que Bento não morrera em virtude do disparo recebido, mas sim por ter sido soterrado. Logo, deverá responder Augusto por tentativa. II - Causa Relativamente Independente: a) Preexistente: É aquela que já existia antes mesmo do comportamento do agente e, quando com ele conjugada numa relação de complexidade, produz o resultado. Exemplo: João querendo causar a morte de Paulo e sabendo de sua condição de hemofílico, nele desfira um golpe de faca. O golpe, embora recebido numa região não letal, mas devido ser hemofílico, Paulo vem a falecer. O que pode ocorrer a João?Se ele queria a morte da vítima, responderá pelo resultado morte e título de homicídio doloso; se, mesmo sabendo a condição de hemofílico, só desejava causar lesões na vítima, responderá por lesão corporal seguida de morte. Se o agente desconhecia a hemofilia da vítima, não poderá ser responsabilizado pelo resultado morte, uma vez que estaria sendo responsabilizado objetivamente. Assim, o resultado morte é uma conjugação da conduta do agente com uma causa (hemofilia) que já existia anteriormente. As duas causas, conjuntamente, são consideradas produtoras do resultado, respondendo o agente pelo homicídio doloso ou pela lesão corporal seguida de morte, dependendo de seu dolo. b) Concomitante: Relação de simultaneidade com a conduta do agente e com ela conjugada, também é considerada produtora do resultado. Exemplo: Alex desfecha um tiro em Benício, no exato instante em que este está sofrendo um colapso cardíaco, provando-se que a lesão contribui para eclosão do êxito letal. Se levarmos em conta que a conduta do agente (sacar a arma e dispara-la em direção a vítima), esta não teria se apavorado e, com isso, sofrido o enfarte. Assim, a conduta do agente e o colapso cardíaco são conjuntamente, causadores
do resultado morte, razão pela qual o agente responderá pelo delito de homicídio consumado. c) Superveniente: Aquela ocorrida posteriormente à conduta do agente, e que com ela tenha ligação. Exemplo: Aquele que atingido gravemente por um disparo de arma de fogo, é conduzido a um hospital. Lá chegando, sofre um atentado terrorista, e a vítima vem a falecer não em virtude dos ferimentos originários do disparo por ela recebidos, mas em razão do desabamento do prédio. Verifica-se que não houve o chamado desdobramento natural, ou seja, todos que são conduzidos a um hospital, não sofrem, necessariamente, um atentado terrorista. Responderá, neste caso, por tentativa de homicídio. Obs.: possível incidência do Art. 13, 1º do CP. Bizú: (Processo hipotético de eliminação de Thyrén) - Para se ter idéia sobre nexo de causalidade. 1º) temos de pensar no fato que entendemos como influenciador do resultado; 2º) devemos suprimir mentalmente esse fato da cadeia causal, 3º) se, como conseqüência dessa supressão mental, o resultado vier a se modificar, é sinal que o fato suprimido mentalmente deve ser considerado como causa deste resultado. 4) Tipicidade Resumo (para memorização): Formal Direta ou Imediata Tipicidade Indireta ou mediata Material Conglobante Antinormatividade 4.1) Tipicidade Formal ou Adequação Típica: é a perfeita adequação da conduta do agente ao modelo abstrato (tipo) previsto na lei penal. Ex: João chega numa loja e portando um revólver calibre 38 pratica um roubo. Irá responder pelo art. 157 (roubo) - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência. Não há dúvidas sobre o enquadramento perfeito da conduta do agente com o tipo penal previsto. * A tipicidade formal pode ser: a.1) Direta ou imediata: O agente realiza perfeitamente o tipo penal. Decorre de uma autoria (realização da conduta descrita no tipo) e da consumação do ilícito penal. Ex: Art. 121 do CP crime de homicídio descreve a conduta de matar alguém. Logo, quem efetua um disparo de arma de fogo e provoca a morte da vítima tem uma adequação típica direta ou imediata, pois realizou perfeitamente a conduta descrita no tipo penal incriminador. a.2) Indireta ou mediata: Quando a materialização da tipicidade exige a utilização de uma norma da parte geral do CP, sem a qual seria absolutamente impossível enquadrar a conduta no tipo, norma esta que é denominada de extensão. É o que ocorre nas hipóteses de participação no concurso de pessoas (art. 29); tentativa (art. 14, II) e nos crimes comissivos por omissão (Art. 13, 2º do CP). 4.2) Conglobante: sempre quando falar em tipicidade conglobante, é preciso verificar dois aspectos fundamentais: Se a conduta do agente é antinormativa e se o fato é materialmente típico (tipicidade material), neste caso, o estudo do princípio da insignificância reside nesta segunda vertente, ou seja, a chamada tipicidade material. Então, a tipicidade conglobante divide-se em: b.1) Material: A lesão ao bem jurídico tutelado deve ser relevante. O furto de uma bala numa loja de departamentos, por exemplo, não possuiu para o direito penal nenhuma relevância, em tese, visto que o princípio a ser seguido, inclusive segundo entendimento do próprio STF, é da intervenção mínima. Ou seja, o direto penal só deve ser utilizado quando outros ramos do direito não puderem punir a conduta praticada de forma eficaz. Princípio da Insignificância (crime de bagatela) Descrição do Verbete: o princípio da insignificância tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, ou seja, não considera o ato praticado como um crime, por isso, sua aplicação resulta na absolvição do réu e não apenas na diminuição e substituição da pena ou não sua não aplicação. Para ser utilizado, faz-se necessária a presença de certos requisitos, tais como: (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada (exemplo: o furto de algo de baixo valor). Sua aplicação decorre no sentido de que o direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultado cujo desvalor - por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes - não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/glossario/ververbete.asp?letra=p&id=491
b.2) Antinormatividade: Contrariedade entre a ação e o sistema jurídico estabelecido. Tal teoria decorre de que o ordenamento jurídico é perfeito, não podendo haver, portanto, confronto de normas. Matar alguém é proibido, em princípio. No caso de guerra declarada poderá o agente do Estado matar, ou melhor, em certos casos estará obrigado a tal. Logo, a conduta do agente, não é contrária a norma penal (antinormativa), sendo assim, será permitida. Se uma lei manda matar e outra proíbe, a conclusão obvia é que tal proibição não se aplica a todas as pessoas. Obs.: Estrito Cumprimento do Dever Legal e Exercício Regular do Direito, (Art. 23, III do CP).