CURSO ESCOLA DE DEFENSORIA PÚBLICA Nº 16
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1 CURSO ESCOLA DE DEFENSORIA PÚBLICA Nº 16 DATA 24/08/15 DISCIPLINA DIREITO PENAL (NOITE) PROFESSOR CHRISTIANO GONZAGA MONITORA JAMILA SALOMÃO AULA 04/08 Ementa: Na aula de hoje serão abordados os seguintes pontos: Teoria geral do delito / crime. Conduta. Nexo causal. Teoria geral do delito / crime 3) Fato típico: 3.1) Conduta: Conduta culposa: O crime culposo, conforme art. 18, II, CP. Imprudência, negligência ou imperícia. Art Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de ) II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de ) Parágrafo único Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de ) Elementos do crime culposo (cumulativos):
2 a) Conduta; b) Nexo causal; c) Resultado involuntário; d) Falta de cuidado devido: Imprudência: Prática de ato perigoso, sempre uma ação. Deveria abster, mas atua. Negligência: Omissão. Quando deveria atuar, não o faz. Imperícia: Falta de observância de um ofício. e) Tipicidade excepcional. O tipo penal culposo, de forma invariável, tem que ter previsão legal. f) **Previsibilidade objetiva: Se a conduta que gerou aquele resultado era previsível. Deve ser previsível para o homem médio. Se o homem médio não puder prever aquele fato, não haverá previsibilidade objetiva. Análise feita depois de o fato ter ocorrido, ex post ou posterior. Esse instituto da análise posterior, colocando no lugar do fato o homem médio para saber se o fato era previsível, pode ser conhecido pelo nome de Prognose Póstuma Objetiva. Espécies de culpa: a) Culpa comum: Culpa tradicional. Quando o agente não prevê o previsível. b) Culpa consciente: O agente prevê o resultado, mas não assume o risco. c) Culpa imprópria: Art. 20, 1º, CP. O agente supõe situação de fato que se existisse tornaria a situação legítima. Situação de erro vencível crime culposo, se previsto em lei. Situação de erro invencível isento de pena. Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) Art. 20 Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de ) 1º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) Conduta: culpa Resultado: dolo. Ex.: Pai que atira sem ver quem está pulando o muro de sua casa e acerta e mata seu filho, achando que é bandido. O pai quis atirar com dolo de morte, mas teve culpa em não averiguar bem em quem estava atirando.
3 Caso de erro vencível. Responde por homicídio culposo, por culpa imprópria. Em caso de matar o próprio filho existe a possibilidade de perdão judicial, art. 107, IX, CPP. Extinção da punibilidade Art. 107 Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) IX pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. Diferente da situação do preterdolo: Conduta: Dolo. Resultado: Culpa. Nesse caso a culpa vem no resultado. Ex.: Art. 129, 3º, CP. Conduta de lesionar com dolo. Mas a vítima bate a cabeça no chão e morre. Art Lesão corporal seguida de morte 3 Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena reclusão, de quatro a doze anos. 3.2) Nexo causal: É o liame entre conduta e resultado. Aferido na forma do art. 13, CP. Condição sem a qual o resultado não teria acontecido. Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) Art. 13 O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) Procedimento hipotético de eliminação (Thyrén): Para saber se aquela conduta é causa do resultado deve suprimir a conduta para saber se o resultado acontecerá. O problema é o regresso ao infinito. Essa é a Teoria da Conditio sine qua non ou Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais. Essa é a teoria adotada pelo Código Penal pelo art. 13, caput. Causas absolutamente independentes: a) Preexistente: Pessoa quer matar outra mediante disparo de arma de fogo e dá um tiro. A vítima, antes, havia ingerido veneno e morre de envenenamento. Causa preexistente ao disparo. Suprimindo o disparo a vítima ainda sim morreria. Portanto, o disparo não é causa da morte. O agente responde por tentativa (a vítima ainda não estava morta quando ocorreu o disparo). b) Concomitante: Agente dispara para matar. Causa concomitante, a vítima estava tendo um ataque cardíaco.
4 Suprimindo o disparo a vítima ainda sim morreria de ataque cardíaco. Não sendo a causa da morte. O agente responde por tentativa. c) Superveniente: Agente dispara para matar a vítima. Um carro sai desgovernado e mata a vítima. A causa da morte é atropelamento. O agente responde por tentativa. Causas relativamente independentes: a) Preexistente: O agente sabendo da condição da vítima de hemofílico dá uma facada nele. De acordo com a Escola Finalista o agente deve saber da condição da vítima de hemofílica. Suprimindo a facada a vítima não teria morrido, sendo a facada causa. Mas a hemofilia também. O agente responde por homicídio consumado. b) Concomitante: A vítima leva um tiro e em virtude do tiro tem um ataque cardíaco. Se não fosse o disparo não teria o ataque cardíaco e não teria morrido. Logo, o disparo é causa. O agente responde por homicídio consumado. c) **Superveniente: Art. 13, 1º, CP. Se não fosse o ato a vítima não teria morrido, mas por uma causa posterior por si só o resultado acontece. Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de ) Art. 13 Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de ) 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de ) O agente atira para matar e a vítima é levada para o hospital por causa do disparo. Chegando, o hospital pega fogo ou a ambulância capota e a vítima morre em decorrência do fogo ou do acidente. Se não tivesse levado o tiro não teria ido para o hospital. O agente responde pelos fatos anteriores, pela tentativa de homicídio. Zona cinzenta: A vítima morreu em virtude de infecção por causa da bala em seu no corpo ou erro médico ao retirar a bala.
5 A doutrina trabalha como Linha de Desdobramento Causal. O agente responde pelo homicídio na forma consumada. Art. 13º, 2º, CP Binômio Dever agir X Poder agir: Garantidores. Respondem na forma omissiva. Omissão penalmente relevante. Caso não atuarem respondem na forma omissiva imprópria. Omissão normativa, por exigir que o agente atue. Art. 13 Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de ) 2º A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: (Incluído pela Lei nº 7.209, de ) a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de ) b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de ) c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de ) É diferente do art. 135, CP Omissivo próprio. Omissão de socorro Art. 135 Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Pessoas que tem o dever de agir. Art. 13, 2º: A Por lei tem a obrigação de atuar. B Outra forma assumiu a obrigação de atuar. C Com a sua conduta anterior criou o risco da ocorrência do resultado. Tem que ter também o poder de agir. Não adianta apenas o dever de agir, o agente deve também poder agir naquela ocasião. Quando não tem o poder de agir não responde por nada. Teoria da Imputação objetiva: Teoria trabalhada dentro do nexo causal. Estudada de forma mais aprofundada por Claus Roxin. Diz que a Teoria da Conditio sine qua non não pode resolver todos os problemas do nexo de causalidade. Natureza jurídica Avaliar a existência ou não do nexo causal. Se não tiver nexo causal não tem fato típico e se não tem fato típico não tem crime. Para ter nexo causal tem que ter os elementos. Essa Teoria visa imputar ou não o nexo causal, para ter ou não crime. Essa Teoria não foi adotada pelo CP, mas vem corrigir os excessos da Conditio sine qua non, essa sim adotada pelo CP. Requisitos da não imputação:
6 Obs.: os requisitos são cumulativos. Para não imputar todos deve estar presentes. a) Risco permitido: Certas situações da vida são arriscadas por natureza, contudo, são riscos permitidos. Aceitos pela sociedade. Portanto, apesar de causar o resultado não responde. Ex.: Pessoa dirigindo a 50km/h onde se permite 100km/h. Passa uma pessoa na frente e o motorista não consegue frear. De acordo com a perícia se estivesse a 30km/h conseguiria frear. Pela Conditio Sine Qua Non o agente responderia. Pela Teoria da Imputação Objetiva o agente não responde, porque 50km/h está dentro do risco permitido b) Princípio da confiança: Vivemos em uma sociedade em que temos que confiar no outro. Se a conduta está dentro do Princípio da Confiança o agente não responde. Ex.: Caso do carro na rotatória. Quem viola o princípio é que responde. c) Âmbito de proteção da norma: O que a norma tutela. Qual bem jurídico tutelado. O agente só pode ser responsável pelo bem jurídico que violou. Ex.: venda de arma de fogo a uma agente que, usando a arma, mata outra pessoa Crime do art. 14, lei /03. Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. (Vide Adin ) Pela Conditio Sine Qua Non responde pelo homicídio ocorrido. Partícipe do homicídio, auxílio material. Pela Imputação Objetiva responde pelo porte. Tutela a venda de arma. d) Autocolocação da vítima em perigo: Exemplos de casos clássicos de suicídios. Carro a 50km/h, dentro do risco permitido, e a vítima pula na frente do carro e morre. Pela Conditio Sine Qua Non responde pelo homicídio ocorrido. Pela Imputação Objetiva não responde pelo porte. Também chamado de culpa exclusiva da vítima.
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